segunda-feira, 31 de março de 2008

Agressões a professores na versão Gato Fedorento



O vídeo que não sai do ar

O vídeo da professora agredida poderia, de facto, ser o selo que faltava para se falar verdadeiramente de educação, indo aos problemas de fundo e não repetindo meio dúzia de dogmas repetidamente ditos. Mas o vídeo da Carolina Michaelis está a tornar-se num enorme espectáculo mediático, em que o histerismo da aluna já foi passado até à náusea. A verdade também é que algum debate foi levantado, com alguns chavões como a palavra “eduquês”, agora descoberta por todos e repetida vezes e vezes sem conta. Apesar de por vezes ficar com a ideia que se criou a falsa noção que as escolas são todas rigues de boxe, o certo é que se questiona as pedagogias de algibeira que dominaram nos últimos anos a educação. Pode ser que desta vez se olhe não só para a quantidade de alunos no sistema (que não deixa de ser essencial para uma educação que se quer universal), mas sim e realmente para a qualidade do ensino que se pratica, porque como em tudo quantidade sem qualidade é igual a um tremendo disparate. Ficamos sempre com as frases dos saudosistas dos que gostavam da autoridade do tempo da outra senhora, continuamos com os pseudo especialistas em educação que emergiram na última semana, mas também ficamos com o mínimo debate em torno de um tema tantas vezes esquecido. Resta saber se o debate será como o vídeo, efémero! A propósito no meio disto tudo alguém sabe onde anda o ministério da educação? Perdidos em combate certamente!

sábado, 29 de março de 2008

Mugabe: a melhor forma de destruir um país



O Zimbabwe foi hoje as eleições, pelo meio das acusações de fraude está uma economia arrasada, com uma taxa de inflação que obriga a emitir notas no valor de 10 000 000 milhões de dólares, uma taxa de desemprego entre os 80 e 90% ou uma esperança média de vida que não chega aos 40 anos. O Zimbabwe não é mais o próspero país africano, o sistema de saúde modelo do passado parece agora uma miragem, num país em que a Sida tomou mais do que nunca o seu lugar. Um balanço que podem ser só números, mas reflectem bem a realidade de quase 30 anos de poder de Mugabe.

Os festejos pelos 20% de IVA

Passámos para um défice abaixo de 3% aquela quimera que prometia guardar horizontes rasgados de crescimento. Sócrates embalado diminui o IVA, e nós, desconfiados e com razão, suspeitamos que pouco ou nada mudará nas facturas que pagamos. O crescimento é magro, o desemprego está alto, mas apesar de tudo Sócrates lá aumentará o seu regozijo com o défice quando diminuir o IVA para os 19% às portas de 2009. Resta saber qual a factura a longo prazo a pagar pelas políticas dos últimos anos, é óbvio que o Estado não pode estar com as contas de pantanas, mas também as bolsas dos portugueses não podem estar vazias. Em primeiro lugar há um preço moral, Sócrates fez uma campanha eleitoral de 2005 baseado numa redonda mentira: que não aumentava impostos. Desde o IVA, passando pelos combustíveis até ao tabaco é difícil não encontrar o imposto em que Sócrates não tenha metido a sua colherada, pagamos todos mais impostos e o problema de base continua lá, ainda não entendemos todos muito bem para quê. Portugal vive num contrato social em que estamos ainda todos à espera que o Estado nos faça sentir o retorno através de melhores serviços. Mas por um momento vamos dar de barato que Sócrates não conhecia a negra realidade e ingenuamente disse que não aumentava impostos na campanha e depois foi obrigado a aumentá-los. Se tal aconteceu é ainda mais grave, significa que elegemos um primeiro-ministro ignorante, que quando se candidatou há 3 anos não conhecia a realidade e que não passou assim de um enorme erro de casting. Qualquer argumento que Sócrates dê será sempre mau, apenas revela a sua mentalidadezinha que pensa que é preciso esconder o verdadeiro cenário, esperando assim que seja eleito.

Mas há um outro preço que começará a ser verdadeiramente pago daqui a largos anos. Afirma-se que a Segurança Social está equilibrada, e apetece perguntar quais serão os valores da reforma dos Portugueses daqui a 20 anos? Que percentagem do ordenado é que os portugueses poderão ter na sua reforma? A verdade é que os cortes nas reformas ainda estarão para chegar, o sistema ganhou tempo de vida, mas o problema de fundo não desapareceu e passa por saber se o Estado é ou não é capaz de dar valores de reforma condignos quando alguém se reformar. A nós que há quase 10 anos andamos com a palavra défice no vocabulário resta também saber se algum dia os impostos voltarão ao que foram, porque aumentar impostos não custa, mas diminuir e desabituar destas receitas é verdadeiramente difícil, é uma dependência que custa a passar, e não esqueçamos que antes do IVA ser 19% foi em tempos já afastados de 17% e que em Espanha, onde muitos vão atestar o depósito, é de 16%.
Mas isto agora parece não interessar nada e lá vamos vendo Sócrates a lançar os seus pequenos festejos.

As eleições continuam, com uns delírios de Clinton à mistura



Cartoon retirados dos muito bem escolhidos cartoons of the week da Time

Há muito que eleições Americanas não são aqui faladas, a verdade é que até Obama fez um intervalo para ir apanhar sol às ilhas virgens, mas a duas semanas do confronto na Pennsylvania as máquinas já estão a mexer para o novo ciclo de primárias. Durante o interregno de eleições deu tempo para Obama fazer um muito ouvido discurso sobre a diversidade racial na América, um discurso que pode soar muito bem a ouvidos Europeus, mas com os seus riscos em tempo de eleições; quanto a McCain fez aquilo que já se esperava vestiu a pele de candidato com perfil presidenciavél e andou a viajar pelo mundo. A verdade é que parece estar a resultar, enquanto que os democratas vão navegando na indefinição, McCain tem ganho importantes pontos nas sondagens. Mas o grande caso gira em torno de Hillary, que tem o que se pode chamar de memória turva e uma certa tendência par os filmes de acção quando afirmou que tinha aterrado no Kosovo em 1996 envolta num forte colete anti bala e debaixo de perigoso fogo inimigo. Ao que consta, e a campanha de Obama foi rápida a descobrir as imagens, a chegada aos Balcãs da então primeira-dama foi bem mais pacífica com direito a recepção e tudo. Apesar de tudo Hillary continuar à frente da campanha na Pennsylvania, a campanha Americana é feita sobretudo de números e é em volta deles que tudo se decidirá. Hillary para vencer terá que conquistar muitos mais delegados do que Obama, há quem diga que terá que ganhar 2/3 dos delegados a eleger nas próximas eleições, algo que será muito difícil, mas Hillary tem o factor super delegados que esse sim poderá a respostas às indefinições democratas. Por sua vez os problemas de McCain passam sobretudo pelo dinheiro, a sua vitória era tão imprevisível que o dinheiro angariado é pouco, os três candidatos (Hillary, Obama e Mccain) já juntaram um valor à volta de 700 milhões de dólares e até ao final da campanha o valor chegará facilmente ao 1 bilião de dólares. Afinal tudo por decidir quando pensávamos que nesta altura tudo já estaria decidido.

Bruni: A nova estrelinha de Sarkozy



Como ontem ouvia Sarko entrou no acto segundo do seu mandato, em que a figura do estouvado, com uma vida pessoal demasiado cor-de-rosa parece ter desaparecido. Sarkozy ainda tentou experimentar a formula do presidente com uma vida pessoal arejada e aberta, mas os Franceses continuam com os bons hábitos republicanos da descrição, o embate nas autárquicas foi suficiente para entender que a serenidade e o ar sério ainda é o mais apreciado num presidente francês. Mas para este segundo acto Sarko tem uma nova personagem que, se calhar mais externamente que internamente, parece tornar-se no maior ponto de atenção. Na viagem a Londres, ao lado de um presidente francês que mostrava nervosismo por todos os poros perante o corte dos fatos da rainha estava uma Carla Bruni vestida ao melhor estilo francês e a rivalizar com a Bruni modelo que aparecia nua nas fotos dos anos 90, reveladas nessa manhã. É o lado espectáculo da política, e neste caso um espectáculo bem mediático e com uma bela dose de glamour francês.

quinta-feira, 27 de março de 2008

Darfur: o Genocídio que continua (2)



Mia Farrow tem sido uma da grandes caras na luta contra o conflito no Darfur. Este é apenas um pouco do que se passa no Sudão, nesta viagem da actriz a um campo de refugiados na região.

Darfur: o Genocídio que continua



Os números já os ouvimos e são os que se esperavam, centenas de milhares de mortos, milhões de refugiados, num conflito que continua e que se arrasta numa eterna luta entre o governo Sudanês do norte e as forças do Sul. Mas nenhuma guerra se faz sem apoios e o governo sudanês continua a ser alimentado pelo Irão ou pela China. Os direitos humanos são esquecidos pelo governo chinês, quer seja no Tibete, ou no Darfur onde pouco ou nada mudou e onde ainda se espera por um horizonte de paz que tarda em chegar. Cada vez que assistimos um fim de um genocídio não hesitamos de dizer: “nunca mais”, mas a verdade é que o genocídio do Darfur existiu e existe.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Quando emergem novas economias

Nova Deli, 26 Mar (Lusa) - A empresa indiana Tata Motors anunciou hoje a compra das marcas britânicas Jaguar e Land Rover por um valor de 2.300 milhões de dólares, uma aquisição que lhe permite entrar no sector dos automóveis de luxo.

A TATA já se tinha mostrado quando lançou o carro mais pequeno do mundo, compradores certamente não faltarão num enorme mercado indiano que floresce à sua volta. Agora a empresa da ex-colónia inglesa olhou para o mercado do ex-colonizador e levou de uma só vez duas das marcas de luxo do Reino Unido. Definitivamente o mundo já não é só a velha Europa e os Estados Unidos, a própria crise financeira americana é um exemplo disso, no passado ainda bem recente uma crise nos Estados Unidos seria o motor de uma crise pelas economias mundiais, contudo se a crise financeira nos Estados Unidos vier a ter impactos mais reduzidos do que o esperado nas economias europeias e mundiais, tal muito poderá dever-se a estes novos mercados, a este novos produtores que criam novas e diferentes realidades económicas. Olhando para a China vemos sobretudo um grande produtor que vive da mão-de-obra paga miseravelmente, no entanto a Índia é hoje um país de grandes universidades, com um ensino que espalha estudantes por todo o mundo, e é precisamente aqui que estará uma grande parte do futuro económico indiana.

terça-feira, 25 de março de 2008

Cultura com portas mais abertas

Afirmar que a cultura é de todos e para todos é um lugar comum tantas vezes repetido, sem que tal signifique qualquer mudança verdadeira. A verdade é que a cultura tem sido o parente pobre de um orçamento de Estado curto, tendo direito a menos de 1% do bolo total, e o ministério reduziu-se a um apêndice governamental sem protagonismo e com poucas exigências. Podemos dizer que hoje a oferta cultural é maior do que nunca, que há novos e diferentes públicos, mas há muito a fazer, há sobretudo que dar a muitas estruturas culturais uma perspectiva mais aberta e isto passa, em muitos casos, por banir o pagamento de entradas em muitos dos museus e monumentos portugueses. Muitos podem dizer que por si tal não resolverá os problemas da cultura, obviamente que não, mas abrir por completo as portas de muitos espaços culturais é sobretudo traze-los e dá-los a conhecer a novas e diferentes pessoas. Não, isto não é uma falsa democratização da cultura, eu não acho que tal seria indiferente como não dou como argumento aquela velhinha frase que os portugueses só vivem de futebol, fado e Fátima, e se vivem estamos sempre a tempo de o mudar. Se calhar ingenuamente, eu ainda penso que quando se dá boas opções e se criam boas ofertas as pessoas, sejam elas quem forem, aderem e participam. Abrir livremente grandes museus portugueses como é o caso das Janelas Verdes ou grandes monumentos como o Mosteiro dos Jerónimos é dar a chance a muitos de conhecerem aquilo que não conhecem, é dar-lhes um termo de comparação que não têm, a verdade é que não falta gente que desconheça estes espaços, não se sentem atraídos por eles, e continuam eternamente a usufruir apenas daquilo que já conhecem. Ao contrário do que hoje acontece, têm que ser estas estruturas culturais a convidar o público, um publico novo.
Mas abrir estes espaços é também integrá-los nas cidades ou nos locais em que se inserem, não os colocando como um universo à parte, é trazê-los para as pessoas, é um conceito de liberdade cultural em que no mesmo dia, sem quaisquer reservas, muitos possam visitar vários espaços, tirar o maior partido do património que existe. Património que em primeiro lugar é de todos e por isso mesmo a todos deve ser ainda mais acessível. Há mesmo casos incompreensíveis de restrições há entrada, como o caso do Castelo de São Jorge, eu lisboeta posso lá entrar livremente, mas alguém que more num qualquer arredor de Lisboa já não, alguém que venha de um outro canto do país para entrar num espaço, que devia estar o mais possível ligado com a cidade, terá que pagar o seu bilhete.

E devemos admitir que o Museu Berardo é um belo exemplo de abertura cultural. Quer se goste ou não goste do que está lá exposto, ou mesmo afirmando que o museu é particularmente dominante no CCB, o que não digo que não seja verdade, deverá reconhecer-se que o Museu em termos de entradas é um sucesso, já lá vi todo o tipo de pessoas, para além do mais trouxe a zona de exposições para o centro do CCB, hoje aquele é, mais do que nunca, um espaço de passagem e de paragem em Belém.

Obviamente que isto não se faz há borla, mas é o preço de abrir uma parte da cultura ao país. Mas mesmo agora em que pagamos as entradas, o que temos é, por exemplo, um Museu de Arte Antiga que há bem pouco tempo tinha alas fechadas porque parece que ninguém quer pagar seguranças. Abrir os museus ao público não é uma medida que possa ser qualificada de pontual ou inconsequente, é algo muito mais significativo do que se possa pensar, para que as visitas de muitos museus e monumentos não sejam sempre, só e apenas os mesmos portugueses ou os ocasionais turistas que por cá passam.

4000



Ontem soubemos que chegamos ao número de 4000 soldados mortos no Iraque. Este vídeo é apenas mais um que mostra um sniper Iraquiano pertencente a mais uma das muitas mini al qaedas que apareceram em território iraquiano nos últimos anos.

A coscuvilhice é muito feia

Em todas as circunstâncias as perguntas intrometidas que o fisco se lembrou de enviar aos recém casados não são admissíveis para um Estado que queria mostrar o mínimo de vergonha. Existe o dever de colaboração de cada contribuinte mas tal não significa que o cidadão se substitua ao Estado, colaborar não é fazer o trabalho dos outros. O que também não é normal é a forma como o este suposto inquérito foi criado sem qualquer pudor, como se fosse uma coisa banal, mais é bem revelador da mentalidade existente quando se faz um interrogatório destes de forma coerciva ameaçando com multas quem não responder às perguntas sobre os convidados ou o copo de água. Só falta querer saber os pormenores da lua-de-mel, porque em Portugal, por muitos casos deste género que apareçam, o olho do Estado continua a estar em cada esquina.

sábado, 22 de março de 2008

Pessoa na voz de Jô Soares



Só há bem pouco tempo deram-me a ouvir esta fantástica declamação de Jô Soares de um poema de Alváro de Campos. Fica como sugestão neste dia mundial da poesia.

Esquecimentos evitáveis

Galvão de Melo morreu aos 86 anos, mais uma figura do PREC que desapareceu, membro da junta de salvação nacional, candidato presidencial em 80, uma figura histórica do pós 25 de Abril, mas tudo isto parece ter passado ao lado do país que adormeceu sobre o chocolate dos ovos e amêndoas pascais e que deu a notícia como informação de rodapé preferindo as repetitivas notícias sobre os destinos de férias dos portugueses.
Parece que ninguém se lembrou de na morte de Galvão de Melo decretar luto nacional, como também ninguém se havia lembrado na morte de Maria de Lurdes Pintasilgo ou na de Sophia de Mello Breyener. Siceramente não vejo isto como uma comichice minha, se o luto nacional existe convém que seja decretado nos momentos em que seria exigido que o fosse. Obviamente que nenhuma destas figuras fica diminuída por não ter sido decretado luto nacional na sua morte, nenhuma destas figuras perde a sua importância histórica, mas esta é uma atitude do mais condenável esquecimento quando se ignora figuras que influenciaram a vida do país. Mais grave do que tudo parece que o luto nacional parece ser usado sem critério, muitas vezes seguindo apenas as reacções populares
.
Talvez começasse a ser altura de aplicar com algum bom senso o luto nacional, que sobretudo revela o mínimo de respeito e de cultura histórica do um país que se quer com memória.

5 anos depois



É díficil compreender o Iraque, tão difícil como compreender toda a complexidade do Médio Oriente, é impossível fazê-lo apenas pelas notícias quotidianas de ataques terroristas na região. Por tudo isto hoje, 5 anos depois somos capazes de contar as centenas de milhares de mortos civis ou militares, somos capazes de contar os 500 biliões de dólares jogados pela janela fora com esta guerra, e que deixaram os Estados Unidos com uma longa dívida pública para pagar, mas ainda não sabemos (como Bush não fazia a mínima ideia quando invadiu o Iraque) a forma como se dará a retirada do país, mais não sabemos se uma vez retiradas as tropas ocidentais não terão invariavelmente que lá voltar como meio de tirar o Iraque do caos em que se pode tornar. A administração Bush confundiu o Iraque com uma qualquer luta de faroeste ao pôr do sol julgando que o Médio Oriente podia ser resumido com a visão simplista em que de um lado estão os bons e do outro os maus. Saddam era um ditador, mas era preciso pensar no pós Saddam em que o consenso e a estabilidade seriam difícil de trazer a um país cheio de velhas rivalidades entre sunitas, xiitas e curdos. Por isso não colhe o argumento que o erro não foi a invasão mas o planeamento do pós guerra, resta saber qual a invasão ou guerra que pode ser iniciada sem ter um plano consistente para o futuro.

Anunciava-se que o conflito seria de meses, a verdade é que já passou muito tempo e 5 anos depois um pouco de pragmatismo não deixa de ser necessário. Ao olharmos para o Médio Oriente de hoje esta é uma região mais segura? Dificilmente será, o Iraque está longe da estabilidade, o Irão emergiu mais do que nunca como uma potência regional, há pouco mais de um ano Israel voltou a entrar no Líbano, o Afeganistão parece um território esquecido para onde o príncipe Harry vai brincar aos soldados e a semente de tudo continua lá, o conflito Israelo-palestiniano não avançou para nada de significativo, aliás parece que Bush se lembrou agora da situação da Palestina e para salvar a imagem lá vai fazendo as sua inconsequentes negociações e cimeiras de paz.
A Guerra no Iraque ensinou-nos que muito ainda temos a aprender sobre aquela zona, que ainda a conhecemos mal e isso ajuda a que 5 anos depois da invasão continuamos sem saber que será do futuro da região, dúvidas que não desaparecem com a perspectiva de mudança de rostos na Casa Branca. John McCain quer ficar no Iraque indefinidamente, o que é duvidosamente sustentável ou sequer aceitável pelos Iraquianos, por sua vez os democratas pretendem começar a retirar do território, restando saber se o Iraque ainda fragilizado aguentará a saída das tropas ocidentais.

Tudo demasiadas perguntas sem resposta 5 anos depois do início do conflito.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Melhores que no passado mas longe daquilo que desejamos ser


Foto de Gérald Bloncourt num bairro pobre de emigrantes portugueses nos arredores de Paris nos anos 60

Tive hoje oportunidade de visitar a exposição do CBB Por uma Vida Melhor, uma colectânea de fotografias de Gérald Bloncourt que retrata a fuga de milhares de emigrantes portuguesas para a Europa nos anos 50, 60 e 70. Não cheguei lá desconhecendo o que foi a emigração portuguesa, mas é sempre impressionante conhecer a realidade da debandada para a Europa que tira da nossa mente aquela ideia poética da tão apelidada "diáspora portuguesa".
Ao olhar aquelas barracas cheias de lama da mais miserável e rural das pobrezas, ou para as caras das crianças com o arrastado ar de sub nutridas entendemos bem porque saíram deste canto português centenas de milhares rumo a um destino incerto. Tão incerto que depois de passar à zurrapa pelas Fronteiras até França, aqueles emigrantes teriam à sua frente uma sorte tão semelhante aquela que tinham em Portugal, as mesmas casas de alumínio e tijolo em bairros à margem da dignidade.
Apesar de presentes na nossa memória a realidade daqueles portugueses já nos parece distante, longe daquilo que somos, diferente da forma como vivemos. Mas a verdade é que tal como nesse tempo continuamos distantes daqueles com os quais queremos partilhar a Europa, continuamos distantes dos modelos de desenvolvimento que ainda queremos alcançar, e quererá isso dizer que estamos na mesma? Não, definitivamente vivemos melhor do que vivíamos há 30 ou 40 anos, as barracas deixaram de ser um horizonte constante nas cidades, a educação (mal ou bem) massificou-se, a saúde tem, apesar de muito a criticarmos, resultados concretos: morrem menos crianças, vivemos mais do que nunca. Em geral podemos dizer que temos hoje acesso aos serviços públicos que não tínhamos há algumas décadas atrás, temos acesso às mínimas condições de vida que não faziam parte do quotididano de muitas famílias. Mas a verdade é que viver com o mínimo necessário não é viver bem nem viver com conforto, não é criar uma classe média forte, instruída que seja o núcleo do país onde vivemos. E é definitivamente aqui que continuamos longe dos modelos que ainda queremos alcançar, somos socialmente melhor, mas estagnámos nos mínimos. Muitas das franjas do país ganham ordenamos mínimos, educamos com resultados mínimos, crescemos economicamente por valores mínimos. E de certeza que não é dos mínimos que conseguiremos vencer nesta realidade verdadeira e tão apregoada do “mundo concorrencial e globalizado”.
Da mesma forma que conseguimos saltar do país que vivia mal para o país que vive remediado, talvez um dia também possamos saltar do país de hoje para o país europeu que há anos tentamos ser.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Que pensar de tudo isto?




Não há dúvida que é perturbador ver as imagens que hoje foram descobertas no You Tube em que uma professora de uma escola portuense mais do que por uma aluna é afrontada por toda uma turma que filma alegremente toda esta cena.
Mas este vídeo deverá servir para tirarmos duas conclusões importantes para compreender muito do que se passa hoje na escola. Em primeiro lugar há um problema de disciplina importante a ultrapassar, e com isto não digo que os alunos andem todos ao murro e à estalada dentro da sala de aula, e este caso que hoje veio a público deve ser encarado como um acto grave e até certo ponto extremo, pelo qual muitos professores, felizmente, não passaram. Mas o problema da disciplina nas salas de aula não se limita a estes casos de violência, a indisciplina passa hoje sobretudo pela desatenção constate de muitos alunos, da falta de interesse total que acaba por gerar contínuas perturbações da aula, numa atitude desrespeito não só para com o professor, mas para com os restantes colegas. Para fazer face a estes comportamentos é de facto necessário disciplina, e não há de ter medo da palavra, ela não representa automaticamente saudosismo do velho professor da instrução primária que gostava de se impor à reguada. Aliás este foi um dos grandes erros, passamos de um extremo a outro, caindo no conceito que o aluno é sempre a vítima, o eterno bom selvagem, criando aquela falsa ilusão que por muitas asneiras que faça o aluno é sempre um protegido. Não houve a capacidade de entender que a disciplina é necessária, uma vantagem para professor e aluno tornarem as aulas produtivas, mais do que disciplina a base deve ser um respeito mútuo, uma consideração entre professores e alunos, e neste caso manifesto a falta de consideração pela professora é mais do que evidente.
Mas este caso mostra algo mais profundo e complexo. À escola cabe ensinar, transmitir conhecimentos, também passar valores, mas há hábitos de comportamento e de postura mínimos e indispensáveis que num 8º, 9º ou 10 º ano espera-se que estejam consolidados, e esses hábitos têm que ser trazidos e transmitidos essencialmente pelos pais, aliás é a eles que cabe esta função. A verdade é que à demissão dos pais tentou-se passar estas responsabilidades para a escola. Começou a olhar-se para os estabelecimentos de ensino como a fonte de resolução de muitos dos problemas educacionais, e não só, dos seus alunos. Para além de se cometer este erro monumental que foi passar para a escola muito do trabalho que não é seu (mas em primeiro lugar dos pais) criou-se a falsa ideia que a escola é capaz (por exemplo em bairros problemáticos) de trabalhar sozinha sem qualquer rede de apoio à sua volta, resolvendo todos os problemas que gravitam em seu torno e que os alunos acabam por trazer.
O resultado de tão lunática ilusão está à vista, a escola não tem capacidade de por si só resolver tudo o que nela vem desaguar, a escola pode ajudar nesta tarefa, mas sem estrutura de suporte tal não é possível. Ao mesmo tempo foi-se criando na mente de alguns pais a noção que o professor é que é o mau, o chato, gerando uma antipatia transmitida aos filhos que depois chegam à escola e sentem-se legitimados para ter atitudes como esta para com os professores. Muitos pais continuam divorciados da vida escolar, não encarando como um problema o insucesso escolar dos seus filhos. E esta é também uma das causas culturais base para o crónico insucesso escolar português.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Dia do pai




Confesso que não sou grande fã destes pseudo dias do pai que sempre me pareceram mais uma forma de fazer vender mais umas quantas prendas. Ao menos que o dia do pai sirva para lembrar grandes momentos de cinema, como este belíssimo trecho do filme The Kid de Chaplin, bem dentro do espírito paternal do dia.

terça-feira, 18 de março de 2008

Quando os debates eram outros



Numa altura em que andou tudo a ver quem tinha sido o maior ou menor lutador pela liberdade, o PREC também foi generoso em pérolas como esta captada pela câmara de Thomas Harlan no seu grande documentário Torre Bela. Desculpem a má qualidade de imagem, mas fica aqui a recordação deste fragmento do que foi a reforma agrária em 75.

Quando o impensável acontece


Foto daquilo que costumava ser um glaciar sobre os Himalaias indianos. Estima-se que os glaciares estejam agora ao mais rápido ritmo dos últimos 5000 anos. Apenas mais um sinal que já não estamos a trabalhar sobre aquilo que o aquecimento global poderá causar ma sim sobre aquilo que já está a acontecer.

segunda-feira, 17 de março de 2008

A ilusão da falsa riqueza (actualizado)




Saudades, é o que muitos devem sentir daqueles anos, assim não muito distantes, em que famílias inteiras corriam de imobiliária em imobiliária, de stand em stand, por esses centros comerciais fora aproveitando os ventos das taxas de juro baixas, em que pela primeira vez, diferentes classes podiam ter acesso a novos bens, podiam ter aquilo que não conseguiram atingir durante décadas. Mas afinal a riqueza que julgávamos ter atingido nesses tempos, não passava isso sim de uma riqueza de plástico, construída sobre ilusões e expectativas de crescimento frágeis, levando muitas famílias ao endividamento excessivo. E aqui está a fonte dos sobe e desce dos mercados, o sufoco de muitas famílias e de outras tantas empresas começou a sentir-se com o ligeiro aumento dos juros, para tapar os buracos que foram aparecendo muitos não hesitaram em contrair novos créditos para cobrir aqueles que já não conseguiam pagar. Quando famílias e empresas decretaram a bancarrota o efeito dominó não se fez esperar e as consequências foram-se apoderando dos mercados. Vivíamos sobre o novo-riquismo que afinal não o era, o dinheiro fácil no bolso não era assim tão fácil de pagar. A cada semana que passa lá aparece mais um banco que sai da sua toca e declara a falta de liquidez. O Bear Sterns, o que era considerado um importante banco de investimento nos Estados Unidos, e que há bem pouco tempo valia 3.5 biliões de dólares foi hoje vendido à pressa ao JP Morgan pela bagatela de 236 milhões de dólares. Mexidas nas taxas e juro ou injecções de capitais tornam-se assim constantes, tudo num cenário em que a economia americana vive um enorme cenário de pessimismo, segundo uma sondagem da CNN 70% dos americanos acredita que a sua economia se encontra em recessão. Será este o início de um novo abrandamento nas grandes economias?

Revolta no topo do mundo

Labrang, Tibete, 14 de Março de 2008, milhares de monges saem às ruas

Os tibetanos saíram à rua como não faziam desde o final dos anos 80, pelo menos é isso que julga uma vez que o tampão chinês impede a entrada e saída de informação do Tibete. De facto a nova onda de protestos Tibetanos não podia vir na pior altura para a China que quer a todo o custo manter o ar limpinho de país ordeiro em vésperas de jogos olímpicos. É a oportunidade para os Chineses se mostrarem, ir para lá da imagem de nova potência económica, mas não têm faltado os movimentos a lembrar que no topo dos Himalaias entre a China e Índia há o canto Tibetano cada vez mais dominado pelos Chineses, com uma língua local e os hábitos budistas em grande parte banidos e proibidos por Pequim. Muitos têm sido os apelos feitos à China para parar pela repressão, o Dalai Lama é recebido por todo o mundo, até Bush já o recebeu mas contudo Portugal, na sua política externa a rastejar, insiste em não receber Dalai Lama, nem de forma informal. Como se fosse o líder espiritual Tibetano o agressor. Resta também saber qual será a posição dos Tibetanos no futuro, se estarão dispostos a uma possível autonomia alargada ou pelo contrário à simples autodeterminação do território.

“Into the wild”



Há dias fui levado a ver a mais recente fita de Sean Penn como realizador. Não conhecia o filme, só depois de o ter visto é que descobri que tinha tido duas nomeações para os Óscares, talvez este desconhecimento se entenda pelo incompreensível facto do filme só estar em 2 ou 3 salas em Lisboa.
Para quem ler a sinopse esta obra parecerá a repetição do eterno cliché do filho que sai de casa dos pais deambulando por caminhos sem fim não tendo poiso onde parar. No entanto resumir o filme desta fora torna-o redutor e não mostra, nem por perto, a enorme beleza da fita. Baseado na história verídica de Christopher McCandless, um jovem de aparente de sucesso que certo dia corta com a família e com as raízes e mergulha, sem um tostão no bolso, na Natureza da América, nas paisagens imensas, que só uma excelente realização nos consegue transmitir. É uma metáfora do regressar à natureza no seu estado mais puro, mas esta figura: Christopher McCandless, agora transformada pelo próprio em Alexander o Super Vagabundo (personagem interpretada brilhantemente por Emile Hirsch ) deixa-nos o constante dilema se será ele apenas mais um idealista sem rumo à procura de algo, algo que nem ele próprio sabe o que é, ou um sonhador consciente que deseja apenas procurar a natureza que apenas imaginava nos romances que devorava.
Sem querer, ou talvez não, no turbilhão da acção em torno da personagem principal acabamos por cair num retrato doce da América a vir para os anos 90, cheia dos seus hippies falhados, dos primeiros piratas de Atenas de satélite, dos velhos veteranos que começam a desaparecer e a ficar definitivamente sós. Uma intensidade dramática medida cuidadosamente e que acaba por chutar para o espectador muitas das emoções do filme.
Um filme com um texto brilhante acompanhado da excelente banda sonora de Eddie Vedder, tornando o fundo sonoro tão bom como as imagens que o acompanham. Imperdível!

O Courrier de cara lavada


Já há duas semanas que o Courrier Internacioanl lançou o segundo número após a mudança de imagem, mas só agora tive oportunidade de olhar com calma para o novo formato. Graficamente as evoluções são imensas, e para melhor, o novo desenho da publicação (que passou a ser revista) é de facto muito bem pensado, muito mais agradável para quem lê. Há sobretudo uma melhor estruturação do Courrier, para o qual muito contribui a imagem mais limpa.

A decisão de tornar o Courrier Internacional mensal é de todas, sem dúvida, a melhor mudança, esta é uma publicação que merece ser lida com tempo, calmamente, algo difícil numa antiga publicação semanal. A própria revista ganha com este formato deixando espaço apenas para a publicação dos melhores artigos. Tudo bons motivos para ir seguindo esta publicação.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Com o guião bem estudado!


Depois de uma semana carregada de manifestações de professores ou de declarações infelizes de Santos Silva Sócrates precisava de se mostrar, mas de forma diferente, num formato que lhe aliviasse a imagem. Aqui está a resposta aos dias pesados da última semana, Sócrates o homem que abre as portas de casa, que cita Cesário e que tem uma paixão acalentada por filósofos espanhóis. Tudo foi bem medido, Sócrates usou uma voz cândida, num tom baixo, calmo, pausado, longe da postura do "animal feroz" que vai ao parlamento. O PS adorou ver Sócrates nesta "sua faceta" de homem simpático e afável, José Lelo dizia esta manhã aos microfones da Antena 1 que "apesar da gravata unicolor a vida de Sócrates é multicolor", com apoiantes que dizem estas frases que mais pode querer Sócrates? A meio da entrevista o grande momento em que perguntam ao primeiro-ministro a sua maior qualidade ao que responde com ar orgulhoso e sorriso rasgado: "sou um homem generoso", seguindo-se uma postura desconfortável por ser ele a falar das suas qualidades e defeitos.
Mas não há encenação que não tenha o seu pequeno deslize, nesta foto bem apanhada pelo Zero Conduta o relógio do café onde Sócrates toma o pequeno-almoço marca 11:00 da manhã. Acreditando que o nosso primeiro-ministro não é preguiçoso nem começa o seu dia esta hora, o que seria estranho para alguém que bramiu tanto nos últimos anos contra os "privilegiados", ficamos com a sensação que os dois café matinais de Sócrates foram um bela teatrada para a câmara filmar.
Se de facto tudo isto não passou de um show a SIC torna-se conivente na montagem de uma ideia falsa que Sócrates queria transmitir. Será aceitável que quem montou a reportagem juntamente com o primeiro-ministro criem este espectáculo para grande consumo? Se isto é informação, então não passa de má informação!

quarta-feira, 12 de março de 2008

A morte do Veterano


Morreu hoje o último veterano francês da primeira guerra. Lazare Ponticelli tinha 110 anos e era o último resistente num conflito que marcou o início do fim do poderio Europeu no mundo. Como uma vez escrevi no Terra de Ninguém o estudo da Grande Guerra é por vezes esquecido pelos efeitos ainda mais devastadores da 2º guerra Mundial, no entanto é também aqui, neste conflito já distante, que estão as bases para compreender a forma como hoje se molda a Europa.

Um cartaz infeliz!


Já tinha visto uma referência a este cartaz no Zero Conduta, mas hoje vi pela primeira vez nas ruas de Lisboa estes cartazes sobre uma qualquer colecção que o Sábado e o Correio da Manhã lançaram sobre o Estado Novo. Uma coisa é explorar a figura de Salazar, deixar cair complexos em relação à sua vida privada ou abandonar algum receio em abordar a figura do ditador. Outra coisa bem diferente é torná-lo uma personagem neutral, do qual não se acha coisa nenhuma, como se a ditadura de 48 anos fosse uma passagem inconsequente do século XX Português. Ainda mais este é um slogan que por si já formula um juízo de valor, para a Sábado e o Correio da Manhã Salazar foi completamente indiferente, como se nada tivesse acontecido. Eu até entendo o objectivo do slogan, transmitir a ideia que a suposta colecção é uma visão imparcial sobre o ditador, mas tornar o Estado Novo banal desprovido de grandes considerações é por e simplesmente impossível!

A maquilhagem azul pouco ajuda

O PSD mudou de imagem, tornou-se multi azul, deixando o laranja apenas na seta. Estou muito longe de ser especialista em Marketing, mas as agências de imagem que Menezes gosta de recrutar ou não entendem ou fingem que não entendem nada do que estão a fazer. Em primeiro lugar o PSD sempre foi laranja, é simbolicamente laranja e na cabeça do eleitor dificilmente deixará de o ser. Há imagens, como as imagens dos partidos, que são verdadeiras imagens de marca, não precisam de ser alteradas, foram entranhadas e nem sequer são discutidas por quem as vê. Mas Ribau Esteves já teve a bondade explicar que esta é uma “imagem mais fresca, mais saudável”, lembrando o “céu e o mar,”, depois disto que mais se pode dizer? Mas esta mudança de imagem também acaba por ser um grave erro do ponto de vista político. Qual é a legitimidade de Menezes para vir agora dizer que o Governo é uma máquina de propaganda? Que legitimidade tem para afirmar que o Governo só se preocupa com a imagem? Menezes perdeu algumada sua capacidade para comentar os cuidados de Marketing do Governo.
Numa altura de crise interna em que Capucho bate com a porta na concelhia de Cascais; num momento em que Menezes, por óbvio bom senso, deveria era a estar a mostrar projecto em vez de dizer que o “PSD ainda não está preparado para ser governo”, está a direcção do partido ocupada com o azul marítimo do novo símbolo. A sequência de líderes do PSD nos últimos anos: Santana Lopes, Marques Mendes e agora Menezes é o perfeito símbolo do desaparecimento do partido. Tudo a alimentar o regozijo de Sócrates!

As palavras do porta-voz .

Vitalino Canas, porta-voz do PS, está para o partido como Augusto Santos Silva, o Ministro dos Assuntos Parlamentares, está para o governo, cada vez que fazem alguma declaração é difícil espremer-lhe algum conteúdo político, alguma substância que realmente interesse a quem os ouve. São portanto dois auto-elogiadores natos que vão ocupando o seu tempo com umas frases a comentar as afirmações deste ou daquele partido.
O PS está há um mês a comemorar os três anos de governo e ontem voltou a fazê-lo na sede, sendo que Vitalino Canas nos ofereceu mais uma das suas substantivas frases afirmando que se fizerem “muitas coisas bem”, e por isso não se deve “perder tempo” com o que correu mal. A frase é de um bom senso questionável, Vitalino Canas poderia dizer que o governo fez coisas mal, mas não diz que o PS nem pensa nelas, é de um ego inchado sem nome, é de uma imodéstia assustadora e mais mostra a reverência do PS ao seu líder, uma reverência cega, Vitalino Canas parece daqueles meninos deslumbrados, caindo na negação e na racionalidade política.
O PS esquece-se de um pormenor, Sócrates um dia passará e terá que chegar alguém para o seu lugar, o PS não entende isto, meteu na cabeça que apoiar o governo é não discutir nada do que se passa no seu interior, no fundo tornar-se um partido que apenas vota favoravelmente as propostas governativas que lhe chegam ao parlamento. Só que o partido adormecido de agora pode ser um partido muito difícil de acordar quando chegar a altura de mudar de ciclo, mesmo que esse cenário ainda esteja longe.

sábado, 8 de março de 2008

Uma luta de sempre de muitas mulheres

O velho discurso que os outros são todos comunistas


Há um certo tipo de discurso, sem exagero, verdadeiramente assustador e que aos poucos se tem vindo instalar. Nos últimos dias ouvi algumas opiniões em que se afirmava que aos professores se impunha a calma, a serenidade e o controlo nas manifestações contra a política educativa. Ao ouvir estas frases fica-se com aquela ideia que os professores deviam estar quieto, sossegados, tentando discretamente (como se isso fosse possível) procurar uma solução à tensão que se vive na Educação. Este é um discurso que cheira a bolor por todo o lado, tiramos de muitas destas frases aquele cenário antigo da professora primária que não podia usar maquilhagem, convinha que fosse eternamente solteira e a quem se exigia que estivesse sempre com a sua saia bem vincada. Ao contrário do que muitos pensam não há melhor exemplo que os professores tenham dado aos seus alunos do que se terem manifestado da forma como o fizeram, não há ali nada de indigno, há ali apenas uma vontade expor e manifestar ideias.
Mas a juntar a tudo isto tivemos a mais recente pérola do Ministro dos Assuntos Parlamentares, ou melhor o Ministro da Politiquice do Governo. Confesso que em três anos raramente ouvi Augusto Santos Silva fazer uma declaração com alguma substância, sempre que oiço a sua voz está a comentar uma qualquer querela política insignificante. Já lhe conhecíamos a frase do “Jornalismo de Sarjeta”, mas agora sabemos que Augusto Santos Silva voltou aquele pensamento doutros tempos. Nos primeiros anos do Estado Novo quem era contra a situação era automaticamente comunista, agora parece que quem é contra o governo de Sócrates são também apenas e só comunistas. Estas declarações mostram como o PS parece que quer combater a rua directamente, mais comete a asneirada política (falta saber quem teve esta ideia iluminada) de responder à rua com comícios, visto que uma semana depois do mega protesto dos professores há para o próximo fim-de-semana um encontro de rua do PS marcado para o Porto.
Há de facto uma tensão crescente no país, um frente a frente bem simbolizado pela cena de ontem de um Ministro que dizia umas atoardas aos jornalistas contra os manifestantes que estavam do outro lado da rua. Chamar fascista ao ministro é despropositado, mas a reacção de Augusto Santos Silva é de um ridículo que seria no absolutamente evitável.

Impressionante! (Actualizado)



Este é o adjectivo mínimo para qualificar a marcha dos professores em Lisboa. Estive lá, como familiar próximo de professores compreendo perfeitamente os motivos que levaram esta onda de manifestantes na rua. Mas estive lá também como aluno e estaria da mesma forma, mesmo que não tivesse esta proximidade familiar à classe. É difícil, senão impossível entranhar que as minhas notas, como aluno, tenham influência na avaliação do professor que está à minha frente, é o esvaziamento da honestidade necessária a dar notas. Já escrevi aqui muitas razões para explicar o tão absurdo que tudo isto é. Mas a manifestação de hoje foi mais do que uma manifestação contra a Avaliação foi contra uma reforma que deixa a Escola Pública sobre estacas de vime, estacas que facilmente podem ceder. Prova disto é que também lá estava o protesto dos conservatórios e do ensino artístico, lá estavam milhares e milhares professores sem fim que lutavam contra muito do que este ministério tem mandado para as escolas. Na rua estavam perto de 100 000 professores, dois terços da classe, será que toda esta gente é assim tão mesquinha, cooperativista (este jargão que agora todos adoram usar), será esta gente assim tão egoísta que só pensam em si? Será que todas estas pessoas são assim tão radicalmente defensoras da sua capelinha, incapazes de pensar na escola? É nisto que o país agora deve pensar e entender que os professores acima de tudo estavam a defender a escola pública. Encontrei lá muitos professores com a maior a abertura de espírito, professores de todos os tipos, muitos deles com valores e ideias diferentes. Quando cheguei ao Marquês de Pombal desde logo ouvi um grupo de professoras a comentar que aquela era a primeira vez que se manifestavam, tal tem que ser sinal que há neste protesto algo de diferente!
As declarações da Ministra só têm inflamado ainda mais os sentimentos destes milhares de professoras. Talvez o Ministério não saiba mas têm havido dezenas e dezenas de reuniões em cada escola, muitos professores têm passado horas a fio a analisar o decreto de lei. Como pode Maria de Lurdes Rodrigues dizer que os docentes não conhecem o decreto da avaliação? Os professores já o leram e já o analisaram vezes sem conta. Mais, a Ministra da Educação diz que não há opção para o país, mas o modelo de avaliação proposto é o único que existe no mundo? As soluções que têm sido encontradas pelo Ministério não têm alternativa? É o dogmatismo na sua veia mais pura, demagógica e falaciosa.
Quando hoje cheguei aos Restauradores, vindo da Avenida da Liberdade olhei para trás e perdia-se do olhar o fim da manifestação, olhava para frente e observava um mar de professores que invadia a baixa. Será que tudo isto é assim tão insignificante?

quarta-feira, 5 de março de 2008

E agora?


Afinal a bomba Obama ainda não caiu
Tudo o que Hillary poderia ter pedido para noite de primárias de ontem teve-o. Perdeu apenas no Vermont ganhando Rhode Island, mas sobretudo os estratégicos Estados do Ohio e do Texas. A diferença de delegados de Hillary para Obama mantém-se e nem variou muito, mas mais do que tudo o que interessava para campanha de Clinton era romper com aquilo a que os americanos chamam de Momentum ou seja por um ponto final nas 12 vitórias seguidas de Barack e dar oxigénio à sua campanha, que bem precisava! Que esperar agora da campanha democrata? Próximas estão as eleições em Estados como o Mississipi, mas os olhos estão postos na Pennsylvania onde pode ficar mais clara a diferença entre Barack e Clinton. Contudo ainda ontem a CNN colocava o cenário hipotético de Hillary ou Obama ganhar, com uma margem apertada, todas as eleições primárias até ao final, mesmo neste cenário pode acontecer que nenhum dos dois chegue a Junho com o número de delegados suficiente para vencer a nomeação democrata. Neste caso os Democratas terão que ter uma grande ginástica de negociação dentro do partido para não cair numa luta fratricida que só lhes iria prejudicar.
O grande tema da campanha promete continuar a ser a Economia, um tema que já foi central no Ohio, e alguma da discussão vai continuar a girar em torno das maiores ou menores simpatias que Hillary e Obama têm pela NAFTA (uma acordo comercial entre o Canadá os EUA e o México).
Nos dados desta equação eleitoral uma das variáveis já é conhecida, John McCain é o candidato Republicano, veremos se tem capacidade de aproveitar a indefinição que ainda há do lado Democrata e começa já a ganhar votos. Para já McCain tem a questão Bush para resolver, o apoio do actual presidente é incontornável, Mccain até o agradece para lhe colocar os créditos conservadores que muitos dizem que ele não tem. Mas o agora candidato republicano terá que gerir a distância em relação a Bush, uma demasiada proximidade ao actual presidente poderá custar-lhe muitos votos ao centro. Ao contrário do que alguns esperavam, as eleições primárias continuam, para já do lado democrata, sem fim à vista.

terça-feira, 4 de março de 2008

O eterno conflito

"Muro da da vergonha" entre Israel e a Faixa de Gaza

O fim de semana foi de guerra entre Israel e a Palestina, do lado palestino voltaram a chover uns quantos rockets para o lado Israelita e a ofensiva do exército judaico provocou mais de uma centena de mortos, muitos deles civis e crianças, na faixa de Gaza. A isto junta-se a notícia que acabei de ler revelada pela Vanity Fair sobre o plano de Bush em derrubar o Hamas em 2006, em mais uma tentativa de Bush limpar a sua imagem tentando intervir num acordo de paz entre israelitas e palestinianos.
Enquanto tudo isto acontecia no fim-de-semana voltei a abrir no livro Onze Noites em Jerusalém do Pedro Paixão e encontrei este texto do poeta Moshe Benarroch que vive desde 1972 em Jerusalém. Não o coloco aqui pondo-me ao lado de uns ou de outros, é tudo demasiado complexo e chocante para ter posições extremadas dessas, é apenas mais um olhar sobre o eterno conflito do Médio Oriente.



O terrorista do Hamas

Dentro de alguns momentos ele far-se-á explodir
é novo, não tem filhos
não tem mulher, dentro de um momento
nada restará de si.
Ninguém saberá quem ele foi
deixou há anos a sua casa
e desapareceu
para sempre.
Estou sentado muito perto
bebendo um expresso
e fumando uma cigarrilha
e o meu amigo pede-me que o acompanhe
ao lugar da bomba
digo-lhe que estou cansado
o que não é verdade
e que esperarei por ele.
Ele não sabe e eu não sei
que dentro de minutos
a esperança de paz explodirá
e o terrorista explodirá
e que a perna de Meitel explodirá
e que o seu irmão Asaf irá para o céu.
O marido de Meitel, um médico
ouvirá a bomba e virá a correr ajudar os feridos
sem saber que estão lá a mulher dele e o irmão dele.
Saboreio o expresso
faz sol em Tel Aviv
e depois desta bomba
nada será o mesmo durante meses
as pessoas terão medo de voltar aqui
a rua Dizengof estará deserta.
Ninguém o poderá deter agora
é demasiadamente tarde
morrerá por Allah
e por ser jovem, virgem
e indoutrinado.
Mesmo que eu lá vá não poderei impedi-lo
O meu amigo desaparece

A culpa que morre solteira

É absolutamente incrível como sete anos passados a culpa no caso de Entre-os-Rios ficou sem dono, mas mais do que procurar a culpa, as famílias das vítimas ficaram sem qualquer indemnização, o mínimo devido a quem perdeu os familiares na queda de uma ponte manifestamente mal tratada. O que ainda torna tudo mais revoltante é o facto das famílias terem sido obrigadas a avançar para tribunal durante estes anos sendo agora obrigadas a desistir de um processo que se revelava demasiado longo (a justiça no seu pleno funcionamento). O próprio Estado deveria, por iniciativa própria, ter avançado com as indemnizações sem passar por este processo judicial sem fim e que acaba desta forma. Não nos esqueçamos que no dia a seguir ao acidente Jorge Coelho demitiu-se de Ministro do Equipamento, desde logo depreende-se daqui uma responsabilidade assumida pelo Estado, responsabilidade que o Estado deveria ter assumido por inteiro. Mas não, as famílias não receberam as indemnizações e ninguém foi responsabilizado por a ponte ter chegado aquele estado e que levou à sua queda. Sem comentários!

Dia D




Melhor momento de Hillary no Daily Show




Apoio de Jack Nicholson a Hillary e resposta dos apoiantes de Obama

As eleições Americanas chegaram ao momento decisivo que se aguardava desde Janeiro, quando estas primárias começaram. Do lado Republicano McCain será inquestionavelmente o candidato, mas o interesse desta noite está no lado democrata e nos diferentes cenários que se poderão colocar. O primeiro cenário e que seria de terror para Clinton seria perder no Ohio e no Texas, tal ditaria automaticamente a sua saída, o próprio partido mostraria muitos anti corpos à manutenção de Hillary na campanha. Um segundo cenário, e que na minha opinião é muito é provável que aconteça, passa pela vitória de Clinton no Ohio e a de Barack no Texas. Clinton tem de facto uma base de apoio convincente no Ohio sobretudo junto dos blue collar workers que continuam muitos ao ladoda ex-primeira dama, preferindo o seu discurso supostamente mais concreto e que segundo eles lhes á maior confiança em relação aos objectivos do futuro presidente dos Estados Unidos. Por fim um terceiro e último cenário seria a vitória de Clinton no Texas e no Ohio o que simplesmente poria as eleições primárias democratas de novo na estaca zero guardando para os últimos Estados o fim desta indecisão. A campanha foi mais acirrada que nunca nos últimos dias, com conflitos entre os candidatos democratas a girar em torno de plágio de propostas para o Serviço Nacional de Saúde, a polémica da foto de Obama vestido de Muçulmano ou o mais recente caso de um assessor de Obama que foi levado a tribunal acusado de corrupção. Hillary tenta a todo o custo manter votos, sobretudo o voto latino, por isso ontem a partilha do palco com a popular dona de casa desesperada Eva Longoria ou a recente ida ao programa do Jon Stewart ou ao Saturday Night Live como forma de recuperar algum eleitorado jovem que está nas mãos de Obama. Mas Hillary continua a apostar na experiência e esta semana disse a frase que provavelmente resumirá o discurso da sua campanha nestas primárias afirmando que quando ela ou John McCain entrarem na Casa Branca os Americanos saberão que eles têm um passado atrás deles mas que Barack Obama terá apenas no seu passado o discurso feito na Convenção Democrata em 2004. Veremos hoje se esta estratégia resultou!

sábado, 1 de março de 2008

Itália volta ao mesmo!



Os italianos vão pela enésima vez a eleições desde que o regime em que vivem se iniciou após a segunda guerra, neste período já tiveram dezenas e dezenas de governos, muitos deles sustentados por coligações que têm uma certa tendência para se esfarelar muito rapidamente. Quem está de volta nestas eleições é o nosso Berlusconi, as saudades que tínhamos dele e dos momentos como este que só ele sabe protagonizar. Parafraseando os slogan das campanhas do magnata dos media: Força Itália!

A política revestida a plástico

É quase um lugar comum afirmar que hoje em dia a ideologia perdeu a relevância de outros tempos no debate político. Os debates ideológicos que Portugal ou a Europa viveram nos anos 60 e 70 desapareceram, deram lugar a as agendas governativas dominadas pelo pragmatismo, faz-se o que se acha que se tem que fazer, governa-se habitando muitas vezes o vácuo e o vazio ideológico. Em substituição do fervor ideológico doutros tempos criou-se o conceito da política e dos políticos que antes de serem têm sobretudo que parecer que são qualquer coisa, seja ela qual for.
Por altura do 3º aniversário da eleição do governo tivemos uma autêntica lição, dada por Sócrates e pelos seus amigos que lhe tratam da imagem, de como se cria o país do parecer, cheio de maior formação profissional, com um ímpeto reformista inabalável, independentemente do teor das reformas, no fundo o Portugal com esse primeiro-ministro corajoso, dedicado, o único capaz de se sacrificar pelo interesse do país. Como Pacheco Pereira e António Barreto diziam há umas largas semanas numa entrevista dada ao Expresso o velhinho António Ferro e os seus ajudantes do Secretariado de Propaganda Nacional eram uns autênticos “meninos de coro” comparados com estes fazedores da imagem de Sócrates e foram estes tais fazedores de momentos políticos que criaram aquela sessão de comemoração dos três anos de governo. O cenário era perfeito, o primeiro-ministro, os ministros, uma audiência simpática, um palco bonito ao olhar e uns tantos jovens das Novas Oportunidades e de mais outros programas do governo a explicarem o quanto gostaram de fazer parte destas iniciativas e para rematar Sócrates até citou Obama! Pena que as diferenças entre os dois sejam abissais!
É esta a política plastificada de hoje, não digo que precisamos de discutir as questões políticas como o fazíamos há 30 ou 40 anos, mas criámos sobretudo a política que vive do momento em que se profere o discurso ideal, o sound byte perfeito. E é estes momentos que se tem que criar em doses industriais, tudo para estar à tona de água e isso o marketing político tem sabido muitas vezes fazê-lo!

Estamos uns especialistas em eleições Americanas


A Visão publicou na edição desta semana um artigo tentando entender o porquê de andarmos todos com os nomes Hillary e Obama na ponta da língua. Sem dúvida que esta é uma das eleições Americanas mais seguidas de sempre, e de fcato a campanha tem tudo para chamar a atenção . Estas são as eleições pós-Bush, o que não deixa de ser importante para os Europeus que tanto se afastaram da América nos últimos anos. A isto deve-se juntar o facto dos próprios Europeus sentirem que partilham a mesma realidade do terrorismo com os Americanos e só com eles é que poderão enfrentar o pós 11 de Setembro.
Contudo existem muitas outras razões mais ou menos políticas para seguir esta campanha. Estas são,muito provavelmente, as eleições mais interactivas de sempre, as eleições em que mais rapidamente podemos ter acesso a tudo o que se passa em cada canto dos Estados Unidos seguindo a campanha dia a dia. Em dia de primárias seguir o resultados tornou-se um mundo de opcções multimédia complementando a televisão com vários excelentes sites sobre as eleições que têm surgido .
Não deixa contudo de ser interessante como nos tornámos minimamente conhecedores da campanha americana, de toda a mecânica que envolve um processo eleitoral, para todos os efeitos complexo, que envolve primárias, delegados e super-delgados. E este também é um dos aliciantes da campanha poder acompanhar como evoluem os eleitorados ao longo da campanha, quais os os pré-vencedores que caiem, quais os candidatos que emergem, e todo este ciclo eleitoral permite-nos conhecer bem melhor os Estados Unidos entendendo o quão diferente e variado é o tecido social Americano. Faz-nos mergulhar um pouco no seio de cada Estado Americano, ir para lá das fotos de Nova Iorque, Washington ou Chicago. E esta é também a adrenalina que cativa nestas eleições, assistir ao evoluir de uma campanha tão longa e que sobretudo, como alguém dizia nesta reportagem da Visão, uma campanha que por ser tão prolongada nos deixa espaço para ouvir os candidatos discutir verdadeiramente e profundamente cada um dos temas, seja o tema: a Guerra no Iraque ou o Serviço Nacional de Saúde.
Para mim é aqui que está o atractivo destas campanhas, debates reais, discussões sobre questões, candidatos que são levados a discutir os temas e tal acontece para lá das cortinas de fumo das questões pessoais sobre cada candidato que sempre vão aparecendo. Estas são umas eleições que envolvem realmente o país, é inovador ver os americanos a colocar vídeos no YouTube com perguntas aos candidatos que depois são usados nos debates da CNN. Neste aspecto temos muita coisa a aprender e a ganhar com as campanhas que se fazem nos Estados Unidos. Até lá vamos seguindo uma campanha inédita, como Jon Stwart disse na cerimónia dos óscares: "A realidade ultrapassa a ficção. Normalmente quando vemos um preto ou uma mulher como presidentes dos EUA, há um meteorito prestes a atingir a estátua da liberdade".