segunda-feira, 30 de junho de 2008

Quando não se nasce para ser Ministro II

O forte de Jaime Silva não são as tiradas felizes, e isso já havíamos percebido, mas hoje o nosso Ministro da Agricultura deu-nos mais um exemplo de como reage sempre que alguém lhe faz uma crítica: deixa de parte os argumentos políticos e corre para o insulto ou começa a rotular este e aquele. Hoje foi a vez de Marcelo Rebelo de Sousa receber os mimos do nosso Ministro, Marcelo pode ser incongruente, chato e pode ser atacado com argumentos, não com afloreados de mau gosto como Jaime Silva hoje fez. O Ministro da Agricultura convenceu-se que sabe fazer tiradas de politiquice inteligentes, mas enganou-se e afirmou que Marcelo não tem a virtude dos grandes políticos, pois é mas ele, o ministro, também não os tem, face à acusação de que é “ o maior incompetente do mundo” Jaime Silva responderia, em teoria, com factos, explicara a sua política e não se punha com estas frases idiotas, agora só ditas aos microfones da radiou porque a televisão para ele só tem “espectáculo”.
Era bom, alguém lembrar a Jaime Silva que já houve em tempos santanistas um ministro de seu nome Rui Gomes da Silva que também se pôs com o mesmo estilo de argumentos, até usou a mesma frase de Jaime Silva: “ele [Marcelo Rebelo de Sousa] não tem contraditório”. Estou muito longe de ser fã de Rebelo de Sousa, para o qual também, por vezes, não há grande paciência, mas sou ainda menos fã de Ministros que antes de discutirem as suas políticas se põem a comentar desta forma programas de comentário televisivo. Mais um episódio para juntar à colecção:” Melhores Momentos de Jaime Silva”.

Delírios Ministriais

Maria de Lurdes Rodrigues, a Ministra da Educação que acha que quem advoga o facilitismo dos exames não passam de uns desprezíveis pessimistas, quer brindar o seu sucesso com o que apelidou de: “Dia do Diploma”. No calendário escolar para 2008/2009 a 5 de Outubro lembrou-se de no dia 12 de Setembro criar esta preciosidade em que pais, alunos e restante “comunidade educativa” se devem vangloriar numa “acção formal”pelo sucesso dos alunos que terminaram o secundário, resumidamente um espectáculo! Ou seja meninos de fatinho, meninas de vestido a receber o diploma do senhor director e todos felizes pelo sucesso que a nossa Ministra criou, pais derretidos com o momento áureo da vida dos filhos, e agradecendo o sucesso inesperado nos exames de Matemática.
Tudo isto soa a um kitsch que sinceramente me faz alguma comichão, estas pseudo-cerimónias formais, que lembram a antiga escola do diploma e do director. Todo o sucesso deve ser elogiado e reconhecido, sem dúvida, mas era de longe preferível que Maria de Lurdes Rodrigues e companhia se preocupassem em criar verdadeiro sucesso e não cerimónias de folclore e fogo de artifício a inventar uma escola do sucesso arrancado à pressão
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sábado, 28 de junho de 2008

Os novos-ricos do Oriente


Em, 2007 a China viu o seu número de milionários aumentar 20%, o American Dream bem pode começar a ser substituído pelo Chinese Dream em que não falta mercado para conquistar e enriquecer. O mais interessante disto tudo é que já em 2002 25% dos milionários chineses pertenciam ao Partido Comunista Chinês, é aplicação dos valores Marxistas em toda a sua essência!

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O apoio depois do azedume


E cá está os dois bem juntos em campanha, ela a torcer por ele, como nunca pensara que lhe iria a acontecer. Mas Hillary sabe bem que Obama precisa dos seus votos como de pão para a boca. Trabalhadores de classes baixas e mulheres preferem muitas vezes a segurança do velhinho McCain do que a novidade da mudança de Obama

O aperto do menino de ouro


Hoje ao entrar na Bertrand do Chiado a cara de Sócrates aparecia-me por todos os lados, naquela figura de primeiro-ministro de braços cruzados que ostenta a capa da sua biografia, uma capa que tem o subtítulo modesto e de gosto mais que duvidoso: “O menino de ouro do PS”. Mas o ouro que faz, ou fazia reluzir a maioria absoluta do PS parece a estar ligeiramente enferrujado, pelo menos a acreditar na sondagem de hoje da TVI que dá Ferreira Leite aproximar-se dos calcanhares de Sócrates. A verdade também é que o efeito congresso ainda faz embalar o PSD, mas a realidade também é que em três anos nunca ouve tanta proximidade entre PS e PSD nas sondagens. E ao olhar para o futuro Sócrates tem poucas escapatórias para o caminho espinhoso que se desenha à sua frente. Hoje soubemos que o nível de confiança daqueles que consomem e produzem está aos níveis de 2003, o desemprego não desceu, pelo contrário, o petróleo bateu mais uns tantos recordes no dia em que o Presidente da GALP veio com um bonito discurso de vítima a lamentar-se da incompreensão, que diz existe face às gasolineiras. Pelo meio o PSI 20 confirmou hoje, mais uma vez, que este é um ano em que a bolsa Portuguesa bem se irá afundar.
Até agora discutiu-se o plano de emergência para enfrentar a crise, mas Sócrates também desejará começar a procurar um plano de emergência para salvar a sua maioria absoluta, só que os anos que ficaram já para trás deixaram o Menino de Ouro sem espaço de manobra, nem para a Esquerda que não o suporta, nem para a direita que conta agora com a concorrência de Manuela Ferreira Leite e seus exércitos. Até as obras públicas parecem estar longe de ser salvação, mais do que na apresentação dos projectos, grandes mausoléus de construção civil como TGV e aeroporto são cada vez mais postos em causa. Sócrates tem o Verão para pensar como sairá desta!

Com Republicanos ou Democratas há coisas que nunca mudam


Hoje McCain e Obama mostraram-se ambos muito indignados pela decisão do Supremo Americano contra a pena de morte aplicada a violadores de crianças. Não é preciso repetir pela enésima vez que a pena de morte é sempre repugnante, por mais repugnante que seja o crime que esta possa condenar, mas a posição do democrata e do republicano continuam a mostrar que para ganhar eleições nos Estados Unidos defender a pena de morte com unhas e dentes continua a ser passaporte essencial para ganhar todo o tipo de eleitorados.
Assunto bandeira para Republicanos, Democratas sempre foram atrás da pena e morte, a maioria provavelmente concordará com ela, continua a ser uma posição demasiadamente enraizada no espírito de responsabilização individual dos Americanos, e Obama diz: “A pena de morte devia ser aplicada em circunstâncias estritamente definidas para os crimes mais odiosos. Creio que a violação de uma pequena criança, de seis a oito anos, é um crime odioso e se um Estado tomar a decisão de, em circunstâncias limitadas e bem definidas, aplicar a pena de morte isso não vai contra a constituição”. Por muito que nos sintamos mais próximos do pensamento de Obama, sabendo agora que a América já parece preparada para eleger um presidente negro, chega saber quando será capaz de eleger um presidente que se mostre contra a pena de morte.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Quando não se nasce para ser Ministro

Jaime Silva tem mostrado que tem uma língua demasiado solta e traiçoeira, desde logo para ele próprio. Depois dos comentários ao sorriso brilhante de Paulo Portas que reduziram o debate entre os dois à miséria dos argumentos e que, ao que consta, puseram o Ministro com um processo às costas, Jaime Silva deu de novo corda às suas palavras e virou-se para as organizações de agricultores chamando-lhes de extremistas sejam eles radicais de esquerda ou de direita. Jaime Silva decerto ainda não compreendeu bem o memento que passa. Nenhuma PAC conseguiu mudar a face de uma agricultura que continua a não ser suficientemente produtiva para o consumo Nacional (salvo casos como o leite) cheia de pequenos produtores que passam agora a ser as formigas prontas a ser esmagadas pelo preço dos combustíveis. É verdade que os alimentos estão mais caros, mas resta saber até que ponto estes aumentos irão, ou muito provavelmente não irão cobrir o preço. O problema é que o Ministro tem pouco para dar a agricultores que não querem ficar para trás como os não ajudados da crise olhando para o lado para os camionistas e pescadores.
Entretanto Sócrates fez aquilo que melhor sabe fazer, tirou o tapete ao seu Ministro enquanto que o barulho não aumentava ainda mais e Jaime Silva, o nosso Ministro da Agricultura directamente importado dessa estufa de políticos que é Bruxelas continua a achar que tudo está e vai bem.

Para além do óbvio


Poderá parecer um trailer de um daqueles filmes hollywodescos de orçamento chorudo, recheado de efeitos especiais, mas não este é o projecto há pouco tempo revelado para construir no Dubai (esse oásis financeiro no extremo oriente) e em Moscovo dois edifícios modelares, cujo formato vai mudando. A inovação e a novidade têm sempre esse dom de nos mostrar algo que vai para além do que possamos pensar que possa ser criado.

terça-feira, 24 de junho de 2008

A ilusão de nome Bloco Central

Marcelo ajudou a atirar a primeira pedra e não sei quantos vieram atrás ávidos do tão afamado Bloco central. Nos anos 80 é óbvio que os governos feitos ao centro salvaram o país de se afundar nas dívidas e contas das quais nãos se conseguia livrar, falar hoje do Bloco Central é dizer que muito deste então falhou: que duas forças políticas não conseguiram marcar diferenças e que se foram repetidamente alternando, sem que afinal nada mudasse, mas significa também o falhanço do desenvolvimento do país, e que nos obriga a refugiar eternamente naquela ideia que o que é preciso é a união no centrão para algo conseguirmos.
Para o PS seria largar de vez os votos para a Esquerda, para além que Alegre não seria grande entusiasta da ideia de ver-se a apoiar Leite e Sócrates, os dois em pendant a defendera pátria.
Mas muitos continuam olhar o Bloco Central como um fim em si mesmo, como se magicamente tudo se resolvesse com ele, mesmo que nele nenhuma ideia resida.
A diferença, as marcas que separam partidos e ideias, não são factor algum de atraso, mas este é o país que gosta do respeitinho e da união. As diferenças ideológicas não são o que nos tem feito arrastar na miséria de crescimento, mas a incapacidade de gerar políticas alguma de futuro. Basta olhar para o vizinho do lado PSOE e PP, estão longe, em muito, de ser partidos semelhantes e não é por isso que Espanha não tem crescido.

Durante os tempos que por cá não andei

Foram longos os dias afastado do Terra de Ninguém, ocupado com outras lides estudantis.
Enquanto fui e voltei fomos chutados do Euro (pobres de nós triturados pela máquina alemã), falou-se no Bloco central o eterno sonho de tantos, na perspectiva de um PSD e PS juntos e que seriam os nosso D. Sebastiões salvadores da pátria e pelo meio no fim-de-semana os tailleurs e discursos de Ferreira Leite vingaram num congresso morno para o êxtase que os laranjinhas costumam ser nas suas reuniões magnas. Enfim, espuma para nos alimentar os dias.
Para já regressa o bichinho blogueiro ao Terra de Ninguém, que por cá já não morava há demasiado tempo.

sábado, 14 de junho de 2008

Fortalecer o modelo Europeu ou a caminhar para o modelo Chinês?


As 60 horas de trabalho que alguns fizeram aprovar na União é o símbolo da contradição de tudo o que se tem dito e apregoado nos últimos anos. Até há bem pouco tempo a Europa, para responder, aos novos concorrentes devia caminhar para a Economia altamente qualificada, de produtos de qualidade e que continuaria a ter por base o mínimo dos modelos sociais. Mas afinal não, a preferência passou a ser o modelo Chinês, ou das novas potências que nos fazem comichão: trabalhar muito, trabalhar demais. As 60 horas de trabalho são uma enorme marcha-atrás.
É o voltar aos modelos da Europa de início de século XX, em que se trabalhava muito, ganhava-se mal e as desigualdades cresciam. Mas o que não se compreende de todo é que vantagem comparativa a Europa tem em adoptar este sistema. Se comparáramos um trabalhador Europeu que trabalhe 12 horas com um chinês que trabalhe asm mesmas doze horas, mesmo assim, qual é que custará menos ao patrão? Não é difícil adivinhar qual, para além que custa a acreditar que é o tipo de produção chinesa que a Europa quer, é para aquilo que queremos caminhar?
Os discursos sobre os desafios da Globalização parecem agora, ao longe, palavras de circunstância, voltámos aos modelos de outros tempos, convencidos, mal convencidos, que assim seremos mais produtivos. Mas os Europeus parecem não estar assim com tanta vontade de rasgar os contratos sociais que existem, prova disso é o resultado do referendo na Irlanda, pode ser que o aviso tenha ficado, mas duvido que sim.

O Não que veio da Irlanda


Aqui está o resultado de fazer tratados à margem, tornando-os sacro-documentos, dogmas indiscutíveis e que interessa aprovar depressa para que não haja muito ruído.
O chumbo Irlandês ao Tratado de Lisboa, essa pièce de résistance da carreira política de Sócrates, está cheia de lições para uma Europa que ficou atordoada com os resultados de ontem
Fazer Tratados à pressão tem as suas consequências, torná-los textos quase secretos só contribuem para resultados como estes. As pessoas têm, naturalmente medo, daquilo que não conhecem, ou daquilo que ficando a conhecer as assusta com o que lhes pode trazer para o futuro. A verdade é que os líderes Europeus tremem cada vez que levam a referendo peças tão básicas para o seu funcionamento, durante anos a União tentou descolar-se da imagem de política de gabinete fechada em Bruxelas, aprovações destas apenas ajudam para acumular a opinião de uma Europa demasiado distante. Ontem ouvia alguém dizer que depois das rejeições da França e da Holanda ouve debate no seio da União acerca da forma como escrever um novo Tratado, mas essas discussões mantiveram-se nas cúpulas não rasparam um milímetro da sociedade civil, e o texto que saiu de Lisboa acabou por ser, em grande parte, uma mera operação de chegar ao computador copiar e colar grade parte do antigo Tratado Constitucional, pondo-lhe uns floreados novos e dando-lhe um novo nome. É o tratado ao pontapé. É difícil fazer as pessoas compreender a Europa, demora, mas custa muito mais fazer política à pressa em nome de tudo menos dos Europeus.
Como também não ajuda o Ministro dos negócios Estrangeiros Francês, num rasgo de inspiração duvidosa, ir fazer campanha pelo Sim dizendo que os Irlandeses não passavam de um bando de meninos ingratos se não aprovassem o Tratado, assim não há milagres.
Mas para o bem da Europa os Irlandeses rejeitaram um Tratado, que trazia, e veremos se ainda não trará, uma Europa que se enrola ainda mais nas suas teias burocráticas, que pouco trazem avanço no domínio social, deixando o modelo social Europeu à deriva e terminando com o sistema de voto unânime, para caminharmos para o voto de maioria, a subversão de todos os princípios de igualdade que chegaram com a CEE em 1958.
Não é com ameaças de isolacionismo Irlandês que vamos a lado algum, a Europa tem problemas estruturais de desconexão básica com as populações, problemas que nenhum Tratado de Lisboa virá tapar. A verdade é que referendos temidos em países como o Reino Unido teriam resultados iguais ao referendo da Irlanda de quinta-feira.

Rosa, Rodrigo Leão

Afinal que modelo de desenvolvimento?

Vi há pouco Mário Lino frente aos microfones a fazer contas de cabeças em que na sua parcela, de somar claro, juntava alegremente uma série de dezenas e centenas de milhões de euros que ao todo juntam o bonito valor de 1200 milhões de euros, isto pelas palavras o nosso Ministro das obras Públicas.
Ora até há bem pouco tempo atrás o mote era investimento em tecnologia, em especialização, em economia competitiva, mas agora parece que virámos de novo para o betão.
Esta semana Manuela Ferreira Leite também apareceu muito indignada com os investimentos em obras públicas, algo interessante para quem foi Ministra de Cavaco. De facto o investimento em obras públicas enche a vista, mas tem resultados concretos com um prazo de validade bem curto, demasiado curto, mas isto não significa que o investimento público seja todo mau, pelo contrário num país em que o investimento privado parece que estagnou por tempo indeterminado. O problema é que o investimento público dos últimos largos anos dedica-se a rasgar o país de estradas, pontes e viadutos, antes de o rasgar de sucesso escolar sério e de uma rede social digna desse nome. Mas parece que todas estas estradas são uma necessidade premente, e lá irão mais uns quantos milhões a toda a velocidade espatifarem-se numa auto-estrada qualquer.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Na reserva de produtos e na reserva da paciência


As bombas de gasolina em Lisboa instituíram o “fora de serviço” como frase de eleição e encontrar alface verde nos supermercados começa a parecer uma ilusão. Os camionistas param, perderam a paciência com os preços do gasóleo que não suportam, os camionistas grevistas perderam a paciência com os que não aderem, nós perdemos a paciência com as filas do combustível e com os camionistas que nada deixam passar e todos perdemos a paciência com Sócrates que submergiu nas profundezas de São Bento e parece ter desaparecido em combate.
Tudo parece difícil, a ANTRAL, não representa ninguém, os acordos alcançados são ignorados, as reivindicações são justas mas todos juntas uma miragem para um período com uma economia que treme com os sopros dos últimos dias.
A economia Portuguesa entrou também ela na reserva de combustível, o fraco crescimento dos primeiros meses do ano, pode de facto continuar, as exportações terrestres, mesmo que passem por Portugal dificilmente vão além das barreiras camionistas de Espanha ou França. Enquanto que os produtos andam a conta gotas, não será estranho que a inflação dispare e que os preços se mantenham bem altos quando os produtos à prateleiras.
No fundo estávamos todos à espera que a greve morresse na praia passados um ou dois dias de paralisação, mas parece que os camionistas prometem acantonar-se nas estradas e de lá não sair.

Alguém sabe onde eles andam?

O país político parece que encolheu com as manifestações dos camionistas, Sócrates não faz nenhuma declaração substantiva, Mário Lino anda em reuniões mas não lhe ouvimos a voz, partidos desapareceram sobre os espectros das manifestações ( e por prudência se calhar é o melhor que fazem).
No meio de tanto silencia, Cavaco não comenta, e pede-nos para sermos exigentes e fica a ver a parada militar a passar. Tudo age como se nada se passasse e a calma fosse total

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Pérolas cavaquistas



Interessante esta forma patriótica como Cavaco explica que o 10 de Junho é o "dia da raça". Convém alguém lembrar ao nosso Presidente que esta visão racialista do povo lusitano é mais típica das festividades patrióticas e cegas dos anos 30 e 40 e que desde então muito, felizmente, mudou.

A herança do betão

A greve dos camionistas deixa destapada e bem a claro a dependência portuguesa do transporte rodoviário de mercadorias. E Porquê? Talvez porque nos últimos 20 anos fizemos auto-estradas, IP´s, IC´s em todo e o canto que houvesse como se não houvesse outro sítio onde investir, estamos hoje melhor ligados por estrada, mas o transporte ferroviário e todas as outras alternativas que poderiam existir foram deixadas no fundo da gaveta, o equilíbrio os vários tipos de transporte jamais foi alcançado e os caminhos de ferro apodreceram tornando-se o parente pobre do cavaquismo do betão.
Agora em plena crise petrolífera que não estará resolvida amanhã e num momento em que convém pensar na variedade dos nossos transportes, seria bom pararmos para pensar duas vezes antes de avançarmos para não sei quantos pacotes de investimento em auto-estradas ou para as famosas plataformas logísticas. Para que amanhã as dependências e as crises não voltem aos moldes em que se desenham hoje.

Ser pequenino em Portugal

Ao ver as imagens de hoje de camionistas nervosos, estradas semi-cortadas e mercadorias acantonadas à beira das auto-estradas, veio-me à cabeça aquele relatório da SEDES que há uns meses nos avisava para uma crise social para breve em Portugal. Não podemos dizer que já chegámos a tanto mas a situação que hoje se espelhou nas estradas mostra uma realidade que parece ter muito pouco de conjuntural e muito de estrutural
Muitas destas empresas de camionagem são pequenas e médias empresas, aquele tipo de empresas que são a maioria em Portugal mas que produzem pouco em relação às grandes empresas que correspondem a uma ínfima parte do todo, mas onde se concentra um grande parte da riqueza que se gera. As pequenas e médias empresas são tantas vezes as exprimidas e mais expostas em altura de crise, e as de camionagem, numa altura de estagnação económica nacional e crise petrolífera internacional foram as primeiras dar sinal do sufoco de um garrote que não podem mais apertar
Mas tudo isto não se resolverá de um dia para o outro, longe disso, a dependência Portuguesa de transportes rodoviários de mercadorias é um facto que não se poderá alterar por artes mágicas, e o petróleo também não descerá par os níveis de há uns anos, nem as taxas de juro cairão de repente. São as preversas inevitabilidades do mercado que resignamente parecermos aceitar. "É a economia, estúpido!"
Resta saber se os camionistas, já com situações financeiras longe da solidez, serão capazes de aguentar a greve durante muito tempo, se o conseguirem aí sim pode gerar-se uma crise de escassez bem mais grave e aí ficaremos a saber se Sócrates é apenas o primeiro-ministro de quando as coisas correm menos mal, ou será alguma vez capaz de enfrentar uma crise social e económica verdadeiramente séria. Olhando para o que hoje se vive as soluções parecem poucas e medidas tapa-buracos prometem ter um prazo de validade curto para um preço do petróleo que continua a engordar.

sábado, 7 de junho de 2008

Há coisas que a História não muda

Ontem pus-me a ouvir o debate das quintas-feiras na RTP, que contava com o Ministro das frases infelizes: Augusto Santos Silva. Ouvir o debate entre PS e PSD começa a ficar extraordinariamente cansativo. Há dias no parlamento o grande centro da discussão entre Santana e Sócrates era debater o número de pobres quando um e outro estavam no governo. Para além de tornar a pobreza um assunto de disparo de politiquice barata, Sócrates argumentava segundo aquela ideia iluminada: em 2004 haviam 900 mil a viver com menos de 10 euros por dia, mas isso foi em 2004, porque mal eu assinei por baixo da acta da tomada de posse o país metamorfoseou-se, deu uma volta de 180º, e mudou para algo muito melhor e esses pobres, já não são. Ridículo! Mas é a este nível que está o debate, todos chutam as chutam as culpas para o próximo, para o anterior, ou para o que há de vir. Ontem no tal debate da RTP, Nuno Melo do CDS, citou Sócrates em 2005 quando se revoltava com a taxa de desemprego que era de 7,1%, agora é de 7,6% e lá veio Marcos Pestrelo dizer que no Governo de Durão o desemprego subiu muito mais, que no governo de Sócrates… enfim aquela discussão que está a tornar o debate entre PS, PSD e CDS, um anedotário, para todos os outros são os grandes responsáveis, quando todos pisaram os pés na carpete do poder nestes últimos anos.
A política Portuguesa às vezes parece a política do rotativismo do sol posto da monarquia, dois partidos sem grande diferença, agora na era Sócrates, cada vez mais sem muito a acrescentar um ao outro, ambos com culpas na situação a que miseravelmente chegados e e que se digladiam a ver se no mês em que entraram ou saíram do governo o indicador A ou B mudou alguma coisa, convencidos que têm grandes clivagens quando não passam de um deserto ideológico.
Há cem anos estes partidos chamavam-se Progressista e Regenerador, hoje chamam-se PS e PSD, ambos se vão alternando no poder, vivem momentos melhores e outros piores. Enfim, há mesmo coisas que a História não muda!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Democracia Americana


Estamos a horas de assistir ao “The end” das primárias democratas com a desistência de Hillary. Há uns dias quando ouvia na televisão a reportagem sobre o epitáfio de Hillary e a vitória de Obama alguém me lembrou como em 200 anos os Estados Unidos Saltaram da escravatura para a eminência de ter um presidente negro. E isso faz pensar como, por muito que digam o contrário, os Estados Unidos continuam a ser uma grande democracia. Nos últimos anos durante aventura texana de Bush na Casa Branca fomos invadidos de discursos anti-americanos, mas esses discursos eram e são, ou pelo menos devem ser, sobretudo discursos anti-bush, não contra uma América que podemos apelidar de conservadora e retrógrada, como de facto é em muitos Estados, com um sistema de votação arcaico ou um sistema de saúde longe doa aceitável para os Europeus, mas olhando para esta campanha entendemos como a democracia Americana respira muito daquilo em que as democracias europeias continuam tão fechadas sobre si mesmas. Desde logo o sentido profundo de comunidade que ali existe, a política feita em trono de comunidades, o dinheiro de campanha suplicado pelos candidatos dado pelos cidadãos comuns que juntos acumulam centenas de milhões de dólares. O debate parece de facto chegar aos Americanos, uma política que apesar de ser um país tão grande parece tantas vezes mais próxima das pessoas que deste lado do atlântico, as campanhas de Hillary e Obama mostraram isso mesmo, agressividade, debate, ideias que podemos ali absorver.
A América é ainda a terra das oportunidades onde Obama o neto do pastor Queniano pode chegar a Presidente, e isso é que faz verdadeiramente o que ele é, a materialização do verdadeiro sonho americano e foi isso reflectido em Obama que o fez ganhar o voto negro que era de Hillary, fulcral para ganhar estas primárias


terça-feira, 3 de junho de 2008

Já não se aguenta e ainda nem sequer começou

O Euro ainda não começou e a selecção já está a chegar ponto de náusea. Já não se aguenta, faz-se ligações em directo porque Ronaldo respirou, porque Scolari disse duas palavras, porque um mais que comum avião com um bando de jogadores lá dentro aterrou ou levantou de um qualquer aeroporto. Enquanto jantava no Domingo passado numa rádio (já não me lembro qual) fez-se uma ligação em directo à Suiça e o locutor esteve 5 minutos a nomear um por um as pessoas que saíam do avião, com que interesse meu deus? Mas qual é a relevância dos deuses da futebolândia portuguesa tenham posto o pezinho na Suíça? Mas o fanatismo futoboleiro Português sempre que se faz este discurso gosta de dispara com o argumento que isto é conversa de elitista que não gosta da febre do futebol. Eu até acho piada à febre do jogo da selecção, mas não se aguenta a estupidez que reinou e reina nas televisões nas últimas semanas.
Parece uma orgia colectiva, não de patriotismo, que isto não é patriotismo nenhum, mas de apoio cego aos moços que vão correr para o Euro, mas no meio disto tudo não há nada mais interessante para falar? Não estou a dizer para falarmos 24 horas do preço do petróleo, ou do aumentou dos combustíveis, mas isto mais parece um país vazio que não tem outros interesses, outras coisas com se divertir e ocupar o tempo. Aliás até já ouvi que isto agora do Euro é bom para as pessoas não pensarei só na crise, é a repetição do argumento do tempo da outra senhora, é preciso é dar uns rebuçados futebolísticos ao povo que é para eles não se porem a pensar demais.
Mas enfim que tenhamos muita sorte a no futebol! E assim termino resignado, porque já entendi que nos próximos tempos não tenho outro remédio.

Winheouse, viciada mas brilhante





Amy winehouse chegou aos tombos ao Rock in Rio, para quem viu pela televisão, saltava à vista que a cantora londrina tem tido uma vida agitada nos últimos tempos. Winehouse podia estar mais interessada no copo que tinha à sua frente, ou nos pozinhos que agora diz-se que tinha metidos entre o lenço que com ela trazia, e a voz podia até estar bem ao lado do que costuma ser, mas deixou espaço para ouvir a grande banda que ela tem, e perceber como também é grande a sua música, a quem a sua voz faltaria completar.
O YouTube está recheado de momentos estranhos de Winehouse, desde a coca tirada do enorme monte de cabelo, estilo sixties, e snifada descaradamente a meio de um concerto ou outro da menina rebelde a brincar com ratinhos bebés, mas Amy vale sobretudo pela sua música e essa que aqui fica com Tears dry on their own

Curta ausência

De regresso à blogosfera, o tempo tem sido pouco, isto ser estudante em final de ano, parecendo que não custa. Mas o Terra de Ninguém deixa a semana de laxismo blogueiro e volta aos posts.