sábado, 8 de novembro de 2008

O dia em que uma ministra perdeu o rumo


Claramente Maria de Lurdes Rodrigues não esperava a afluência à manifestção de hoje, confesso que nem eu próprio esperava tão grande participação, mas a forma como a Ministra da Educação hoje reagiu em contrataste com a outra mega-manifestação de 8 de Março prova como o governo deixou cair o pé em falso atirando uma ministra para as televisões desorientada com o que se passou.
Há 7 meses Maria de Lurdes Rodrigues tinha-se visivelmente preparado para o embate de 100 mil professores na rua, ficando fechada na 5 de Outubro onde com um discurso cândido foi ao longo do dia recebendo jornalistas para comentar a concentração de docentes. Hoje Maria de Lurdes Rodrigues perdeu o norte e expôs-se em entrevistas em que irritadamente teve toda a postura que alguém que, no mínimo, se queira salvaguardar politicamente não tem. Primeiro uma conferência de imprensa, em que não entendendo que não podia mostrar o ar austero de sempre e terminando com a frase populista: “o pior dia enquanto ministra foi na greve aos exames quando tive que defender o interesse dos alunos”, Maria de Lurdes Rodrigues foi a carrasca dela própria, aumentando revolta dos professores que estavam na rua.
Segue-se uma entrevista na RTP em que no dia em que há 85% de uma classe profissional na rua a ministra firma que este foi um protesto político-partidário, daqui leia-se que Maria de Lurdes Rodrigues acha realista afirmar que há 120 mil pessoas, todos professores, que foram fazer politiquice partidária para a rua, apenas porque o ano de eleições está à porta. Num discurso de vitimização, ao tom, que contra ventos e marés partidárias de professores ela resistirá Maria de Lurdes Rodrigues mostra em todo o seu esplendor como foi absolutamente apanhada de surpresa. Irritadiça, imponderada, irreflectida naquilo que disse ao longo do dia, a habilidade política saiu-lhe totalmente ao lado, chegando mesmo a não assumir como suas as palavras de um seu secretário de estado.
Acabamos o dia com uma entrevista à SIC, em que nos é servido a cereja em cima do disparate político: “se os protestos continuarem, continuarão”.
A manifestção de hoje junta a todos os motivos que haviam para lá estar na antiga manifestação, esse oásis de papel e de inutilidade que é o novo modelo de avaliação. Digo e repito que é necessário um modelo de avaliação, mas não tenho a visão da nossa adorada Ministra que afirma que “não há solução”, solução há e passa por criar uma avaliação centrada na qualidade pedagógica dos conhecimentos que cada professor transmite e não centrada em números, em artifícios ou em cambalhotas estatísticas. A Avaliação dos professores é um processo que há meses está encalhado, com um projecto de base que jamais se adequa uma escola. É verdade que após a manifestação de 8 de Março este documento foi negociado com os Sindicatos, na altura em que os representantes dos professores foram obrigados a algo acordar com a ministra e a ministra com os sindicatos, mas hoje vemos que tal foi apenas e sobretudo o resultado da pressão do momento, os males de base mantém-se e o diploma levado à prática é um caos de ignorância pedagógica sem nome.
Maria de Lurdes Rodrigues e a sua parelha de inconveniente Secretários de Estado ainda não se precederam bem do mar de problemas que à sua volta conseguiram criar, e agora perguntemo-nos no meio dos computadores, de processos de avaliação e de reestruturação de carreiras o que é que este ministério fez o sistema evoluir em matéria estritamente pedagógica (que é que verdadeiramente interessa)? Nada rigorosamente nada.
Os professores, os que conhecem o sistema cansaram-se mais que nunca desta pedagogia de pacotilha, e que há três anos arrasta com as suas políticas a escola pública num calvário de tudo aquilo que não é prioritário. Até hoje não há uma avaliação decente da reforma curricular iniciado há alguns anos, o nível de exigência é o que se conhece, temos todas a s dúvidas sobre a forma como apareceram todos estes cursos profissionais, milhares de professores, os mais experientes, fartam-se de acumular paciência para digerir as normas emanadas pelas inteligências que gravitam em torno da 5 de Outubro. Tempo é perdido, os melhore s vão-se embora, o nada de verdadeiramente material para o sucesso dos alunos é resolvido. Está tudo por fazer!

Pela verdadeira Educação


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Montra de Notáveis do BPN

A Enumeração de dirigentes do BPN ao longo dos últimos anos forma por si uma galeria de notáveis que tanto podiam ter os seus retratos à entrada da sede do BPN como na Sede do PSD na São Caetano. Vejamos então: em primeiro lugar essa figura ímpar: Dias Loureiro, o homem que está sempre em todo o lado, e que vai sempre ligado aos mais mediáticos casos. Depois temos figuras como Oliveira e Costa, ex-secretário de Estado de Cavaco que liderou o Banco 10 anos, Rui Machete que é presidente da mesa da assembleia geral, ou ainda Daniel Sanches, ex-ministro da administração interna de Santana e que já na altura gerou polémica devido à compra do sistema de comunicações SIRESP comprado precisamente, e vejam bem as coincidências, à Sociedade Lusa de Negócios, detentora do BPN.
Tudo bons rapazes, o que vale é que depois lá aparece o Estado, esperando no mínimo (e desejo que não seja ingenuidade minha) que estes senhores sejam responsabilizados pelo buraco em que BPN se tornou.

The end


A história é inatamente selectiva, às vezes cruelmente selectiva, por isso é tão espantoso e entusiasmante quando a sentimos a passar por nós, escrita à nossa frente, acompanhada como também nós estivéssemos a contribuir para a sua redacção. A noite de ontem ou os últimos meses foram um desses momentos. Chegou ao fim, o ponto final nas eleições que se desenharam diferentes de qualquer outra, que viraram a página e que pelo menos nos deixaram a sensação de novo capítulo, ainda em branco, da história americana.
Esta foi a campanha das surpresas. A começar pelos candidatos, Obama e McCain eram os inimagináveis candidatos há um ano, ambos com as máquinas dos partidos que contra eles corria, mas venceram, impuseram-se aos partidos que se adaptaram a eles sem poderem contestar a certeza que desde cedo se tornou McCain ou a onda imparável que é Obama. Para o tão apregoado esbatimento de ideologias, de debates eleitorais sérios, completos, aguerridos, estas eleições provaram o contrário, num combate de verdadeiras ideias, em que Democratas e Republicanos não se diluíram num só muito pelo contrário foram em McCain e Obama marcas claras da diferença de pensamento acerca do Iraque, da posição diplomática dos Estados Unidos no mundo, ou mais recentemente na questão económica, McCain na linha Reganista de sempre, Obama com uma nova política de impostos, diferente da linha seguida nos últimos 30 anos.
Sabemos que este é o tempo das apelidadas novas potências cheias de vaticínios em torno da queda dos Estados Unidos, e de facto o poder hegemónico de há 10 ou 20 parece difícil de recuperar, mas as eleições que passaram foram a prova plena que o MR Big conta, que por ele passa ainda uma grande parte do nosso mundo, que por ele temos um interesse e uma curiosidade tantas vezes incompreensíveis, não por acaso estas foram talvez as eleições Americanos que mais entusiasmo alguma vez geraram na Europa. E a Europa que gosta de Obama conta também com os Europeus apoiantes de Mccain que contra o senador democrata usavam o argumento que com Obama lá se vai o guarda-chuva de sgurança Americano. Para além de caírem na eterna falsa verdade que é preciso ser Republicano para dominar a segurança internacional, sempre com aquele bizarro pensamento que é preciso parecer um suposto duro em matéria de defesa para ser competente, exactamente o dogma que levou Bush ao poder, com os resultados vistos, os Europeus que afirmam que com Obama estamos menos seguros não querem uma verdadeira Europa, ou senão passam a vida a contradizer-se. Se por um lado sublinhamos vezes sem conta que queremos mais Europa que se saiba afirmar no palco internacional por outro não podemos passar a vida a recear tudo e todos, sempre encostados à espera que alguém nos defenda, isso é tudo menos defender uma verdadeira Europa.
E como Europeus provámos que por muito que nos separe, por muito que continuemos a entender as diferenças que marcam o lado de cá e de lá do Atlântico, admirámos um país que foi às urnas como nunca, que elegeu um Presidente que é ele próprio um marco. Não só por ser negro, o que não deixa de ser memorável, sobretudo quando lembramos as histórias de Luther King ou Rosas Parks. Obama consegui ser o candidato negro sem fazer uma campanha racial, hoje que a campanha passou é mais enfatizado Obama como o Afro-americano, do que durante toda a campanha, a prova que esse facto é um símbolo, extraordinário, mas felizmente não foi a pedra de toque, nem foi usado na propaganda suja de uma tão longa campanha. Obama é sobretudo um marco pelas ideias, que ao contrário do que muitos dizem ele tem, sobre como expandir os cuidados de Saúde, alterar o sistema de reformas, ou como tomará o pulso à crise financeira.
A campanha acabou, uma parte da história foi escrita, falta agora a outra e talvez a mais importante, aquela em que confirmaremos ou não as esperanças em Obama, falta tornar o “Yes we can” em “Yes we will”. A campanha de 2008 ficará, esperamos pelo que virá!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Em 40 anos muito muda


O nosso vendedor do Mês e a senhora gaffes do mês

Sócrates quando aterra na América Latina é possuído por um algum bicho estranho que o faz adoptar uma interessante nova postura, para além de criticar o FMI, em terras latinas, ou seja em palco que lhe é favorável, antes de o fazer no seu próprio país, ficámos entusiasmadíssimos sabendo que em São Bento se trabalha e se sua tanto em actividade politica que um Magalhães chega, aliás o Magalhães é mesmo a reposta para tudo.
Enquanto Sócrates se especializava em tristes figuras Ferreira leite tornou-se a gaffista de serviço, se o que diz não são gaffes então ainda é mais grave sobretudo quando a líder do PSD diz que as obra públicas combatem o desemprego de “Cabo Verde e da Ucrânia” uma frase de gosto mais que duvidoso. Com política deste nível por cá, é mesmo mais interessante ver e analisar o que se passa do outro lado do atlântico.

Yes he could




Estamos a horas de saber o resultado das eleições que mais nos fizeram fervilhar, a todos Americanos e não americanos desde há muito. Daqui a pouco saberemos se obama conseguiu ou não chegar lá, à Casa Branca. Quer ganhe, quer não ganhe Obama conseguiu criar um dos mais extraordinários movimentos nos Estados Unidos, criando uma campanha de verdadeiro debate e discussão, marcando um período histórico nos Estados Unidos. Acerca de Obama temos todos esperanças, não podendo esquecer que haverá um Barack Obama presidente com expectativas como poucos tiveram às suas costas. Fora as algumas ilusões que acerca dele provavelmente sairão goradas, e as outras que se cumprirão para já interessa saber o resultado e esse, o resultado, está prestes a chegar.