Adoro ouvir comentadores a dizer default. Um conceito delicioso acerca de um país. Porque se com uma empresa o senhor do fraque por ali adentro entra, arresta as máquinas e o fisco fica com as porcelanas será interessante perguntar-nos: e com um país como é? A Grécia entrou em default, a senhora Merkel manda ir buscar a acrópele para o centro de Berlim? Na Irlanda levam as reservas de uísque? E em Portugal colocam uma fitinha em torno dos Jerónimos com uma bandeirinha alemã a flutuar na ponta? O conceito de default acerca de um país é assim no mínimo exótico. E se não nos põem, de facto, as malas à porta ou nos arrestam os bens numa qualquer carrinha de caixa aberta de matrícula alemã, o carimbo de “não confiável”, levar-nos-á anos a voltar aos mercados, sem qualquer capacidade de financiamento externo. A Grécia tem um juro que esta semana chegou aos 13%, a Irlanda nunca conseguiu baixar o nível de juros para os que tinha antes do resgate. Tudo totalmente incompatível com qualquer Estado Social, com qualquer estilo de vida de Europa Ocidental ou de qualquer União Monetária!
Na história desta crise estas últimas duas semanas foram negras: juros em quase 8%, Merkel a puxar as orelhas a Sócrates, novo PEC, Cavaco acordado ao fim de 5 anos.
Estamos no mais absoluto limbo: não aguentamos muito mais meses este nível de juros, a Europa paralisou e qualquer ajuda a Portugal nunca será uma versão soft daquela que já foi dada à Irlanda ou à Grécia, ou seja podemos esperar um juro absurdo na casa dos 5%.
Estamos em default mode e completamente escalhados no nada. Não pedimos a pouco misericordiosa Ajuda Europeia, mas também não nos aguentamos no ponto em que estamos. Entre a espada e a parede Sócrates não sai, Passos não faz cair e Cavaco mudou de humor de repente.
No GPS não há nenhuma coordenada de futuro!
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