quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Os gauleses estão de volta!

Encontre as diferenças!




Obama já tinha deixado no ar a comparação, mas agora após o anuncio do apoio da família Kennedy a Obama, o Senador do Illinois fica definitivamente com a aura do novo inspirador da América que levou Kennedy à Casa Branca. Veremos se Obama também lá chegará, dia 5, na Super Terça Feira eleitoral já teremos quase a certeza de quem será o candidato democrata, e por enquanto as sondagens dão vantagem a Hllary.

O peso de alegre e a maioria que Sócrates quer em 2009



Sócrates lá deu o seu tímido toque ao governo, sai Correia de Campos, o ministro que ainda no Sábado dizia ao Expresso que se sentia seguro no ministério, e Isabel Pires de Lima, uma autentica ministra fantasma deste governo, não se deu por ela a não ser quando teve a muito triste ideia de despachar Dalila Rodrigues do Museu Nacional de Arte Antiga, a directora do MNA que entre muito o que fez foi capaz de trazer, com um enorme sucesso, a magnífica colecção Rauh para o Museu. Sócrates teria provavelmente há muito uma remodelação na cabeça, ao seu estilo teria que ser discreta e no momento certo, e o momento escolhido foi o melhor, para Sócrates claro! Há conta da remodelação o país enterrou na areia o relatório sobre os voos da CIA para Guantanamo, um relatório que não poupa nenhum dos últimos governos, nem o actual, mostrando que alguns dos presos de Guantánamo, fizeram uma visitinha a Portugal antes de seguirem para a base norte-americana onde o direito internacional parece ser um oásis. Mas o anúncio da remodelação chegou mesmo por cima do discurso inflamado de António Marinho Pinto sobre a corrupção e a justiça, que coincidência! Mas sobretudo a remodelação chegou dias depois de Alegre ter começado a mostrar ainda mais publicamente o seu descontentamento com pasta da saúde, na manhã da remodelação ouvia Alegre dizer que poderia criar uma corrente dentro do PS contra a política de saúde. Uma cisão no PS seria verdadeiramente o que Sócrates menos desejaria, poderia não ameaçar a sua muito provável vitória em 2009, mas certamente tirar-lhe-ia a maioria absoluta, e Sócrates fará tudo para voltar a tê-la nas próximas eleições. Sócrates sabe que perder a maioria absoluta para o ano, é uma semi-vitória, num cenário destes como governaria? Com um estilo pouco dado a acordos parlamentares constantes com os outro partidos, como fez Guterres no primeiro e segundo mandato, o nosso engenheiro primeiro-ministro sabe que tal cenário criaria um travão enorme à sua agenda. Ainda para mais porque Sócrates de certeza que não se vê coligado com nenhum partido. Com o PCP seria um horizonte impossível, com o Bloco de Esquerda obrigaria a uma viragem à esquerda que seria a machadada no pragmatismo político do governo. À direita um acordo com o CDS seria quase impossível, pelo menos de ser aceite em muitos sectores do PS, seria interessante Sócrates e Portas no mesmo governo, uma bela parelha! É com tudo isto na cabeça que Sócrates começou a sua campanha eleitoral para 2009, à saída da tomada de posse dos novos ministros até falava aos jornalistas com um ar mais cândido, explicando muito calmamente que é preciso voltar a restaurar a confiança dos cidadãos no SNS. Que grande evolução!

domingo, 27 de janeiro de 2008

Auschwitz, passaram 63 anos (livros e filme)



Extraordinária cena final do filme A Vida é Bela

Deixo também aqui duas sugestões de livros, duas obras importantes para entender o Holocausto. A Primeira obra trata-se do primeiro dos três livros da trilogia de Elie Wiesel em que este autor relata a sua vida durante a após a sua passagem pelos campos de concentração Nazis de Auschwitz e de Bergen-Belsen. Este primeiro volume, a Noite, relata precisamente a passagem de Elie Wiesel por Auschwitz, a chegada ao campo com a separação da mãe e das irmãs, os meses de trabalhos esforçados, a sua participação nas marchas da morte e a sua chegada a Bergen Belsen onde vê o seu pai morrer. Uma obra emotiva e perturbadora, mas ao mesmo tempo que nos desperta para os horrores do Holocausto. Deixo aqui também a sugestão do livro: Auschwitz Os Nazis a Solução Final, uma obra do historiador Laurence Rees e que nos leva até à história de Auschwitz desde a sua construção até á chegada dos Soviéticos. Mais de que um mero relato das prisões, da morte e da forma como funcionava o campo Laurence Rees deixa-nos uma explicação do contexto histórico do Holocausto, permitindo-nos perceber como chegámos à construção deste plano de destruição em massa arquitectado pelo regime Nazi antes e durante a 2º Guerra Mundial.

Auwschwitz,passaram 63 anos (citações)

“Estava perante um morto vivo. Por detrás dele percebi dezenas de outros fantasmas. Ossos móveis unidos por uma pele seca e envelhecida. O ar era irrespirável, uma mistura de carne queimada e excrementos. Não sabia onde me encontrava. Um companheiro disse-me que estávamos em Auschwitz“
Iakov Vicenko, o primeiro soldado soviético a entrar
no Campo de concentração de Auschwitz.

“Nunca mais esquecerás esta noite,
A primeira noite no campo,
Que fez da minha vida uma noite longa
E sete vezes aferrolhada

Nunca mais esquecerei aquele fumo

Nunca mais esquecerei as pequeninas caras de crianças cujos corpos tinha visto transformar em espirais
Sob um azul mundo

Nunca mais esquecerei estas chamas
Que consumiram para sempre a minha Fé

Nunca mais esquecerei este silêncio nocturno
Que me privou, para a eternidade,
Do desejo de viver

Nunca mais esquecerei esses momentos que assassinaram o meu Deus
E a minha alma
E os meus sonhos,
Que tomaram a aparência de deserto.

Nunca mais esquecerei isto, mesmo que tenha sido condenado a viver
Tanto tempo quanto o próprio Deus
Nunca Mais”

Elie Wiesel, na obra A Noite,
Descrevendo a sua prmeira noite em Auschwitz

Auschwitz, passaram 63 anos


No dia 27 de Janeiro de 1945 as tropas soviética penetravam o suficiente pela frente leste para descobrirem o pedaço de terror que foi Auschwitz, o pedaço de inferno para o milhão de vidas que ali se esfumaram, sim digo bem, esfumaram-se porque o que restou delas foi o fumo que vinha das altas chaminés dos fornos crematórios. O fumo, esse fumo de cheiro nauseabundo e pestilento que durante anos cobriu os céus daquele canto da Polónia. E muitos foram os cantos da Polónia e do leste Europeu cobertos daquela nuvem de corpos, muitos foram os campos de concentração que se espalharam à velocidade da Fúria da Solução Final Nazi, à velocidade da fúria do mais cruel e assustador ódio. Quase tudo já foi dito sobre Auschwitz, quase todas as palavras de repulsa, de nojo, de incompreensão já foram ditas sobre o campo da morte, mas será dificilmente possível um dia em tantas palavras explicar toda a bestialidade sangrenta daqueles campos, toda a negra angústia que se sente ao ver as imagens ou as fotos do campo, ao ouvir os relatos e o recordar de tudo o que ali se passou.
Os resistentes de Auschwitz estão a morrer, é a lei natural, aqueles que não morreram no campo, morrem agora da velhice, já passou suficiente tempo para que os relatos vivos do que ali estupidamente se passou comecem a desaparecer. Resta-nos a memória, não uma memória vazia, mas uma memória presente, uma memória de lições sobre aquele tempo. Infelizmente tantas vezes isso não acontece, basta olhar para os Genocídios na ex-Juguslávia, para o banho de miséria do conflito étnico no Sudão, para entender que todas as palavras que escrevemos sobre Auschwitz parecem continuar a não ser suficientes para acordar o presente e evitar os novos Genocídios dos nossos dias.
Em Auschwitz morreu Anne Frank, morreu o fotógrafo Erich Sallomon, morreram tantos daqueles que muito fizeram e muitos daqueles que muito podiam ter feito, centenas de milhares de crianças morreram em Auschwitz, eram encaradas como sementes de futuro para povos que se queriam eliminar. Tantos anos passados resta-nos recordar a memória da sua vida breve. Desculpem se o tom deste texto foi mórbido ou excessivamente mordaz, mas seria díficil ser de outra forma.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Mais uma prova que Al Gore podia ter apresentado na sua Verdade Inconveniente


Mais uma evidência que o aquecimento global pode afectar as nossas sociedades

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Correia de Campos é ele próprio um ministro surreal


Esta campanha não deixa de ser uma triste ironia quando se ouve o telefonema de Vila Real

Correia de Campos ao reagir ao telefonema de emergência em Vila Real,que hoje o país conheceu, para além de afirmar que devemos todos confiar no INEM acrescentou: “…confiam tanto no INEM que até o chamam quando têm a percepção que o seu ente querido já faleceu”. Seria difícil encontrar uma frase pior para reagir a esta situação, mas este é o ministro que faz estas frases lapidares e acerca do qual permanecem as dúvidas se primeiro mandou fechar urgências sem ter a certeza se teria condições para tal. Ninguém está a desprestigiar o INEM, o esforço dos profissionais que lá trabalham existe, ainda para mais quando lidam com realidades tão complicadas, mas será difícil não reconhecer que existem erros, erros sobretudo de um sistema, que no interior, e agora mais do que nunca aparece aos portugueses como longe e distante.

Absolutamente surreal!



Ontem ficámos a conhecer os surreais telefonemas de emergência no conselho de Vila Real. Se isto não fosse tudo tristemente real, dava um perfeito sketch do gato fedorento. Este caso é uma perfeita metáfora do país interior, esquecido, pobre, com corporações de bombeiros que ficam ao abandono durante a noite e onde a ambulância de emergência mais próxima fica apenas no centro do distrito, a 45 minutos de distância, uma ambulância que parece ter seu cargo uma vasta área de território, mas que ninguém se lembrou de instalar com um corriqueiro GPS, obrigando a telefonemas sem fim para orientar os paramédicos. Poder-se-ia dizer que isto é apenas um caso, mas não faltaram por esse país corporações de bombeiros sem meios, e aldeias no interior longe de tudo e de todos. Será tudo isto possível?
Fica aqui o vídeo com a reportagem da SIC sobre o assunto juntamente com a audição dos telefonemas de emergência ontem conhecidos

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A vida dá muitas voltas e Mário Lino que o diga!




Sócrates, o filósofo, disse uma vez uma frase que assentava bem a este ministro de Sócrates, o primerio-ministro:"Três coisas precisam os homens: prudência no ânimo, silêncio na língua e vergonha na cara."

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A troca de mimos entre Obama e Clinton!

Um tributo justo!


A partir de hoje a Fundação Cuidar o Futuro, divulga na net, o arquivo de Maria de Lurdes Pintasilgo. Uma homenagem justa, à primeira a mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra em Portugal, e que se dedicou verdadeiramente e por convicções à causa pública.
Uma iniciativa a louvar, esta frase poderá ser um autêntico lugar comum, mas não duvidemos, não há consciência do presente ou discernimento para pensar no futuro se não compreendermos o passado.

Arquivo de Maria de Lurdes Pintasilgo

Um exemplo do que não se deve fazer


Há uns anos, em Oeiras deparei-me com a construção de um alto viaduto entre um centro comercial e o que julgo ser uma estação de comboios. Desde logo reparei que quem projectou o viaduto teve a delicadeza de o pôr a passar mesmo por cima de algumas vivendas que ali existem ou junto às janelas de alguns prédios. Ao mesmo tempo que construíam o tal viaduto espalhavam-se por todas aquelas casas os letreiros a dizer: Vende-se, provavelmente reflectiam a reacção de muitos proprietários que se defrontaram com um cenário não desejado. Só tempos mais tarde é que soube que este tal viaduto era para um comboiozinho ecológico, de seu nome Satu Oeiras , que nuca vi com muita gente, provavelemente fruto da distência rídicula que este precorre . É a concepção de urbanismo no seu melhor!

Porque a qualidade de vida interessa.

Hoje no tribunal de Sintra decorreu mais um a secção dos julgamento que opõe a REN à freguesia do Monte Abraão na questão dos cabos eléctricos de alta tensão .A questão tem-se centrado no domínio da saúde, e este é sem dúvida um dos principias argumentos , a freguesia e os seus habitantes têm apresentado casos que consideram uma prova da forma como as radiações podem ter influencia sobre a saúde individual. Por sua vez a REN afirma que essa relação não é possível fazer, ou pelo menos esta era a sua versão, uma vez que a REN hoje já foi dizendo em tribunal que os potenciais danos para a saúde não justificam a suspensão da colocação destes cabos. Contudo este caso vai muito para além da mera questão de saúde, prende-se sobretudo acerca da forma como queremos promover e desenvolver o ordenamento do território. De que forma através da organização do espaço onde vivemos pode promover a nossa qualidade vida? Para além de uma questão de saúde, ninguém pode afirmar seriamente que acordar todos os dias e ver uns monos como os postes de alta tenção à sua frente poderá promover o bem-estar de alguém. O facto é que estamos a pagar o preço de durante anos termos sido mestres em construir sem fim, não tendo um único traço de ordenamento do território na cabeça. Sintra foi apenas mais um exemplo disto, e agora junto às casasv que por todo o conselho se foram construindo sem planeamento, começam a surgir os cabos de alta tensão, necessários para provir de energia às muitas centenas de milhares que foram enchendo descontroladamente os arredores de Lisboa.
Mas o país está carregado de exemplos de como facilmente se destrói a mínima concepção de harmonia do espaço, locais onde há tudo menos a promoção de um local equilibrado, cheios de atropelos de prédios em cima de viadutos,de postes encostados a janelas ou de prédios de 20 andares no meio de um enorme descampado. Mas durante anos o planeamento do território foi posto da gaveta, dos governos e das autarquias que para a sua sobrevivência financeira lá deixavam construir os mais escabrosos edifícios em qualquer cantinho que houvesse para o fazer. O retorno destes tempos está agora a chegar!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O Censor dos Hábitos dos Outros

Foto junto à lareira de Robert Capa, China 1939

O Director Geral de Saúde foi ontem aos prós-contras explicar a lei do Tabaco. Num dos mementos do debate lembrou-se de deixar a sugestão que as lareiras também deviam começar a ser proibidas, uma vez que tal como os cigarros também libertam grandes quantidades de monóxido de carbono. Francisco George da mesma forma que por vezes ainda não interiorizou que a Lei do Tabaco não deveria ser para impedir os fumadores de fumarem mas sim, para respeitar os direitos dos não-fumadores e dos fumadores, criando espaços próprios para cada um; ainda não entendeu também que o Estado deve impor a si próprio um limite entre o que é a sua função e o que se torna uma intromissão no direito de escolha individual de cada um. Não é função do Estado dizer-me se dentro da minha casa eu devo ou não acender a lareira, ninguém precisa que o Estado se torne no paizinho de cada um de nós. Mas parece tendência pensar que o Estado deve ser o generoso zelador pela saúde individual de cada um, um papel que sinceramente dispenso que adquire. No entanto esta declaração do director-geral de saúde vem na onda do espírito hiper-saudável que anda tudo empenhado em promover, só que nesta fúria pelo individuo que vai ao ginásio, que não fuma, ou que agora na sua versão mais recente não acende a lareira, lá se vão fazendo medidas que são uma autêntica asneirada. Exemplo disto é a mais recente aplicação taxa mínima de IVA aos ginásios portugueses. Em primeiro lugar esta vai ser uma medida que duvido que muitos ginásios cumpram, muitos, provavelmente, acabaram por transformar o IVA a menos em maiores lucros para si. Em segundo lugar se o objectivo do Estado era promover a Saúde tenho a certeza que seria muito mais eficaz investir o dinheiro, resultante do IVA a 21% sobre os ginásios, na recuperação de ginásios e espaços de actividade desportiva nas escolas, onde um muito maior leque de pessoas teria acesso à actividade desportiva.
Mas parece que o Estado prefere especializar-se na proibição, e infelizmente o país está demasiado habituado a ser proibido.

A por vezes difícil tarefa de ensinar

A manchete do Expresso do último Sábado não é surpreendente, mas não deixa de ser um ponto de reflexão saber que há mais de oito anos consecutivos que os funcionários públicos, neste caso e com maior destaque, os professores têm vindo a perder poder de compra. Obviamente que os professores não são menos do que qualquer outro funcionário público e também ninguém discute que estas perdas do poder de compra têm acontecido no sector público e no sector privado, contudo tal não tira gravidade a esta situação. Os professores não deixam de ser apenas mais um exemplo, mas não deixam de ser um exemplo representativo. Nos últimos anos, quando se fala de motivação dos professores à Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues faz-se de esquecida, ignora a questão e acha-se no direito de tomar a palavra destes mesmos professores afirmando que estes estão muito motivados e que as escolas continuam a funcionar, encontrando-se muito empenhadas nos projectos do ministério. Pois estão, mas isso acontece porque os professores sabem distinguir o trabalho com os seus alunos das discordâncias com o muito do que tem sido feito na área da Educação.
Muitos ao ler esta notícia do Expresso não ficarão muito chocadas, ainda acham que os professores são uma cambada de ripostados no sofá que têm mais férias que o comum dos portugueses, desconhecendo o verdadeiro trabalho feito numa escola. E não o digo por ser filho de professores, o que não me torna alguém estupidamente dogmático ou excessivamente parcial neste assunto, digo-o sobretudo como alguém,que todos os dias lida com vários professores.
Uma vez ouvi que a escola primária era o sangue da I Republica, hoje podemos perfeitamente transpor esta frase. A escola, a qualificação séria e exigente são o verdadeiro sangue de uma democracia adulta. E não pensemos, apesar de toda atenção mediática, que programas como as Novas Oportunidades e afins vão resolver os nossos grandes problemas ao nível da Educação, muitos destes programas são mais passa-certificados que outra coisa qualquer e não nos tiram do buraco de falta de qualificação em que nos encontramos. E para sair desse buraco precisamos de uma escola que seja acima de tudo exigente, uma escola que não seja encarada como um passatempo, em que não se está lá apenas porque há uns tipos que nos obrigam a tal.
As sucessiva paixões governamentais pela Educação, que já foram responsáveis por inúmeras reformas neste sector, criaram uma escola pouco exigente, sobretudo para aqueles que já apresentam dificuldades escolares. A política dos últimos anos tornou o sistema de educação mentiroso para os que lidam com ele. Mente aos alunos, muitos passam ou são passados sem saber os conhecimentos que precisarão. Mente aos pais que pensam que os seus filhos passam sabendo alguma coisa, quando muitas vezes esse não é o caso. E mente ao país convencendo-o que investe bem o seu escasso orçamento num sistema que, ao contrário do que devia é incapaz de preparar futuras gerações. A verdade é que ao contrário do que o que o Estado apregoa não está disposto a gastar nem melhor nem mais dinheiro no seu sistema de educação, ainda para mais se tal envolver chumbar alunos e investir na sua recuperação. A escola ainda é vista para muitos pais como um depósito de criancinhas e não como um lugar de aprendizagem! A Educação ainda é vista como uma despesa e não como um investimento de futuro. E os professores são mais uma das variáveis desta despesa, parece por vezes que são um acessório do sistema, já ouvi comentários que fazia deles um bando de corporativistas que apenas defendem a sua capela. Se alguém assim pensar estará profundamente enganado. O ministério da Educação, por sua vez, continua a pensar que só por emanar umas leis o insucesso escolar baixa, como se fosse algo de automático.
Não basta dizer-se que se quer qualificar, é preciso fazer mais que meras medidas de fachada para que país não se volte a admirar com o facto de este ser um sector que parce não ter conseguido descolar desde o 25 de Abril.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

E as primárias continuam….


As eleições primárias entram agora num momento decisivo, a poucas semanas do grande dia de eleições em que muito dos principais Estados vão a votos, soubemos ontem os resultados das eleições primárias no Nevada e na Carolina do Sul (neste último Estado as eleições foram só para os Republicanos). Ainda muito comício há para fazer até podemos ter a certeza de qual será o candidato republicano e democrata a estas eleições, mas este é um momento crucial em que cada candidato terá que calibrar o seu discurso para as eleições que se aproximam. Obama perdeu ontem num Estado importante, apesar da diferença ser curta para Clinton, e de ter eleito o mesmo número de delegados que Hillary, o facto é que Barack precisa de uma vitória contra Clinton, que desde a vitória no New Hampshire tem ganho novo folgo. Obama tem um enorme desafio de conquista do eleitorado até às próximas primárias, Barack é provavelmente o candidato que vai ter que abranger uma maior leque de eleitorado, nos seus votos terão que estar: Republicanos, Negros, Latinos e os típicos eleitores do partido Democrata que parecem em muitos Estados inclinados para Hillary. É um antêntico Melting Pot que vai exigir uma grande ginástica a Obama. E para conseguir todo este eleitorado não ajuda o elogio feito a Ronald Reagan (em que as suas qualidades foram até comparadas às de Bill Clinton), um comentário que caiu muito mal em muitas das hostes democratas, em especial num Estado de Sindicalistas como é o Nevada.
Do lado Republicano Mitt Romney ganha algum fulgor com a sua segunda vitória, desta vez no Nevada, mas sem dúvida o candidato emergente é John McCain, uma emergência confirmada com a vitória na Carolina do Sul, não esquecer que o candidato Republicano vencedor na Carolina do Sul foi quase sempre o candidato que disputa a eleição final. Tudo isto não deixa de ser irónico quando McCain era dado como um cadáver político há uns meses, sem dinheiro e com uma campanha que tardava em arrancar. Apesar de ter ficado em segundo lugar na Carolina do Sul, o grande derrotado foi Mike Huckabee, a verdade é que a Carolina do Sul é um Estado conservador, onde John McCain tinha perdido com Bush por quase 30 pontos em 2000. Seria natural que os votos de Bush se transferissem para Huckabee, mas tal não aconteceu, muito por culpa de outros candidatos republicanos conservadores que roubaram votos a Huckabee. Para os Republicanos vem aí uma prova de fogo, a Florida, aqui se confirmará se Jonh Maccain é de facto o candidato emergente ou se Giuliani se vai começar a afirmar, ele que teve como estratégia de campanha apostar apenas nos grandes Estados como a Florida. Por sua vez para os democratas vem aí outro importante Estado, a Carolina do Sul. Veremos então o que se segue nas primárias Americanas.

domingo, 20 de janeiro de 2008

Ora aqui está um contrato bem feito… para Ferreira do Amaral, claro!

Nos anos do cavaquismo Ferreira do Amaral, então Ministro das Obras Públicas, assinou um contrato absolutamente ruinoso para o Estado, e por sua vez de ouro para a Lusoponte. O contrato previa que no caso da construcção de uma terceira travessia do Tejo ou esta seria automaticamente concessionada à Lusoponte, ou por sua vez esta empresa seria indemnizada pela putativa perda de tráfego na 25 de Abril e na Vasco da Gama. Passados todos estes anos sob a assinatura do contrato, a 3º travessia do Tejo vai ser agora construída devido ao novo aeroporto e constatou-se que de forma a não obrigar o Estado a pagar uma indemnização brutal à Lusoponte o contrato terá que ser renegociado. E imagine-se quem estará do lado da administração da Lusoponte para negociar com Mário Lino, nem mais nem menos que, Ferreira do Amaral, que hoje em dia tem direito a uma cadeirinha no conselho de administração que concessiona as pontes sobre o Tejo. Este é um caso da mais profunda imoralidade política, um caso exemplar de incompatibilidades entre funções públicas e privadas. E pensar que este grande Estadista que é Ferreira do Amaral chegou a ser candidato presidencial contra o Sampaio em 2000. Como ouvi ontem no Eixo do Mal da SIC Notícias, é incrível como continuam a não ser imputadas responsabilidades a quem faz acordos ou contratos tão ruinosos para o Estado, o que só aumenta e favorece que casos como este continuem a acontecer.

sábado, 19 de janeiro de 2008

A Guerra Civil Espanhola por Robert Capa

Os amigos Ibéricos em tempo de Guerra


Emídio Guerreiro, o que durante tanto tempo foi o decano da política portuguesa, disse uma vez que não há pior guerra que uma guerra civil, mais do que um país, divide famílias e grupos de amigos, cada um pondo-se num lado da barricada. Emídio Guerreiro sabia do que falava, ele próprio combateu ao lado dos republicanos na guerra civil espanhola, hoje mais de 70 anos depois a sociedade espanhola é profundamente marcada por aqueles anos 30 que despedaçaram o país e puseram Franco no poder os 40 anos seguintes. A Guerra Civil Espanhola é mais do que um marco na história espanhola, é um marco na história europeia, foi ali que se gerou o tubo de ensaio para a 2º Guerra Mundial, mas foi também um marco para a história do século XX Português. No conflito espanhol também se jogou o futuro de Salazar e do Estado Novo, a vitória falangista ou republicana significariam a certeza de Salazar num futuro mais ao menos confiante para o seu Estado cooperativo. Os republicanos no poder em Espanha seriam a base perfeita para a oposição portuguesa, a partir de lá poderiam combater o Salazarismo, ali muitas das figuras essenciais da primeira republica, viveram após a vitória republicana. Pelo contrário a vitória franquista significaria uma península sobre dois Regimes em muito semelhantes, um descanso para Salazar, para ele a vitória de Franco era o selo de garantia e de longevidade que ainda faltava ao seu recente criado Estado Novo. A Guerra Civil Espanhola nos anos 30 era um dos grandes assuntos em Portugal, de Lisboa seguiam jornalistas às dezenas para cobrir o conflito, a censura lá ia cortando o que queria tentando transmitir a confiança na vitória falangista. De fora dos jornais ficavam os relatos das matanças e das execuções cada vez que uma das partes tomava alguma cidade importante. E era deste terror que muitos espanhóis fugiam, à raia portuguesa chegavam espanhóis desesperados, fugiam das bombas falangistas, republicanas, alemãs, italianas que transformaram Espanha naqueles anos num país de guerra e de morte. Naquelas zonas raianas do Alentejo não faltaram certamente as populações que tentaram procurar esconder os refugiados, mas ao regime português interessava manter a fachada da neutralidade, muitos foram os que depois de passarem para o lado de cá acabaram por ser recambiados para Espanha, muitos deles entregues a um destino iverto.
Hoje, muitos anos passados da Guerra Civil, terminou mais uma cimeira ibérica, Sócrates diz que Portugal e Espanha nunca estiveram tão próximos, mas a verdade é que Portugal e Espanha na sua história, na sua evolução política estiveram sempre em caminhos semelhantes, caminhos que se foram sucessivamente cruzando. Hoje separa-nos o caminho do crescimento económico. Espanha ganha hoje um maior peso económico, político ou mesmo cultural, prova disso mesmo é o ascender nos dias de hoje do castelhano com língua universal. Talvez um dia também possamos voltar a apanhar este caminho, já que estivemos tão próximos em tantas ocasiões no passado, e a guerra civil espanhola foi apenas mais um exemplo disso.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Um debate necessário



Excelente reportagem e debate hoje na SIC, sobre a questão da eutanásia, baseando-se na história de uma mãe e da sua filha, vítima de AVC aos 9 anos e que a colocou num estado vegetativo. Esta não é mais uma daquelas reportagens que tantas vezes têm como único propósito contar os infortúnios dos outros e deixar o espectador mais sensível de lágrima ao canto do olho. Não, esta reportagem levantou mais um vez a questão da eutanásia e as concepções individuais do verdadeiro valor ético da Vida. É difícil falar da morte e estamos quase mecanizados a não gostar de pensar nela, ainda para mais quando ela é desejada. Muitos olham para este tema apenas como uma daquelas questões sobre a qual se fala de vez em quando, mas acerca do qual nunca se tem um debate verdadeiramente aprofundado. Contudo em Espanha (muitos graças ao caso do Galego Ramón San Pedro) ou na Holanda (onde a eutanásia já é legal) estes são debates importantes e em torno dos quais há acirrados debates morais.
Esta é uma questão importante, levanta um interessante, mas mais do que tudo, um relevante debate filosófico e sociológico. Para quem passa por situações como a que hoje foi relatada na reportagem este é um debate, mais do que tudo, urgente. A questão da eutanásia e o seu debate deve partir da sociedade civil, que parta daqueles que desejam exprimir o seu pensamento, e que não se torne uma questão partidarizada, mal discutida, aproveitada por alguns ou arrastada no tempo como uma odisseia sem fim, como tantas vezes aconteceu no caso do debate do aborto.

Estes tipos não aprendem!



O ultimo grande pensamento da direcção do PSD acerca do país gira à volta da pretendida mudança da organização do comentário político. Na mesma semana Menezes, nas jornadas parlamentares do PSD, e Santana numa entrevista á SIC Notícias afirmaram que se sentiam muito injustiçados por o PSD não ter um painel de comentadores que defenda avidamente as suas ideias. Definitivamente, estas novas caras o PSD são incapazes de aprender com os erros que cometeram no passado. Todos nos lembramos das declarações do então ministro Rui Gomes da Silva quando afirmou, em 2004, que Marcelo Rebelo de Sousa escorria comentários de "ódio" contra o então governo de Santana, levando a toda a polémica que acabou com a saída de Marcelo da TVI. Numa altura em que muitos afirmam que uma parte do Santanismo voltou ao activo com a nova direcção de Menezes, seria natural que declarações como estas seriam no mínimo dispensáveis. Mas pelos vistos parece que não e ainda por cima usam os exemplos mais disparatados para defender a sua teoria como o caso da referência à Quadratura do Círculo, um programa de há mais de 20 anos e que é o sucessor do flashback da TSF. Para Menezes as televisões deviam era ouvir os meninos que nos partidos ocupam o lugar de porta-vozes, pondo-os meia hora todas as semanas a dizer umas coisas em frente aos ecrãs, suspeito é que os portugueses não teriam muita paciência para os ouvir!

Licenciados e Mal Pagos


Há uns dias atrás li mais uma notícia acerca de umas estatísticas que vêm dizer mais uma vez que os jovens portugueses e europeus saem cada vez mais tarde de casa. Ao ouvir este estudo muitos utilizarão logo com o argumento que não passam tudo de uma cambada de comodistas que gostam é de estar na casa dos paizinhos para ter o mínimo de trabalho possível. Não direi que tal não acontecerá, mas também acredito que não faltarão os jovens recém-licenciados na casa dos 20 cheios de vontade de dar o salto e de começar uma vida mais independente. Mudar de casa dos pais e começar uma vida num outro lugar qualquer é mais do que um acto por si, é o sinal de que cada um destes jovens que toma esta decisão vê um horizonte de futuro, acredita que se será capaz de viver sem dependências dos pais ou de outras pessoas. Ironia do destino, não só em Portugal, mas por toda a Europa as mais recentes gerações, provavelmente as mais qualificadas de sempre, aquelas que mais anos estudaram e aqueles que mais tempo despenderam na escola vêem-se agora a braços com um desemprego crónico ou com trabalhos mal pagos. Ao contrário daquilo que previam, a qualificação e o esforço parece não lhes ter trazido o futuro pensado, engrossam hoje filas sem fim de empregados a recibo verde, muitos deles em áreas para as quais não estudaram.
Os trabalhos precários e sem garantias de futuro obrigam-nos a arrastarem-se em casa dos pais até aos 30, sem capacidade adquirir uma casa própria ou mesmo para alugar, em cidades como Lisboa, onde os preços do imobiliário têm disparado para preços insuportáveis para muitas franjas da população, resta a muitos destes jovens sair de casa cada vez mais tarde e muitos saem apenas para casar e para começar uma vida a dois.
Definitivamente os pais daqueles jovens que agora enfrentam esta nova realidade foram os últimos a poder aproveitar as regalias de um tempo, que parece já ter acabado, em que o Estado Social estava no seu auge e não se discutia os alicerces de uma das maiores conquistas da Europa dos último anos. Mas a verdade é que a globalização é implacável e dita as regras de mercado que deita muitos jovens para um desemprego ou para um mercado de emprego mal pago, e mais do que tudo um mercado de trabalho que para muitos e por enquanto não deixa quaisquer perspectivas de futuro, como uma jovem uma vez apelidou esta geração no el-país, são os mil euristas, e já são uma fatia considerávelnos mercados de trabalho europeus.

Notícia do Portugal Diário sobre o retardar da saída da casa dos pais

Parece que os Jesuítas não gostam muito de meio-irmãos

Confesso que não queria acreditar quando hoje li esta notícia na Visão . Ao que parece o tão concorrido Colégio São João de Brito, em Lisboa, dirigido pelos Jesuítas faz depender o ingresso dos seus alunos de uma dada pontuação atribuída pela própria escola e que varia consonante as características dos alunos candidatos. Ora um dos critérios de pontuação passa pelo facto de o aluno candidato já ter tido irmãos a frequentar o mesmo estabelecimento de ensino, mas há apenas um pequeno senão. Se o irmão em causa for filho do mesmo pai e da mesma mão então o aluno candidato tem direito a 55 pontos, se por acaso o irmão, ou melhor meio-irmão, for apenas filho do pai ou da mãe o aluno candidato só terá direito a 33 pontos. Parece que aos jesuítas gostam de manter a sua pontinha aguda de conservadorismo bacoco, criando uma descriminação completamente estúpida e fazendo depender o ingresso de alunos na sua escola das relações conjugais que os pais dos ditos alunos tenham tido. Ridículo!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

A História por vezes esquecida da candidata Ingrid



Vídeo recentemente divulgado de Ingrid Betancourt, candidata presidencial raptada pelas FARC e que hoje ainda vive em cativeiro

Grande fim-de-semana señor Chávez!


Reencontro de Clara Rojas, prisioneira das FARC com o seu filho


Chávez e Naomi Campbell

Hugo Chávez é sem dúvida a figura emergente da América Latina. Depois de ter perdido o recente referendo que abria caminho à sua eternização no poder, Chávez entendeu que necessitava de mudar o tom da agenda e do discurso. Há poucas semanas o presidente venezuelano tornou-se um sério candidato ao Guinness com o prémio de maior remodelação governamental de sempre. 14, foram o número de ministros remodelados aos quais se juntou um vice-presidente, dando lugar a uma nova equipa governamental, menos desgastada por escândalos e discursos inflamados e mais próxima da classe média. Chávez admitiu claramente que a classe média lhe tirou o tapete no último referendo, a sombra das nacionalizações que pairava sobre muitos dos pequenos negócios venezuelanos ou o medo de um extremar das posições excessivamente autoritárias de Chávez foram os condimentos para esta derrota eleitoral. Agora Chávez sabe que não poderá candidatar-se já nas próximas eleições presidenciais (apesar de querer forçar um novo referendo sobre a mesma questão) e por isso o presidente venezuelano vira-se, mais do que nunca, para os seus vizinhos reforçando, ainda mais, o seu poder e influência no mundo latino-americano, um continente cheio de potenciais economias emergentes, carregadas de de petróleo, numa época em que a concorrência pelas reservas petrolíferas é cada vez maior.
Até hoje já tínhamos visto Chávez na sua versão de líder que estabelecia acordos comerciais com muitos dos gigantes latinos, tirando partido do mar de petróleo sobre o qual está sentado. Mas agora vemos Chavéz, o diplomata, o homem de paz que consegue, através de acordos com as FARC, libertar muitos dos prisioneiros que apodreciam nas selvas colombianas às mãos da guerrilha. Chávez consegue de facto o equilíbrio que lhe dá o poder de negociador, por um lado o governo colombiano, apesar de responder aos ataques que Chavéz lá vai fazendo, sabe bem a sua influência e fará tudo para libertar muitos dos políticos e empresários raptados pela guerrilha colombiana, prisioneiros cujo o rasto se vai perdendo. Por outro lado Chávez, devido à sua alma supostamente socialista, leva a que as FARC não o vejam como um inimigo e olhem para ele como intermediário com o governo de Bogotá. O facto é que Chávez já conseguiu libertar alguns dos que se encontravam presos pela guerrilha, entre o quais Clara Rojas, uma ex-membro da campanha de Ingrid Batancourt, e que depois de ser engravidada por um guerrilheiro chegou a dar á luz em cativeiro. Ontem Rojas pode reencontrar-se com o seu filho, ao fim de quase três anos de separação forçada pelas próprias FARC. Estas são negociações difíceis e Chávez, apesar de em troca não reconhecer que as FARC é uam organização terrorista, lá vai ganhando o seu prestígio para lá das fronteiras da Venezuela.
Mas para além de tudo isto descobrimos que Naomi Campbell, uma das mais bem pagas top-models de sempre, ficou encantada com o presidente venezuelano após lhe ter feito uma entrevista. Ao que parece o encantamento foi mútuo. Naomi, e os seus extravagantes vestidos Dolce & Gabanna, não será propriamente o estereotipo da mulher socialista revolucionária, mas parece agradar a Chávez!

sábado, 12 de janeiro de 2008

O último dia de Mr Gates na Microsoft

"Trabalhamos com o propósito de tonar os nossos produtos obsoletos, antes que nossos concorrentes o façam." Só a herança que deixa dirá, daqui a uns anos, se Bill Gates cumpriu com sucesso esta sua máxima durante os anos que esteve à frente da microsoft

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Sr Presidente se calhar é por isto que os casais não têm mais meninos!


Anúncio Televisivo eleito como o melhor de 2007

Ser velho num país destes

Foto de Guy Le Querrec em 74 no Alentejo

Só daqui a muitos anos é que poderei ter o desplante de me chamar a mim próprio de velho, é um horizonte tão distante que será sequer difícil imaginar-me na flor dos 60 ou dos 70. Para quem vê a velhice apenas como um horizonte espera encará-la como o tempo do conforto, a recompensa merecida dos anos já passados. Este seria o cenário quase perfeito, mas também o cenário idílico para muitos dos velhos portugueses, abandonados, sozinhos, doentes, perdidos na metade interior do país esquecida e desprezada pela outra metade do litoral, cheia de tiques de novo-riquismo. Portugal tem uma população idosa pobre que vive de pensões de miséria, vítimas da miséria do próprio país e de um Estado Providência demasiado jovem e que pouco mais do que pensões de 300€ ou 400€ lhe pode dar. Mas o país podia dar a esta enorme massa de terceira idade (devo dizer que odeio esta expressão) o mínimo de dignidade, de assistência, de ajuda a uma população que precisa de constantes cuidados de saúde, que precisa de um local próprio para viver nos seus últimos anos. Mas o país nada disto lhes dá, Correia de Campos bem pode dizer que faz umas unidades de cuidados continuados para idosos, mas quando chega ao interior do país e começa arrancar urgências a populações velhas e que aos poucos vão desaparecendo não ajuda a dignificar aqueles que entram no fim da vida, esta pode ser uma frase a roçar a populismo, mas não é! É delirante ouvir o debate dos prós e contras sobre as urgências, onde se afirma que em substituição dos serviços agora encerrados os velhotes poderão pegar no seu telefone, chamar o 112 e esperar uma meia hora por uma ambulância ou como até ouvi por um helicóptero que virá do Porto em caso de urgência, isto para quem tiver a sorte de viver no interior de Bragança e aproveitar um dia em que a ambulância não esteja disponível. Pelo menos os velhos terão experiências excêntricas no fim da vida! Ouvir aqueles patetas do Ministério da saúde é ouvir a tecnocracia na sua versão mais pura e ridícula. Mas para estes velhos faltam camas nos hospitais, faltam lares de qualidade que não os atulhe em quartos exíguos, falta um Estado que saiba reconhecer o papel que todos eles tiveram no passado e o direito ao mínimo da assistência.
Costuma dizer-se que os velhos são como as crianças, têm que ter todos os cuidados, confesso que não gosto desta visão hiper-paternalista, mas os impostos que em doses tão industriais pagamos têm de servir em primeiro lugar para tratar destes dois grupos, pouco mais peço, tratar dos mais velhos e educar os mais novos. Cumprir estes dois objectivos inicia um ciclo de bem-estar, ao educar os mais novos, esperamos dar-lhe os instrumentos para que construam a sua vida e quando entrarem na sua velhice possam usufruir do seu merecido bem-estar. Este é um dos males do país, os velhos vivem mal, porque vêm dum tempo salazarento em que o ensino era uma miragem para muitos e a pobreza um facto difícil de ultrapassar. Pobreza que hoje parece ser teimosa na sua persistência. Há dias ouvia que as pensões inferiores de 611€ irão aumentar ao nível da inflação: 2.4%, mas agora tenhamos os escrúpulos de calcular 2.4% sobre os valores de pensões mais baixas e o resultado é um aumento de 20 cêntimos por dia, o tal valor fantástico que dizem manter o poder de compra, não sei bem como! Ainda um qualquer secretário de estado queria repartir uma compensação pelo ano, dando mais 60 cêntimos por mês a esta gente, no mínimo insultuoso! Portugal e o resto da Europa estão a ficar velhos, e ainda bem sinal que vivemos mais, e se vivemos mais temos obrigação de poder viver melhor, senão de pouco vale andarmos por cá mais uns anos.
Como Cavaco diz os Portugueses devem começar a fazer mais criancinhas para ajudar a resolver este envelhecimento crónico do país, algo difícil pois os filhos destes tais velhos também eles vivem longe do pico do bem-estar, impedindo-os de ter uma família grande. Mas enquanto que os bebezinhos nascem e não nascem é essencial pensar como tratar de uma população idosa cada vez mais dominante na sociedade portuguesa.

Pequenino, Barato e Vendável


Depois da moda das viagens de avião na sua versão low-cost, agora chegam os carros com os seus preços super-light. A Renault prepara-se para lançar um carro incrivelmente barato e a Tata, uma marca de automóveis indiana, apresentou há dias o seu nano (nome estranhamente igual ao do ipod), um carro que custa a singela quantia de 1700€. E a quem é que interessam estes carros? Há de facto um gigantesco mercado para estes pequenos bólides. Nas chamadas potências emergentes, para além da economia, e com ela, emerge uma classe média que durante décadas andou de bicicleta ou de lambreta e que agora com dinheiro fresco e recente nos bolsos sonha em poder comprar o seu primeiro automóvel. Tudo isto soa bem, é bom saber que os países crescem e o bem-estar das suas populações aumenta, mas soaria muito melhor se não estivéssemos a braços com um grave problema ambiental. Expandir o mercado automóvel significa aumentar as amissões de Co2a níveis altíssimos, de tal forma que o responsável da OUN pelo ambiente já confessou que não dormirá descansado se este cenário se confirmar. Mas para toda esta frota de automóveis andar é necessário petróleo, que está caro e que inevitavelmente mais caro irá ficar. Ontem vi uma perspectiva que em 2020 o petróleo chegará ao pequeno valor de $300, pode parecer uma loucura mas pode ser também uma realidade próxima!

Artigo da CNN sobre o novo Tata Nano

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O momento brilhante de hillary!



Seguir pela televisão os resultados das eleições no New Hampshire, na passada terça feira, foi por vezes um exercício confuso. Ao contrário do que todos esperavam as sondagens traíram as televisões, os jornais e Barack Obama. Dias antes das eleições Barack parecia ter descolado de Clinton preparando-se para uma vitória que seria provavelmente um marco decisivo para as próximas semanas. Mas Hillary ganhou, tornando o cenário para as primárias que se seguem ainda mais actractivo. E bem pode agradecer a vitória, em primeiro lugar a si própria, por ter protagonizado no penúltimo dia de campanha aquele que foi sem dúvida um dos momentos destas eleições, em que abandona o ar frio e austero e deixa-se levar pela voz embargada e pelas palavras acerca do futuro dos "filhos da América". Mas Clinton pode também agradecer aos mais de 40% de independentes do New Hampshire e que decidiram o seu voto praticamente à entrada dos centros de voto.
A campanha volta ao terreno e na prespectiva estão já grandes estados como a Carolina do Sul e o Nevada.

Então e não é que o aeroporto vai mesmo para o deserto!



Sketch do gato fedorento sobre esse enorme deserto que é a margem sul

Na margem sul, toujours!

Sócrates comunicou hoje, um dia depois de ter ido ao parlamento para o debate quinzenal (estranha coincidência), que o novo aeroporto de Lisboa será em Alcochete. Ao lado de um ministro Mário Lino mudo e que se limitava a abanar a cabeça em jeito de concordância, Sócrates apresentou a tão esperada e eterna decisão acerca do aeroporto. Desde os tempos do Marcelismo que andamos com esta história do aeroporto costas, tornámo-nos neste período especilaistas em acumular estudos e pareceres sobre localizações e infra-estrturas . Agora que este dossier parece estar, pelo menos ao nível da sua decisão, despachado não deixa de haver conclusões a retirar de toda esta novela. Em primeiro lugar esta é inquestionavelmente uma vitória de Cavaco, foi de facto o presidente que fez a pressão que faltava para que fosse realizado um último e final estudo que desse uma clara indicação para a decisão final. Contudo tal não faz esquecer o facto de todo este processo de decisão ter sido um perfeito exemplo de tudo aquilo que não se deve fazer, durante anos a fio fizeram-se estudos e estudos repetidos, sem uma conclusão final que pudesse finalmente ser avançada. Mais grave do que tudo, criaram-se restrições à construção na zona da Ota durante os últimos anos, com prejuízos inerentes ao desenvolvimento de uma zona que nos últimos tempos deverá ter vivido mais da especulação de terrenos do que de um real crescimento económico. Hoje não será difícil entender as caras macambúzias dos habitantes da Ota, esta foi uma zona economicamente adiada e em suspenso nos últimos anos.
Mas a decisão está tomada, e a verdade é que a opinião pública, tirando os municípios do Oeste, aceitou-a confortavelmente, algo que poderia não acontecer se a decisão tivesse sido a OTA . Este poderá ter sido um factor tido em conta por Sócrates, depois de dizer Não ao referendo e em ano pré-eleitoral, uma decisão pouco querida por parte da opinião pública poderia criar um problema desnecessário, um problema que certamente o primeiro ministro não quereria carregar.
No entanto para a história do dia de hoje para além da decisão, fica também a conferência de imprensa feita por Sócrates e por Lino, uma perfeita metáfora de como funciona o Governo. Sócrates é o chefe, o homem que apresenta as grandes decisões, a decisão à muito esperada, à qual até podemos chamar de consensual. Pelo contrário, Mário Lino é o ministro de boca fechada, que queimou a sua pele nos últimos meses quando insistia na opção Ota. O ministro nem sequer se defendeu quando interpelaram o primeiro-ministro sobre o tão famoso momento de Lino quando afirmou que a margem sul era o tal deserto onde “jamais jamais!” se construiria um aeroporto.
Com esta decisão e com o que parece ser também a proximidade do início da construção do TGV é importante que o país não se iluda ou que de repente esqueça que tem uma reforma estrutural da sua economia para fazer. O sector da construção esperava estas grandes obras do Estado há muito, são autênticos rebuçados para uma indústria que desde os megalómanos estádios de futebol não tem grande coisa com que se ocupar. Estas construções poderão reduzir o desemprego e até criar um relativo crescimento económico, mas não passarão de fenómenos conjunturais, que poderão, por pouco tempo, esconder a crise estrutural da economia. Muitos em período pré-elitoral poderão não resistir à a tentação de tentar esconder, com estas novas mega construções do Estado, os problemas económicos de fundo e de base que o país continua a ter e que inevitavelmente terá enfrentar.

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

E veremos hoje quem é afinal o melhor!

Sócrates vota Não ao referendo


Era uma das questões políticas do início do ano: Sócrates convocaria ou não um referendo ao novo Tratado de Lisboa? Era uma decisão difícil, sem dúvida, qualquer que ela fosse iria levantar polémica internamente ou mesmo externamente. Se realizasse o referendo Sócrates apenas o faria por um pingo de pudor eleitoral. Ao quebrar esta promessa (a verdade é que na cabeça do eleitor, e com razão, o Tratado de Lisboa não passa de uma Constituição Europeia na sua segunda versão) Sócrates sabe que o tópico promessas não cumpridas será definitivamente um dos pratos fortes nas legislativas de 2009. Assim a promessa de não aumentar os impostos e a não convocação do referendo andarão nas bocas da oposição, agora mais do que nunca. Internamente realizar o referendo, em principio, não constituiria um problema de maior, os portugueses em geral olham para a Europa, como uma vez ouvi, como uma gigante máquina Multibanco que os tem alimentado ao longo dos últimos anos, desta forma o resultado no referendo português seria um previsível Sim, havendo, contudo, o risco de mais uma vez a taxa de abstenção registar um valor explosivo. Mesmo Cavaco, como já tinha dito, não se oporia a um referendo, apesar do seu crónico problema em referendar Tratados Europeus. O problema de Sócrates colocar-se-ia sobretudo no plano externo, se Portugal realizasse um referendo estaria a dar o mote para os movimentos que defendem a realização de referendos em outros países Europeus, países cujos governos não querem sequer ouvir falar deste cenário. Exemplos disto mesmo são a França e Holanda, com claros receios de que o Não volte a vencer, ou mesmo o Reino Unido, onde Gordon Brown passa um momento político especialmente delicado e que só se iria adensar se houvesse referendo num país tipicamente euro-séptico como a Grã-Bretanha. Sabia-se que Sócrates iria ser pressionado para não realizar um referendo, o sinal já havia sido dado nas declarações que um assessor de Sarkosy fez ao Expresso, quando afirmou que Sócrates seria visto como um traidor se realizasse um referendo ao novo Tratado.
Os líderes Europeus tremem só de saber que este novo Tratado de Lisboa pode não ser rectificado, sabem precisamente o pântano de indecisão e impasse que se geraria, ainda mais, na União. Mas a verdade é que foram os próprios líderes europeus que criaram toda esta situação, são eles os responsáveis por chegarmos ao momento da rectificação e os governos da Europa recearem o voto dos seus povos, esta pode parecer uma frase demagógica, mas no o é. Desde o início do processo da redacção da antiga Constituição Europeia que os burocratas de Bruxelas construíram um texto ardiloso, complexo, polémico em certos pontos, tentando criar uma nova Europa que agora está mais alargada do que nunca. Não nego que a Europa necessite de um novo Tratado, é um facto absolutamente inquestionável, a Europa dos 15 países a Ocidente é completamente diferente da Europa dos 27, com muitos dos seus membros posicionados a Leste. Mas a verdade é que a então Constituição Europeia foi feita de forma tal que os povos europeus, com alguma razão, desconfiaram dela e deixaram-na para trás. Quando se soube do Não Francês e Holandês repetiram-se os discursos de circunstância afirmando que a Europa deveria pensar e reflectir profundamente num novo texto. Pura retórica, o novo Tratado de Lisboa tem grande parte do seu conteúdo passado a papel químico da velhinha constituição Europeia, continua a ser um texto complexo, intrincado, como alguém lhe chamou uma vez perfeito para adormecer. Só que agora os líderes Europeus deixaram os escrúpulos democráticos para trás e querem aprovar o Tratado pela via parlamentar. A curto prazo esta forma de rectificação pode parecer que resolve o problema imediato dos líderes europeus em arrumar de vez o novo Tratado, mas a longo prazo a conflitual idade dentro da União poderá chegar, sobretudo quando este é um texto em que pela primeira vez hierarquiza as nações dentro da União. Mas mais do que tudo, os clichés dos líderes europeus quando afirmam que gostavam que a as suas populações estivessem mais perto das decisões europeias, não passam de palavras que vão e que vêem, e que agora são esquecidas ao não convocar referendos. Os Europeus vêem-se mais uma vez alheados de votar directamente no futuro do seu continente e das suas instituições. Passaremos a ter um poder cada vez maior do lado da União Europeia, um poder que não é compreendido ou discutido pelos próprios europeus que dela era suposto fazerem parte.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Barack descolou de Clinton

Barack está agoras claramente à frente nas sondagens para as eleições primárias no New Hampshire que se realizarão na próxima terça-feira. De facto as eleições primárias americanas funcionam em efeito bola de neve, os resultados num Estado, por muito pequeno que seja, irá influenciar a tendência de opinião de muitos dos que ainda votarão na semanas seguintes.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Candidatos com os ideais a nú durante a campanha


Economia: incertezas no ínicio de 2008


A confiança que havia em 2007 no crescimento em 2008 parece estar a esfumar-se aos poucos. Começámos o ano com a notícia do petróleo nos 100 dólares e há quem fale que pode bater os 150 até ao final do ano. O ouro negro torna-se, agora mais do que nunca, um recurso a escassear em comparação com a procura crescente dos mercados emergentes. Se a isto juntarmos a crise do subprime nos Estados Unidos que parece não estar ultrapassada, o aumento do desemprego na economia Americana ou o compasso espera que se irá gerar devido às eleições presidenciais, não será estranho se começarmos a ouvir falar em revisões em baixo do crescimento económico. Se o petróleo puxar a inflação, depressa o consumo pode ser retraído e com isso a produção e como consequência o investimento abrandarão o seu crescimento. Num cenário destes a economia portuguesa não demorará a sofrer as consequências, com o refrear do consumo nos mercados europeus, o crescimento português, sustentado nas exportações, pode vir a sofrer com todo este cenário. O crescimento português pode ser mesmo revisto em baixo, uma parte do cenário que se equacionava para este ano pode vir a alterar-se, o próprio governo no Pacto de Estabilidade e Crescimento que apresentou em Bruxelas há meses previa que o preço do petróleo rondasse os 80 dólares, um valor claramente inferior ao do mercado. Teremos que esperar para ver se mais uma vez será posto um travão na retoma portuguesa, o que constituiria mais um atraso na convergência com a Europa.

Economia: debate no inicio de 2008

Na área económica, graças ao discurso de Cavaco, o país pôs-se a descobrir os salários dos gestores das suas empresas. Não deixa de ser bizarro ouvir que os gestores portugueses ganham muito mais que gestores alemães, ingleses e espanhóis, ainda para mais quando sabemos que algumas das empresas portuguesas não têm a vitalidade e crescimento de muitas das empresas europeias. Mais do que um problema cultural grave, em que por norma das próprias hierarquias das empresas continua-se a aplicar este gigantesco fosso salarial entre trabalhadores e gestores, Portugal criou um ciclo vicioso que vai alimentando este sistema de remunerações. Os bons gestores não abundam no país e para persuadir um dito bom gestor a se transferir de uma empresa para outra este esperará uma compensação adequada e essa passará por um salário mais alto. À medida que cada gestor vai ocupando vários cargos ao longo da sua carreira o seu salário vai também ele próprio engrossando, a um ritmo mais rápido que os salários dos trabalhadores das empresas por onde este mesmo gestor vai passando. Por isso há aqui sobretudo uma questão de fundo e que passa pela falta de gestores de qualidade em grande número, os poucos que existem fazem-se pagar a peso de ouro para onde quer que vão, e se quisermos fazer uma análise mais profunda, tudo isto acontece devido à crónica falta de formação e de instrução que continua a existir no país. A verdade é que continua a ser uma percentagem relativamente baixa, comparada com os restantes países europeus, os alunos que terminam o secundário ou que acabam o ensino superior com resultados que os tornem atractivos para as administrações das empresas. O país fala, os discursos de circunstância continuam a querer colocar a educação como uma prioridade, mas raramente foi claro qual o rumo e o caminho que o país quer seguir neste domínio e tal tem um impacto muito maior do que se imagina nos resultados educacionais, que continuam a ser incontornavelmente baixos.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Eleições Americanas no Terra de Ninguém

As eleições Americanas de 2008 têm tido à sua volta um mediatismo e um entusiamo como há muito não se via nos Estados Unidos. Estas são de facto umas eleições cruciais para o país, mas também para o mundo. Do candidato que vencer estas eleições espera-se que seja capaz de enfrentar muitos dos desafios que ficaram por resolver, desde o Iraque, ao Médio Oriente passando pela relações om a América Latina. Por isso no Terra de Ninguém abre-se uma nova coluna com actualização permanete do que se vai passando na campanha para as presidencias. Para já será apenas um começo, espero ir podendo trazer a esta nova coluna mais informação e novidades sobreas presidenciais amercianas de 2008.

Muitos gostariam que isto fosse mais que um efeito visual!

Enviaram-me hoje esta foto, tirada em Paris durante a recente visita do presidente da Venuzuela a França. É uma boa metáfora a ilustrar como desejaríamos que Chavez fosse definitivamente arredado do poder, nem que fosse à machadada!


Amarga Surpresa


O rally Lisboa-Dakar foi ontem cancelado por decisão da organização, após várias pressões e alertas do governo francês acerca de possíveis ataques de grupos extremistas, ligados à Al-Qaeda, quando a prova passa-se por território da Mauritânia. Para além de todos os prejuízos inerentes a este cancelamento, o que inclui a perda de milhões de euros, mas também a opurtunidade perdida de ver uma prova destas passar por Portugal, importa sobretudo discutir mais uma vez como acções terroristas ou ameaças de extremistas condicionam o nosso modo de vida, não só o dos acidentais, mas de todos aqueles que sofrem em todo o mundo os efeitos de ataques deste género. É um facto, progressivamente vamos sendo obrigados a condicionar o nosso modo de acção devido a ameaças feitas por outros, nestes casos mais do que os ataques em si, este novo terrorismo lança a ameaça e o medo junto de outros, obriga a alterações de planos e a gigantes operações de segurança. O cancelamento do Dakar é apenas mais um exemplo disto mesmo, recordar-nos-emos de outros episódios como o aparato que se gerou em Londres aquando da descoberta de um carro bomba no centro da cidade ou ainda as mais recentes operações antiterroristas em Bruxelas e que levaram, inclusive, ao cancelamento dos festejos da passagem de ano. A Al-Qaeda e as suas congéneres sabem, hoje em dia, como jogar com esta guerra de nervos, ao fazerem uma ameaça têm perfeita noção das consequências que tal terá, os receios que iram criar, as medias de segurança que obrigarão. Hoje a Al-Qaeda sabe que esta é a melhor forma de afectar a vida e os hábitos daqueles a que apelidam de inimigos, mais do que uma guerra de meros ataques terroristas gera-se uma de guerra psicológica e de ameaça. Resta saber como seremos capazes de nos habituar a estas novas circunstancias, se estamos preparados para conviver, por vezes, com novas rotinas e realidades em que seremos afectados, dentro dos nossos próprios países, pelas ameaças que no futuro possam vir a ser feitas por grupos terroristas.

Fumo só para lá dos portões

3 de Janeiro, primeiro dia de aulas, uma ordem se serviço é lida a todos os alunos a dar conta da nova lei do tabaco que proíbe que qualquer pessoa fume dentro do recinto escolar, quer seja em espaços fechados ou abertos. Para os fumadores da escola foi a confirmação de que agora cigarradas só para lá do portão. Depressa esta nova obrigação de fumar só para lá das grades da escola tornou-se absolutamente ridícula, a porta da minha escola parece agora uma enorme sala de fumo. Antes das primeiras aulas da manhã e da tarde, durante os intervalos, professores, alunos, contínuos, estendem-se ao longo da entrada da escola. Com tudo isto durante os intervalos a escola anda deserta, os fumadores têm que sair e muitos dos que não fumam de forma a poder estar com os colegas, que aproveitam o intervalo para o seu cigarro, acabam também por sair da escola. Tudo isto é ainda mais estranho quando antigamente tanto os professores como os alunos fumadores só fumavam nos pátios da escola, ou seja em espaços abertos onde não causavam nenhum problema, agora continuam a fumar em espaços abertos, só que a 10 metros de onde o faziam antigamente. Aliás nestes dias têm sido no mínimo estranho ver estas multidões de fumadores que se acotovelam à porta das escolas e escritórios ou aqueles que com a chávena de café na mão se vão acumulando nas entradas dos cafés.
Apesar de em certos pontos concordar com a nova lei há um ponto em que discordo profundamente: a proibição de fumar nas prisões. Este artigo da lei é completamente patético e até desumano, obrigando um preso que não tem nada para fazer e como é óbvio não podem vir para a rua fumar, a privar-se do seu hábito. Isto acontece quando hoje em dia as próprias prisões já fornecem seringas, o que ainda reforça mais toda esta incoerência. Hoje ouvi um director de uma prisão a dizer que para já as prisões não têm sistemas de ventiladores, o que já de si deixa a pergunta se primeiro não deviam ter sido criadas salas para fumadores com condições adequadas e só depois aplicar a lei. Contudo face a tudo isto director acrescenta que nenhum preso será alguma vez autuado se fumar na prisão, o que levanta uma outra questão então para que serve esta proibição na lei? À portuguesa muito provavelmente não servirá para nada.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

E Barack ganhou fôlego


Barack Obama ganhou o balão de oxigénio que precisava para continuar a crescer eleitoralmente nas próximas semanas. Apesar do crescimento que o senador do Illinois registava há já alguns dias, o resultado do lado democrata ontem à noite não deixa de ser surpreende, em especial o facto de Clinton ter ficado apenas em 3º lugar, atrás de Edwards e de Obama, um cenário que era ontem qualificado na sky news como de pesadelo para a antiga primeira dama que agora terá que renovar energias e entusiasmo para enfrentar as dezenas de eleições primárias que ainda faltam realizar por todo o país. No entanto os resultados de ontem alimentam ainda mais o entusiasmo em torno da campanha do lado do Partido Democrático, mais do que nunca a impressibilidade domina, Hillary perdeu o óbvio favoritismo apesar de as sondagens nacionais continuarem a pô-la à frente, Obama parece que ganha agora o balanço que tantas vezes lhe faltou nos debates e na pré-campanha e Jonh Edwards ao ficar em segundo nas primárias de ontem conserva a margem suficiente para continuar a fazer parte da equação das nomeações Democratas. Mas no meio de toda esta trupe de candidatos, Obama é definitivamente a nova estrelinha da política americana, Barack brilha sobretudo por ter uma imagem incrivelmente fresca para os padrões de candidatos presidenciais. Jovem, negro, dinâmico, com um passado e uma história de vida que o tornam incrivelmente próximo do homem e da mulher americanos, como ouvia ontem uma americana dizer na CNN: “ele é o que está mais próximo de cada um de nós”. Este é um dos grandes trunfos de Obama, a sua naturalidade a enfrentar as massas de eleitores é muito mais cativante do que a frieza e pose que Hillary toma, um factor que pode ter sido determinante num Estado como o Iowa onde a campanha se faz directamente, porta a porta. A esta vantagem Obama junta uma agenda nova, uma nova forma de colocar a política externa dos Estados Unidos, uma forma mais aberta de tratar os problemas concretos que afectam verdadeiramente a vida de cada Americano. Em circunstâncias passadas Obama poderia não ter sucesso com esta sua postura, mas após o desaire da administração Bush uma parte dos americanos querem algo novo e diferente e talvez por isso Obama tenha a palavra Mudança na ponta da língua, repetindo-a vezes sem conta nos comícios e nos cartazes que vai espalhando pelos Estados Unidos. Nos últimos meses Obama seguiu verdadeiramente o título do seu mais recente livro A Audácia da Esperança, foi isso mesmo que Barack teve, esperança para que se pudesse aproximar de Hillary, e conseguiu, tendo hoje um capital considerável junto do eleitorado jovem americano e junto do eleitorado que quer pôr um ponto final à rotatividade entre os Bush e os Clinton na Casa Branca. Nas próximas semanas os Estados Unidos entram num frenético ciclo de eleições primárias e então aí sim iremos tirar a prova dos nove e confirmar se Obama pode mesmo chegar à nomeação presidencial dos Democratas.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Fotos da Time no Iowa

Mitt Romney a fazer o braço de ferro numa acção de campanha

Apoiantes de John Edwards


Apoiante de Hillary num dos últimos comícios

Começa hoje a maratona eleitoral dos Americanos


Iowa, norte dos estados unidos, este será o primeiro estado americano a receber as primárias que ditarão quais serão os candidatos às eleições deste ano, quer do lado republicano quer do lado democrata. São apenas as primeiras, as primeiras primárias entre 50 estados mas estão a levantar uma atenção estrondosa. De há dias para cá os candidatos desdobram-se em milhentas acções de campanha por todo o estado, nos últimos dias de campanha Jonh Edwards esteve 36 horas seguidas em encontros ou comícios eleitorais; de há dias para cá que a CNN chegou de armas e bagagens ao Iowa montando uma gigantesca operação mediática. O Iowa é de facto um estado chave para as campanhas de cada um dos candidatos, os resultados de hoje podem embalar o crescimento de alguns ou por outro lado ditar o fim do sonho presidencial de outros, mas o Iowa ganha peso por ser considerado um dos estados mais fiáveis para previsões eleitorais, nas últimas 7 eleições, por 5 vezes os candidatos que saíram vencedores quer do lado republicano quer do lado democrata neste estado acabaram por ser os nomeados pelos seus partidos. O extraordinário é que este fernezim político centra-se em torno do voto de pouco mais de 200.000 votantes, apesar do Iowa ter uma população entre os 2 e 3 milhões de habitantes, a taxa de abstenção aqui, como em muitos estados dos Estados Unidos é de facto altíssima. Tudo isto ganha ainda maior interesse mediático quando este Estado aplica um método de votação arcaico, os chamados caucuses. Ou seja em mais de 1700 escolas, e outras estruturas públicas os apoiantes republicanos e democratas reunir-se-ão em salas respectivas. Do lado republicano os eleitores elegem por voto secreto o seu candidato. Do lado democrata o processo é muito mais complicado, cada democrata afirma perante os seus pares qual o seu candidato favorito. Após apurar os resultados serão eliminados todos aqueles candidatos com menos de 15% dos votos, e os restantes eleitores que votaram nos candidatos já eliminados terão que votar nos candidatos restantes, isto para eleger o candidato democrata vencedor. Cada voto conta no Iowa, por isso os esforços e a imaginação para levar votantes às urnas não têm faltado, Barack Obama já recrutou um autêntico exército de baby sisters para cuidar das criancinhas enquanto os pais vão votar, não falta os candidatos que já alugaram camionetas e jipes para levar os eleitores até aos locais de voto. Tudo porque o frio do Iowa pode levar muitos a fecharem-se em casa para evitar a neve!

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Não desagradou nem a Gregos nem a Troianos

A mensagem de Cavaco parece ter sido ouvida, pelo menos a julgar pela quantidade de comentadores que já deram sua análise em relação ao clássico discurso de ano novo do presidente. Outro clássico é tentar procurar em cada uma das frases da mensagem do presidente se este é um discurso a favor ou contra o governo, se este é um discurso contra este ou aquele ministro. Cavaco no entanto este ano, apesar do que alguns dizem, fez um discurso que neste aspecto nem é carne nem é peixe. Claramente neste discurso o Presidente quis deixar o sinal de que está atento aos protestos das ruas e à conflitual idade social que existe no país, mas tirando o caso da saúde, em que mais explicitamente Cavaco quis deixar um alerta mais directo, ficou também claro que apesar de compreender o difícil momento pelo qual o país e os portugueses passam, também não quer fazer demover o governo das suas reformas. No discurso Cavaco afirma claramente que apesar dos fracos resultados, e qualquer pessoa de bom senso reconhece que 1,8% de crescimento económico não é um resultado brilhante, tem havido consolidação orçamental, e mais afirma que os esforços dos últimos anos, acredita terão resultados concretos. Cavaco entende o momento difícil de muitas famílias, solidariza-se com tal, alerta para as desigualdades sociais, que ao que parece continuarão a ser um ponto forte da agenda presidencial, mas não há aqui nada de palpável a indicar que o presidente não se revê no caminho traçado.
Nesta mensagem fica um grande buraco, provavelmente propositado acerca da assinatura do Tratado de Lisboa, Cavaco fala da presidência mas não especificamente do seu ponto alto. De facto esta será provavelmente o pratto forte do início de 2008 e acabará por envolver o presidente. Todos sabemos a posição de Cavaco Silva sobre referendar tratados comunitários e na altura em que a decisão for tomada por Sócrates não haverá quem não reclame e chame pela posição de Belém acerca do assunto.
Contudo o que Cavaco tentou encontrar foi um ponto de equilíbrio, tirando o caso flagrante da saúde, não deixa críticas acirradas ao governo, por seu lado fala aos portugueses descontentes com o momento actual, torna-se um discurso que não enchendo o espírito de muitos também não os lhes deixa insatisfeitos.
O caso da Mensagem não deixa, contudo de ser a referência aos salários altos de gestores, o que não deixa de ser irónico na semana em que Faria de Oliveira, ex-ministro de Cavaco vai presidir à Caixa Geral de Depósitos e Miguel Cadilhe, outro dos antigos cavaquistas apresenta uma lista para a administração do BCP, dois exemplos de cargos onde as remunerações não serão propriamente baixas. Cavaco peca nesta referência em dois pontos, primeiro era importante reconhecer que este é um fenómeno de há muito, o que o faria admitir que muito provavelmente no seu tempo de governação esta situação já existia, em segundo lugar, é preciso reconhecer que as próprias empresas do Estado aplicam este tipo de remunerações, caso da Caixa Geral de Depósitos, da TAP ou da GALP, ou seja o próprio Estado aplica as regras, que no fundo são as regras de um mercado de trabalho português que aplica uma desigualdade absurda entre trabalhadores e gestores
Importante e interessante politicamente será a mensagem de ano novo para 2009, no seu penúltimo ano antes de se recandidatar, mas sobretudo no início de um ano que terá nada mais nada menos que 3 eleições pela frente (autárquicas, europeias e legislativas). Aí sim, terá grande peso o balanço do país que Cavaco fizer, e veremos se o presidente se resguardou agora para esse momento.

E o petróleo chegou aos 100.

Ontem ouvia que os analistas previam que ao longo do ano seria inevitável que o barril do petróleo ultrapassasse a barreira dos 100 dólares o barril. Parece que não foi ao longo do ano, foi mesmo no 2º dia do ano que esta barreira chegou. Um marco histórico, sem dúvida, sinal e prelúdio de que tudo um pouco verá os seus preços aumentar. A crise das reservas petrolíferas com níveis muito baixos nos Estados Unidos, a Grande procura nos mercados mundiais do ouro negro ou as recentes crises políticas em países produtores foram implacáveis. Esperemos que este aumento não seja implacável também com as economias mundiais!

Mas que ridícula discussão


O país parece que entrou em alvoroço por ter aparecido uma fotografia do presidente da ASAE a fumar a sua cigarrilha quando passavam poucos minutos da meia noite de 1 de Janeiro. O histerismo que se criou em torno desta pseudo-questão é absolutamente ridículo, parece que não há mais nada para noticiar ou discutir. O jornal da Noite da SIC, perdeu 10 minutos do seu tempo inicial a discutir a o acto do presidente da ASAE. Obviamente que a fotografia é notícia e é um facto curioso, mas fazer disto um grande caso parece-me no mínimo exagerado, a notícia tem sido tratada ao longo do dia como a vingançazinha dos portugueses face à ASAE, tomando aquela postura de se os tipos nos chateiam, vamos chateá-los também, e digo isto não morrendo especialmente de amores pela ASAE.
Caso à parte fica-se sem perceber se nos casinos pode ou não se pode fumar, o presidente da ASAE diz que a lei do jogo de se impõe à lei do tabaco, enquanto o director geral de saúde numas declarações infelizes diz que por vias das dúvidas é melhor não fumar, ou seja segundo o director geral não tendo a certeza nem fazendo o esforço para esclarecer a dúvida, o melhor é manter o respeitinho pela lei. Enfim, o verdadeiro faitdivers!