segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz ano Novo!



Que os sonhos de John Lennon neste seu Imagine vos inspirem para os desejos de ano novo.
Até para o ano, Um feliz 2008!

domingo, 30 de dezembro de 2007

E já só faltam umas horas para a nova lei chegar!


São os chamados efeitos perversos da nova lei do tabaco

Repressão à Chinês.

Desde o dia 24 que se perderam mais de 2000 blogs de dissidentes chineses que vivem e registam os seus blogs nos Estados Unidos. Ao que parece uma maré de hackers, directamente vindos da China, invadiu estes portais deixando-os inoperacionais. Mais um fenómeno a juntar à musculada relação que a ditadura chinesa tem com a Internet, palavras como democracia, Independência, Taiwan e Tibete estão banidas dos motores e abundam os bloqueios e censuras a sites e blogs.Tudo pela estabilidade do regime!

Salazar: O morto vivo do ano!

Ao ler há pouco um post sobre o livro de Micas sobre Salazar no Instante Fatal, lembrei-me que se há morto que esteve em grande neste ano foi o nosso velhinho ditador. Desde que venceu o concurso dos Grandes Portugueses, ganhámos subitamente uma curiosidade em conhecer melhor o homem que guiou o país durante quase 40 anos. Mas os portugueses mais do que pelo homem político, interessaram-se sobre a pessoa em si, tentando perceber quem Salazar era na intimidade, em casa, o que gostava de fazer e como se comportava. Durante o ano livros como as Máscaras de Salazar do Fernando Dacosta, Os Amores de Salazar de Felícia Cabrita ou o mais recente Os Meus 35 Anos com Salazar, da autoria da sua antiga pupila Micas fizeram as delícias dos leitores. Se de facto o interesse dos portugueses por Salazar for, como penso, uma forma de conhecer melhor a intimidade e personalidade do antigo ditador, acho sinceramente que tudo isto é extraordinariamente saudável. Durante os anos do fascismo, o carácter reservado do ditador aliado a um enorme conservadorismo do país impediram que os Portugueses pudessem conhecer melhor a face do homem para lá do político que conheciam. Mas já nesses anos a curiosidade em torno de Salazar existia, prova disso foi o facto de a edição do Diário de Notícias em que se apresentava a mãe de Salazar ter esgotado num ápice. Mas passado o regime os primeiros anos após o 25 de Abril ditaram uma tendência em que ou se era um democrata de corpo e alma e nesse caso não se devia ter qualquer curiosidade em conhecer melhor esta personagem, ou se por sua vez alguém que revelasse algum interesse em conhecer melhor o antigo presidente do conselho rapidamente seria rotulado de fascista. Desta forma este ano mostrou que apesar de tudo a democracia no país já é suficientemente madura e capaz de falar descomplexada mente de Salazar. Foi precisamente o facto de haver esta penumbra sobre o Estado Novo e sobre a figura de Salazar, aliada à ausência de um verdadeiro conhecimento da generalidade da população sobre a sua história recente juntamente com a tão falada crise, que despoleta nos portugueses aquele sentimento de saudosismo por um passado, que tantas vezes desconhecem que levou à vergonhosa à vitória de Salazar a no tal concurso dos Grandes Portugueses. Talvez agora conhecendo-o melhor os Portugueses possam conhecer mais profundamente o que foi a sua história nas últimas décadas!

sábado, 29 de dezembro de 2007

“Saloiice medonha”



Ao ver a entrevista a Pacheco Pereira e António Barreto, ouvi deste último a expressão perfeita para qualificar os cartazes de gosto duvidoso que nas últimas semanas invadiram Lisboa. Os pseudo-modernos cartazes que arranjaram para promover a tal marca Portugal não passam disso mesmo: “De uma saloiice medonha”. De facto as mentes brilhantes que imaginaram esta campanha julgaram verdadeiramente que misturar umas caras conhecidas como o Mourinho e o Ronaldo com umas caras que só os Portugueses sabem quem são, como a Vanessa Fernandes, juntar o trabalho de um qualquer fotógrafo Inglês e adicionar um slogan foleiro que dá por: “Portugal: Europe’s West Coast” seriam os condimentos perfeitos para criar uma campanha com algum impacto. Impacto a campanha até poderá ter, mas confesso que o impacto em mim não podia ser pior, ainda para mais quando a primeira vez que vi esta suposta publicidade, tratavam-se de uns cartazes gigantescos que neste momento cobrem o Teatro D. Maria II, no Lisboeta Rossio, um monumento nacional que não merecia parte da fachada tapada com este tipo de idiotices.
De facto estamos a ficar especialistas neste tipo de campanhas. Os criativos que imaginaram esta visão do Portugal do Ronaldo, do Mourinho e companhia, são os mesmos ou parecidos com aqueles que já tinham achado muito para frente inglesar o nome do agora rebaptizado allgarve. No fundo este é o modernismo à Sócrates, o modernismo provinciano onde se acha que só por os alunos terem uns computadores nas mãos o insucesso escolar acaba, o modernismo que acha que dizer aos sete ventos que Portugal vai ser o novo líder tecnológico do que quer que seja muda os problemas reais de hoje. Mas como António Barreto diz, são precisamente as cabecinhas que inventam estas campanhas que tratam da imagem do primeiro-ministro, que lhe moldam o ar supostamente firme e decidido, que para entrevista ao El País lhe forneceram aquele ar enternecedor de primeiro-ministro atento, de homem dado a grandes causas. São estas cabecinhas, que como é dito na entrevista, vão ter um ano de 2008 em grande e cheio de trabalho. Profissionais do promover a mensagem que deve ser passada para o povo, para que o mesmo povo em 2009, ano de eleições autárquicas, legislativas e europeias, não se esqueça em quem deve votar.

Correia de Campos ainda não percebeu.


Por estes dias fecharam mais uns tantos serviços de saúde, desta vez no distrito de Vila Real, mais não sei quantos SAPs (Serviço de atendimento permanente) e uma maternidade em Chaves encerraram as portas. Ontem à noite Correia de Campos foi à RTPN explicar o porquê destes encerramentos, explicações que continuam a explicar o que simplesmente é inexplicável.
Muitos destes SAP´s têm sido fechados no interior do país, zonas que aos poucos vão-se tornando um enorme deserto onde vive uma população velha que precisa de constantes cuidados de saúde. Agora se um destes também portugueses, afectado pelo fecho destes serviços, precisar de cuidados médicos durante a noite terá de percorrer mais uns largos Km para chegar a uma urgência, não é demagogia, é a pura das realidades. Mas Correia de Campos não entende isto, e a isto o ministro da Saúde contrapõe o argumento de que o que existia nestes centros não eram verdadeiras urgências, visto que o médico que lá estava não seria capaz de responder a alguns dos casos com que era confrontado. Dada esta situação podíamos dizer: melhora-se a urgência, dá-se-lhe a capacidade técnica para poder responder a grande parte dos casos com que se depara. Em vez disto Correia de Campos vai pela solução mais fácil: fecha a urgência e manda os doentes seguir para um hospital muito mais afastado. Mas a tudo isto Correia de Campos ainda tem um argumento melhor, afirmando que naquelas urgências nocturnas apareciam 3 ou 4 doentes e por isso não se justifica que esses tais SAP´s estejam abertas, visto que tal impossibilita que o mesmo médico que esteve de banco na noite anterior possa na manhã seguinte dar consultas a outros 15 doentes. Correia de Campos recorre-se do mais puro egoísmo para mais uma vez justificar o fecho de urgências, mas mais uma vez o minitro opta pela solução facilitista para o ministério e dolorosa para as populações. Correia de Campos poderia dizer que face a esta situação o país iria investir em médicos, na sua formação, que iria fazer um esforço adicional de meios de forma a que de dia e de noite as populações possam ter uma urgência adequada e equipada próximo de sim, mas Correia de campos ainda não percebeu isto e prefere encerrar em vez de melhorar.
Fechar urgências por si próprio não é um acto isolado e inconsequente, ainda para mais quando estes fechos são no interior. Fechar unidades de saúde nestas regiões é acelerar a morte lenta desta parte esquecida do país. Se uma família de classe média nos perguntar hoje em dia quais são os atractivos de viver no interior, que resposta é que o país tem para lhe dar? O interior é uma região pobre, sem tecido produtivo, desligada do enriquecimento relativo dos últimos anos nas zonas do litoral. Se a tudo isto acrescentarmos a agora distância dos cuidados primários de saúde, não será difícil entender a decisão de uma família que prefira ficar numa grande cidade do litoral, com emprego, escolas e hospitais mesmo ao virar da esquina. Mas Correia de Campos ainda não percebeu.
O Ministro da Saúde poderia fazer estas reformas todas pela forma lógica, investindo verdadeiramente no serviço de saúde e na formação de médicos, mas o ministro quer fazer reformas sem gastar dinheiro, e isso não existe. A verdade é que não há bons serviços públicos sem investir neles!
Ao português que vive no interior resta ver os serviços à sua volta evaporarem-se aos poucos, mas este português não entende como paga os impostos que paga e em troca só pedia bons cuidados de saúde e um bom acesso à educação, mas em troca este português tem menos e piores serviços do Estado. Mas isto Correia de Campos também ainda não percebeu. Como Sócrates ainda não percebeu que se anda a apregoar que o seu modelo são os países nórdicos já devia ter percebido que nos tais países que ele gosta tanto, a população paga impostos, e até paga impostos altos, mas sente que em troca o estado dá-lhe algo, que em troca o estado concede-lhe bons serviços de saúde, educação e protecção social. Serviços próximos, de qualidade, e eficazes.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O avô tem mais juízo que a neta!


Parece que a Socialite mais famosa do mundo, Paris Hilton, foi vítima do que os Americanos chamam de Give Back to the community. O seu avô, Barron Hilton, um senhor de bom senso de 80 anos decidiu doar 97% da sua fortuna para a fundação de caridade que já havia sido criado pelo seu pai, fincando as netas com a restante parte da fortuna. Ao que consta o Sr Hilton não tem gostado da vida fogosa que as suas netas, em especial Paris, tem levado nos últimos anos. E se calhar não é caso para menos, entre filmes porno caseiros, problemas de droga e uma passagem pela prisão, Paris tem sabido tirar partido de múltiplas experiências nos últimos tempos. À parte disto, de registar que mais uma vez um milionário americano doa grande parte da sua fortuna a uma instituição de caridade, já Bill Gates tem exactamente o mesmo projecto, aos filhos do casal Gates caberá apenas uma pequena parte da fortuna, o restante será igualmente doado a instituições de caridade em especial no combate à pobreza e Sida em África, uma área a que o dono da Microsoft se tem dedicado. Não há dúvida que este é um belo hábito dos milionários americanos e bem podia começar a ser adoptado por terras europeias.

Benazir Bhutto (1953-2007)


Reportagem da Al Jazeera sobre o percursso de vida de Bhutto

Benazir Bhutto (1953-2007)

Benazir Bhutto morreu ontem em Rawalpindi, no Paquistão , o clã Bhutto vê assim perder um dos seus mais carismáticos membros, o Paquistão perde uma das mais influentes personalidades políticas dos últimos anos, os paquistaneses perdem mais uma vez um horizonte de democratização e o mundo perde a chance de ver o país estabilizado e capaz de cooperar na luta anti-terrorista. Com a morte de Bhutto perde-se também o horizonte para os moderados paquistaneses que se agregavam em torno do seu partido o PPP, mas agora sem a mulher que era a face e o cérebro do partido a força da oposição perdeu-se, não tendo um líder carismático para a substituir. Nem mesmo essa solução poderá vir de dentro da família Bhutto, as filhas de Benazir ainda são muito novas para ocupar qualquer tipo de cargo. Bhutto teve um percurso extraordinário para uma mulher num país muçulmano, filha de um ex-primeiro ministro executado nos anos 70, foi primeira-ministra por duas vezes, uma delas com apenas 35 anos, esteve presa, exilada, as sucessivas acusações de corrupção imputadas a ela e ao marido destronaram os seu dois governos e tornaram-na uma personagem amada e odiada. Foi o seu passado e o seu projecto para o país (as declarações feitas nos últimos meses em que mais uma vez apresentava uma agenda liberal, um programa de combate às forças terroristas talibãs, que nos últimos anos usam o Paquistão com base para as sua acções) que a tornaram ainda mais um alvo para os extremistas. As afirmações recentes de que permitiria a colaboração de forças militares norte-americanas para vigiar e controlar a passagem de terroristas do território afegão par o paquistanês foi a razão que faltava para os extremistas desejarem a sua morte, e foi o que concretizaram ontem com o apoio quer seja moral como material da al-qaeda. Resta saber que será do Paquistão. Perdido numa instabilidade política, como ontem ouvi parece que o país está destinado a um ciclo interminável a que uma abertura democrática segue-se a violência e para a controlar segue-se um período de ditadura. Mas quem vai controlar o Paquistão? Musharrav cria-se eternizar no poder mas não é uma figura popular e não consegue ser respeitado mesmo dentro de alguns órgãos do poder paquistanês. Mal se soube da morte de Bhutto o país caiu sobre um caos que só o futuro pode delinear o fim. Mas um Paquistão instável vem ainda descontrolar mais o caldeirão que é o Médio Oriente, ainda para mais quando este é um país essencial para as actividades terroristas no Afeganistão, tem um conflito por resolver com a Índia na província de Caxemira e é ainda detentor de um enorme arsenal nuclear. Olhando hoje para aquele canto do Mundo vemos um Médio Oriente com um conflito Israelo-Palestiniano sem qualquer fim à vista, o Líbano a recuperar da guerra do Verão de 2006, o Afeganistão ainda no seu interior com inúmeras bases talibã e terroristas por neutralizar, o Iraque no estado por todos conhecido e agora o Paquistão mergulhado numa enorme crise política. Bhutto podia ajudar a pacificar aquele canto do mundo, agora a sua morte deixa um rasto ainda mais caótico para trás.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Será desta que Angola muda?


José Eduardo dos Santos, o que parece o eterno presidente de Angola anunciou hoje que o país deverá ter eleições legislativas em Setembro. Angola há muito que não vive eleições livres, o último escrutínio eleitoral para a presidência da república aconteceu em 92 no célebre acto eleitoral que nunca teve segunda volta e que terminou com o reacender da Guerra Colonial, que só acabaria com a morte de Savimbi. Este sistema anacrónico de estado tem conduzido Angola a uma ditadura disfarçada, José Eduardo dos Santos arrasta-se no poder desde 1979, tendo ao longo destes anos criado uma autêntica cúpula de interesses à sua volta. Uma cúpula de privilegiados que vive num dos países mais pobres de África, mas ironicamente um dos mais ricos em recursos naturais, recursos esses que são abocanhados pelo punhado de privilegiados que se rodeia da presidência da república e pelos magotes de multinacionais que têm chegado ao país. Aos angolanos que vivem na mais pobre das misérias africanas resta a esperança que o nível de crescimento económico do país, que neste momento é o mas alto do mundo, se reflicta no seu bem-estar e condições de vida. Quanto ao ressurgir de uma democracia, os Angolanos parece que só poderão contar com eles próprios ou com os desejos unipessoais de seu presidente. De Portugal parece que o novo pragmatismo adoptado nos negócios estrangeiros põe as relações comerciais acima de tudo o resto, aliás tornamo-nos especialistas no maior dos cinismos diplomáticos, a Sócrates parece que o único ponto relevante na sua agenda de viagens é encontrar-se com uns empresários na China, em Angola ou em Moscovo ou fazer uns joggings ridículos e patéticos pela Praça Vermelha ou pelas principais avenidas das cidades indianas. Tudo o que seja discutir o desrespeito dos direitos humanos em Angola ou receber o Dalai Lama em Lisboa parece renegado para segundo plano. Parece que é este o modernismo e a pujança civilizacional que Sócrates quer imprimir no país!

E passaram três anos

Foto vencedora do World Press Photo de 2004. Tamil Dul a 28 de dezembro de 2004, mulher chora a perda um familiar


Conjunto de vídeos amadores do tsunami de 26 De Dezembro

Há 3 anos no dia 26 de Dezembro, como em qualquer outro dia a seguir ao Natal acordava tarde ainda a recuperar dos repastos natalícios do dia anterior. Seguindo o meu crónico mau vício, mal acordei, liguei a televisão e dou logo de caras com uma enorme massa de água que entrava por ruas adentro, invadia hotéis e derrubava as pobres casas de palha e madeira daqueles asiáticos que pouco tinham. O tsunami de há 3 anos foi um dos maiores desastres naturais da história, dias após a tragédia o então secretário de estado americano Collin Powel afirmava: “estive na guerra, vi furacões, ajudas de emergência, mas nunca vi nada assim”. No tsunami do sudoeste da Ásia morreram muitos ocidentais que escolheram aquele paraíso para passar o seu Natal e morreram muitos daqueles que faziam daquelas ilhas radiantes no indico a sua casa. Durante os dias que se seguiram ao maremoto fomos varridos com as centenas de milhares de mortos que iam sendo descobertos e com as histórias dos muitos daqueles que desapareceram para sempre nas águas do Índico e que nunca mais foram encontrados, mas fomos também varridos com as imagens dos vídeos amadores que todos os dias eram descobertos ou enviados para as televisões. Nunca mais me irei esquecer daquelas imagens onde turistas se passeavam calmamente junto à costa, sem nada os atormentar, e de repente chega aquela onda enorme que os leva sem nunca mais lhes vermos a sombra.
Hoje tenta-se reconstruir o rasto que ficou para trás. Ao relembrar as imagens divulgadas pelo Google Earth dias depois do tsunami, onde se mostrava o antes da tragédia com o verde, os Hotéis e as praias e o depois, apenas uma massa castanha de destroços que parecia um horizonte infinito sem fim, entende-se o esforço de anos que haverá nas regiões afectadas até se recuperar muito do que se perdeu naquele Dezembro de 2004.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

O Natal contido dos Americanos

Foram hoje divulgados os dados acerca das vendas do comércio retalhista americano, segundo estes entre o final de Novembro as vendas aumentarem 3.6% em comparação ao período homologo do ano passado, o crescimento mais baixo dos últimos 5 anos e no limiar mínimo das previsões que aviam sido feitas pelas principais consultoras. À excepção das vendas pela net que aumentaram cerca de 22%, o restante comércio registou magros crescimentos, o que deixou uma nuvem negra a pairar sobre a sessão de hoje da bolsa americana. Estes dados só vêem confirmar o aperto financeiro de muitas famílias americanas, algo que já se suspeitava desde a crise do subprime no Verão. Altamente endividadas e sem capacidade para pagar os múltiplos empréstimos que foram acumulando ao longo dos anos, as famílias americanas parecem ter resfriado os ímpetos consumistas este Natal e esperamos que tudo isto não resfrie também as economias mundiais!

O charme de Sarko, desta vez em luxor.





Artigo da France Press sobre as férias de fim de ano de Sarkozy e Carla Bruni no Egipto

Até na Noite de Natal ele nos aparece.


Na noite de 24 estava eu, como mais 10 milhões de portugueses, a consoar descansadamente eis senão quando vejo, na SIC Notícias, Joe Berardo a dar uma entrevista a Mário Crespo. De facto Berardo não nos largou o ano inteiro, e já que chegamos todos a Dezembro e nos dá uma súbita necessidade de eleger figuras e acontecimentos que marcaram os últimos 12 meses, aqui no Terra de Ninguém Berardo fica eleito a figura pública emergente do ano. José Berardo ou como ele próprio se rebaptizou a si próprio, Joe Berardo, é definitivamente o nosso self made men. Depois de no início do ano ter vencido Belmiro na assembleia-geral da PT, levando mesmo uma recepção digna de herói por parte dos trabalhadores, em 2007 Berardo fez de tudo: entre ter lançado uma OPA ao Benfica, ter sido líder na luta intestina do BCP, ou ter aberto finalmente o seu Museu Berardo, que apesar de muita polémica tem uma bela colecção, Berardo fez de tudo. Por muito que o seu português seja do mais macarrónico que já ouvi ou por muito gozado que seja, Berardo tornou-se mais ouvido do que nunca e mais do que ouvido, tornou-se admirado. Na sua terra natal não há quem não conheça a sua história. Qualquer Madeirense que se preze sabe a história do jovem José, quando partiu do ilhéu rumo à África do Sul, com um mão cheia de nada e que aos poucos, graças às minas de diamantes que por lá descobriu, tornou-se no Milionário que hoje é. A brincar a brincar Berardo é hoje um accionista estratégico em algumas das mais importantes empresas nacionais, e através da sua Fundação faz uma verdadeira política cultural. Acabo de saber que o Museu Berardo em Belém continuará a ser gratuito em 2008, algo que não acontece em mais nenhum outro grande museu português . Enfim Berardo é o novo Capitalista Popular!

Calma não se comecem todos a separar!

Segundo um estudo revelado hoje na imprensa espanhola a maior taxa de divorcios no país vizinho ocorre logo a seguir ao Natal. Ao que consta, os espanhóies fartam-se de tanta união fammiliar e nos primiros trêes meses a seguir à quadra natlícia os divorcios aumentam mais de 30%. Afinal o stress natalício tem mesmo efeitos colaterias a longo prazo!

Reportagem do ABC sobre os divórcios pós-natal

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Só para contrariar!



E cá estamos em plena quadra natalícia, tempo de compras, consoada e de ouvir todos aqueles clássicos da música típicos da época. Já todos ouvimos vezes e vezes sem conta o Santa Claus is coming to town ou o Let it Snow, por isso deixo-vos aqui esta canção de 1988 dos The Pongues. Pode não ser a visão mais sorridente e optimista do Natal, mas serve para destoar do espírito certinho da quadra. Feliz Natal!

domingo, 23 de dezembro de 2007

Mas há quem tenha paciência?


Há umas horas cometi a loucura de me ir meter num centro comercial em pleno domingo antes do natal, mergulhando numa estúpida confusão. Pensava eu, e pelos vistos não pensava muito bem, ao fim de tantos dias a correr de um lado para o outro entre lojas, supermercados e centros comercias que grande parte das pessoas quereriam passar o Natal sossegadas, longe das multidões e dos acotovelamentos colectivas. Para minha grande surpresa nem todos pensam assim, vim hoje a descobrir que a área de cinemas e restauração dos nossos tão amados centros comercias abrem na tarde dia de Natal. Que haja pessoas que gostem de ver filmes no dia 25 de Dezembro, confesso que me é absolutamente indiferente e eu próprio gosto de o fazer. Mas confesso que não entendo como é que alguém se consegue ir meter num sítio como um centro comercial em pleno dia de natal, mas o grave está em que para estar uma parte do centro comercial aberto, estão lá empregados a trabalhar, empregados que assim passarão o dia de Natal tudo menos em família. Basta ver o exemplo dos trabalhadores dos cinemas, se houverem sessões a começar entre as 15:00 e as 16:00, significa que estes trabalhadores já terão que estar no seu posto de trabalho pouco depois da hora do almoço. Não será difícil imaginar que muitos destes trabalhadores vivem longe do local onde trabalham, logo para muitos deles o quadro pitoresco do almoço de Natal em família simplesmente não existirá. Isto sim, podemos chamar a proletarização dos novos tempos, e tudo isto não nos deixa de fazer lembrar a revolta do patronato português quando o ordenado mínimo subiu para a tal fortuna de: 426€. Não me considero um conservador, ou um daqueles radicais que acha que o Natal é um tempo pseudo sagrado de união da família, admito até que haja muita gente que não ligue nenhuma esta época, e por vezes com razão, mas num país em que grande parte da população, acredito, festeje o Natal penso que não deduzirei mal se disser que muitos se sentirão mal por passar o Natal a trabalhar. Se há serviços como polícias, bombeiros, INEM ou aeroportos que de facto têm que trabalhar no dia de Natal não entendo qual a urgência de alguns em, neste dia, ir habitar as catedrais de consumo

Abençoado Blair.


Tony Blair converteu-se oficialmente ao catolicismo. Para alguns esta não será propriamente uma grande novidade, há muito que se especulava sobre a vida religiosa do ex- primeiro ministro britânico. Mesmo antes d deixar o cargo que ocupou durante mais de dez ano muitos dos seus amigos afirmavam que estava para próximo a sua conversão. Surpresa ou notícia não será o facto de Blair se ter convertido ao catolicismo, facto é que muito provavelmente Blair não é católico de agora, provavelmente sê-lo-á praticamente desde sempre, mas apenas e só por razões políticas ocultou este lado da sua vida. Sentar um primeiro-ministro católico na cadeira do poder em Inglaterra ainda poderia causar grande melindre num país em anglicano em que o chefe máximo da igreja é a própria rainha. Prova disto mesmo é que só muito recentemente Blair começou a falar mais abertamente da sua vida religiosa, e agora menos de seis meses após ter deixado o nº 10 de Downing Street, Blair torna-se oficialmente um cristão católico.


Há pouco tempo fomos presenteados com a descoberta deste filme em que se via o jovem e revolucionário Durão Barroso contra o “ensino burguês”. Já na altura o agora rebaptizado José Manuel barroso tinha uma certa tendência para o discurso redondo e vazio. Agora apercebi-me que com a nova lei dos partidos, criada pelo próprio Barroso quando era primeiro-ministro, o seu antigo partido arrisca-se a desaparecer. O MRPP pode-se evaporar pela falta de militantes. Ironias do destino, é o que dá as evoluções ideológicas!

Deixem os pequeninos sossegados!



Tempo de antena do MPT para as legislativas de 99
Ao que parece de há uma semana para cá toda a gente se lembrou da aplicação de uma lei de 2003, criada ainda pelo o então e saudoso José Manuel Barroso. Segundo a tal lei, para um partido político existir deverá ter no mínimo 5000 militantes, o que faria desaparecer inúmeros pequenos partidos. Até o mítico pctp/mrpp, e o seu inesquecível Garcia Pereira seriam corridos para debaixo do tapete. Como espectador dos tempos de antena em altura de eleições estou revoltado e frontalmente contra esta lei! Os pequenos partidos são o sal das campanhas eleitorais, os discursos inflamados de Carmelinda Pereira do POUS, a árvore genealógica da família Camâra Pereira no tempos de antena do PPM ou a cantora Dina a entoar o hino da Nova Democracia com uma foto do Manuel Monteiro como fundo, são momentos de humor que o país não se pode dar ao luxo de perder.
Não há dúvida que o bloco central , que criou esta lei, é um cinzentão sem sentido de humor. Francamente!

sábado, 22 de dezembro de 2007

Winehouse: a menina rebelde do ano!




Putin pode ter sido a figura do ano para alguns, mas bem mais atraente que o peseudo czar russo é esta senhora da música que este ano se revelou. Amy Winehouse é a estrela que nasceu este ano, ela tem verdadeiramente tudo: tem a voz, tem a pose e tem a dose de rebeldia que lhe dá um especial encanto. Ao que consta a senhora tem uma especial apetência para drogas e álcool, e de facto ao ver algumas das suas actuações em palco ficamos com a sensação ela esteve a tomar algo mas que uma simples águinha. Ela não parece muito importada, no sue primeiro single de sucesso ela canta precisamente que não quer ir parar a reabilitação dos seus vícios. A família bem tentou dar a volta questão implorando aos fãs para que não comprassem o cd, como forma dea sua menina se curar. Mas a verdade é que ela está aí e parece ter vindo para ficar!




Desigualdades crónicas!


Cartoon roubado ao "oceano das palavras"

E já é Dezembro outra vez, sinónimo de Natal, compras, stress, multidões acotoveladas em centros comerciais de saco de compras em riste. É o país na sua fúria consumista na correria pelo presente perfeito. É também a altura das milhentas campanhas de solidariedade, muitas delas na melhor das intenções, tentam atenuar algumas das dificuldades das franjas mais pobres do país. Ao fim de 33 anos do 25 de Abril e ao fim de 21 anos na União Europeia poderíamos pensar que, no mínimo, estas franjas de pobreza deveriam ser residuais. Mas não o são, recentemente tive que consultar dados estatísticos e económicos acerca das desigualdades na união europeia, obviamente que não esperava resultados brilhantes do lado português, mas Portugal conseguiu chocar-me num indicador social em especial: somos um dos países com maiores desigualdades na repartição de rendimentos. Em 2005 Portugal foi o país mais desigual da União Europeia, e com os resultados já disponíveis de 2006, somos o segundo mais desigual, só apenas ultrapassados pela Letónia. Este resultado é talvez o símbolo maior dos falhanços dos últimos anos, desde que entrámos na união europeia crescemos economicamente e socialmente, mas não nos tornámos mais coesos a nível social. O que é que tudo isto significa? Significa que todo este crescimento não foi capaz de eliminar o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, os mais ricos continuaram a sê-lo, os mais pobres foram-se afundando ainda mais na pirâmide social, as classes médias vão-se esfumando aos poucos. Calcula-se que em Portugal os 20% mais ricos tenham rendimentos, em média 8 a 9 vezes superiores do que os 20% mais pobres, o nosso rácio de desigualdades é cerca do dobro da média da união europeia a 25. O facto é que as páginas e páginas de políticas sociais feitas nos últimos anos tiveram resultados escassos, Portugal tem cerca de 2 milhões de pobres, na antiga Europa a 15, o nosso salário médio é de 645€, em Espanha, um pais que entrou, no mesmo momento, que nós na união o salário médio é de 1208€. Sabendo todos estes dados, que para muitos não passarão de números, não deixará de ser, no mínimo delirante, quando os patrões entram num alvoroço histérico ao saber que o ordenado mínimo aumentará para o alucinante valor de: 426€. De vez em quando também faz bem pensar em tudo isto tudo pelo natal!

O menino guerreiro Russo!


Acabo de descobrir que Putin para além da queda para o combate político tem também queda para o combate físico, provavelmente um tique dos tempos em que trabalhava no KGB. Ao que parece o presidente Russo já gravo, juntamente com um campeão de judo japonês, um vídeo que acompanhará um manual da modalidade. Putin sim pode considerar-se um verdadeiro menino guerreiro.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Putin: Figura de 2007


Vladimir Putin foi considerada a figura do ano pela Time. Razão para esta nomeação: ter ressuscitado o espírito e o poder do velho império Russo! Ao ler a justificação que a própria Time deu para a escolha de Putin ficamos sempre com a ligeira sensação que os fazedores de opinião Americanos andam deslumbradas com a suposta estabilidade que Putin deu à Rússia, com o suposto poderio que o país alcançou, com o seu reafirmar na política internacional ou com ou o reanimar do seu poder enérgico. Para a Time a nova opção czarista que a Rússia adoptou é um símbolo de reerguer do país, durante todo o artigo aceita-se com um conformismo bacoco que a Rússia se tenha tornado num estado unipessoal, autoritário, autocrático, onde as desigualdades sociais continuam a ser gritantes. Para quem escolheu Putin como a figura do ano só interessa o novo poder da Rússia, a sua nova grande influência no mapa das relações políticas. Resta apenas perguntar quem tirará partido deste novo poder? Não sei porquê, ficamos sempre com aquela noção que na Rússia o crescimento económico apenas alimentará um punhado de próximos do Kremlin, os novos ricos da Rússia, alguns deles já criados no tempo de Ielstin, e que se alimentam da máfia ou dos negócios obscuros. Para a América nada disto continua a interessar, desde que não seja comunista, Putin será sempre considerado um estratega político. Como a Time diz na Rússia “A estabilidade vem primeiro que a Liberdade”, e não é de agora, mas no passado durante a Era Soviética, Moscovo era o inimigo, hoje parece ser o parceiro com que se pode negociar. A América com todo este suposto conformismo esquece-se de um pequeno ponto: da mesma forma que a Time afirma que só daqui a uma década se poderão medir os resultados das políticas de Putin, será também interessante ver como daqui a uma década estarão arrumadas as novas potências mundiais. Com o tal novo ressurgir da Rússia, ou com o nascimento das novas potências como a China e a Índia como responderá os Estados Unidos politicamente e economicamente? Qual será o papel dos Estados Unidos no Médio Oriente, quando pela aproximação ao Irão já se percebeu que este é um teatro onde Putin terá uma palavra a dizer? Mas sobretudo que será dos Russos daqui a uma década? Uma vez ouvi alguém dizer que a Rússia pela sua dimensão, pela sua diversidade étnica, pela a complexidade social em que vive só poderia ser governada em ditadura. A verdade é que já lá vão séculos de ditadura e os Russos pouco ganharam com isso. A triste verdade para quem abomina Putin, é que muito provavelmente os próprios Russos renderam-se ao seu presidente, depois da queda agonizante do comunismo, dos anos de balbúrdia da Era Ielstin, Putin é verdadeiramente a sua fé, a sua esperança num futuro diferente, mesmo que esse futuro não seja já amanhã. Putin conhece o seu povo, sabe como controlá-lo e sabe como há de fazer-se eternizar no poder, em 2008 sairá do cargo de presidente mas à espera dele já estará a cadeira de primeiro-ministro!

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Um apoio de peso chamado: Oprah


Hillary e Obama dividem as vitórias nas primeiras eleições primárias Americanas que se realizarão em Janeiro. Se as sondagens que hoje foram publicadas pela CNN e pelo Washington Post estiverem certas, do lado democrata Obama deverá vencer no Iowa, enquanto Clinton vencerá no New Hampshire. Há dois ou três meses atrás não se pensaria em tão grande aproximação entre os dois favoritos do lado democrata, bastava ver como Hillary vencia indiscutivelmente os excelentes debates CNN You Tube, sempre mais ponderada e com respostas mais coerentes do que poderá ser uma futura presidente. No entanto, não há dúvida, o grande desafio de quem arranca desde cedo com grandes resultados nas sondagens é conseguir manter-se lá em cima até ao momento de contar os votos. Obama tem sabido encurtar a distância face à senhora Clinton e nas últimas semanas o senador do Illinois contou com uma ajuda de peso, a mediática e influente Oprah Winfrey. A nós Europeus pode-nos parecer estranho que uma apresentadora de talk-shows possa ter uma importância tão relevante na decisão política dos americanos, mas a verdade, é que Oprah é de facto uma voz influente, e a campanha de Barack Obama sabe-o e por isso não tem renegado os apoios públicos da estrela televisiva.
A grande estrelinha de Oprah está em si própria e naquilo que ela representa, símbolo do American Dream, Oprah vivia numa típica casa pobre dos negros Americanos dos anos 60. Desses dias até hoje, Winfrey tornou-se bilionária, uma das mulheres mais ricas da América, mas sobretudo ela é verdadeiramente o que podemos chamar de opinion maker. Nos seus talk-shows diários Oprah construiu um programa totalemente transversal, tão depressa fala das suas prendas de Natal favoritas como da melhor forma de ajudar os Americanos a livrarem-se de dívidas; tão depressa recebe Al Gore ou muitas outras personalidades facilmente apelidadas de “esquerdistas”como organiza um debate com Bill O'Reilly, o mais irritante direitista dos jornalistas da Fox News. Sendo transversal no seu programa Oprah consegue ser transversal na própria sociedade Americana, é respeitada e ouvida quer pela família rural quer pela família urbana, colhe amigos entre democratas e republicanos, o seu estatuto de estrela deixa-a perto da intelectualidade da América, até o escritor Cormac Mccarthy que não é propriamente fã de dar entrevistas já foi ao seu programa.
Até mesmo a alguns Europeus com aquele sentido aguçado de anti-americanismo terão dificuldade em atacá-la, Oprah é fenómeno até em Portugal, a exemplo disso há poucos meses num inquérito feito na minha turma sobre quais as personalidades que mais admirávamos, três alunas rapidamente enunciaram o nome de Oprah.
Barack sabe o capital deste apoio e não se cansará de o usar, sobretudo junto da comunidade negra onde, até há bem pouco tempo, a Sra. Clinton tinha maior popularidade do que o homem que pode vir a tornar-se no primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Merry Christmas Mr. President!



Este ano Bush e o seu canito, Barney, contaram com uma participação especial de um velho amigo para o vídeo de natal: Tony Blair, que este ano decidiu juntar-se às comemorações natalícias da família Bush.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Ainda falta um ano para o voltarmos a ver!


Foi a notícia de abertura do dia, foram hoje finalmente inauguradas as estações do Terreiro do Paço e de Santa Apolónia. A derrapagem financeira de mais de 100 milhões de euros e o facto de as obras terem sido uma odisseia de mais de dez anos foram os ingredientes perfeitos para fazer da inauguração um acontecimento político à altura. Mal ouvi a notícia de manhã automaticamente pensei que voltaria a ver ali, junto ao Tejo, o tão saudoso cais das colunas. Pensei, mas infelizmente pensei mal, pouco depois ouvia que afinal que o cais das colunas, que hoje está perdido num qualquer armazém do metro, só será reposto daqui a um ano.
Facilmente reconheço que nunca se previu que as obras do metro do Terreiro do Paço demorassem 10 anos, mas é inegável que para uma geração inteira o cais das colunas não faz parte das suas memórias de Lisboa. Quando foi dali retirado deveria ter os meus 7/8 anos, vagamente me lembro de ver o terreiro do paço com aquela que era uma das suas imagens de marca. Para o meu irmão, que tem poucos mais de 9 anos, o cais das colunas não significa rigorosamente nada, quando lá o repuserem será a primeira vez que ele o verá.
Mas repor o Cais das Colunas não faz com que o Terreiro do Paço se torne numa zona atractiva que hoje em dia não o é. Há poucos dias quando por lá passava, encontrei um Terreiro do Paço abandonado a si próprio. Este ano sem árvore de natal gigante que o abrilhante no Natal, e sem uma única iluminação, fruto da penúria da câmara, o Terreiro do Paço vive de dia do pessoal dos ministérios que por ele passa de passagem e dos turistas se põem em pose junto à estátua de D. José; à noite a praça torna-se um enorme deserto. O Terreiro do Paço tinha tudo para ser um lugar de excelência de Lisboa, a sua grandeza arquitectónica como um dos símbolos da reconstrução pombalina, o ser o ponto de encontro entre a baixa e o Tejo são mais do que pretextos para aproveitar todas as potencialidades deste local, e não o reduzir a um amontoado de gabinetes ministeriais. Numa altura em que se invoca tanto a necessidade de devolver o rio à cidade, para o fazer seria, sem dúvida, um bom principio devolver primeiro o Terreiro do Paço a Lisboa e aos Lisboetas.

Não posso deixar de saudar o arquivo fotográfico municipal que colocou debaixo das arcadas laterais da Praça do Comércio fantásticas fotografias da Lisboa do início do século XX.

O conflito esquecido no tempo


“A Primeira grande Guerra matou menos vitimas que a Segunda Guerra Mundial, destruiu menos edifícios, e matou milhões, em vez de dezenas de milhões – mas a muitos níveis deixou cicatrizes ainda mais profundas tanto na mente como na mapa da Europa. O Velho Mundo nunca recuperou do choque”

Edmond Taylor, in "The Fossil Monarchies"


Ao olhar para o passado, em particular para o seu século XX, os Portugueses têm a tentação de o reduzir ao Estado Novo e aos 48 anos de ditadura salazarista. Tal, contudo não faz mais do que contornar um período tão rico, quer ideologicamente quer historicamente como foi o período de 1900-1926. Esta época ficará inquestionavelmente marcada pela entrada de Portugal na 1º Guerra e se já de si é impressionante como, mesmo nas escolas, se passa ao lado do período da história de Portugal que procede o fascismo, é ainda mais assustador quando apenas se aborda ao de leve a participação Portuguesa na Grande Guerra. A memória mais presente da guerra colonial é provavelmente a melhor razão para justificara este facto, mas é sempre difícil de compreender este esquecimento, quando olhamos para o resto da Europa e constatámos como continuam a prestar homenagens aos soldados que pereceram no conflito 1914-1918. Basta olhar para os Ingleses quando a partir de Novembro adornam as suas lapelas de papoilas vermelhas, as mesmas papoilas que nasceram sobre as campas dos soldados na Flandres. E foi precisamente na flandres que os Portugueses lutaram e sofreram um dos maiores desaires militares de sempre na fatídica batalha de La Lys. Na sua participação no teatro Europeu, podemos mesmo considerar que a participação portuguesa foi um autêntico desastre, o CEP (Corpo Expedicionário Português) formado em 1917 foi incapaz de se bater contra o exército Alemão. Apesar de tudo isto, apesar das razões da entrada de Portugal no conflito serem ainda hoje muito discutidas, a verdade é que sem nacionalismos exacerbados, sem patriotismos recalcados, mas apenas e só com tributo pelos muitos milhares de portugueses que lutaram e morreram neste conflito, estes soldados devem ser lembrados.

Deixo-vos aqui a recomendação de um excelente site que descobri recentemente com excelentes artigos e fotos sobre a Grande Guerra.


Portugal o "Homem doente da Europa"


Este texto já está velhinho, mas não o resisto a colocar este artigo publicado no LA Times a 19 de Novembro. No mínimo, este artigo do jornal norte-americano, pinta um retrato negro do país, no fundo não vem dizer nada de novo, mas custa sempre ouvir as críticas quando estas vêem de fora. Portugal é chamado o homem doente da Europa, o país que foi incapaz de utilizar os fundos europeus para se modernizar e fazer face à concorrência das novas potências emergentes, entre muitos outros mimos. São duas páginas carregadas de um cenário muito crítico do que é o Portugal de hoje.
Pelos vistos nem os jogging constantes que Sócrates insite em fazer pelas capitais do mundo são capazes de nos limpar a imagem.

Ver artigo LA Times- versão integral


O charme de Sarko!



Quelqu'Un M'A Di, um dos maiores sucessos de carla bruni

Sarko volta a surpreender, depois de se mostrar muito desgosto aquando da oficialização do seu divórcio com Cecília Sarkozy, a rebelde e polémica primeira dama que prometia ser a nova Jacqueline Kennedy, o presidente francês foi visto com a deslumbrante Carla Bruni na Eurodisney de Paris, onde se deixaram fotografar alegremente.
Como fã da música de Bruni e da sua inquestionável beleza não lhe desejava tal sorte, mas não há duvida que a vida no Eliseu está muito mais animada, agora que o chato e pachorrento do Chirac abalou e deixou no lugar o imprevisível Nicolas Sarkozy.
Nicolas arrisca-se a ter arranjado uma outra mulher rebelde na sua vida, uma vez que Carla Bruni foi vista há poucos meses numa manifestação contra a lei de imigração criada por… Sarkozy.

Chaplin, o eterno mimo!



Trecho do filme The Kid, talvez um dos mais brilhantes de Chaplin

Dia 25 De Dezembro passam 30 anos sobre a morte de Charlie Chaplin. Sou um confesso amante dos filmes de Chaplin, desde cedo comecei a descobrir o fascínio do seu cinema quando de vez em quando fazia incursões nos VHS do meu pai. A figura do cómico vagabundo faz parte do meu imaginário de criança, mas hoje quando volto a ver os míticos filmes de Charlot, sinto verdadeiramente que com cada uma das suas fitas somos catapultados para o seu mundo em que o mestre Chaplin tanto nos dá espaço para rir, como para meditar e até comover com as bandas sonoras geniais que ele próprio compunha para cada uma das suas obra, ou com os momentos de cinema tocantes que ele criou.
The Kid ficará para sempre como o seu filme mais terno, em os Tempos Modernos Chaplin explora o seu lado de crítico e sarcástico acerca da sociedade Americana dos anos 20, com o Grande Ditador ficará para sempre o impressionante discurso que faz no final da fita, numa altura em que os fascismos se espalhavam como um rastilho na Europa.
Chaplin ficará recordado por tudo isto e por muito mais, mas será sempre o homem que nos anos 20, quando o cinema dava os primeiros passos, o soube elevar como uma arte maior dos nossos tempos. Por isso, para os que dormem pouco, ou simplesmente para os curiosos não deixem de ver a fantástica maratona que todas as noites de 2º a 6º passa na RTP2 e em que são relembrados cada uma das obras-primas de Charlie Chaplin.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Terra de Ninguém

Durante muito tempo pensei que a verdura da minha idade seria uma grande barreira à criação de um blog. Sempre me soou, no mínimo, presunçoso que um quase miúdo de 17 anos, se achasse no poder de uma opinião que merecesse ser partilhada desta forma. Preconceitos? Talvez, mas agora que estou oficialmente rendido ao mundo da blogosfera resta-me o desejo que alguns, com uma enorme paciência, dediquem algum do seu tempo a ler os posts que aqui irei deixando. Se tal não acontecer pelo menos terei um espaço onde expandir o prazer da escrita, o prazer de opinar sobre tudo aquilo que vai enchendo a espuma dos nossos dias.
Confesso que escolher este nome para o blog não foi fácil, provavelmente não será o mais original, nem o mais poético, nem sequer o que tenha um som mais harmonioso, mas à falta de maior fulgor de originalidade foi o que ficou, e arranjar este já custou! Pensei em muitos nomes, dos mais bizarros, aos mais foleiros, às maiores estupidezes que me poderiam passar pela cabeça, mas foi ao olhar para uma fotografia da Grande Guerra que este nome me saltou à cabeça. Tal como a Terra de Ninguém dos grandes conflitos, nem este blog, nem eu próprio, se irá entrincheirar em nenhum extremo de opinião, ou seja aqui não se irá marcar posições estáticas ou dogmáticas que reflictam a opinião de um dado grupo! Mas tal não significa que este seja um espaço morto, pelo contrário, é um blog livre para todas as opiniões e para todos os pensamentos, pois tal como nos grandes conflitos a Terra de Ninguém era o lugar onde os dois extremos combatiam, aqui será também o lugar onde os dois lados da opinião se poderão encontrar!