segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Quando tivermos de novo o Terreiro do Paço avisem




Depois do calvário de mais de uma década com obras do Metro, pouco tempo depois do cais das colunas voltar ao local do qual esteve, demasiado tempo afastado, as obras, surpresa das surpresas voltaram ao Terreiro do Paço. O motivo até parece justo, visto que pretendem construir umas condutas de esgotos, mas para qualquer Lisboeta começa a ser desesperante tanta obra, estaleiro e tapume numa zona nobre da cidade. Mais uma vez o Terreiro do Paço sempre adiado adiado! Já não surpreende!

Fotos via TSF online

Around the world: “Stand by me”


Na Semana Obama, um filme, também ele, inspirador, via Revisitar a Educação

Temos três eleições, mas que queremos delas?


Já sabemos e já estamos deparados com os primeiros sopros de campanha de 2009, um ano recheado de eleições. Mas em época de tão animado fluxo de sufrágios que esperamos nós da avalanche de votos que aí vem? que queremos nós filhos deste fadista país em ano eleitoral?
Relembremos as últimas eleições legislativas, um Santana que dizia adeus e o emergir do animal feroz Sócrates, electrizado pelo choque tecnológico, de ar empreendedor dado pelas Novas Fronteiras que revelaram, entre outros, Manuel Pinho (mal sabíamos que surpresas nos revelaria Pinho ). Era o Sócrates que diz que não aumentaria um imposto, pois não seria assim que se combateria o défice mas sim pelo reanimar da actividade económica, era o Sócrates do Referendo ao Tratado Constitucional Europeu, em suma o Sócrates das esperanças depois do país abandonado por Barroso e entregue a Santana. Soam a longínquos estes tempos não soam? Mas não são, passaram meros 4 anos, hoje as promessas dos impostos que não subiriam esfumaram-se, chegamos com uma economia de rastos a 2009, um país mas afundado na sua pobreza crónica, um Estado que não se reformou, um sistema de apoio e serviços sociais que não melhorou, a sustentabilidade da Segurança Social conseguida, resta saber daqui a alguns anos a que troco de quebra nas reformas e pensões. Quatro anos depois da ilusão que poderemos pedir agora? Sócrates apresenta uma moção que julga que com os casamentos gay chama alguma esquerda de novo ao PS, sendo um tema essencial e que podia estar há meses resolvido, não fosse a hipocrisia desacarada e cheia de lata do próprio primeiro-ministro. A verdade é que a esquerda à esquerda de Sócrates, que é muita e parece cada vez mais, não esquece ou dificilmente esquecerá até às legislativas a barafunda na Educação, o fecho de serviços de Saúde as reformas de um Sócrates autoritário.
4 anos depois que confiança podemos ter no programa que Sócrates levará agora a legislativas? Depois de 4 anos em que tudo o que era caminho em 2005 parece ter-se esfumado. Em tempos de crise em que o horizonte é nublado será mais interessante que nunca saber que cambalhotas darão as campanhas de Sócrates e Ferreira Leite para arranjaram as promessas da praxe, numas eleições que ocorrem em tempos que em tudo fogem aquilo que é da praxe, em aperto financeiro, em restrição económica que poderá Sócrates, o homem dos últimos 4 anos trazer a um país por ele próprio desalentado? Que poderá trazer Ferreira Leite, alguém que há mais de 20 anos gravita em torno do poder? Um e outro são gastos, vazios, ideologicamente ocos, em tempos em que ideias definidas eram mais precisas que nunca. Pelo meio um bloco que cresce e se consolida, e um Portas a espreitar ao Centro, com uma oposição aguerrida, mas que passadas eleições não se coibirá, decerto, a dar a mão parlamentar ao PS.
E entre jogos e campanhas eleitorais de governo central, eleições europeias, e autarquias, que querem os Portugueses? Chegámos ao fundo do desalento, da falta de acreditar em palavras e rumos infinitamente prometidos e que não sabemos mais onde nos levará, depois de dez anos de crise interna somos brindados com a crise internacional, nós e todos o mundo. É politicamente correcto ser-se optimista, mas a época convida mais a um pessimismo politicamente incorrecto de um país que encravou sem data marcada para arrancar de novo.


PS: É um texto com muitas perguntas, eu sei, fruto da estação, que este ano deu mais perguntas que respostas ao que aí vem.

domingo, 25 de janeiro de 2009

O ano Horribilis

Está aberto desde o início do ano o concurso para quem consegue caracterizar com a melhor frase o dantesco ano que parece que este vai ser, até agora confesso que gosto especialmente do “Cabo das tormentas” de Sócrates. O nome pode ser epopeico, mas a epopeia de hoje parece ser aguentar todo um pais que pode ver uma sua grande fatia afundar-se no desemprego (especialmente em desemprego de muitos que são novos para se reformar e velhos demais para um mercado de trabalho em crise), e assim na miséria daqueles que não aguentarão as despesas e encargos de um dia a dia que não saberão gerir.
A reportagem da revista do DN do passado fim-de-semana é absolutamente assustadora, como afirma Isabel Jonet, responsável do Banco Alimentar contra a Fome, nessa mesma reportagem, Portugal apresenta cada vez sinais não de “atraso, mas de subdesenvolvimento”, os números que por ela são apresentadas são um reflexo que nenhuma estatística pode escamotear ou esconder a realidade de facto. Num ano o Banco Alimentar contra fome passou do apoio a 200 mil famílias para as 250 mil, muitas instituições de solidariedade ameaçam a ruptura completa, agora que a mão antes amiga das empresas começa a escorregar puxadas pelas contabilidade rígida de empresas, elas próprias perante uma crise que não entendem e para a qual não estavam preparadas.
O cenário que nos desenham instituições internacionais promete-nos uma crise até 2010/2011, até lá que fazer a esta massa de muitos que à pobreza chegam? A verdade é que o Estado terá irremediavelmente que os apoiar, para não mergulharmos num período social ainda mais complicado. Mas pensemos no pós-crise, quando a recessão começar, levemente, a passar, nessa altura estaremos de novo, muito provavelmente, com um alto défice, entretanto lá avançaram umas tantas obras que podem endividar ainda mais o Estado e resta perguntar se nessa altura voltamos à estaca zero? Ou seja parece que nessa altura poderemos estar confinados, de novo, ao discurso do défice alto, do apertar do cinto e do novo toque para reorganizar as constas públicas. Será que temos que estar sempre presos neste ciclo sem fim?

Uma historia muito Queirosiana!

Imaginar as histórias rocambolescas da política do Conde D´Abranhos de Eça ou pensar no mais recente episódio de Sócrates e sua família leva-nos a pensar que o país pode não ter mudado assim tanto nos no último século. Tudo está longe de se confirmar, e se de facto tal vier a verificar-se é o caso mais grave a envolver Sócrates, mais que a duvidosa licenciatura ou os mamarrachos que assinou durante os seus tempos na câmara, mas se tal vier a acontecer, faz-nos lembrar que ser amigo do cunhado, do irmão do tio de fulano ou sicrano continua a ser posto, poleiro de onde se pode pedir uns favores de ego inchado por ser qualquer coisa ao senhor ministro!
Como pouco mudou desde os romances queirosianos em que amigos e família se rodeavam do senhor ministro Abranhos em troca de um qualquer favor.
Sócrates ao fim deste terceiro caso será provavelmente ele próprio o melhor retrato de um certo país, longe da imagem de modernidade que lá tenta passar: a licenciatura que lhe calhou caída do céu, os projectos do mal ordenado Portugal do interior e agora o possível favorzinho ao tio.
O que vale é que Eça tinha sempre aquela palavra que assenta sempre como uma luva nestas ocasiões: choldra, de interesses, de favores, do pequeno conhecimento e contacto que sempre nos caracterizou.
O Caso Freeport pode dar em muito ou não dar em coisa nenhuma, mas pelo menos três grandes perguntas ainda estão a milhas de serem explicadas: 1: Qual a lógica de aprovar um projecto como o Freeport à porta de eleições? ; 2: Como é que Sócrates pode não se lembrar se a reunião foi ou não marcada a pedido do tio, era algo assim tão normal ou o então ministro desvalorizou um projecto desta dimensão?; 3: Que tipo de aprovação e em que condições esse mesmo aval foi dado ao projecto?
E tudo pode de facto nada ser e Sócrates sair sem qualquer culpa, que na realidade pode não ter tido em todo este caso, até lá a sua imagem vai-se desgastando, num ano em que ele próprio e o país nada têm a ganhar com isso.

sábado, 24 de janeiro de 2009

Não congelei em 2008, mas bem me apetecia tê-lo feito.

Não, não desapareci, nem renunciei às lides blogueiras, apenas deixei-me noutros afazeres desde o Natal, deixando assim o blog ainda preso ao ano antigo, talvez uma reacção freudiana qualquer desejando saltar por cima de 2009, em que navegar à vista e temer o desconhecido parecem ser as tónicas daquilo que pouco mais podemos fazer mergulhados no pessimismo crónico e justificado do país e do mundo.
Mas agora que descongelei e voltei aqui a aterrar, já 2009, espero eu que três eleições, o primeiro ano de Obama e a crise económica que por cá irá ficar alimentem muitos posts do Terra de Ninguém.