quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

As novas pontas do lápis azul


Na edição de hoje da Visão fica-se a conhecer quem é Rui Pedro Soares, o exemplo máximo de boysismo descarado. O exemplo do partidarismo mais puro e intrínseco metido fundo nas empresas das quais o Estado devia estar sempre separado. Rui Pedro Soares é o caso típico do menino de jota que aparentemente apanha o seu balão e vai subindo na hierarquia, até ao topo, onde hoje está. Para alguém que nos tempos da JS dizia que sonhava com um PS bem mais à esquerda e até imprimia t-shirts com a cara de Che Guevara, os 2 milhões e duzentos mil euros que hoje em dia ganha na PT fizeram o seu esquerdismo ir pelo canudo, e ao que parece hoje este militante socialista, que como Vara, soube construir o seu carreirismo, mostrou a enorme argolada política que acabou de pregar com toda a força ao seu próprio partido com a providência cautelar. Uma providência cautelar que um Tribunal Português, que costuma ser tão lento, desta vez foi tão expedito em diferir. Fique claro nada disto reduz os direitos de Rui Pedro Soares, nada disto lhe tira o direito absoluto de colocar providências cautelares a quem rigorosamente quiser. Haver a exposição de escutas privadas é sempre indigno, a vida pessoal de cada um jamais deve ser escancarada e aberta como se fosse um palco aberto para todos os que o quiserem espreitar.
Mas o direito existente nem sempre coincide com a necessidade de esclarecer aquilo que pode pôr manifestamente em causa pilares da democracia, ainda para mais quando amanhã poderão estar no Sol questões não só de interesse público, mas questões de garantia de direitos essenciais de um Estado Democrático que Rui Pedro Soares parece ter querido atropelar! Não há Estado de direito sem liberdade de imprensa, e esse é um valor acima de tudo. O plano jurídico e criminal não anula o plano político sobre o qual as escutas podem e devem ser comentadas e analisadas e nada disto estaria a acontecer se não houvesse verdadeiramente uma suspeição e se Sócrates e o PS já tivessem dado explicações credíveis, o que não é o caso.
É verdade que estamos a comentar escutas e a sua publicação ou não deixa-nos na corda bamba entre o que é ou não interesse público, mas uma providência cautelar a poucas horas do Sol sair é tudo menos normal, é absolutamente estranho. Tudo isto não deixa adivinhar nada de bom, mas acima de tudo deixa-nos com a sensação que este pode bem ser o definhar político acelerado de Sócrates.
Para já esperemos o que o Sol escreve amanhã...

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