quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

De olho nos malandros!

Até hoje conhecia o deputado Strecht Ribeiro por umas tantas intervenções que costumava fazer no final dos debates quinzenais nas quais se especializava em enviar umas tantas piadolas para as bancadas à esquerda e à direita, gastando assim o tempo de um PS que também não tinha muito para dizer. Estamos assim perante um deputado da nação que é acima de tudo um piadético, e que nos acabou de brindar com aquilo que não é mais do que um alto momento de comicidade. O nosso respeitável eleito reconheceu em cada um dos 10 milhões de portugueses pinta de inspectores de finanças e acha que a coscuvilhice deve passar a ser um atributo de glorificação nacional. Ou seja querem passar para nós o trabalho que compete a um Estado de quem se espera competência na hora de cobrar impostos. Vejamos o esquema de pensamento por detrás desta delirante proposta. Em primeiro lugar pressupõe-se que passamos nós a vida a espremer os gastos e património daqueles que nos rodeiam e que a nossa actividade favorita passa por ver a marca do carro do vizinho, o local onde gosta de ir passar férias, o restaurante onde vai com a família, se usa ou não sapatos prada, se fuma dos melhores charutos, se tem ou não cartão de platina! Depois de fazer esta análise o ilustríssimo deputado sugere-nos que nós, de olho no potencial malandro, liguemos a internet e vejamos a declaração de impostos do dito cujo, investigando se tanto luxo, ou a falta dele, são merecidos ou não. Citando Ricardo Araújo Pereira no Governo Sombra da TSF do último Sábado, depois do IPOD e agora do IPAD em Portugal o que venderia mesmo era o IPID(e).
Desde logo inverte os papéis completos num Estado que não seja a Venezuela, onde decerto os deputados do PS se foram inspirar. Antes de ser a administração fiscal a trabalhar para os cidadãos na cobrança de impostos, somos nós que devemos andar à procura desses supostos vigaristas. Em segundo lugar mostra um ambiente de espionagem social que a proposta traria que não é só inaceitável como é digno de uma estupidez impossível de explicar. Por último não seria difícil imaginar uns quantos a lançar boatos e acusações infundadas sobre alguém que possivelmente em nada de mal incorreu, naquelas vingançazinhas mesquinhas, que como é óbvio existiriam.
Strecht Ribeiro é por isso e acima de tudo um apologista do mais básico voyeurismo fiscal. É pena que tenha votado contra o fim do sigilo bancário ao qual só teria acesso a administração fiscal, porque como é manifesto é muito mais racional ser todo o país a espiar-se a si próprio. Neste quadro parlamentar custa-me a acreditar que seja a oposição que não deixa o PS governar ou se é o próprio PS que não se deixa governar a si próprio!

Registe-se os três camaradas peregrinos em fiscalidade: Strecht Ribeiro, Afonso Candal e Mota Andrade

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