sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Aterrados do planeta Sócrates

Vieira da Silva e Teixeira dos Santos mostraram ambos que sofriam até hoje de um mal que contaminou todo o PS nos últimos tempos: Socratice aguda. Só isso pode justificar o embasbacado ar com que durante a manhã vieram a correr comentar os números que hoje se conheceram acerca da economia portuguesa. Sendo mais negativos do que o de facto era previsto Sócrates e o Governo habitaram durante demasiado tempo a estratosfera do optimismo, do país que queriam em ano eleitoral e não do país que em ano eleitoral vão ter. A economia mais forte, as finanças públicas em ordem são agora areia entre as palavras de confiança de um Sócrates que não sabe para onde se virar perante os planos de governação alterados.
Hoje Cavaco deu a tónica no ponto certo, obviamente precisamos de uma resposta à crise mas que futuro e factura para as próximas gerações? O facto é que para atacar a crise referem-se vários investimentos, sem nada definir disparando o nosos tão flamigerado défice. Obviamente que medidas sociais são mais que essenciais para um país que vai precisar delas como de pão para a boca nos próximos largos tempos, mas daqui a alguns anos (seria um delírio dizer quantos) e a crise internacional tiver passado e ainda tivermos a nossa eterna crise estrutural para resolver voltamos ao discurso do défice a 3%? Ou seja como já aqui disse olhando para o longo prazo Portugal parece amarrado a um ciclo do qual não se consegue livrar, uma economia mal estruturada, acompanhada de contas públicas fora de ordem ocuparam-nos durante quase 10 anos, depois chegou a crise internacional e quando passar a crise lá estaremos nós todos outra vez no discurso anti-défice, com os problemas estruturais de sempre. Por isso interessa saber muito bem qual a factura a deixar para uma geração que decerto não quer repetir os amargos de boca e o peso de herdar contas públicas de novo desorganizadas.
Mas falar das gerações que depois desta virão é mais profundo do que falar apenas de contas públicas. Como parte de uma geração mais nova, receio, temo que a organização social do Portugal que aos da minha geração será entregue seja bem pior que aquela que a geração que me precedeu recebeu. Num país onde estupidamente se tentam dividir os políticos entre optimistas e pessimistas talvez haja por aí um qualquer que seja acima de tudo um realista que pense no Portugal que à minha geração e às gerações mais novas será deixado, não falo da consolidação do regime democrático, ou da garantia das liberdades individuais que essas felizmente estão garantidas, mas falo isso sim, do país que não conseguiram tornar mais igual, mais justo e mais próspero. Porque cada geração tem acima de tudo a responsabilidade de deixar à geração seguinte um país melhor que aquele que recebeu, e é bom perguntar se tal está a ser feito.

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