domingo, 1 de fevereiro de 2009

Um caso como a roupa de outlet, com defeitos a mais




A semana não deu mais nada, o Freeport tornou-se o porto das tormentas para Sócrates, Mas a crise que nos vai congelar o crescimento nos próximos tempos está ela própria congelada politicamente, fruto do descongelamento do caso que tem entalado Sócrates de dia para dia. O facto é que a teoria da cabala, da perseguição, ou das “forças ocultas” (não sabia que tínhamos um primeiro-ministro tão esotérico) não ajuda em nada a resolução do caso e antes de fazer discursos de mostrar as garras e os dentes Sócrates devia-se empenhar já e rápido a esclarecer tudo o que há para esclarecer com factos concretos. Não o fazendo deixa tal tarefa para a investigação, tarefa essa que se pode arrastar demasiado no tempo e estender-se para lá das eleições.
Entre tantos soudbytes Sócrates ainda não explicou as questões essnciais: o porquê da ZPE ter sido mudada quase a régua e esquadro para lá entrar o Freeport? Como se aprova um projecto destes à porta de eleições? Quantas reuniões houveram de facto e em que circunstâncias? ( e tenham paciência mas a teoria de Sócrates do esquecimento apenas aumenta a neblina em torno disto tudo) e por fim sabendo pelo tio de uma alegada tentativa de extorsão em troca da aprovação do projecto porquê que o então ministro não enviou o caso para a procuradoria?
Sócrates de nada é culpado e de nada foi acusado, mas perante um caso que já é tanto político como judicial o primeiro-ministro não pode dar aquele tipo de respostas. Em primeiro lugar se existem as tais “forças ocultas” quem são elas? A polícia inglesa que supostamente o aponta como suspeito numa dada carta rogatória? Bem se as “forças ocultas” de Sócrates são essas então estamos perante uma acusação gravíssima de um chefe de governo de um país à polícia de um outro país. Se por sua vez as “forças ocultas” de Sócrates são os jornalistas, o primeiro-ministro então ainda não apreendeu, desde o caso da licenciatura, o que é jornalismo e deve continuar ingenuamente à espera que perante um caso destes a comunicação social fique de braços cruzados, o que não aconteceria nem aqui nem em outro lugar qualquer do mundo. Por isso resta a Sócrates uma de duas, ou antes do caso se adensar num clima insuportável (que já existe) esclarece tudo para já ou deixa o caso arrastar-se e aí ficamos embebidos nisto tudo até às eleições legislativas, isto para não falar das Europeias daqui a pouco mais de 4 meses de distância e que podem já levar o caso Freeport a reboque.

Portugal precisa cada vez mais de umas sessões de divã, entre as dores agudas da crise e os esgotamentos nervosos causados por processos judiciais mediáticos e intermináveis, recomenda-se ao país o consumo urgente de uns fortes anti-depressivos.

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