quarta-feira, 2 de julho de 2008

E Sócrates falou.

Não vi a entrevista de Sócrates, confesso a fuga do sofá, involuntária, quando o nosso primeiro-ministro falava à nação. Mas já ouvi uma série de trechos e Sócrates ia com objectivos bem medidos para a entrevista. Desde logo baixar expectativas, ou seja face ao quadro baixar os horizontes e perspectivas do governo, deixando claro que tanto ele como o PS já entenderam bem que o planeado caminho de glória até às eleições será tudo menos verdade e que daqui até às legislativas a situação económica estará longe de ser brilhante.
Mas 2009 está a bater à porta e notou-se bem e Sócrates trouxe duas propostas inteligentes. Primeiro as deduções fiscais com os encargos da casa para os mais pobres e ainda a intervenção sobre o IMI. Aqui, sem dúvida, o Menino de Ouro do PS acertou o alvo, atingindo a maior despesa de muitas famílias com dívidas até á pontas unhas: a casa e escolheu o imposto que mais formigueiro causa a muitos portugueses: o IMI, excessivamente alto e que continua a ser o prato favorito para a alimentação das autarquias.
Depois Ferreira Leite, Sócrates entranhou bem que Ferreira Leite é suficientemente inteligente para espicaçar o seu eleitorado, mas hoje ele mostrou como a nova líder do PSD vai ter que ser altamente treinada para conseguir passar ideias em debates e entrevistas, em que deixa algumas coisas ditas, mas acaba por perder-se. Pouco arrisca e pouco concretiza.
Mas Sócrates deixou umas quantas frases onde se denota bem o que ainda pensa que deve estimular o desenvolvimento do país. Os investimentos públicos são assim na sua visão despertadores para a economia do país e que mostram que o governo “não desistiu do país”. Mas apetece perguntar não desistir do país é ir fazer estradas? é construir um aeroporto? É avançar de cabeça para o TGV? Isto é que é investir no país? isto é verdadeiramente pensar num Portugal Sustentado? No fundo é a visão de sempre, que o país só sabe crescer, só sabe renascer das cinzas se há sua frente aparecer a cenoura das obras públicas, que alimentam as empresas por um tempo, criam uns postos de trabalho que depois se esgotam e deixam o país com as facturas para pagar. Alguns dos investimentos até podem ser racionais, mas duvido que todos consigam resolver os dramas e a miséria que vai definhando o país. Custa a crer que seja com obras públicas que daqui a 20 anos o país deixe de ser o mais desigual da União, tem que haver, só pode haver outros e diferentes horizontes em que gastar o nosso parco dinheiro, isto se não quisermos repetir e ter os mesmos debates e a mesmas preocupações daqui a uns anos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Só fast-food. Mesmo os impostos municipais e os benefícios fiscais de crédito a habitação é atirar ideias para o ar para depois descontar uns tostões ao povo palerma. Continuem a fazer o que fazem na educação e em breve terão um exercito de idiotas para votarem no partido.
Talvez seja a altura de extremar posições e dizer a boca cheira aquilo que todos estão fartos de saber: nem Sócrates nem Manuela. É preciso alguém que, ao menos não minta.