Sou um alfacinha confesso, que adora deambular entre o Chiado e baixa, que gosta dos encantos de subir aos castelo e que não se cansa de andar por muitas das ruas da cidade.
Ontem não pude deixar de me colar à televisão enquanto via arder dois prédios da Avenida da Liberdade alimentando durante muito tempo, o medo de ver ali retratado o Chiado incendiado que apenas conservo no imaginário, alimentado pelos relatos daqueles mais velhos que assistiram ao acontecimento que marcou a vida da capital no final dos anos 80.
Mas por muito que goste da baixa, difícil não será reconhecer que a cidade está velha, suja e maltratada, com pequenos barris de pólvora que se vão enchendo. Há dias passando numa das paralelas à rua Augusta de um lado e doutro dois armazéns abertos nas caves dos velhos prédios pombalinos. Discretamente olhei e de fora apercebi-me que lá dentro se acumulavam um número incontável de bocados de madeira e trapos velhos acumulados e que seriam o alimento perfeito para qualquer fogo que ali queira parecer.
A cidade cheira mal, a baixa invadiu-se de lojas dos trezentos, pouco mais que a rua Augusta sobrevive (até a mítica Loja das Meias se foi embora), na Praça da Figueira quem olha para os prédios que a rodeiam encontra telhados podres, lascados pela passagem dos anos e que há muito deviam ter sido mudados. A reabilitação urbana é mentira, há anos que vários prédios ostentam umas faixas com grandes parangonas prometendo a sua recuperação e até agora nada. Basta andar pela Fontes Pereira de Melo, com dois edifícios mais que velhos e degradados, ambos tapados ou por anúncios do BES ou pela publicidade da Câmara dos tempos de Santana. Em Lisboa os problemas não se resolvem, tapam-se, escondem-se para não mostrar aos turistas as vergonhas da capital.
Não vale a pena voltar a aqui a fazer um cardápio dos problemas de Lisboa, a metáfora do que é a capital estava ontem naquele incêndio, prédios velhos, esquecidos à sorte do tempo; velhos e idosos, os resistentes do centro da cidade, evacuados à pressa, numa cidade que ontem se encheu das luzes brilhantes das sirenes, a contrastar com o deserto habitual que Lisboa é à noite, onde nada se vê e a cidade morre.
Os que gostam de Lisboa, esperam que um dia não tenham mais que temer aquilo que ontem recearam: que uma parte de Lisboa se esfumasse pelo fogo. Talvez assim algo fosse feito, porque por agora nada é mudado!
Ontem não pude deixar de me colar à televisão enquanto via arder dois prédios da Avenida da Liberdade alimentando durante muito tempo, o medo de ver ali retratado o Chiado incendiado que apenas conservo no imaginário, alimentado pelos relatos daqueles mais velhos que assistiram ao acontecimento que marcou a vida da capital no final dos anos 80.
Mas por muito que goste da baixa, difícil não será reconhecer que a cidade está velha, suja e maltratada, com pequenos barris de pólvora que se vão enchendo. Há dias passando numa das paralelas à rua Augusta de um lado e doutro dois armazéns abertos nas caves dos velhos prédios pombalinos. Discretamente olhei e de fora apercebi-me que lá dentro se acumulavam um número incontável de bocados de madeira e trapos velhos acumulados e que seriam o alimento perfeito para qualquer fogo que ali queira parecer.
A cidade cheira mal, a baixa invadiu-se de lojas dos trezentos, pouco mais que a rua Augusta sobrevive (até a mítica Loja das Meias se foi embora), na Praça da Figueira quem olha para os prédios que a rodeiam encontra telhados podres, lascados pela passagem dos anos e que há muito deviam ter sido mudados. A reabilitação urbana é mentira, há anos que vários prédios ostentam umas faixas com grandes parangonas prometendo a sua recuperação e até agora nada. Basta andar pela Fontes Pereira de Melo, com dois edifícios mais que velhos e degradados, ambos tapados ou por anúncios do BES ou pela publicidade da Câmara dos tempos de Santana. Em Lisboa os problemas não se resolvem, tapam-se, escondem-se para não mostrar aos turistas as vergonhas da capital.
Não vale a pena voltar a aqui a fazer um cardápio dos problemas de Lisboa, a metáfora do que é a capital estava ontem naquele incêndio, prédios velhos, esquecidos à sorte do tempo; velhos e idosos, os resistentes do centro da cidade, evacuados à pressa, numa cidade que ontem se encheu das luzes brilhantes das sirenes, a contrastar com o deserto habitual que Lisboa é à noite, onde nada se vê e a cidade morre.
Os que gostam de Lisboa, esperam que um dia não tenham mais que temer aquilo que ontem recearam: que uma parte de Lisboa se esfumasse pelo fogo. Talvez assim algo fosse feito, porque por agora nada é mudado!
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