Costuma dizer-se que se numa crise o problema é bater no fundo, que o façamos o mais rapidamente possível, pois também mais rapidamente poderemos começar a recuperar. Durante os últimos anos já vários foram os supostos momentos em que batemos no fundo, já foram várias a retomas anunciadas, Santana (eterna saudade!) até anunciou o fim da crise e Sócrates teria feito o mesmo se não lhe tivessem trocado as voltas. Das duas uma ou já batemos várias vezes no fundo e cada vez que o fazemos vamos cada vez mais abaixo, ou ainda não chegámos ao momento do verdadeiro choque, não sabendo, e talvez o mal esteja exactamente aqui, o mínimo cenário de quando poderá acontecer.
As ilusões dos portugueses parecem como uma luz que nos últimos anos foi enfraquecendo, uma luz que perdeu a luminosidade quando Guterres, em nome do pântano, que afinal sempre veio, com ou sem ele, bateu com a porta. Barroso foi o choque da tanga e a partida e malas feitas à pressa para Bruxelas, Santana foi o nosso divertimento, uma espécie de intervalo da crise que deu par soltar umas gargalhadas políticas únicas e chegou Sócrates. E não neguemos em 2005, o país levou uma injecção de optimismo, de esperança, chamemos-lhe mesmo de algum horizonte. Em Fevereiro de 2005 levamos um abanão com o desejo que alguma coisa mudasse.
Ilusões? Provavelmente, são típicas de qualquer eleição, hoje três anos depois andamos com o sentimento que chegámos todos ao fim a linha. Quando Barroso anunciou a crise, a folga por onde agir ainda era grande, a folga foi desaparecendo à medida que a crise foi ficando, e atingimos o ponto de saturação, já esticamos e resticamos os bolsos. Mais impostos seria suicidário, funcionários públicos não são aumentados a par da inflação há longos anos, o Estado quer fazer investimento, mas desconfiamos que pouco dinheiro tem, mas por outro lado o investimento privado não mexe um milímetro que seja e o consumo já não é mais o motor para crescimento económico.
Este é ainda o país onde sem Estado nada avança, ficando tudo eternamente à espera que os bolsos públicos se abram.
As previsões de hoje do Banco de Portugal matam as previsões optimistas para os próximos tempos. Resta saber: quanto tempo mais teremos que esperar?
quarta-feira, 16 de julho de 2008
O fim das ilusões
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