sábado, 18 de outubro de 2008

A semana da espera

Lides académicas deixaram-me, infelizmente, mais afastado do que desejava do Terra de Ninguém. Isto na semana em que ficámos pendurados à espera de uma economia que por cada sopro que dava nos deixava impacientes, indecisos, desdobrando líderes políticos em reuniões sem fim.
Depois da aprovação do plano Paulson, da redução da taxa de juro na Europa e da aprovação de múltiplos planos de resgate ou injecção financeira, tudo em suspenso à espera de qual a reacção dos mercados a tanto de esforço para impedir a economia mundial de entrar em recessão e mantê-la à tona de água.
Viemos uma semana de mercados que ora um dia sobem ora um dia descem, deixando a indefinição a pairar, os medos de recessão nos Estados Unidos, aumentando o clima de desconfiança.
A crise que afunda bancos e torna os Estados heróis de salvação das donzelas financeiras do mercado tornou-se inesperadamente na melhor das amigas de Sócrates, que arranjou a razão perfeita para nela descarregar todos os seus erros.
Se a estagnação vier a culpa será de quem? Da crise internacional. Os erros de governação? Da crise internacional. A abertura da despesa que Sócrates poderia querer em ano eleitoral garantiu a desculpa para o fazer. Os funcionários públicos serão aumentados acima da inflação (prevista, diga-se, sendo que o Estado, que supostamente deveria ser fidedigno nas suas projecções mantém a eterna falta de pudor e de honestidade intelectual de não calcular a verdadeira inflação). O estranho é que para um défice igual, num orçamento em ano que enfrenta crise o governo aumenta mais os salários da função pública, curioso, ou melhor oportunismo de onda de maratona eleitoral.
Sócrates passou a ser aos seus próprios olhos a garantia de levar o país entre os mercados em mutação, o discurso de dramatização pode mesmo dar uma relevante vitória eleitoral ao PS. E Ferreira Leite já o entendeu, pois surpreendentemente, até tem ideias sobre o orçamento, confesso o meu espasmo

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