sábado, 22 de dezembro de 2007

Desigualdades crónicas!


Cartoon roubado ao "oceano das palavras"

E já é Dezembro outra vez, sinónimo de Natal, compras, stress, multidões acotoveladas em centros comerciais de saco de compras em riste. É o país na sua fúria consumista na correria pelo presente perfeito. É também a altura das milhentas campanhas de solidariedade, muitas delas na melhor das intenções, tentam atenuar algumas das dificuldades das franjas mais pobres do país. Ao fim de 33 anos do 25 de Abril e ao fim de 21 anos na União Europeia poderíamos pensar que, no mínimo, estas franjas de pobreza deveriam ser residuais. Mas não o são, recentemente tive que consultar dados estatísticos e económicos acerca das desigualdades na união europeia, obviamente que não esperava resultados brilhantes do lado português, mas Portugal conseguiu chocar-me num indicador social em especial: somos um dos países com maiores desigualdades na repartição de rendimentos. Em 2005 Portugal foi o país mais desigual da União Europeia, e com os resultados já disponíveis de 2006, somos o segundo mais desigual, só apenas ultrapassados pela Letónia. Este resultado é talvez o símbolo maior dos falhanços dos últimos anos, desde que entrámos na união europeia crescemos economicamente e socialmente, mas não nos tornámos mais coesos a nível social. O que é que tudo isto significa? Significa que todo este crescimento não foi capaz de eliminar o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, os mais ricos continuaram a sê-lo, os mais pobres foram-se afundando ainda mais na pirâmide social, as classes médias vão-se esfumando aos poucos. Calcula-se que em Portugal os 20% mais ricos tenham rendimentos, em média 8 a 9 vezes superiores do que os 20% mais pobres, o nosso rácio de desigualdades é cerca do dobro da média da união europeia a 25. O facto é que as páginas e páginas de políticas sociais feitas nos últimos anos tiveram resultados escassos, Portugal tem cerca de 2 milhões de pobres, na antiga Europa a 15, o nosso salário médio é de 645€, em Espanha, um pais que entrou, no mesmo momento, que nós na união o salário médio é de 1208€. Sabendo todos estes dados, que para muitos não passarão de números, não deixará de ser, no mínimo delirante, quando os patrões entram num alvoroço histérico ao saber que o ordenado mínimo aumentará para o alucinante valor de: 426€. De vez em quando também faz bem pensar em tudo isto tudo pelo natal!

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