Benazir Bhutto morreu ontem em Rawalpindi, no Paquistão , o clã Bhutto vê assim perder um dos seus mais carismáticos membros, o Paquistão perde uma das mais influentes personalidades políticas dos últimos anos, os paquistaneses perdem mais uma vez um horizonte de democratização e o mundo perde a chance de ver o país estabilizado e capaz de cooperar na luta anti-terrorista. Com a morte de Bhutto perde-se também o horizonte para os moderados paquistaneses que se agregavam em torno do seu partido o PPP, mas agora sem a mulher que era a face e o cérebro do partido a força da oposição perdeu-se, não tendo um líder carismático para a substituir. Nem mesmo essa solução poderá vir de dentro da família Bhutto, as filhas de Benazir ainda são muito novas para ocupar qualquer tipo de cargo. Bhutto teve um percurso extraordinário para uma mulher num país muçulmano, filha de um ex-primeiro ministro executado nos anos 70, foi primeira-ministra por duas vezes, uma delas com apenas 35 anos, esteve presa, exilada, as sucessivas acusações de corrupção imputadas a ela e ao marido destronaram os seu dois governos e tornaram-na uma personagem amada e odiada. Foi o seu passado e o seu projecto para o país (as declarações feitas nos últimos meses em que mais uma vez apresentava uma agenda liberal, um programa de combate às forças terroristas talibãs, que nos últimos anos usam o Paquistão com base para as sua acções) que a tornaram ainda mais um alvo para os extremistas. As afirmações recentes de que permitiria a colaboração de forças militares norte-americanas para vigiar e controlar a passagem de terroristas do território afegão par o paquistanês foi a razão que faltava para os extremistas desejarem a sua morte, e foi o que concretizaram ontem com o apoio quer seja moral como material da al-qaeda. Resta saber que será do Paquistão. Perdido numa instabilidade política, como ontem ouvi parece que o país está destinado a um ciclo interminável a que uma abertura democrática segue-se a violência e para a controlar segue-se um período de ditadura. Mas quem vai controlar o Paquistão? Musharrav cria-se eternizar no poder mas não é uma figura popular e não consegue ser respeitado mesmo dentro de alguns órgãos do poder paquistanês. Mal se soube da morte de Bhutto o país caiu sobre um caos que só o futuro pode delinear o fim. Mas um Paquistão instável vem ainda descontrolar mais o caldeirão que é o Médio Oriente, ainda para mais quando este é um país essencial para as actividades terroristas no Afeganistão, tem um conflito por resolver com a Índia na província de Caxemira e é ainda detentor de um enorme arsenal nuclear. Olhando hoje para aquele canto do Mundo vemos um Médio Oriente com um conflito Israelo-Palestiniano sem qualquer fim à vista, o Líbano a recuperar da guerra do Verão de 2006, o Afeganistão ainda no seu interior com inúmeras bases talibã e terroristas por neutralizar, o Iraque no estado por todos conhecido e agora o Paquistão mergulhado numa enorme crise política. Bhutto podia ajudar a pacificar aquele canto do mundo, agora a sua morte deixa um rasto ainda mais caótico para trás.
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