quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Ainda falta um ano para o voltarmos a ver!


Foi a notícia de abertura do dia, foram hoje finalmente inauguradas as estações do Terreiro do Paço e de Santa Apolónia. A derrapagem financeira de mais de 100 milhões de euros e o facto de as obras terem sido uma odisseia de mais de dez anos foram os ingredientes perfeitos para fazer da inauguração um acontecimento político à altura. Mal ouvi a notícia de manhã automaticamente pensei que voltaria a ver ali, junto ao Tejo, o tão saudoso cais das colunas. Pensei, mas infelizmente pensei mal, pouco depois ouvia que afinal que o cais das colunas, que hoje está perdido num qualquer armazém do metro, só será reposto daqui a um ano.
Facilmente reconheço que nunca se previu que as obras do metro do Terreiro do Paço demorassem 10 anos, mas é inegável que para uma geração inteira o cais das colunas não faz parte das suas memórias de Lisboa. Quando foi dali retirado deveria ter os meus 7/8 anos, vagamente me lembro de ver o terreiro do paço com aquela que era uma das suas imagens de marca. Para o meu irmão, que tem poucos mais de 9 anos, o cais das colunas não significa rigorosamente nada, quando lá o repuserem será a primeira vez que ele o verá.
Mas repor o Cais das Colunas não faz com que o Terreiro do Paço se torne numa zona atractiva que hoje em dia não o é. Há poucos dias quando por lá passava, encontrei um Terreiro do Paço abandonado a si próprio. Este ano sem árvore de natal gigante que o abrilhante no Natal, e sem uma única iluminação, fruto da penúria da câmara, o Terreiro do Paço vive de dia do pessoal dos ministérios que por ele passa de passagem e dos turistas se põem em pose junto à estátua de D. José; à noite a praça torna-se um enorme deserto. O Terreiro do Paço tinha tudo para ser um lugar de excelência de Lisboa, a sua grandeza arquitectónica como um dos símbolos da reconstrução pombalina, o ser o ponto de encontro entre a baixa e o Tejo são mais do que pretextos para aproveitar todas as potencialidades deste local, e não o reduzir a um amontoado de gabinetes ministeriais. Numa altura em que se invoca tanto a necessidade de devolver o rio à cidade, para o fazer seria, sem dúvida, um bom principio devolver primeiro o Terreiro do Paço a Lisboa e aos Lisboetas.

Não posso deixar de saudar o arquivo fotográfico municipal que colocou debaixo das arcadas laterais da Praça do Comércio fantásticas fotografias da Lisboa do início do século XX.

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