Vladimir Putin foi considerada a figura do ano pela Time. Razão para esta nomeação: ter ressuscitado o espírito e o poder do velho império Russo! Ao ler a justificação que a própria Time deu para a escolha de Putin ficamos sempre com a ligeira sensação que os fazedores de opinião Americanos andam deslumbradas com a suposta estabilidade que Putin deu à Rússia, com o suposto poderio que o país alcançou, com o seu reafirmar na política internacional ou com ou o reanimar do seu poder enérgico. Para a Time a nova opção czarista que a Rússia adoptou é um símbolo de reerguer do país, durante todo o artigo aceita-se com um conformismo bacoco que a Rússia se tenha tornado num estado unipessoal, autoritário, autocrático, onde as desigualdades sociais continuam a ser gritantes. Para quem escolheu Putin como a figura do ano só interessa o novo poder da Rússia, a sua nova grande influência no mapa das relações políticas. Resta apenas perguntar quem tirará partido deste novo poder? Não sei porquê, ficamos sempre com aquela noção que na Rússia o crescimento económico apenas alimentará um punhado de próximos do Kremlin, os novos ricos da Rússia, alguns deles já criados no tempo de Ielstin, e que se alimentam da máfia ou dos negócios obscuros. Para a América nada disto continua a interessar, desde que não seja comunista, Putin será sempre considerado um estratega político. Como a Time diz na Rússia “A estabilidade vem primeiro que a Liberdade”, e não é de agora, mas no passado durante a Era Soviética, Moscovo era o inimigo, hoje parece ser o parceiro com que se pode negociar. A América com todo este suposto conformismo esquece-se de um pequeno ponto: da mesma forma que a Time afirma que só daqui a uma década se poderão medir os resultados das políticas de Putin, será também interessante ver como daqui a uma década estarão arrumadas as novas potências mundiais. Com o tal novo ressurgir da Rússia, ou com o nascimento das novas potências como a China e a Índia como responderá os Estados Unidos politicamente e economicamente? Qual será o papel dos Estados Unidos no Médio Oriente, quando pela aproximação ao Irão já se percebeu que este é um teatro onde Putin terá uma palavra a dizer? Mas sobretudo que será dos Russos daqui a uma década? Uma vez ouvi alguém dizer que a Rússia pela sua dimensão, pela sua diversidade étnica, pela a complexidade social em que vive só poderia ser governada em ditadura. A verdade é que já lá vão séculos de ditadura e os Russos pouco ganharam com isso. A triste verdade para quem abomina Putin, é que muito provavelmente os próprios Russos renderam-se ao seu presidente, depois da queda agonizante do comunismo, dos anos de balbúrdia da Era Ielstin, Putin é verdadeiramente a sua fé, a sua esperança num futuro diferente, mesmo que esse futuro não seja já amanhã. Putin conhece o seu povo, sabe como controlá-lo e sabe como há de fazer-se eternizar no poder, em 2008 sairá do cargo de presidente mas à espera dele já estará a cadeira de primeiro-ministro!
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