domingo, 30 de dezembro de 2007

Salazar: O morto vivo do ano!

Ao ler há pouco um post sobre o livro de Micas sobre Salazar no Instante Fatal, lembrei-me que se há morto que esteve em grande neste ano foi o nosso velhinho ditador. Desde que venceu o concurso dos Grandes Portugueses, ganhámos subitamente uma curiosidade em conhecer melhor o homem que guiou o país durante quase 40 anos. Mas os portugueses mais do que pelo homem político, interessaram-se sobre a pessoa em si, tentando perceber quem Salazar era na intimidade, em casa, o que gostava de fazer e como se comportava. Durante o ano livros como as Máscaras de Salazar do Fernando Dacosta, Os Amores de Salazar de Felícia Cabrita ou o mais recente Os Meus 35 Anos com Salazar, da autoria da sua antiga pupila Micas fizeram as delícias dos leitores. Se de facto o interesse dos portugueses por Salazar for, como penso, uma forma de conhecer melhor a intimidade e personalidade do antigo ditador, acho sinceramente que tudo isto é extraordinariamente saudável. Durante os anos do fascismo, o carácter reservado do ditador aliado a um enorme conservadorismo do país impediram que os Portugueses pudessem conhecer melhor a face do homem para lá do político que conheciam. Mas já nesses anos a curiosidade em torno de Salazar existia, prova disso foi o facto de a edição do Diário de Notícias em que se apresentava a mãe de Salazar ter esgotado num ápice. Mas passado o regime os primeiros anos após o 25 de Abril ditaram uma tendência em que ou se era um democrata de corpo e alma e nesse caso não se devia ter qualquer curiosidade em conhecer melhor esta personagem, ou se por sua vez alguém que revelasse algum interesse em conhecer melhor o antigo presidente do conselho rapidamente seria rotulado de fascista. Desta forma este ano mostrou que apesar de tudo a democracia no país já é suficientemente madura e capaz de falar descomplexada mente de Salazar. Foi precisamente o facto de haver esta penumbra sobre o Estado Novo e sobre a figura de Salazar, aliada à ausência de um verdadeiro conhecimento da generalidade da população sobre a sua história recente juntamente com a tão falada crise, que despoleta nos portugueses aquele sentimento de saudosismo por um passado, que tantas vezes desconhecem que levou à vergonhosa à vitória de Salazar a no tal concurso dos Grandes Portugueses. Talvez agora conhecendo-o melhor os Portugueses possam conhecer mais profundamente o que foi a sua história nas últimas décadas!

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