José Eduardo dos Santos, o que parece o eterno presidente de Angola anunciou hoje que o país deverá ter eleições legislativas em Setembro. Angola há muito que não vive eleições livres, o último escrutínio eleitoral para a presidência da república aconteceu em 92 no célebre acto eleitoral que nunca teve segunda volta e que terminou com o reacender da Guerra Colonial, que só acabaria com a morte de Savimbi. Este sistema anacrónico de estado tem conduzido Angola a uma ditadura disfarçada, José Eduardo dos Santos arrasta-se no poder desde 1979, tendo ao longo destes anos criado uma autêntica cúpula de interesses à sua volta. Uma cúpula de privilegiados que vive num dos países mais pobres de África, mas ironicamente um dos mais ricos em recursos naturais, recursos esses que são abocanhados pelo punhado de privilegiados que se rodeia da presidência da república e pelos magotes de multinacionais que têm chegado ao país. Aos angolanos que vivem na mais pobre das misérias africanas resta a esperança que o nível de crescimento económico do país, que neste momento é o mas alto do mundo, se reflicta no seu bem-estar e condições de vida. Quanto ao ressurgir de uma democracia, os Angolanos parece que só poderão contar com eles próprios ou com os desejos unipessoais de seu presidente. De Portugal parece que o novo pragmatismo adoptado nos negócios estrangeiros põe as relações comerciais acima de tudo o resto, aliás tornamo-nos especialistas no maior dos cinismos diplomáticos, a Sócrates parece que o único ponto relevante na sua agenda de viagens é encontrar-se com uns empresários na China, em Angola ou em Moscovo ou fazer uns joggings ridículos e patéticos pela Praça Vermelha ou pelas principais avenidas das cidades indianas. Tudo o que seja discutir o desrespeito dos direitos humanos em Angola ou receber o Dalai Lama em Lisboa parece renegado para segundo plano. Parece que é este o modernismo e a pujança civilizacional que Sócrates quer imprimir no país!
Sem comentários:
Enviar um comentário