É uma figura polémica, mal conhecida e mal divulgada para a importância que teve, Afonso Costa é aqui trazido por Bordalo Pinheiro como o esmaga Jesuítas, prova que a sua reforma do Estado “catolaico” do fim da Monarquia marcaram-no para sempre. Costa rompe a ligação do Estado com a Igreja, faz apenas aquilo que é óbvio e separa a Igreja do Estado, algo nada transcendente hoje em dia. Autoriza o divórcio, e isto em primórdios do século XX, torna o casamento uma acto puramente civil, no fundo tudo coisas que o país esquece que existiram para lá da cortina Salazarenta do século XX. Obviamente que houve exageros, que se geraram grandes tensões por todo o lado e é também claro que mais do que laicizar o país Afonso Costa queria torná-lo um país ateu, mas não deixou de fazer uma enorme reforma, essencial, continuando o trabalho do Marquês de Pombal (ídolo dos republicanos) e retirando parte do poder formal que ainda restava à Igreja após a revolução liberal.
Afonso Costa tratou de dar uma machadada importante no poder da Igreja dentro do Estado, mas muito se discursa ainda sobre a relação entre Estado e a Religião. Num artigo do El Pais publicado no Courrier Internacional do mês passado explica-se muito bem o porquê de se defender que Religião e Estado devem estar separadas. A Religião acredita ter a razão pura, logo a nível legislativo não há muito negociar com as Religiões que “ situam-se fora da possibilidade de crítica”, por motivos óbvios a flexibilidade é nenhuma. Para além do mais qualquer religião acredita que "o poder emana de Deus e não dos Homens”, no Estado o poder vem dos Homens, é legitimado pelos Homens e é dirigido a todos os Homens sejam eles crentes ou não. Por isso mesmo na mais recente questão do divórcio ouvir qualquer convicção religiosa, e em particular a da Igreja, é perfeitamente inútil, visto que pelas palavras de D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, a Igreja "nunca aceitará o divórcio", seja ele litigioso, feito na conservatória ou na Internet em 5 minutos. Resta por isso ao Estado e à Igreja guardarem as suas relações no que toca à obra social ou ao diálogo harmonioso entre diversas convicções, no resto devem manter-se totalmente afastados. Mais é tão imoral o Estado intrometer-se nas questões teológicas da Igreja como a Igreja se intrometer no Estado, por isso quando o Presidente da Conferência Episcopal diz que existe «uma incrível exclusão da presença católica dos ambientes públicos e políticos», deve entender que o Estado faz leis para todos, católicos e não católicos, crentes, ateus ou agnósticos. É verdade que deve ouvir todos mas ouvir não significa, nem pode significar, que se façam leis ou decisões para agradar a nenhuma convicção religiosa, bem como não se devem tomar posições políticas como aquelas que a Igreja Espanhola tomou nas recentes eleições legislativas. Felizmente os Católicos não se escondem, muitos encontram-se em cargos relevantes e por isso também é difícil entender D. Jorge Ortiga quando afirma: «não podemos aceitar ser excluídos dum processo de humanização integral».
Afonso Costa tratou de dar uma machadada importante no poder da Igreja dentro do Estado, mas muito se discursa ainda sobre a relação entre Estado e a Religião. Num artigo do El Pais publicado no Courrier Internacional do mês passado explica-se muito bem o porquê de se defender que Religião e Estado devem estar separadas. A Religião acredita ter a razão pura, logo a nível legislativo não há muito negociar com as Religiões que “ situam-se fora da possibilidade de crítica”, por motivos óbvios a flexibilidade é nenhuma. Para além do mais qualquer religião acredita que "o poder emana de Deus e não dos Homens”, no Estado o poder vem dos Homens, é legitimado pelos Homens e é dirigido a todos os Homens sejam eles crentes ou não. Por isso mesmo na mais recente questão do divórcio ouvir qualquer convicção religiosa, e em particular a da Igreja, é perfeitamente inútil, visto que pelas palavras de D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, a Igreja "nunca aceitará o divórcio", seja ele litigioso, feito na conservatória ou na Internet em 5 minutos. Resta por isso ao Estado e à Igreja guardarem as suas relações no que toca à obra social ou ao diálogo harmonioso entre diversas convicções, no resto devem manter-se totalmente afastados. Mais é tão imoral o Estado intrometer-se nas questões teológicas da Igreja como a Igreja se intrometer no Estado, por isso quando o Presidente da Conferência Episcopal diz que existe «uma incrível exclusão da presença católica dos ambientes públicos e políticos», deve entender que o Estado faz leis para todos, católicos e não católicos, crentes, ateus ou agnósticos. É verdade que deve ouvir todos mas ouvir não significa, nem pode significar, que se façam leis ou decisões para agradar a nenhuma convicção religiosa, bem como não se devem tomar posições políticas como aquelas que a Igreja Espanhola tomou nas recentes eleições legislativas. Felizmente os Católicos não se escondem, muitos encontram-se em cargos relevantes e por isso também é difícil entender D. Jorge Ortiga quando afirma: «não podemos aceitar ser excluídos dum processo de humanização integral».
Esta é uma discussão que não está morta, Sarkozy ainda há pouco tempo veio dizer uma frase estranha para um Presidente da laica França afirmando: “Um Homem que é crente é um homem que espera. E é do interesse da República que haja muitos homens e mulheres que esperam” (Courrier Internacional, Março 08). A verdade é que um Estado que pode juntar todos tem que ser marcadamente e fortemente laico e por isso não se pode esperar que no centro da Europa Sarkozy diga ainda “…uma moralidade laica corre o risco de se esgotar quando não está apoiada numa esperança que colmate a esperança do homem infinito” (Courrier Internacional, Março 08).
1 comentário:
Viva Afonso Costa!
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