segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O fim da silly season


Regressados às rotinas a época estival está na recta final, e Agosto passou, o mês em que à espuma do mar se costuma juntar a espuma do não haver rigorosamente nada para dizer, mas pelo meio do calor o país enervou-se julgando que estava cercado de gangster, e no meio da euforia do crime, os mais banais assaltos passaram ao topo da agenda e lá pelo meio Cavaco deu ares da sua graça. Em regresso de férias atiremos-nos num último mergulho, desta vez ao balanço do mês do calor:

1. E comecemos por Cavaco que pode marcar o mês de Agosto de 2008 como um dos mais tristes da sua presidência. Antes de muitos partirem de férias pôs o país em alvoroço com uma declaração ao país, que se vá lá entender porquê rodeou de secretismo, para depois acabar a fazer um discurso jurídico redondo sobre o Estatuto dos Açores ao qual meio Portugal não ligou nenhuma e a outra metade já se esqueceu que aconteceu. Para adocicar as tristezas políticas do seu Verão Cavaco brindou-nos com o veto à lei do divórcio, na mente do nosso Presidente o divórcio não é uma união de duas pessoas, que com duas pessoas se constrói, continua a pensá-lo mais como um união sagrada e inalterável. A Costela conservadora do cavaquismo no seu pior, como Clara Ferreira Alves dizia numa das suas crónicas no expresso: “conseguimos tirar Cavaco de Boliqueime mas não conseguimos tirar Boliqueime de Cavaco”

2. O país descontrolou-se após os acontecimentos no BES. É mais do que assustador ver uma cena daquelas pela televisão e o crime violento cresceu, é uma dado estatístico, crime altamente profissional como o assalto na A2 ou o crime dos bairros sociais mal feitos e mal tratados. Mas enfrentar esta realidade não é entrarmos todos numa gritaria nacional em que telejornais se iniciam com a notícia do assalto ao café da esquina da D. Joaquina. O crime violento cresceu, e no meio de tanta agitação fiquei sem conseguir entender quais as suas causas e ninguém apresentou o mínimo das ideias para o combater, tanto escândalo para as soluções serem zero, com um ministro aos papéis sem saber muito bem o que dizer na televisão

3,. No meio de tudo isto o PSD parece que se fechou sobre um tumulo cujo o fundo parece demasiado distante, tão distante que Manuela Ferreira Leite não aparece, submergiu e nada diz. Não se lhe pedia que fosse assistir às decadentes bebedeiras do Chão da Lagoa ou às foleiradas Algarvias da Festa do Pontal, mas convém lembrar que a líder da oposição ainda é viva

No meio dos que falaram demais e mal, dos que roubaram, dos que se calaram, pelo menos Agosto não foi repleto de imagens de um país a arder, felizmente há coisas que não duram para sempre

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