segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O que valem de facto as jotas?

A salada russa de declarações que se tornou o debate em torno dos casamentos entre homossexuais tem deixado cair as máscaras aos mais tacticistas que abundam nos partidos. Desde logo temos aquele argumento que o país está pejado de problemas sociais e económicos e portanto estes são assuntos “menores”, uma argumentação na craveira do pensamento que o país está no pauperismo económico e deve ficar mergulhado e resumido às desgraças das suas penúrias e nada mais discutir.
Mas tanta discussão tem destapado os interessantes pensamentos das jotas do centrão. Apesar de idade apropriada para andar nestas lides sempre fui portador de um qualquer vírus que me deixou afastado das jotas, especialmente das jotas do poder. Se calhar injustamente sempre criei na minha mente aquela ideia de menino de jota que vai fazendo os seus contactos, vai criando raízes no partido e lá vai fazendo o seu percurso paulatino, tornando-se aos poucos esse político profissional alinhado nas fileiras. Mas mais que uma questão de forma as jotas do centrão, e concordando em pleno com Alegre, são de uma pobreza de debate assustadora, até o podem fazer, mas entre eles pois o reflexo para a “mocidade” (usando esse palavrão à estado novo) é nulo, e não é só a falta de discussão que inspira das juventudes partidárias do poder, é sobretudo o défice ideológico profundo que ali há, aliás na linha dos próprios partidos. Pergunto-me quantos dos militantes de jotas têm de facto uma clara noção do que é a social-democracia, do que é teoricamente e preto no branco esse jargão martelado por Sócrates da “esquerda moderna”? Ao contrário do que as jotas possam pensar, ideologia não é dar aquela pinta de inovadores e defender os casamentos gay, é ter de facto algo a dizer sobre o que é o Estado, o que querem do modelo económico o que esperam da organização social do país. Tal como ter ideias sobre educação não é gritar vezes sem conta que a Educação sexual é necessária na escola, obviamente é um tópico importante, mas raramente, para não usar o advérbio nunca, ouvi uma jota de um dos grandes partidos explicar o seu modelo de escola e educação pública.
Talvez uma mudança acabasse com as barracadas estilo JS que se embrulhou com o partido pai e agora perdeu-se em tanto calendário e tacticismo em torno dos casamentos homossexuais.

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