A manchete do Expresso do último Sábado não é surpreendente, mas não deixa de ser um ponto de reflexão saber que há mais de oito anos consecutivos que os funcionários públicos, neste caso e com maior destaque, os professores têm vindo a perder poder de compra. Obviamente que os professores não são menos do que qualquer outro funcionário público e também ninguém discute que estas perdas do poder de compra têm acontecido no sector público e no sector privado, contudo tal não tira gravidade a esta situação. Os professores não deixam de ser apenas mais um exemplo, mas não deixam de ser um exemplo representativo. Nos últimos anos, quando se fala de motivação dos professores à Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues faz-se de esquecida, ignora a questão e acha-se no direito de tomar a palavra destes mesmos professores afirmando que estes estão muito motivados e que as escolas continuam a funcionar, encontrando-se muito empenhadas nos projectos do ministério. Pois estão, mas isso acontece porque os professores sabem distinguir o trabalho com os seus alunos das discordâncias com o muito do que tem sido feito na área da Educação.
Muitos ao ler esta notícia do Expresso não ficarão muito chocadas, ainda acham que os professores são uma cambada de ripostados no sofá que têm mais férias que o comum dos portugueses, desconhecendo o verdadeiro trabalho feito numa escola. E não o digo por ser filho de professores, o que não me torna alguém estupidamente dogmático ou excessivamente parcial neste assunto, digo-o sobretudo como alguém,que todos os dias lida com vários professores.
Muitos ao ler esta notícia do Expresso não ficarão muito chocadas, ainda acham que os professores são uma cambada de ripostados no sofá que têm mais férias que o comum dos portugueses, desconhecendo o verdadeiro trabalho feito numa escola. E não o digo por ser filho de professores, o que não me torna alguém estupidamente dogmático ou excessivamente parcial neste assunto, digo-o sobretudo como alguém,que todos os dias lida com vários professores.
Uma vez ouvi que a escola primária era o sangue da I Republica, hoje podemos perfeitamente transpor esta frase. A escola, a qualificação séria e exigente são o verdadeiro sangue de uma democracia adulta. E não pensemos, apesar de toda atenção mediática, que programas como as Novas Oportunidades e afins vão resolver os nossos grandes problemas ao nível da Educação, muitos destes programas são mais passa-certificados que outra coisa qualquer e não nos tiram do buraco de falta de qualificação em que nos encontramos. E para sair desse buraco precisamos de uma escola que seja acima de tudo exigente, uma escola que não seja encarada como um passatempo, em que não se está lá apenas porque há uns tipos que nos obrigam a tal.
As sucessiva paixões governamentais pela Educação, que já foram responsáveis por inúmeras reformas neste sector, criaram uma escola pouco exigente, sobretudo para aqueles que já apresentam dificuldades escolares. A política dos últimos anos tornou o sistema de educação mentiroso para os que lidam com ele. Mente aos alunos, muitos passam ou são passados sem saber os conhecimentos que precisarão. Mente aos pais que pensam que os seus filhos passam sabendo alguma coisa, quando muitas vezes esse não é o caso. E mente ao país convencendo-o que investe bem o seu escasso orçamento num sistema que, ao contrário do que devia é incapaz de preparar futuras gerações. A verdade é que ao contrário do que o que o Estado apregoa não está disposto a gastar nem melhor nem mais dinheiro no seu sistema de educação, ainda para mais se tal envolver chumbar alunos e investir na sua recuperação. A escola ainda é vista para muitos pais como um depósito de criancinhas e não como um lugar de aprendizagem! A Educação ainda é vista como uma despesa e não como um investimento de futuro. E os professores são mais uma das variáveis desta despesa, parece por vezes que são um acessório do sistema, já ouvi comentários que fazia deles um bando de corporativistas que apenas defendem a sua capela. Se alguém assim pensar estará profundamente enganado. O ministério da Educação, por sua vez, continua a pensar que só por emanar umas leis o insucesso escolar baixa, como se fosse algo de automático.
Não basta dizer-se que se quer qualificar, é preciso fazer mais que meras medidas de fachada para que país não se volte a admirar com o facto de este ser um sector que parce não ter conseguido descolar desde o 25 de Abril.
Não basta dizer-se que se quer qualificar, é preciso fazer mais que meras medidas de fachada para que país não se volte a admirar com o facto de este ser um sector que parce não ter conseguido descolar desde o 25 de Abril.
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