Na área económica, graças ao discurso de Cavaco, o país pôs-se a descobrir os salários dos gestores das suas empresas. Não deixa de ser bizarro ouvir que os gestores portugueses ganham muito mais que gestores alemães, ingleses e espanhóis, ainda para mais quando sabemos que algumas das empresas portuguesas não têm a vitalidade e crescimento de muitas das empresas europeias. Mais do que um problema cultural grave, em que por norma das próprias hierarquias das empresas continua-se a aplicar este gigantesco fosso salarial entre trabalhadores e gestores, Portugal criou um ciclo vicioso que vai alimentando este sistema de remunerações. Os bons gestores não abundam no país e para persuadir um dito bom gestor a se transferir de uma empresa para outra este esperará uma compensação adequada e essa passará por um salário mais alto. À medida que cada gestor vai ocupando vários cargos ao longo da sua carreira o seu salário vai também ele próprio engrossando, a um ritmo mais rápido que os salários dos trabalhadores das empresas por onde este mesmo gestor vai passando. Por isso há aqui sobretudo uma questão de fundo e que passa pela falta de gestores de qualidade em grande número, os poucos que existem fazem-se pagar a peso de ouro para onde quer que vão, e se quisermos fazer uma análise mais profunda, tudo isto acontece devido à crónica falta de formação e de instrução que continua a existir no país. A verdade é que continua a ser uma percentagem relativamente baixa, comparada com os restantes países europeus, os alunos que terminam o secundário ou que acabam o ensino superior com resultados que os tornem atractivos para as administrações das empresas. O país fala, os discursos de circunstância continuam a querer colocar a educação como uma prioridade, mas raramente foi claro qual o rumo e o caminho que o país quer seguir neste domínio e tal tem um impacto muito maior do que se imagina nos resultados educacionais, que continuam a ser incontornavelmente baixos.
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