quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Licenciados e Mal Pagos


Há uns dias atrás li mais uma notícia acerca de umas estatísticas que vêm dizer mais uma vez que os jovens portugueses e europeus saem cada vez mais tarde de casa. Ao ouvir este estudo muitos utilizarão logo com o argumento que não passam tudo de uma cambada de comodistas que gostam é de estar na casa dos paizinhos para ter o mínimo de trabalho possível. Não direi que tal não acontecerá, mas também acredito que não faltarão os jovens recém-licenciados na casa dos 20 cheios de vontade de dar o salto e de começar uma vida mais independente. Mudar de casa dos pais e começar uma vida num outro lugar qualquer é mais do que um acto por si, é o sinal de que cada um destes jovens que toma esta decisão vê um horizonte de futuro, acredita que se será capaz de viver sem dependências dos pais ou de outras pessoas. Ironia do destino, não só em Portugal, mas por toda a Europa as mais recentes gerações, provavelmente as mais qualificadas de sempre, aquelas que mais anos estudaram e aqueles que mais tempo despenderam na escola vêem-se agora a braços com um desemprego crónico ou com trabalhos mal pagos. Ao contrário daquilo que previam, a qualificação e o esforço parece não lhes ter trazido o futuro pensado, engrossam hoje filas sem fim de empregados a recibo verde, muitos deles em áreas para as quais não estudaram.
Os trabalhos precários e sem garantias de futuro obrigam-nos a arrastarem-se em casa dos pais até aos 30, sem capacidade adquirir uma casa própria ou mesmo para alugar, em cidades como Lisboa, onde os preços do imobiliário têm disparado para preços insuportáveis para muitas franjas da população, resta a muitos destes jovens sair de casa cada vez mais tarde e muitos saem apenas para casar e para começar uma vida a dois.
Definitivamente os pais daqueles jovens que agora enfrentam esta nova realidade foram os últimos a poder aproveitar as regalias de um tempo, que parece já ter acabado, em que o Estado Social estava no seu auge e não se discutia os alicerces de uma das maiores conquistas da Europa dos último anos. Mas a verdade é que a globalização é implacável e dita as regras de mercado que deita muitos jovens para um desemprego ou para um mercado de emprego mal pago, e mais do que tudo um mercado de trabalho que para muitos e por enquanto não deixa quaisquer perspectivas de futuro, como uma jovem uma vez apelidou esta geração no el-país, são os mil euristas, e já são uma fatia considerávelnos mercados de trabalho europeus.

Notícia do Portugal Diário sobre o retardar da saída da casa dos pais

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