“Estava perante um morto vivo. Por detrás dele percebi dezenas de outros fantasmas. Ossos móveis unidos por uma pele seca e envelhecida. O ar era irrespirável, uma mistura de carne queimada e excrementos. Não sabia onde me encontrava. Um companheiro disse-me que estávamos em Auschwitz“
Iakov Vicenko, o primeiro soldado soviético a entrar
no Campo de concentração de Auschwitz.
“Nunca mais esquecerás esta noite,
A primeira noite no campo,
Que fez da minha vida uma noite longa
E sete vezes aferrolhada
Nunca mais esquecerei aquele fumo
Nunca mais esquecerei as pequeninas caras de crianças cujos corpos tinha visto transformar em espirais
Sob um azul mundo
Nunca mais esquecerei estas chamas
Que consumiram para sempre a minha Fé
Nunca mais esquecerei este silêncio nocturno
Que me privou, para a eternidade,
Do desejo de viver
Nunca mais esquecerei esses momentos que assassinaram o meu Deus
E a minha alma
E os meus sonhos,
Que tomaram a aparência de deserto.
Nunca mais esquecerei isto, mesmo que tenha sido condenado a viver
Tanto tempo quanto o próprio Deus
Nunca Mais”
Elie Wiesel, na obra A Noite,
Descrevendo a sua prmeira noite em Auschwitz
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