quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

A arte de Paula Rego

Os recursos que vamos gastando


Filas para gasolina no final dos anos 70

Um belo dia acordámos todos com o petróleo a 100 dólares e a ouvirmos a “verdade inconveniente” que o mundo está pouco verde, que as mudanças ambientais poderão ter uma factura económica demasiadamente alta ou que o petróleo, o recurso que foi a água das economias ocidentais nos últimos anos, é agora mais procurado que nunca e pode ter uma curta vida enquanto recurso sustentável.
Em solução aos litros de gasolina que atestam os automóveis, muitos apresentam, não o óleo para fritar batatas como parece que é moda, mas o agora conhecido biodiesel, um mercado em pleno florescimento. Lula da Silva por exemplo tem conduzido uma enorme aposta neste combustível no Brasil. Mas o combustível até se pode chamar bio, o que não significa que seja a perfeição ecologicamente ou mesmo economicamente. Os campos de cereais parecem ser a nova galinha dos olhos de ouro, e os campos de trigo têm ganho espaço e comido até alguns bons bocados de floresta. Obviamente que em termos de emissões poluentes julgo que o biodiesel será menos poluente, mas como todas as soluções não é perfeito. Como também já entendemos, pelos preços do trigo nos últimos dias que esta não é uma solução económica, 2008 é já um ano com enormes aumentos nos preços dos bens alimentares, e não é só no pão ou só em Portugal, leite, queijo, cereais atingem preços estranhamente elevados e que já levaram inclusive o governo francês a intervir para controlar minimamente os preços dos bens alimentares mais básicos.
Ao olharmos para todas estas soluções, que sucessivamente arranjamos para responder a todas as nossas necessidades, ficamos com a percepção que estamos a construir um sociedade autofágica que para responder às suas necessidades imediatas necessita de consumir mais e mais recursos, recursos sem fim que resolvendo uma parte dos problemas, criam outros, para os quais é preciso procurar uma outra resposta qualquer. Tudo isto pode soar demasiado filosófico, mas passa sobretudo por entranhar como nos tornámos irreversivelmente dependentes de crescimento económico, este tornou-se o companheiro essencial das sociedades ocidentais, um companheiro díficil de manter e de sustentar.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

E agora também são todos militantes de outros partidos?

Quando Sócrates teve o “incómodo” de levar com uns professores a manifestarem-se à porta do PS, coisa que o nosso o nosso primeiro-ministro não gosta, nem à porta do PS nem em sítio nenhum, a primeira reacção que ouvimos de Sócrates foi que aqueles tratavam-se de militantes de outros partidos. No entanto ninguém poderá dizer que os milhares de professores que saíram à rua nos últimos dias são só e exclusivamente militantes de qualquer partido, pelo contrário estão nestes encontros milhares de professores, alguns deles como ontem diziam nas manifestações que nunca tinham saído à rua para protestarem. Numa profissão tantas vezes acusada de não se saber unir, esta é a prova que o descontentamento existe de facto e não é exclusivo de nenhum grupo específico de professores. Nos últimos dias os números de professores nas manifestações tem sido expressivos, e não vale a pena dizer o contrário, ontem à noite em Coimbra, num dia de semana, saíram há rua 2500 professores. Será que Sócrates tem a lata de dizer que são todos militantes do PC? Hoje Guarda e Viseu tiveram outras duas manifestações de docentes, tudo a juntar a juntar às concentrações do fim-de-semana em Leiria ou no Porto.
Desta vez Maria de Lurdes Rodrigues não poderá usar o seu falacioso argumento que tanto gosta de usar, afirmando que o sentimento dos sindicatos não é o dos professores, nestas contestações têm se formado movimentos verdadeiramente independentes, movimentos que têm criado o seu espaço na blogosfera e têm mobilizado algumas das manifestações dos últimos dias. Mais que os professores é necessário que o país entenda o logro destas reformas, como já escrevi aqui no Terra de Ninguém, fazer Reformas não significa que as reformas sejam por si só boas mudanças. Sócrates chamou hoje, por erro Freudiano, a Maria de Lurdes Rodrigues a "Ministra da Avaliação" eu chamo-lhe a Ministra da má avaliação, porque, felizmente entre o modelo de avaliação dos professores que existe (que pode e deve ser mudado) e o modelo que se propõe, existem muitas outras soluções de bom senso que não colocam critérios de avaliação a girar, em grande parte, em torno de notas de alunos. Sim porque para o Ministério o aluno tem má nota porque o professor é apenas o mau da fita!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Lisboa: a capital velha de um país com demasiadas crianças pobres


Foto de Josepf Koudelka. Criança em Lisboa, no distante ano de 1975

Nestes últimos dias o país voltou a descobrir o seu lado miserável, a miséria escondida de um Portugal que um dia julgou que enriquecera, mas afinal não, afinal mantinha e mantém o drama estrutural da desigualdade, um drama que não ultrapassa. Parece que a nossa especialidade é mais sermos ultrapassados que ultrapassar o que quer que seja, Portugal é o mais desigual dos países numa Europa carregada de novos Estados que não recebem, como nós, fundos comunitários há 20 anos. Vivemos em extremos, entre os muito ricos e os muito pobres, no meio uma classe média a mingar que sustém o Estado.
Um país que tem 20% de crianças pobres só pode dizer que teve um crescimento social zero nos últimos anos. Como país poderíamos pensar que a melhor forma, a longo prazo, de tirar toda esta gente da pobreza era dar-lhe educação, educação séria, dar a estas crianças as ferramentas para saírem da miséria, para verdadeiramente saírem do fundo da pirâmide. Mas não, a Educação do sucesso que tanto se apregoa é a educação da falsa inclusão, dando-lhes o 9ª ou o 12ª ano à pressa. Este é o sistema que cria ilusões, ilusões a miúdos que assim jamais poderão sair do risco de pobreza em que já se encontram.Lisboa parece ser a metáfora deste país, a cidade dos velhos e do outro lado dos mais endinheirados que podem pagar o metro quadrado no centro da cidade. Não é difícil adivinhar que Lisboa está velha, basta abrir os olhos. Ontem enquanto caminhava em Campo de Ourique de manhã contava pelos dedos de uma mão o número de pessoas aparentemente jovens que vi, o perfeito sinal de uma cidade que vai ficando abandonada. Como abandonados estão estes velhos, entregues a si próprios entregues à pobreza escondia, de rotinas agarradas aos tostões para sobreviver, não para viver verdadeiramente. Não, este não é um exagero, é a pura das verdades, por mais que custe a ouvir a um país que teima em ser desigual, injusto e pobre.

Os chassos com asas do Estado

O que está a acontecer com o caso dos Falcon é típico da política portuguesa, tudo o que se refere a salários de deputados ou “mordomias”, que de facto são precisas para os representantes do Estado, parece ser um assunto tabu. É a mentalidade do nosso velhinho Salazar que gostava de forrar com plásticos os estofos do seu carro.
Os portugueses já são, ou se não são deveriam ser, maduros democraticamente em relação a estas questões, se o Estado tem Falcons é porque são precisos para as deslocações dos membros do Estado, é óbvio! Como também é óbvio que convém que se desloquem em aviões em condições, não tanto pela suposta imagem que o país dá, mas por razões de segurança e até por necessidade, por exemplo durante os voos dos Falcon os telemóveis têm que estar desligados, fruto da tecnologia com mais de 20 anos!
Pena é que haja tanto pudor em discutir estes supostos luxos, que não passam de equipamentos necessários, e por seu lado não haja o mesmo pudor em relação aos boys que entopem o Estado, aos caciquismos típicos da nossa portugalidade, ou aos verdadeiros casos de gastos injustificados do Estado. Infelizmente a classe política à portuguesa não discute o que convém ser discutido e arma-se em pudica com o que não deve.

A campanha a radicalizar-se!


Estamos a pouco mais de uma semana de se saber a decisão do lado democrata com as eleições no Ohio e Texas. É em plena campanha que ontem foi divulgada esta foto de Obama com trajes muçulmanos aumentado os boatos sobre a religião supostamente escondida do candidato. O tema é estrategicamente escolhido à porta de eleições para Estados mais conservadores e no meio de tudo Hillary tenta descartar a culpa pelo aparecimento desta foto. Contudo não há dúvida que o debate entre os democratas tem azedado nos últimos dias, o que pode levar a que mais uma vez o partido democrata cometa a asneira de gastar o seu tempo em lutas internas abrindo terreno para os Republicanos.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Sarkozy chama idiota a quem não o cumprimenta!



Mais uma boa razão para alimentar a falta de popularidade crescente de Nicolas Sarkozy. Nos últimos tempos a postura de Sarkozy em relação ao cargo presidencial tem sido muito discutida, em especial devido ao seu caso fogoso com Carla Bruni, a que entretanto se tornou a nova primeira-dama.
Este novo episódio de chamar idiota a quem lhe havia recusado um cumprimento ainda alimenta mais a polémica em torno a figura Sarko!

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Porque o mundo está a mudar!


"This is a stylization of a slideshow originally created by Karl Fisch, examining globalization and America’s future in the 21st century. It is designed to stand alone, without having to be presented in person. Enjoy! "

SlideShare Link, de jbrenman, 11 months ago

Javier Bardem em noite de Óscares



Javier Bardem em Mar Adentro

Javier Bardem candidata-se hoje a ser o primeiro actor de origem espanhola a vencer um Óscar na categoria de melhor actor secundário. Descobri o enorme talento de Bardem quando encarnou a personagem de Ramón Sampedro no já oscarizado filme de Alexandro Amenábar: Mar Adentro, uma extraordinária fita de 2004 em torno do universo do Galego que durante anos reclamou a eutanásia como um direito seu. O desempenho de Bardem é simplesmente brilhante, consegue dar corpo à personagem de Ramón sem se deixar apoderar por tantos dos clichés que já foram ditos em torno da eutanásia, um desempenho marcante para todos o que já viram este filme.
Fica então a expectativa para poder ver Bardem no mais recente filme dos irmãos Cohen: Este país não é para velhos, e que estreia esta semana e Portugal.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

O País de Sócrates/Relatório da SEDES: dava um belo estudo comparativo

Alguém que tenha aterrado em Portugal nesta última semana, sabendo pouco da realidade do país, mas que mesmo assim tenha tentado informa-se sobre o que por aqui se passa sentir-se-á, no mínimo, confuso. Na última semana, acerca do país, tivemos opiniões para todos os gostos. Por seu lado Sócrates por três vezes, incluindo a entrevista, fez um bonito retrato do país que reduziu o défice, com a economia a crescer 1,9%, com uma taxa de desemprego a rondar os 8%, mas até isso é transformado numa vitória par Sócrates. Enfim o país que segundo o primeiro-ministro encaminha-se para o paraíso tecnológico! Por outro lado temos o relatório da SEDES, que alerta para uma crise social que pode chegar, uma “crise com contornos difíceis de prever” segundo o relatório, um relato enegrecido do futuro do país, em que os números de Sócrates pouco valem!
O relatório contudo não deixa de ser interessante até pela sua própria existência e pelo algum barulho que causou. Mais uma vez é um documento, como já havia acontecido no caso da CIP, que tem origem na “sociedade civil” que vem causar algum debate. Não há dúvida que os movimentos de cidadãos, mais ou menos independentes, caso de Manuel Alegre nas presidenciais ou o caso da SEDES são eles próprios a prova do que está escrito neste relatório divulgado na sexta feira. Há, de facto, uma maior desconfiança nos partidos, o que leva a que estas iniciativas fora da esfera partidária
gerem mais discussão séria sobre o país do que meses de debates parlamentares e centenas de sound-bytes de Menezes, Portas, Sócrates.
Dados estes dois retratos tão díspares do país, talvez aproveitando a onda, poder-se-ia também pedir um qualquer estudo comparativo entre a visão de Sócrates e a visão da SEDES sobre este nosso Portugal!

Recordar é viver!



Já há algum tempo que tinha visto este vídeo, mas não resisto em colocá-lo aqui depois de há uns dias ter visto o já longínquo programa de 1994 “Raios e Coriscos” de Manuela Moura Guedes, que juntou Vasco Pulido valente, Zita Seabra (recém-zangada com o PCP), Herman José ou Paulo Portas, então um jovem director do Independente. A dado momento Portas diz esta pérola que é " geneticamente contra o poder" rematando afirmando que ser Ministro do Mar é "vago". Enfim, o passado é tramado!

A Câmara de bolsos rotos

António Costa tinha como único objectivo do seu primeiro mandato pôr ordem nas contas das finanças públicas de Lisboa, um exemplo da ruína absoluta, que impede fazer o que quer que seja numa cidade que em tantos dos seus cantos parece estar eternamente entaipada ou transformada num interminável estaleiro. Costa queria a reforma das finanças municipais, o Tribunal de Contas não deixou, e as centenas de pequenos e grandes credores, vítimas do desleixo do município, continuam à espera do seu dinheiro atrasado anos e anos a fio.
Este é um caso significativo da forma como o Estado, neste caso as autarquias, paga e se relaciona com os privados. O pagamento dos serviços por parte da autarquia é feito como se tratasse do velhinho conceito do fiado nas merecerias, paga-se quando puder! O mal é que "o quando puder" da Câmara de Lisboa é demasiadamente tarde para muitas das empresas que trabalham com o município lisboeta, para muitos delas a Câmara é o principal cliente, o principal local de trabalho. E é também isto que é representativo em toda esta novela sem fim das contas de Lisboa. Na capital, como no resto do país, as empresas (desde as prestadoras de serviços às construtoras) também estão agarradas ao Estado e é este o seu grande comprador, no fundo vivemos em mercados pequenos, nos quais o peso do Estado central ou local continua a ser enorme.
Se andávamos à procura de mais um paradoxo de como funcionam e se relacionam as empresas e o Estado em Portugal, aqui temos mais um exemplo, numa triste história de falta de pagamento que tem sufocado muitas empresas da cidade, e muitas delas pequenas e médias empresas, o tal tecido económico essencial do país!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

A campanha de Clinton não está assim tao doce!


Obama já tem quase mais 70 delegados que a ex primeira-dama, apesar desta continuar à frente nos muito influentes super delegados. As primárias do Ohio e Texas, no início de Março, são o teste de fogo, um teste de fogo que Hillary receia que possa ser o ponto final no seu sonho presidencial, ontem a candidata disse uma frase de sobrevivência mas que ninguém gostará de dizer nesta altura da campanha: "Esta campanha irá continuar", assim como continuará até à última o duelo entre os democratas Americanos.

Difícil perceber o porquê!

"O PSD chumbou hoje os pedidos de audições parlamentares dos antigos presidentes do Banco Comercial Português (BCP) Jorge Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto sobre a supervisão do sistema financeiro e as alegadas irregularidades no banco. Para o partido, os pedidos de audição, nesta fase, são "inadequados e não acrescentam nada"."O requerimento [do PCP] foi rejeitado, com os votos a favor do CDS-PP e Partido Comunista, os votos contra do PSD e a abstenção do PS", indicou à Lusa Jorge Neto, presidente da Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças." Público


É díficil entender esta posição do PSD sobretudo quando hoje deixou a meio a audição de Filpe Pinhal, o antigo presidente do BCP. Talvez fosse também relevante ouvir já, e não muito mais tarde, os dois antigos homens forte do BCP!

Feridas que tardam em sarar

Kosovo. Pristina. 1999, Multidão festeja a entrda das tropas da NATO

O Kosovo declarou a independência, a antiga Jugoslávia de Tito ou Milosevich desmembra-se, os Balcãs voltam ciclicamente a ser o ponto quente para o qual a Europa se vira. O velho continente volta a mudar as suas fronteiras, rivalidades antigas são agora revisitadas, conflitos do passado continuam definitivamente a marcar o presente.

Conflitos étnicos, lutas por espaço vital, conflitos armados foram a tónica da história Europeia, uma história em que tantas vezes as tensões estiveram concentrados nos Balcãs, foi aqui que se criaram muitas das condições para o inicio da primeira guerra, e foi também aqui que se deu último grande conflito europeu no pós segunda guerra, a grande dor de cabeça para o continente europeu nos anos que se seguiram à queda do muro. Hoje sem qualquer dúvida a Europa é mais unida, basta relembrar as velhas rivalidades entre ingleses, franceses, alemãs, austríacos, russos aquando do início do século XX para entender que não só no papel, com a constituição da União Europeia, mas efectivamente somos um povo mais unido, mais próximo. O que não significa que tudo seja perfeito, nem poderia, não nos esqueçamos que apesar de tudo o muro caiu há menos de 20 anos e que hoje, felizmente, no seio da União já estão muitas das antigas repúblicas soviéticas. Contudo as rivalidades não deixam de vir ao de cima, basta lembrar os irmãos Kansisky da Polónia e o argumento que usaram nas negociações do Tratado de Lisboa chegando mesmo a afirmar que deveriam ter o mesmo peso percentual de votos que a Alemanha, pois segundo eles, foram as mortes provocadas na Guerra com os Alemães que levou à diminuição da sua população e com isto à perda da influência polaca. Para uma Europa que se exige unida ( mas não em torno de consesos moles ou não discutidos, caso do Trtado de Lisboa, entenda-se) este argumento está longe des ser o ideal! Dentro da Europa os regionalismos são vários, mais ou menos fanatisados, mais ou menos exacerbados: belgas, bascos, escosseces aproveitaram o comboio Kosovar para lembrar o bichinho de independência que há dentro de si.

A História da Europa sempre foi feita destes episódios, de rivalidades de fronteiras que se redefinem e redesenham, coisa estranha para nós metidos neste cantinho virado para o Atlântico e que há séculos e séculos que não alteramos um milímetro das nossas fronteiras. Por isso a independência do Kosovo é tão marcante, como país para já o Kosovo é um Estado falhado sem qualquer condição de subsistir por si e lá irá o bombeiro da União Europeia salvar o novo país pobre, com poucos empregos onde as máfias têm encontrado um belo lar para se instalar. Mas sobretudo a independência do Kosovo poderá ser o ponto final no eterno conflito dos Balcãs, como poderá ser o rastilho a reacender velhas desavenças, velhos conflitos que tanto marcaram a Europa nas últimas décadas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Acabaram-se os discursos de 4 horas!


Fidel renunciou hoje á presidência Conseguirá Cuba sobreviver no modelo comunista sem o líder histórico? Veremos se o modelo ocidental consegue ir furando os dogmas de um regime difícil de mudar nos últimos 50 anos.

Sócrates sobre o país real que Santana anda à procura

Ouvir a entrevista de Sócrates ou as restantes que tem dado nos últimos tempos é ouvir um disco riscado vezes sem conta, as teclas são as mesmas, as frases repetidas vezes sem fim, nenhuma ideia política nova salta dali. Sócrates sabe bem negociar as suas entrevistas, define os temas, sabe as respostas que vai dar e destas não se afasta um milímetro. Mesmo quando as perguntas derivam para questões mais específicas, o vago domina no primeiro-ministro.
Não deixa de ser interessante a resposta dada à criação de novos postos de trabalho. Ao ouvir aquela resposta ganhamos a sensação que fomos provavelmente nós que não entendemos a proposta de Sócrates nas últimas legislativas, o primeiro-ministro prometia 150 mil empregos, mas isso não contava com a população activa que entrou e que entretanto não arranjou emprego, como se fosse difícil prever que a população activa aumentasse! E daí a nossa brilhante taxa de desemprego de 7.9%.
Sobre Educação Sócrates parace um menino iludido, parece acreditar mesmo naquilo que está a fazer, mas se tal acontece é apenas um desconhecimento total da realidade das escolas, ainda para mais quando apresenta as suas reformas do ponto de vista que ou temos aquelas ou nenhumas, como se não houvesse qualquer outra solução.
Mas Sócrates pode fazer um discurso destes porque do outro lado está um líder da oposição que parece ter desaparecido em combate, não se tem ouvido Menezes nos últimos dias, e um líder do grupo parlamentar do PSD que anda pelas aldeias a descobrir o "país real", admitindo que os seus deputados, eleitos, não conhecem o país que os elegeu, o que não deixa de ser uma contradição!

A mudança precisa no Colégio Militar

O Colégio Militar é daquelas instituições supostamente sagradas que por muito estupidificada ou inadequada que esteja ninguém se atreve a mudar. No Domingo a reportagem da SIC (" Um Nó na Alma", do jornalista Pedro Coelho) veio mais uma vez provar que o Colégio Militar precisa, provavelmente, de uma profunda reformulação, esta é uma opinião que tenho de há muito e não se baseia somente na reportagem que vi no Domingo.
O Colégio Militar é um erro nos moldes sobre os quais está formatado neste momento , e não colhe o argumento que os pais são livres de colocar os seus filhos no tipo de ensino que desejam, têm esse direito, como Estado tem o direito e o dever, de por razões de bom senso, não oferecer determinados tipos de ensino. O problema do Colégio Militar é muito mais que um problema pedagógico, é um problema ético e moral muito mais abrangente e que reflecte a forma como as nossas forças armadas são vistas e como se encaram a si próprias. Quem analisa os valores do Colégio Militar de ali absorve sobretudo a referência dedicada à pátria e a disciplina grandemente hierarquizada, o que até poderia ser aplicado, a quem já tenha o mínimo de consciência sobre o papel da forças armadas, não a crianças de dez, onze ou doze anos, a quem duvido que o conceito de pátria ou a noção do papel da defesa na sociedade digam alguma coisa. Estas são crianças a quem se haja razoável dar uma baioneta para as mãos para desfilar numa qualquer parada, uma arma é mais do que um simples objecto, é um símbolo de um poder armado que jamais deve estar nas mãos de qualquer criança. Numa altura em que se discute tanta pedagogia nas escolas, onde ficou a pedagogia para o Colégio Militar?
Mas o problema do Colégio Militar é também o problema da instituição militar, hoje muitos olham para as forças armadas como o reformatório do país, o local para onde vão os meninos que não se sabem portar e muitos pais continuam a ver na disciplina militar a grande solução. Por seu lado não deixa de ser curioso ver os anúncios que as próprias forças armadas passam na televisão para cativar alunos, apresentam-se mais como um enorme parque de diversões, um grande campo de aventuras cheio de adrenalina. Todas estas situações, desde a forma como as forças armadas se promovem à forma como o Colégio Militar está organizado inferiorizam e não dignificam a instituição militar.
Posto tudo isto talvez fosse a altura de acabar com esta história dos tradicionalismos intocáveis, e entre outras coisas, discutir o futuro do Colégio Militar como instituição que não é uma mera disciplina cega e hierarquizada, mas sim um instituição que devia ser muito diferente e melhor do que é, onde jamais deveriam ser impostas condutas militares a meros miúdos!

A reportaem ainda não está disponível no sapo mas pode ser vista por trechos neste sítio do you tube

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Afinal o Estado não é assim tão dispensável.


O Governo Britânico anunciou hoje que irá temporariamente nacionalizar o Banco Northern Rock, que desde o início da crise hipotecária nos Estados Unidos tem mostrado muito da sua fragilidade e da sua falta de liquidez. A crise nos Estados Unidos e o stress e as depressões que esta tem gerado nos mercados internacionais já levou, por várias vezes, os Bancos Centrais a injectar capital no sistema financeiro, ao que se junta agora uma intervenção directa do Estado numa empresa privada.
De facto tudo isto não deixa de ser curioso numa economia que se apregoa de liberal e capitalista. Em tempos de crescimento económico muitos são os que gostam diminuir o papel do Estado na economia, querendo que este seja um mero apêndice na tal economia de "iniciativa privada". Mas quando a iniciativa privada se esfuma no meio da crise parece que todos reclamam por alguém e esse alguém, o Estado, lá acaba por aparecer como salvador dos postos de trabalho e dos depósitos dos clientes que ficaram à maré dá má administração destes bancos. Como dizia Bill Clinton: "É a Economia, estúpido"

O Inglês de Sócrates no seu melhor!



Angela Merkel e os restantes líderes Europeus, em pano de fundo, parecem gostar dos momentos de humor que o inglês técnico do nosso engenheiro primeiro-ministro proporciona.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Nunca é tarde!

Monumento às vitimas do Holocausto em Berlim onde antes se erguia o quartel-general Nazi

O Canadá deportou hoje para Itália um antigo soldado Nazi (Michael Seifert), com 83 anos, acusado da morte brutal de onze antigos prisioneiros que se encontravam no Campo de concentração Italiano de Bolzano. Já ouvi chamarem a estas prisões, tantos anos depois do final da 2º Guerra, de vingança, algo completamente estapafúrdio. Estas prisões, mesmo 60 anos, não são mais que justiça, justiça por crimes que deixaram feridas demasiadamente abertas. Alguns anos depois da morte de Simon Wiesenthal (o judeu que descobriu tantos e tantos Nazis foragidos, entre os quais Eichmann, um homem fundamental na Solução final Nazi e descoberto por Wiesenthal na Argentina) é importante saber que a sua missão é continuada. Estas prisões não devem ser vistas como um instrumento para preservar a história ou a memória do holocausto, para o fazer existem muitas outras formas. São sobretudo a forma de julgar os tantos crimes que ainda estão por julgar, crimes impossíveis de apagar da memória.

Simplificando é isto que cada candidato tem que fazer!

Os oito passos para a Casa Branca em versão animada e dados pelo Campaign Trial da CNN. No fundo os oito grandes trabalhos de quem quer chegar à Casa Branca. Ver aqui.

Filme Brasileiro ganha Urso de Ouro em Berlim



O Filme de José Padilha, Tropa de Elite, venceu o Urso de Ouro em Berlim, mais uma vez o cinema Brasileiro é consagrado com uma narrativa em trono da realidade das favelas brasileiras. Apesar de diferente do também muito apreciado Cidade de Deus, também este filme gira em torno da temática, sempre com primas novos a descobrir, das favelas das grandes cidades do Brasil.

O Paradigma de um país de que não se sabe reformar

É uma opinião que já vinha de há muito, mas após a saída de Correia de Campos, muitos escreveram e disseram vezes sem conta que não há Reformas sem dor, que nunca haverá mudanças sem sofrimento e sem protestos de todo o canto. Parece que esta ideia se tornou um dogma, uma verdade imutável contra a qual nada poderemos fazer. A teoria passa por afirmar que as reformas serão sempre mal entendidas, serão sempre criticadas e nunca gerarão o mínimo de consenso. Não digo que não seja difícil mudar, é sempre, implica normalmente um esforço adicional, mas só num país que não é capaz gerar o mínimo debate sério em torno do que quer que seja é que se pode ter esta visão das reformas.

De facto fazemos reformas como se de lutas de aldeia se tratassem, discutem-se reformas como se o mundo fosse a preto e branco e de um lado estivessem os invariavelmente bons e do outro os invariavelmente maus. Mais grave do que tudo ganhou-se no país a falsa noção que qualquer Reforma é boa, que qualquer mudança é melhor do que nada fazer. Oiço muitos, tantas vezes sem entender, ou sequer compreender os meandros dos sectores que falam, elogiarem Reformas da Educação ou da Saúde, apenas porque mudam o que está, sem avaliarem se a mudança será para melhor ou para pior.
Somos um país demasiado resignado com o que nos põem à frente e muitos engolem em seco as mudanças. Os sindicatos, tantas vezes excessivamente partidarizados, e os trabalhadores que contestam são encarados como as ovelhas negras, sendo logo rotelados como os que nada querem de diferente (e com isto não nego que em todo o lado há bons e muito maus trabalhadores). Por sua vez,
Luís Amado, Ministro dos Negócios Estrangeiros disse na sua entrevista à Visão desta semana: "Quando se pretende reformar, a tensão tem de existir, porque senão, não há mudança", é a perspectiva que hoje em dia as pessoas continuam a ser umas criancinhas e têm que vir uns salvadores auto-apelidados de corajosos aplicar-lhe reformas que por muito que tentem não compreendem.
Poderíamos procurar um consenso entre os que serão afectados pelas reformas(e desejam-nas), e que verdadeiramente conhecem bem as áreas onde trabalham, e os que estão de fora e observam os diversos sectores que funcionam mal. Mas tal parece impossível de fazer, e não é poético tentar concretizá-lo como é inexplicável como tão poucas vezes é tentado. Em vez disto, o país divide-se: os governos não chegam a nenhum acordo com os funcionários públicos ou com as populações que vêm para as ruas; os funcionários do sector privado dizem mal dos funcionários do Estado; as manifestações são feitas; as reuniões marcadas, nenhum entendimento é alcançada e todos mantém a sua irreparável razão.

Passadas tantas reformas feitas sobre este paradigma, pouco mudou, até o paradigma que, infelizmente, continua a ser o mesmo.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Pela Liberdade de Expressão!


Ontem vários jornais Dinamarqueses decidiram voltar a publicar a famosa caricatura de Maomé, publicada em 2005 e que na altura incendiou o mundo árabe, colocando mesmo autor das caricaturas debaixo de um plano de assassinato. Concordo plenamente com a atitude de republicação desta imagem por parte dos jornais , aqui não está em causa se a caricatura é de bom ou de mau gosto, e tal será outra discussão, trata-se de não abdicarmos dos nossos direitos de liberdade expressão em toda a sua plenitude. Mesmo que não concordemos com o teor das caricaturas, estas têm o direito à existência, e jamais deveremos abdicar desse direito em favor das susceptibilidades maiores ou menores que tal poderá causar. Esta não é uma posição radical, eu próprio não gosto de muitas destas caricaturas, mas viver no modelo de democracia em que acreditamos viver passa por lermos, ouvirmos e vermos aquilo que gostamos e que não gostamos.
É inquestionável que há um diálogo com o Mundo árabe e islâmico que é necessário fazer, mas abdicar dos princípios que sempre nos guiaram é partir de um pressuposto errado, e nunca permitirá construir verdadeiras e sólidas pontes com culturas que são invariavelmente diferentes.

Os Sauditas não embarcam na história do São Valentim.


A Arábia Saudita, recentemente visitado por Bush, que chegou a chamar-lhe um exemplo de democracia no Médio Oriente, parece não embarcar nos festejos amorosos que predominaram neste 14 de Fevereiro. Os polícias Sauditas (um género de uma ASAE lá do sítio) correram nos últimos dias as bancas dos comerciantes proibindo a venda dessa flor tão marcante da data: as rosas. Segundo as autoridades Sauditas o São Valentim, essa ocasião tão ocidental, não é muito bem vinda a um regime que se quer muçulmano e bem fiel ao seu fanatismo religioso. Contudo, ao que consta o negócio que floresceu, como as rosas, nos últimos dias na Arábia Saudita foi o contrabando de flores, apesar de tudo os casais sauditas não assim tão pudicos como o regime desejaria.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Afinal é tão fácil dizer: "We say sorry"



Kevin Rudd, o novo primeiro-ministo trabalhista da Austrália, pediu desculpa às milhares de famílias aborígenes que durante tanto tempo sofreram com as leis e acções dos australianos brancos que retiraram tantas crianças das suas famílias natais trazendo-as aos milhares para instituições onde tantas vezes estas crianças foram maltratadas.
Sobre o pedido de desculpas do governo australiano recomendo o post escrito por Ana Gomes no
Causa Nossa

Maus hábitos de um passado que já devia ser distante

"Pela primeira vez desde o 25 de Abril um sindicalista foi condenado por manifestação ilegal e sem nunca ter sido notificado. João Serpa apanhou 75 dias de prisão remíveis em multa.
O sindicalista participou num protesto em solidariedade com os trabalhadores da fábrica A. Pereira da Costa. Em Janeiro de 2005, os trabalhadores da fábrica, que tinham salários em atraso, decidiram tentar falar com o gestor judicial da empresa em processo de falência. O liquidatário mostrava pouca disponibilidade para a função, porque a acumulava com outras tarefas profissionais. Mas cerca de uma centena e meia de trabalhadores procurou-o na empresa onde trabalhava. Na qualidade de sindicalista João Serpa foi solidário com os colegas. Perante a presença da polícia, a concentração decorreu de forma tranquila muito embora não tenham conseguido falar com o gestor judicial. João Serpa foi identificado pela PSP, ainda prestou declarações na polícia passado um mês mas só três anos depois é que voltou a ouvir falar do caso, desta vez já na barra do Tribunal de Oeiras." SIC ONLINE


Mais do que tudo este acontecimento é simbólico, simbólico do sentimento que se gerou no país acerca dos sindicatos. Hoje as estruturas sindicais são vistas como aqueles tipos que refilam sem fim sem nunca ter razão, há um desprezo, bem palpável, que certos sectores têm perante os sindicatos, um sentimento que se retira até de muito do discurso governativo. Churchill disse uma vez que a democracia era o pior sistema de todos, exceptuando todos os outros. Os sindicatos, como parte dessa mesma democracia, também podem ser o pior sistema de representação de todos, exceptuando todos os outros. Sem dúvida que precisam de se modernizar, em especial de se despartidarizar, contudo continuam ser a melhor forma de reflectir o pensamento de uma grande parte dos trabalhadores.

Quem está a votar em Obama?



Vídeo de campanha com os jovens ao lado de Obama

Obama tem um eleitorado base que se tem mostrado o motor da sua campanha: os jovens. Obama é sem dúvida o vencedor junto dos eleitorados até aos 35 anos, enquanto que Clinton ganha junto do eleitorado mais velho, sobretudo nos eleitores normalmente designados de Blue Collar, ou seja os trabalhadores ligados á indústria e à construcção.
Mas Obama está a viver o seu grade momento e começa a conseguir capitalizar muito do eleitorado que era dado do lado de Cliton. Ontem as primárias no Maryland, Washington DC e Virginia foram mais uma prova disso: Obama ganha no eleitorado feminino (60% na Virginia e maryland), no eleitorado negro (quase 90% em alguns Estados), consegue dividir o eleitorado branco com Clinton e ganhou no Maryland e na Virginia um dos grandes trufos eleitorais de Clinton: os Latinos.
É com esta base elitoral mais sólida que nunca que Obama espera conservar e aumentar a ligeira vantagem de delgados que agora ganhou à Sra. Clinton.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Timor: que futuro?

Foto de Luiz Carvalho: "Timor-Leste, Díli. Crianças rezam pela paz. 1999"

Uma vez ouvi que a independência Timor foi das últimas, senão a última, grande causa pela qual todos os portugueses, quase sem excepção, se mobilizaram, e talvez tal não será mentira. Ainda me lembro bem das pétalas atiradas a Ximenes Belo quando visitou Portugal no período tenso do pós-referendo ou dos lenços brancos postos às janelas em sinal de solidaridade com o povo Timorense. Passou quase uma década, Timor foi entregue às Nações Unidas para se preparar para a independência, uma independência que chegou em 2002. Na altura olhou-se para transferência de poderes como uma vitória das Nações Unidas, num enorme esforço conduzido pelo já ausente Sérgio Viera de Mello. Mas os anos passaram, Timor segue naturalmente o seu caminho, com um enorme trabalho de crescimento e desenvolvimento pela frente. Contudo sabemos pouco dos desafios e da realidade actual do país mais jovem do mundo, eu próprio o sinto. As notícias que têm aparecido nos últimos dias acerca dos ataques a Ramos Horta e a Xanana são sobretudo explicativas do estado de saúde do presidente timorense, no entanto julgo que mais do que tudo é preciso enquadrar a realidade presente de Timor. Timor tem vivido tempos difíceis , Xanana passa de Presidente directamente para primeiro-ministro, Alkatiri deixa o governo num clima especialmente complicado e no meio disto tudo existe a questão Austrália, é relevante tentar interpretar qual o papel que a Austrália quer ter no futuro de Timor. Que género de influencia quer gigante da Oceânia ter no pequeno Estado Timorense? Isto já para não falar nas questões da exploração das reservas de petróleo Timorenses ou no que fez Alfredo Reinado atacar os que antigamente considerava amigos, sem que as forças internacionais no terreno o tenham conseguido parar. Para quem quiser explorar mais a realidade Timorense e tentar pôr no contexto os acontecimentos dos últimos dias recomendo diversos posts que têm sido publicados em blogs como: Alto Hama, Exílio Andarilho, Troll Urbano, Timor 2006 e Timor Lolorosae Nação.

A Formação profissonal na futebolândia que é Portugal


Agradeço à Isabel Freitas por me ter enviando hoje esta pérola da nossa formação profissional. Ontem escrevia no Terra de Ninguém que o facilistismo na Educação tinha atingido o seu grau absoluto. Parece que o centro de formação profissional da Guarda segue esta nova máxima educativa e criou, o que imagino concorrido, Curso de Jogador de Futebol que dá nada mais nada menos que a equivalência ao 9º ano. Estudar equações em Matemática, Camões ou Gil Vicente em Português passou a ser desnecessário, tudo isto deu lugar a actividades ditas educativas como: "utilizar a imagem pública na construção da carreira e do êxito pessoal, na divulgação da equipa e do clube que representa". Aliás proponho já um professor para este curso, o sabichão português do futebol e comentador da SIC Notícias: Rui Santos.
Quando nos apresentarem números de suposto sucesso escolar já se sabe à conta do quê esse sucesso é alcançado.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Educação de rastos na última semana.

Uma delegação do Ministério da Educação cancelou hoje a reunião que tinha marcada com o Conservatório Nacional em Lisboa, porque imagine-se a infâmia, haviam manifestantes à espera da delegação minitrial à porta do Conservatório. Parece definitivamente que discutir a reforma do ensino artístico não é algo querido pelo Ministério.
Já aqui apresentei as razões porque acho esta reforma um autêntico logro, um enorme erro que pretende acabar com o ensino de qualidade que até agora era praticado nos conservatórios. Para fingir que não se trata de um desinvestimento, Maria de Lurdes Rodrigues fala numa pseudo-democratização do ensino da música, uma democratização feita pela mediocridade, não passa de um argumento que joga poeira para a cara a quem conhece mal a proposta que está em causa. E o cancelamente da reunião de hoje não passou de mais uma diversão ministerial.

Mas não só com este episódio nos brindou o Ministério da Educação esta semana. Ontem o Ministério percebeu finalmente, quando toda a gente já o tinha entendido, que definir critérios de avaliação de professores a meio do Ano Lectivo e em 20 dias seria no mínimo impossível. Mas esta decisão não anula o essencial, um regime de avaliação de professores que inverte por completo o paradigma daquilo que deve ser uma escola com o mínimo de exigência. De facto a avaliação dos professores é feita em torno das notas dos alunos. O objectivo claro desta avaliação não é fazer qualquer avaliação séria, rigorosa que seja de facto capaz de diferenciar os bons dos maus professores, o objectivo é criar o facilitismo no seu grau absoluto.Tal levará a que os professores deixam de dar as notas que os alunos merecem, e passam a dar as notas de forma a não ficarei eternamente presos nas suas carreiras. Criou-se o modelo em que os alunos têm más notas, apenas e só por causa dos professores, como se o esforço do aluno não contasse, como se o seu estudo ou a falta dele fossem um critério acessório para a nota final. É o paradigma em que o aluno entra na escola e torna-se o melhor estudante do mundo quase por milagre.

É a poupança deste Ministério, passam-se alunos, poupa-se dinheiro e entra-se no país do faz de conta, cheio de estatísticas maravilhosas de sucesso escolar falso, disfarçado por números ocos que nada querem dizer. A escola torna-se um mero ATL, os professores deixam de ensinar e passam a ser animadores culturais das criancinhas. É este o conhecimento e a Educação que se parece querer deixar às gerações futuras, o conhecimento do nada, em que nada se exige e nada se pede.

Obama e Cliton: A diferença é agora nenhuma


Para vencer a Convenção Democrata são necessários, segundo calculos da CNN, 2025 delegados. Neste momento a aproximação entre os dois candidatos é tal que a diferença no número de delegados é mínima, Clinton conta com 1148 delegados eleitos e Barack com 1121. Amanhã é dia de primárias na Virgina, Columbia e Maryland, e por agora Obama parrece estar na frente nas sondagens. Entretanto as 5 vitórias de Obama no fim-de-semana já fizeram baixas, Clinton refrescou a sua equipa mudando a directora de campanha.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

As vidas de Hillary e Obama em 2 minutos cada!




Barack e Clinton mais encostados que nunca


As eleições primárias de ontem no Nebraska (só Democratas), Kansas (só Republicanos), Louisiana e Estado de Washington vieram baralhar ainda mais as contas de quem se atrevera a fazer qualquer projecção do candidato Democrata a estas eleições. Barack ganhou nos três Estados que tiveram primárias democratas e em alguns deles com margens bem confortáveis. A questão nos candidatos Democratas está agora, decisivamente, no número de delegados que cada um levará à convenção. Contudo a Convenção pode tornar-se um enorme risco para os próprios democratas, se a divisão for tal que um acordo se torne difícil de alcançar, a convenção pode tornar-se suicidária para o partido democrata que por vezes tem tendência para fazer autênticos disparates estratégicos. Neste momento importa saber do lado democrata: quem é capaz de vencer McCain? McCain tem uma enorme vantagem do seu lado, a confiança que os eleitores têm nele, o que num período pós-bush e guerra do Iraque é sem dúvida um trunfo. Obama é sem duvida o candidato que já venceu onde nenhum Democrata tinha vencido antes, o que não deixa de ser surpreendente ainda para mais tratando-se de um candidato negro. Por isso Obama pode de facto ser o candidato capaz de reunir os votos democratas e ainda ir buscar votos ao centro, conquistando eleitorado a alas republicanas.
Do lado Republicano McCain é sem dúvida o candidato óbvio, mas contudo é ao mesmo tempo o candidato que não é querido por muito do seu partido, o candidato que não gosta de Bush e o candidato que tem agora que puxar dos seus galões conservadores, e não são muitos, para agradar à facção conservadora ferrenha do partido Republicano. E de facto foi esta desconfiança de muitos face a McCain, não o considerando suficientemente Conservador, aliada aquela sensação de que McCain já lá está que deu ontem a Huckabee, o candidato que parece não querer sair da corrida, vitórias significativas em estados como o Kansas e o Luisiana. São mais ingredientes para uma das mais disputadas campanhas de sempre, que está a chamar os Americanos às urnas num país habituado a brutais níveis de abstenção.

Uma péssima ideia!

Gilberto Madaíl, esse visionário do desenvolvimento e do crescimento económico, brindou-nos ontem com uma proposta no mínimo lunática. Vejamos: Portugal gastou uma pequena fortuna na construção dos Estádios do Euro, com a promessa que tal seria um impulso decisivo para o turismo do país. O impulso nunca veio e ficámos com os Estádios, como o interessante caso do Estádio do Algarve, um perfeito mamarracho, sem uso, sem utilidade a não ser para um ou dois concertos no Verão, um desperdício portanto! Como foi um desperdício o investimento em muitos outros estádios, que endividaram autarquias em demasia, e que hoje, nos jogos de futebol, não têm propriamente multidões para os encher. Face a este cenário e de forma a render o investimento que nos propõe a federação? Organizar o Mundial de 2018 juntamente com os vizinhos Espanhóis, ou seja proposta da Federação é a seguinte: para tapar alguns dos maus investimentos feitos para o Euro a solução é o país gastar de novo os seus não muito abundantes recursos num mega-evento desportivo.
Pode usar-se o argumento que o investimento nãos seria muito, pois o estádios já estão construídos, contudo importa lembrar que o tal Mundial a ser organizado, e espero que não o seja, seria daqui a dez anos, e em dez anos os estádios existentes desgastam-se e então aí lá apareceriam os fanáticos do futebol a pedir umas obrazitas para os seus palcos desportivos.
Mais grave que isto é ver, e desculpem a expressão, a lata com que Gilberto Madaíl faz esta proposta, numa altura em que o país faz o esforço financeiro óbvio, num momento em que já se percebeu que os benefícios que o Euro nos trouxe foram efémeros e o tempo já os levou, como é possível apresentar uma proposta destas? Será que não passa pela cabeça de Gilberto Madaíl que Portugal tem áreas muito mais estruturantes em que gastar o seu mísero dinheiro. Com uma Educação em que parece que é preciso passar alunos à força porque não há dinheiro para os ter na escola, com um SNS em que se fecham serviços no interior por alegada falta de recirsos aparecem estas personagens a fazer propostas deste género! Não é demagogia o que digo, demagógicas e imorais são estas propostas da Federação.
Provavelmente o mundo do futebol português ainda não interiorizou que Portugal não é a futebolândia e que não precisamos de mais uma mega-evento que venha em versão de logro servido em forma de pastilhas de entusiasmo, peseudo-patriotismo e histeria colectiva que demora uns meses e depois acaba. O mal é que o entusiasmo vai e fica a factura para pagar e o balanço e contas para fazer.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Bill Clinton e o humor da publicidade!



Anuncio a uma companhia de suguros que acabou por ser proibido em 2006

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

“Esta imagem mostra um homem exausto. E uma nação exausta”


Foto vencedora do World Press Photo 2008. Afeganistão por Tim Hetherington, 16 de setembro de 2007

Restantes fotos vencedoras do concurso deste ano

Voos da CIA: Outro dos tais “avanços civilizacionais” de Sócrates



Sócrates tem a expressão “avanços civilizacionais” na ponta da língua, usa e abusa desta frase, especialmente quando se vangloria em proveito próprio da vitória do Sim no referendo do Aborto. É pena que a visão do que é a Civilização por parte de Sócrates seja tão parcial e distorcida. Parece que a investigação de possíveis violações dos direitos humanos em território Português já não leva o carimbo da "questão civilizacional" por parte de São Bento. Por muito que apareçam relatórios de organizações internacionais ou por muitas mais denuncias que surjam parece que discutir, os quase certos, voos americanos por céus e bases áreas portuguesas é um assunto menor. O ministro dos assuntos parlamentares, Augusto Santos Silva, que de vez em quando gosta fazer da Assembleia a tribuna da politiquice (e não da política) disse hoje, durante a discussão das propostas do BE e do PCP para a constituição de uma comissão de inquérito sobre o assunto, que tais: "São inoportunas e inúteis e não se justificam". E até seria verdade se não continuassem muitas dúvidas e suspeições por esclarecer, dúvidas alimentadas pelo próprio governo, que numa matéria tão sensível deveria tudo fazer para esclarecer a verdade da ficção. O próprio governo é que deveria sentir incomodado por tais insinuações sobre voos secretos aparecerem em relatórios internacionais, mas parece que o incómodo é pouco!
Bush está a caminho da porta de saída da Casa Branca e pode ser que quem vier a ocupar a Sala Oval comece a descobrir o que se passou nos últimos anos nos voos entre Guantánamo e dezenas de bases áreas espalhadas um pouco por todo o lado.

Durão Barroso Nobel da paz? E já agora o resto dos líderes da cimeira dos Açores


Ramos Horta entregou há cerca de uma semana uma proposta, com vista a galardoar este ano com o Nobel da Paz Durão Barroso e a Comissão Europeia. Segundo o Presidente Timorense Durão Barroso à frente da Comissão Europeia: “trabalhou no sentido de um diálogo pacífico contribuindo abundantemente para as forças da ONU e no auxílio aos refugiados”. De facto a memória é curta: quando Barroso ainda era Durão, e ainda não se tinha metamorfoseado em José Manuel, foi aquele primeiro-ministro de um jardim plantado à beira mar que em certo ano de 2003 organizou uma cimeira com Bush, Aznar e Blair e que sginificou o início da guerra no Iraque, uma decisão que está longe de ter sido a acertada . Seria uma interessante ironia, numa altura em que se discute os voos da CIA que poderão ter passado por Portugal, ver Barroso um candidato a receber o Nobel da paz em Oslo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Fotos com espírito verde




Idade: a Cruz dos tempos Modernos

Francisco Van Zeller, o líder da CIP, disse há uns dias que o livro branco do código laboral não era tão flexível como os patrões desejariam. Sugestão de Van Zeller: criar, por exemplo, no novo código o de trabalho uma alínea em que se poderia despedir devido à necessidade de renovação do quadro de pessoal, um conceito um tanto vago, ou seja e daqui lê-se a suposta incapacidade do trabalhador de se adaptar às inovação das empresas e dos mercados.Infelizmente este é o pseudo-modernismo vincado nas nossas empresas, um modernismo que faz dos mais velhos individuos estúpidos, idiotas, e não há outro termo, incapazes de aprender seja o que for. Hoje parece que é pecado ter 50, os trabalhadores são rotulados de inadequados, de pouco adaptados às novas realidades. Mas Van Zeller diz isto, para não dizer as verdadeiras razões destes tais despedimentos, para as empresas é muito mais barato contratar recém-licenciados novos, vindos fresquinhos das faculdades do que pagar a empregados que já estão no activo há 20 ou 30 anos. A experiência destes trabalhadores, os anos de trabalho são jogados ao lixo e a estes resta a reforma excessivamente antecipada ou a perspectiva de um desemprego difícil de superar.
No fundo Van Zeller é mais um exemplo do país anacrónico que temos. Por um lado ouvem-se rasgados elogios há nossa esperança média de vida, mas por cima deste discurso de circunstância vem o discurso que saúde cara porque tem que tratar dos velhos, dos trabalhadores de meia-idade que são dispensáveis, do sistema de segurança social que não resiste a tantos anos de vida. é os novos tempos do mercado estuda-se até aos 30, trabalha-se até aos 50 e depois o trabalhador torna-se descartável, é o egoísmo no seu melhor!

O candidato Mormon está de fora, McCain é cada vez mais o eleito dos republicanos


terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A avó queniana de Obama



Tem 86 anos vive no meio do nada no Quénia, e é a avó que dá a Obama as suas raízes africanas

Super Terça Feira nos Estados Unidos




Chegou o grande dia e votos para os Americanos. Praticamente metade dos Estados irá às urnas para escolher o candidato de cada um dos dois partidos. No campo Republicano John McCain é o candidato certo, com uma margem já suficientemente larga sob Mitt Romney. Com apoios de peso, como Rudy Giuliani, que viu a sua candidatura morrer na praia, ou Swaznneger o antigo veterano do Vietname depois de várias tentativas parece ser o definitivamente o candidato republicano, e consegue sê-lo derrotado um discurso eminentemente económico de Romnney o que não deixa de ser interessante numa altura de eminente recessão nos Estados Unidos.
Do lado Democrata a decisão pode não estar tomada hoje, o empate entre Obama e Clinton parece ser um cenário em aberto. Em certos grandes Estados como a Califórnia a proximidade entre os dois é demasiado evidente para prever vencedores. A decisão democrata poderá mesmo ficar adiada para as próximas primárias. Não esquecer que nestas eleições primárias os eleitores escolhem delegados, delegados esses que por sua vez irão eleger os candidatos dos respectivos partidos, por isso só mesmo nas últimas eleições poderá ser possível ter a certeza de qual dos candidatos democratas, Barack ou Hillary, terá maior numero de delegados ao congresso. Até lá, como hoje já ouvi esta é uma das mais aguardadas e expectantes Super Terças-feiras de sempre.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Carlos do Carmo ganha prémio Goya do cinema espanhol



Carlos do Carmo recebeu ontem em Espanha o prémio para melhor canção original de 2007 nos prémios de cinema Goya. O fadista português recebeu o prémio pelo seu Fado da Saudade intrepertado no filme de Carlos Saura Fados.

O esplendor do Carnaval à portuguesa

Durante anos a fio Jardim contemplou os pobres cubanos do continente com estes desfiles em que se tornava o folião-mor. Agora parece que anda reformado destas andaças


Até na época de carnaval é díficil entender certos hábitos desta nossa portugalidade: durante todo o ano os homens portugueses gostam de cultivar aquele seu ar machão. Chegamos ao carnaval e há uma invasão de homens vestidos de mulher nos desfiles carnavalescos, de gosto duvidoso diga-se. Vá-se lá entender isto!

É acima de tudo jornalismo

Nos últimos dias tem se levantado alguma polémica acerca da legitimidade ou não do Público em trazer para as manchetes revelações sobre o passado de Sócrates. Não só acho que tal é legítimo, como acho que tudo o que se tem revelado constituiu conteúdo jornalístico. Não sei, e é me completamente indiferente, se o Público tem ou não tem um objectivo em denegrir a imagem do primeiro-ministro ou se o José António Cerejo, que tem feito as reportagens, como já ouvi, tem uma tara especial por estas histórias; o facto é que para mim é relevante saber o passado público do primeiro-ministro. Por muito que se crie um falso pudor de que tal não interessa para avaliar o primeiro-ministro, o facto é que acima de tudo esta é uma questão de avaliação de carácter político, e tal não só interessa como é relevante para conhecer o primeiro-ministro.
Se estivéssemos num país como os Estados Unidos já saberíamos de alto a baixo a vida e o passado de Sócrates, a mim não me interessa nada saber da sua vida privada , só a ele essa esfera da sua vida pertence, quanto à sua actividade pública é importante saber se em todos os momentos Sócrates foi idóneo, pois também assim poderemos aferir a moralidade do primeiro-ministro no cargo que ocupa.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

O ensino artístico chutado para um canto!

Ontem um amigo meu, aluno no instituto gregoriano de Lisboa, enviou-me as propostas de alteração ao ensino artístico em Portugal. Ao ler a explicação da forma como o Ministério da Educação pretende organizar o ensino da música em Portugal ficamos com clara noção que o verbo poupar chegou a um ponto ridículo, em que mais do que cortar naquilo que é supérfluo cortamos no essencial, nas áreas de formação mais básicas hipotecando o ensino sério de várias gerações. Existem várias explicações para rejeitar a proposta do ministério de Maria de Lurdes Rodrigues, mas na generalidade o Ministério da Educação quer aplicar um modelo totalmente errado que já havia sido aplicado aos ATL´s. Protegidos por baixo do falso chapéu da democratização do ensino da música o Ministério pretende tornar obrigatório o ensino da música nas escolas do 1º ciclo (algo que até podia ser uma boa ideia, mas de difícil aplicação visto que se duvida que hajam bons professores em número suficiente para o fazer), mas em troca o Ministério deixará de apoiar o ensino inicial da música nos conservatórios. Resultado: como se quer fazer reformas sem investimento cria-se uma massificação das aulas de música, de ensino duvidoso, e em troca termina-se com as referências de qualidade do ensino nos conservatórios, eu próprio muitas vezes assisti a apresentações do Instituto Gregoriano de Lisboa em que era clara a qualidade e a dedicação do ensino que ali professores e alunos tentam construir. Maria de Lurdes Rodrigues poderia espalhar o ensino musical nas escolas públicas, mas não uma democratização medíocre, baseada na descida da qualidade, querendo apenas fazer muito mais com menos dinheiro, o que neste caso resulta em algo muito pior. Desta forma os alunos só poderão entrar no conservatório com uma idade muito mais avançada do que aquilo que seria desejado, visto que primeiro terão que passar pelas aulas de música da escola primária. Os pais que até agora gostavam de completar a educação dos filhos com um ensino musical sério vêem-se abandonados pelo Estado e terão, se quiserem, que recorrer a instituições privadas. Na net corre já uma petição contra esta mudança, é uma petição com razões fundamentadas, apenas apela a que se pare uma mudança completamente injustificada. Esta é a verdadeira política em que se apenas se quer mostrar uma coisa qualquer mesmo que essa coisa seja o vazio absoluto!

Que queridos que eles estavam no debate!


No último debate entre Hillary e Obama, no famoso Kodak Theatre (o palco dos Óscares) e perante um público cheio da nata de Hollywood, os dois restantes candidatos Democratas mostraram-se extraordinariamnete próximos. A dias da super-terça feira em que praticamente metade dos Estados vão a eleições primárias será esta atitude o sinal de um entendimento entre os dois? Pode ser que sim, os dois candidatos poderão vir a dividir a presidência e a vice-presidência dos Estados Unidos.

Correia de Campos: de Besta a Bestial


Correia de Campos, pela voz de muitos é agora elevado a um grande ministro e que apenas tinha que sair pela sua inabilidade em comunicar as suas políticas. Interessante ouvir tantas vozes a levantarem-se defendendo Correia de Campos, pena para o ex-ministro que estas vozes não tenham aparecido mais cedo e que só agora se façam ouvir. Não ponho em causa a bondade pessoal de Correia de Campos nas suas políticas, mas a boa fé do antigo ministro não faz com que passe a concordar com as suas decisões. Uma das vozes que se ouviu contra a saída do ministro da saúde foi a de Silva Lopes que numa recente entrevista ao Negocias da Semana da SIC Notícias afirmou que a Saúde deveria ser e cito “raccionada”, para Silva Lopes as técnicas e os exames de diagnóstico que apareceram nos últimos anos não são um benefício, são dramas financeiros e para fazer face a tudo isto José Silva Lopes propõe que cada médico deveria ter um orçamento e geria esse orçamento consoante os doentes. É o Estado Social no seu ponto zero, na sua versão mais esvaziada. A solução de Silva Lopes pode levar facilmente a situações em que um médico, com falta de orçamento, perante dois doentes que precisam, por exemplo de uma TAC, deverá escolher a qual realizará o exame. Ao doente que não realizar o exame adequado, o médico terá que por dons especiais de adivinhação fazer o diagnóstico do seu paciente. Silva Lopes afirma ainda que acha que os serviços de saúde que foram fechados eram uma “comodidade” ou seja e entenda-se para o ex-governador do Banco de Portugal a saúde e a sua proximidade são acima de tudo um luxo e não um direito. Silva Lopes gostava de um SNS que fosse apenas medido pela bitola dos números, as pessoas seriam um género de um apêndice, os doentes uns gastadores inveterados. O problema é que ao contrário dos exames, as maleitas dos doentes que enchem o SNS não são racionáveis e ninguém as pode fazer desaparecer. Mas Silva Lopes como muitos outros que fazem este discurso deveriam entender que o verdadeiro debate que falta fazer em Portugal prende-se com o tipo de Estado que queremos e nesse tal modelo de Estado acredito que os Portugueses em troca da carga fiscal que sobre eles pesa pedem apenas duas garantias essenciais: Educação e Saúde, e muitas vezes estas garantias parecem tudo menos seguras. Mais gostava que Silva Lopes fizesse as contas de quanto custa ao país deixar ao abandono o interior do país, mas essas contas ainda ninguém se lembrou de fazer!


sábado, 2 de fevereiro de 2008

Parece que o Eliseu já tem uma nova primeira-dama!



Muitos garantem que esta manhã que Sarko e Bruni casaram no Palácio Presidencial, será que foi desta que foi desta que o casalinho francês deu o nó?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A pérola arquitectónica da Era Sócrates


Ora aqui está demonstrada a qualidade patente da engenharia técnica de Sócrates, um símbolo de bom gosto. Parece que os tempos de engenheiro de Sócrates continuam a ter muitas histórias interessantes e o Público têm as descoberto e muito bem. Numa única semana temos duas provas como Sócrates pensa o ordenamento do território, há dias soubemos que o governo faz aprovar um traçado do TGV que os técnicos dizem ser tudo menos aconselhável e agora descobrimos qual o conceito estético que Sócrates defende para as nossas cidades. Parafraseando o nosso próprio primeiro-ministro: “É verdade sou um provinciano” (frase de Sócrates ao Libération) e está aqui uma bela prova disso!

O animal feroz do continente conseguiu domar Jardim?



"Não vou insistir em críticas quando fiquei com a impressão que há um sentimento de boa vontade. Eu saio daqui hoje convicto que há um sentimento de boa vontade em ultrapassar obstáculos que tem havido e tenho que ser honesto e dizê-lo", Alberto João Jardim

Regicídio: passaram 100 anos


Deportados Republicanos após a revolução de 31 de Janeiro




Trailler da Série O Dia do regícidio


Por estes dias passam os aniversários de dois acontecimentos marcantes para compreender o século XX Português.

Ontem passaram 117 anos sobre a primeira revolta republicana no Porto. Embalados pelo ultimato inglês e pelos gritos de revolta que este gerou, os republicanos aproveitam a oportunidade e tentam implementar pela primeira vez o novo regime, falham, são presos, julgados em conselho de guerra e deportados. Sobre a revolta do 31 de Janeiro recomendo os excelentes post no Blasfémias.

Mas passam hoje 100 anos sobre o regicídio no Terreiro do Paço, regicídio em que morreram D. Carlos e D. Luís Filipe, o príncipe Real. Hoje dez décadas volvidas sobre os acontecimentos do 1º de Fevereiro de 1908 parece haver uma tentativa de relembrar a figura do rei D. Carlos, o que acho sensato, mas parece-me exagerado, como já ouvi tentar fazer do regicídio o acto único e principal que levou à instauração da república. É verdade que o assassinato do rei precipitou a instauração da República, que aconteceu 2 anos depois, é claro que após o desaparecimento de D. Carlos toma lugar um enorme vazio poder, o novo e último rei de Portugal, D Manuel, era totalmente inexperiente, tinha provavelmente metade da visão política do pai. Mas entenda-se D. Carlos era de facto uma figura simpática, culta, cosmopolita para os padrões de um país que tinha mais de 70% de analfabetismo, mas era exactamente este contraste que fazia de D. Carlos uma figura pouco querida junto dos Portugueses. D. Carlos era a cara de um regime apodrecido, perdido num rotativismo entre os dois maiores partidos e que progressivamente levava o sistema ao desgaste. Reconheça-se D. Carlos ainda tentou inverter esta situação ao chamar João Franco para formar governo, num espírito reformista, mas para o fazer é obrigado a fechar as cortes e João Franco e o seu projecto liberal para o país acabam por cair com o rei.
Hoje afirma-se que a república dificilmente teria chegado devido aos seus residuais 7% de votos, uma percentagem de votação que se encontrava sobretudo nas cidades. Mas o facto é que não nos esqueçamos que só os alfabetos é que votavam, uma minoria portanto, afastando muitos do acto eleitoral e devemos ainda lembrar-nos que o centro do país era verdadeiramente em Lisboa, foi aqui que a Monarquia concentrava os seus actos, foi aqui que a Republica se proclamou e então só depois foi comunicada ao resto do país. Este era o país de então, ao camponês típico do campo, pouco interessaria da rotatividade dos governos reais ou os discursos inflamados nas cortes
O Regicídio foi um acto altamente condenável, mas será exagerado e arriscado afirmar que foi o Regicídio que matou definitivamente a Monarquia, pode ter acelarado a sua morte, mas este fim há muito se desenhava.
Mais do que esta tentativa de prever cenários hipotéticos importa saber o que se passou naqueles dias de 1908, com os regicidas, Manuel Buíça e Alfredo Costa morreu muito do que se poderia saber sobre o atentado. Muito continua por descobrir, desde o envolvimento da Carbonária e da Maçonaria, passando pela possibilidade do envolvimento de alguns monárquicos fiéis aos seus grandes partidos e que não gostaram da nomeação de João Franco. Tudo dúvidas por esclarecer num processo que se perdeu e que nunca chegou a lado nenhum.