Ontem um amigo meu, aluno no instituto gregoriano de Lisboa, enviou-me as propostas de alteração ao ensino artístico em Portugal. Ao ler a explicação da forma como o Ministério da Educação pretende organizar o ensino da música em Portugal ficamos com clara noção que o verbo poupar chegou a um ponto ridículo, em que mais do que cortar naquilo que é supérfluo cortamos no essencial, nas áreas de formação mais básicas hipotecando o ensino sério de várias gerações. Existem várias explicações para rejeitar a proposta do ministério de Maria de Lurdes Rodrigues, mas na generalidade o Ministério da Educação quer aplicar um modelo totalmente errado que já havia sido aplicado aos ATL´s. Protegidos por baixo do falso chapéu da democratização do ensino da música o Ministério pretende tornar obrigatório o ensino da música nas escolas do 1º ciclo (algo que até podia ser uma boa ideia, mas de difícil aplicação visto que se duvida que hajam bons professores em número suficiente para o fazer), mas em troca o Ministério deixará de apoiar o ensino inicial da música nos conservatórios. Resultado: como se quer fazer reformas sem investimento cria-se uma massificação das aulas de música, de ensino duvidoso, e em troca termina-se com as referências de qualidade do ensino nos conservatórios, eu próprio muitas vezes assisti a apresentações do Instituto Gregoriano de Lisboa em que era clara a qualidade e a dedicação do ensino que ali professores e alunos tentam construir. Maria de Lurdes Rodrigues poderia espalhar o ensino musical nas escolas públicas, mas não uma democratização medíocre, baseada na descida da qualidade, querendo apenas fazer muito mais com menos dinheiro, o que neste caso resulta em algo muito pior. Desta forma os alunos só poderão entrar no conservatório com uma idade muito mais avançada do que aquilo que seria desejado, visto que primeiro terão que passar pelas aulas de música da escola primária. Os pais que até agora gostavam de completar a educação dos filhos com um ensino musical sério vêem-se abandonados pelo Estado e terão, se quiserem, que recorrer a instituições privadas. Na net corre já uma petição contra esta mudança, é uma petição com razões fundamentadas, apenas apela a que se pare uma mudança completamente injustificada. Esta é a verdadeira política em que se apenas se quer mostrar uma coisa qualquer mesmo que essa coisa seja o vazio absoluto!
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