segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Educação de rastos na última semana.

Uma delegação do Ministério da Educação cancelou hoje a reunião que tinha marcada com o Conservatório Nacional em Lisboa, porque imagine-se a infâmia, haviam manifestantes à espera da delegação minitrial à porta do Conservatório. Parece definitivamente que discutir a reforma do ensino artístico não é algo querido pelo Ministério.
Já aqui apresentei as razões porque acho esta reforma um autêntico logro, um enorme erro que pretende acabar com o ensino de qualidade que até agora era praticado nos conservatórios. Para fingir que não se trata de um desinvestimento, Maria de Lurdes Rodrigues fala numa pseudo-democratização do ensino da música, uma democratização feita pela mediocridade, não passa de um argumento que joga poeira para a cara a quem conhece mal a proposta que está em causa. E o cancelamente da reunião de hoje não passou de mais uma diversão ministerial.

Mas não só com este episódio nos brindou o Ministério da Educação esta semana. Ontem o Ministério percebeu finalmente, quando toda a gente já o tinha entendido, que definir critérios de avaliação de professores a meio do Ano Lectivo e em 20 dias seria no mínimo impossível. Mas esta decisão não anula o essencial, um regime de avaliação de professores que inverte por completo o paradigma daquilo que deve ser uma escola com o mínimo de exigência. De facto a avaliação dos professores é feita em torno das notas dos alunos. O objectivo claro desta avaliação não é fazer qualquer avaliação séria, rigorosa que seja de facto capaz de diferenciar os bons dos maus professores, o objectivo é criar o facilitismo no seu grau absoluto.Tal levará a que os professores deixam de dar as notas que os alunos merecem, e passam a dar as notas de forma a não ficarei eternamente presos nas suas carreiras. Criou-se o modelo em que os alunos têm más notas, apenas e só por causa dos professores, como se o esforço do aluno não contasse, como se o seu estudo ou a falta dele fossem um critério acessório para a nota final. É o paradigma em que o aluno entra na escola e torna-se o melhor estudante do mundo quase por milagre.

É a poupança deste Ministério, passam-se alunos, poupa-se dinheiro e entra-se no país do faz de conta, cheio de estatísticas maravilhosas de sucesso escolar falso, disfarçado por números ocos que nada querem dizer. A escola torna-se um mero ATL, os professores deixam de ensinar e passam a ser animadores culturais das criancinhas. É este o conhecimento e a Educação que se parece querer deixar às gerações futuras, o conhecimento do nada, em que nada se exige e nada se pede.

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