sábado, 23 de fevereiro de 2008

A Câmara de bolsos rotos

António Costa tinha como único objectivo do seu primeiro mandato pôr ordem nas contas das finanças públicas de Lisboa, um exemplo da ruína absoluta, que impede fazer o que quer que seja numa cidade que em tantos dos seus cantos parece estar eternamente entaipada ou transformada num interminável estaleiro. Costa queria a reforma das finanças municipais, o Tribunal de Contas não deixou, e as centenas de pequenos e grandes credores, vítimas do desleixo do município, continuam à espera do seu dinheiro atrasado anos e anos a fio.
Este é um caso significativo da forma como o Estado, neste caso as autarquias, paga e se relaciona com os privados. O pagamento dos serviços por parte da autarquia é feito como se tratasse do velhinho conceito do fiado nas merecerias, paga-se quando puder! O mal é que "o quando puder" da Câmara de Lisboa é demasiadamente tarde para muitas das empresas que trabalham com o município lisboeta, para muitos delas a Câmara é o principal cliente, o principal local de trabalho. E é também isto que é representativo em toda esta novela sem fim das contas de Lisboa. Na capital, como no resto do país, as empresas (desde as prestadoras de serviços às construtoras) também estão agarradas ao Estado e é este o seu grande comprador, no fundo vivemos em mercados pequenos, nos quais o peso do Estado central ou local continua a ser enorme.
Se andávamos à procura de mais um paradoxo de como funcionam e se relacionam as empresas e o Estado em Portugal, aqui temos mais um exemplo, numa triste história de falta de pagamento que tem sufocado muitas empresas da cidade, e muitas delas pequenas e médias empresas, o tal tecido económico essencial do país!

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