quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Feridas que tardam em sarar

Kosovo. Pristina. 1999, Multidão festeja a entrda das tropas da NATO

O Kosovo declarou a independência, a antiga Jugoslávia de Tito ou Milosevich desmembra-se, os Balcãs voltam ciclicamente a ser o ponto quente para o qual a Europa se vira. O velho continente volta a mudar as suas fronteiras, rivalidades antigas são agora revisitadas, conflitos do passado continuam definitivamente a marcar o presente.

Conflitos étnicos, lutas por espaço vital, conflitos armados foram a tónica da história Europeia, uma história em que tantas vezes as tensões estiveram concentrados nos Balcãs, foi aqui que se criaram muitas das condições para o inicio da primeira guerra, e foi também aqui que se deu último grande conflito europeu no pós segunda guerra, a grande dor de cabeça para o continente europeu nos anos que se seguiram à queda do muro. Hoje sem qualquer dúvida a Europa é mais unida, basta relembrar as velhas rivalidades entre ingleses, franceses, alemãs, austríacos, russos aquando do início do século XX para entender que não só no papel, com a constituição da União Europeia, mas efectivamente somos um povo mais unido, mais próximo. O que não significa que tudo seja perfeito, nem poderia, não nos esqueçamos que apesar de tudo o muro caiu há menos de 20 anos e que hoje, felizmente, no seio da União já estão muitas das antigas repúblicas soviéticas. Contudo as rivalidades não deixam de vir ao de cima, basta lembrar os irmãos Kansisky da Polónia e o argumento que usaram nas negociações do Tratado de Lisboa chegando mesmo a afirmar que deveriam ter o mesmo peso percentual de votos que a Alemanha, pois segundo eles, foram as mortes provocadas na Guerra com os Alemães que levou à diminuição da sua população e com isto à perda da influência polaca. Para uma Europa que se exige unida ( mas não em torno de consesos moles ou não discutidos, caso do Trtado de Lisboa, entenda-se) este argumento está longe des ser o ideal! Dentro da Europa os regionalismos são vários, mais ou menos fanatisados, mais ou menos exacerbados: belgas, bascos, escosseces aproveitaram o comboio Kosovar para lembrar o bichinho de independência que há dentro de si.

A História da Europa sempre foi feita destes episódios, de rivalidades de fronteiras que se redefinem e redesenham, coisa estranha para nós metidos neste cantinho virado para o Atlântico e que há séculos e séculos que não alteramos um milímetro das nossas fronteiras. Por isso a independência do Kosovo é tão marcante, como país para já o Kosovo é um Estado falhado sem qualquer condição de subsistir por si e lá irá o bombeiro da União Europeia salvar o novo país pobre, com poucos empregos onde as máfias têm encontrado um belo lar para se instalar. Mas sobretudo a independência do Kosovo poderá ser o ponto final no eterno conflito dos Balcãs, como poderá ser o rastilho a reacender velhas desavenças, velhos conflitos que tanto marcaram a Europa nas últimas décadas.

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