Correia de Campos, pela voz de muitos é agora elevado a um grande ministro e que apenas tinha que sair pela sua inabilidade em comunicar as suas políticas. Interessante ouvir tantas vozes a levantarem-se defendendo Correia de Campos, pena para o ex-ministro que estas vozes não tenham aparecido mais cedo e que só agora se façam ouvir. Não ponho em causa a bondade pessoal de Correia de Campos nas suas políticas, mas a boa fé do antigo ministro não faz com que passe a concordar com as suas decisões. Uma das vozes que se ouviu contra a saída do ministro da saúde foi a de Silva Lopes que numa recente entrevista ao Negocias da Semana da SIC Notícias afirmou que a Saúde deveria ser e cito “raccionada”, para Silva Lopes as técnicas e os exames de diagnóstico que apareceram nos últimos anos não são um benefício, são dramas financeiros e para fazer face a tudo isto José Silva Lopes propõe que cada médico deveria ter um orçamento e geria esse orçamento consoante os doentes. É o Estado Social no seu ponto zero, na sua versão mais esvaziada. A solução de Silva Lopes pode levar facilmente a situações em que um médico, com falta de orçamento, perante dois doentes que precisam, por exemplo de uma TAC, deverá escolher a qual realizará o exame. Ao doente que não realizar o exame adequado, o médico terá que por dons especiais de adivinhação fazer o diagnóstico do seu paciente. Silva Lopes afirma ainda que acha que os serviços de saúde que foram fechados eram uma “comodidade” ou seja e entenda-se para o ex-governador do Banco de Portugal a saúde e a sua proximidade são acima de tudo um luxo e não um direito. Silva Lopes gostava de um SNS que fosse apenas medido pela bitola dos números, as pessoas seriam um género de um apêndice, os doentes uns gastadores inveterados. O problema é que ao contrário dos exames, as maleitas dos doentes que enchem o SNS não são racionáveis e ninguém as pode fazer desaparecer. Mas Silva Lopes como muitos outros que fazem este discurso deveriam entender que o verdadeiro debate que falta fazer em Portugal prende-se com o tipo de Estado que queremos e nesse tal modelo de Estado acredito que os Portugueses em troca da carga fiscal que sobre eles pesa pedem apenas duas garantias essenciais: Educação e Saúde, e muitas vezes estas garantias parecem tudo menos seguras. Mais gostava que Silva Lopes fizesse as contas de quanto custa ao país deixar ao abandono o interior do país, mas essas contas ainda ninguém se lembrou de fazer!
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