quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Os recursos que vamos gastando


Filas para gasolina no final dos anos 70

Um belo dia acordámos todos com o petróleo a 100 dólares e a ouvirmos a “verdade inconveniente” que o mundo está pouco verde, que as mudanças ambientais poderão ter uma factura económica demasiadamente alta ou que o petróleo, o recurso que foi a água das economias ocidentais nos últimos anos, é agora mais procurado que nunca e pode ter uma curta vida enquanto recurso sustentável.
Em solução aos litros de gasolina que atestam os automóveis, muitos apresentam, não o óleo para fritar batatas como parece que é moda, mas o agora conhecido biodiesel, um mercado em pleno florescimento. Lula da Silva por exemplo tem conduzido uma enorme aposta neste combustível no Brasil. Mas o combustível até se pode chamar bio, o que não significa que seja a perfeição ecologicamente ou mesmo economicamente. Os campos de cereais parecem ser a nova galinha dos olhos de ouro, e os campos de trigo têm ganho espaço e comido até alguns bons bocados de floresta. Obviamente que em termos de emissões poluentes julgo que o biodiesel será menos poluente, mas como todas as soluções não é perfeito. Como também já entendemos, pelos preços do trigo nos últimos dias que esta não é uma solução económica, 2008 é já um ano com enormes aumentos nos preços dos bens alimentares, e não é só no pão ou só em Portugal, leite, queijo, cereais atingem preços estranhamente elevados e que já levaram inclusive o governo francês a intervir para controlar minimamente os preços dos bens alimentares mais básicos.
Ao olharmos para todas estas soluções, que sucessivamente arranjamos para responder a todas as nossas necessidades, ficamos com a percepção que estamos a construir um sociedade autofágica que para responder às suas necessidades imediatas necessita de consumir mais e mais recursos, recursos sem fim que resolvendo uma parte dos problemas, criam outros, para os quais é preciso procurar uma outra resposta qualquer. Tudo isto pode soar demasiado filosófico, mas passa sobretudo por entranhar como nos tornámos irreversivelmente dependentes de crescimento económico, este tornou-se o companheiro essencial das sociedades ocidentais, um companheiro díficil de manter e de sustentar.

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