Cavaco chamou hoje os jornalistas a Belém para promulgar do Tratado de Lisboa em pleno dia da Europa. A maré de rectificações à velocidade da luz continua, a aprovação no parlamento português passou ao lado, uma espécie de cerimónia meia escondida para não se dar ainda mais conta da promessa de referendo quebrada. Mas é neste dia da Europa que os líderes Europeus andam a rezar aos santinhos para que o referendo Irlandês não saia com o resultado negativo depois do escândalo que obrigou à mudança de primeiro-ministro. Foi esta a Europa sonhada há 51 anos? Há meio século atrás os Europeus entendiam a Europa, compreendiam que nascia ali um projecto para reerguer o velho continente rachado a meio depois da guerra. Hoje os Europeus sabem em que é que o seu futuro mudará com o Tratado de Lisboa? Sabem como funcionarão as instituições, os órgãos que influenciarão as nossas vidas nas próximas décadas? Não sabem, o Tratado é para rectificar à presa sem referendos, mesmo que prometidos, pois não vá dar a louca aos Europeus e votar não. É esta a mentalidade paternalista, é verdade que o Referendo Francês foi dominado por outras questões que não as Europeias, mas tal não significa que o Tratado passe ao lado, pelo contrário só devia preocupar ainda mais uma Europa que prova e legitima assim o facto de não conseguir gerar discussão junto dos seus cidadãos. Qual a resposta a esta incapacidade de gerar debate? Não fazer debate nenhum! O tom do discurso de Sócrates no parlamento passa por considerar que quem é contra o Tratado de Lisboa é contra a Europa, como se o mundo fosse preto e branco, ou se está connosco ou se está contra nós ( e digo isto sem conseguir dizer se sou a favor ou contra do tratado). A Europa precisava de um desbloqueador, mas é triste quando um projecto para um tão largo futuro não possa ser discutido. É uma visão do projecto Europeu muito longe do: “Porreiro, pá!” de Sócrates.
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