quinta-feira, 22 de maio de 2008

O saudosismo dez anos depois do orgulho

Confesso que nestes dias fui picado pelo bichinho português do saudosismo ao ver as imagens das Expo de há dez anos, altura em que não passava de um puto a acabar a primária mas que se lembra, agora um década passada, muito bem do que foi ali entrar, do espectáculo no pavilhão Atlântico, do Gil que nos cumprimentava à entrada, dos espectáculos por todo recinto, do teleférico, do Aquamatrix à meia noite a encerrar o dia ou das intermináveis filas das quais me consegui escapulir, não por golpe de asa, mas devido à bendita gravidez da minha mãe que nos dava prioridade na entrada e evitava que destilasse nas filas amontoadas no Oceanário ou no Pavilhão de Portugal.
Recordamos a Expo porque todos por lá passámos, porque todos nos lembramos daquele canto lisboeta que ali se ergueu, lembramo-nos, e gostamos de nos recordar da Expo porque foi talvez o último período dos últimos largos anos que não andámos com a palavra crise em todas as conversas, porque nos convencemos que tínhamos chegado lá, à Europa. No fundo Portugal parece um país depressivo vive de picos de felicidade e de picos de tristeza, a Expo foi o nosso pico de felicidade, hoje vivemos o nosso pico de tristeza, parece que é um ciclo do qual não nos conseguimos livrar. Falta saber para quando o pico de felicidade.
Ao contrário do Euro 2004 hoje dez anos não posso olhar para a Expo e dizer que foi o mesmo que deitar dinheiro pela janela, o parque das Nações que ficou pode não ser perfeito, mas é muito melhor do que era a parte Oriental da capital há 20 anos, a Expo criou de facto um pólo novo em Lisboa. Mas a verdade também é que o modelo das construções principescas e do Betão acabou, e o que nos deu crescimento há dez anos não resulta mais, falta saber o que nos dará crescimento hoje.

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