Confesso que nestes dias fui picado pelo bichinho português do saudosismo ao ver as imagens das Expo de há dez anos, altura em que não passava de um puto a acabar a primária mas que se lembra, agora um década passada, muito bem do que foi ali entrar, do espectáculo no pavilhão Atlântico, do Gil que nos cumprimentava à entrada, dos espectáculos por todo recinto, do teleférico, do Aquamatrix à meia noite a encerrar o dia ou das intermináveis filas das quais me consegui escapulir, não por golpe de asa, mas devido à bendita gravidez da minha mãe que nos dava prioridade na entrada e evitava que destilasse nas filas amontoadas no Oceanário ou no Pavilhão de Portugal.
Recordamos a Expo porque todos por lá passámos, porque todos nos lembramos daquele canto lisboeta que ali se ergueu, lembramo-nos, e gostamos de nos recordar da Expo porque foi talvez o último período dos últimos largos anos que não andámos com a palavra crise em todas as conversas, porque nos convencemos que tínhamos chegado lá, à Europa. No fundo Portugal parece um país depressivo vive de picos de felicidade e de picos de tristeza, a Expo foi o nosso pico de felicidade, hoje vivemos o nosso pico de tristeza, parece que é um ciclo do qual não nos conseguimos livrar. Falta saber para quando o pico de felicidade.
Ao contrário do Euro 2004 hoje dez anos não posso olhar para a Expo e dizer que foi o mesmo que deitar dinheiro pela janela, o parque das Nações que ficou pode não ser perfeito, mas é muito melhor do que era a parte Oriental da capital há 20 anos, a Expo criou de facto um pólo novo em Lisboa. Mas a verdade também é que o modelo das construções principescas e do Betão acabou, e o que nos deu crescimento há dez anos não resulta mais, falta saber o que nos dará crescimento hoje.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
O saudosismo dez anos depois do orgulho
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