sábado, 22 de março de 2008

5 anos depois



É díficil compreender o Iraque, tão difícil como compreender toda a complexidade do Médio Oriente, é impossível fazê-lo apenas pelas notícias quotidianas de ataques terroristas na região. Por tudo isto hoje, 5 anos depois somos capazes de contar as centenas de milhares de mortos civis ou militares, somos capazes de contar os 500 biliões de dólares jogados pela janela fora com esta guerra, e que deixaram os Estados Unidos com uma longa dívida pública para pagar, mas ainda não sabemos (como Bush não fazia a mínima ideia quando invadiu o Iraque) a forma como se dará a retirada do país, mais não sabemos se uma vez retiradas as tropas ocidentais não terão invariavelmente que lá voltar como meio de tirar o Iraque do caos em que se pode tornar. A administração Bush confundiu o Iraque com uma qualquer luta de faroeste ao pôr do sol julgando que o Médio Oriente podia ser resumido com a visão simplista em que de um lado estão os bons e do outro os maus. Saddam era um ditador, mas era preciso pensar no pós Saddam em que o consenso e a estabilidade seriam difícil de trazer a um país cheio de velhas rivalidades entre sunitas, xiitas e curdos. Por isso não colhe o argumento que o erro não foi a invasão mas o planeamento do pós guerra, resta saber qual a invasão ou guerra que pode ser iniciada sem ter um plano consistente para o futuro.

Anunciava-se que o conflito seria de meses, a verdade é que já passou muito tempo e 5 anos depois um pouco de pragmatismo não deixa de ser necessário. Ao olharmos para o Médio Oriente de hoje esta é uma região mais segura? Dificilmente será, o Iraque está longe da estabilidade, o Irão emergiu mais do que nunca como uma potência regional, há pouco mais de um ano Israel voltou a entrar no Líbano, o Afeganistão parece um território esquecido para onde o príncipe Harry vai brincar aos soldados e a semente de tudo continua lá, o conflito Israelo-palestiniano não avançou para nada de significativo, aliás parece que Bush se lembrou agora da situação da Palestina e para salvar a imagem lá vai fazendo as sua inconsequentes negociações e cimeiras de paz.
A Guerra no Iraque ensinou-nos que muito ainda temos a aprender sobre aquela zona, que ainda a conhecemos mal e isso ajuda a que 5 anos depois da invasão continuamos sem saber que será do futuro da região, dúvidas que não desaparecem com a perspectiva de mudança de rostos na Casa Branca. John McCain quer ficar no Iraque indefinidamente, o que é duvidosamente sustentável ou sequer aceitável pelos Iraquianos, por sua vez os democratas pretendem começar a retirar do território, restando saber se o Iraque ainda fragilizado aguentará a saída das tropas ocidentais.

Tudo demasiadas perguntas sem resposta 5 anos depois do início do conflito.

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