segunda-feira, 17 de março de 2008

A ilusão da falsa riqueza (actualizado)




Saudades, é o que muitos devem sentir daqueles anos, assim não muito distantes, em que famílias inteiras corriam de imobiliária em imobiliária, de stand em stand, por esses centros comerciais fora aproveitando os ventos das taxas de juro baixas, em que pela primeira vez, diferentes classes podiam ter acesso a novos bens, podiam ter aquilo que não conseguiram atingir durante décadas. Mas afinal a riqueza que julgávamos ter atingido nesses tempos, não passava isso sim de uma riqueza de plástico, construída sobre ilusões e expectativas de crescimento frágeis, levando muitas famílias ao endividamento excessivo. E aqui está a fonte dos sobe e desce dos mercados, o sufoco de muitas famílias e de outras tantas empresas começou a sentir-se com o ligeiro aumento dos juros, para tapar os buracos que foram aparecendo muitos não hesitaram em contrair novos créditos para cobrir aqueles que já não conseguiam pagar. Quando famílias e empresas decretaram a bancarrota o efeito dominó não se fez esperar e as consequências foram-se apoderando dos mercados. Vivíamos sobre o novo-riquismo que afinal não o era, o dinheiro fácil no bolso não era assim tão fácil de pagar. A cada semana que passa lá aparece mais um banco que sai da sua toca e declara a falta de liquidez. O Bear Sterns, o que era considerado um importante banco de investimento nos Estados Unidos, e que há bem pouco tempo valia 3.5 biliões de dólares foi hoje vendido à pressa ao JP Morgan pela bagatela de 236 milhões de dólares. Mexidas nas taxas e juro ou injecções de capitais tornam-se assim constantes, tudo num cenário em que a economia americana vive um enorme cenário de pessimismo, segundo uma sondagem da CNN 70% dos americanos acredita que a sua economia se encontra em recessão. Será este o início de um novo abrandamento nas grandes economias?

1 comentário:

joshua disse...

Pedro, o facilitismo do crédito tem sido fatal para indivíduos e famílias e pior ainda numa escala como a dos Estados Unidos, cuja dívida externa está, salvo erro, indexada a instâncias financeiras chinesas mas com conexões internacionais mais alargadas pois o capital é anónimo, apátrida e sôfrego.

Tudo isto pode parecer aleatório, mas não é. Releva de uma lógica sôfrega de ganho que tem sido um perverso motor quer de economias familiares quer de um âmbito mais geral. A Dívida Fácil tem sido toda uma Política de implosão de pessoas e colapso de famílias. A situação parece perigosa e de agravamento em agravamento não podemos antecipar o pano de fundo e real dimensão de esta crise.

Tudo poderia ser diferente caso a sensatez e não a loucura e a cupidez sediassem a casa Branca belicosa e belicista que dir-se-ia ter sido arrastada para uma espiral de violência e recessão de resolução imprevisíveis.

Abraço e sê sempre bem vindo!

PALAVROSSAVRVS REX