sábado, 8 de março de 2008

Impressionante! (Actualizado)



Este é o adjectivo mínimo para qualificar a marcha dos professores em Lisboa. Estive lá, como familiar próximo de professores compreendo perfeitamente os motivos que levaram esta onda de manifestantes na rua. Mas estive lá também como aluno e estaria da mesma forma, mesmo que não tivesse esta proximidade familiar à classe. É difícil, senão impossível entranhar que as minhas notas, como aluno, tenham influência na avaliação do professor que está à minha frente, é o esvaziamento da honestidade necessária a dar notas. Já escrevi aqui muitas razões para explicar o tão absurdo que tudo isto é. Mas a manifestação de hoje foi mais do que uma manifestação contra a Avaliação foi contra uma reforma que deixa a Escola Pública sobre estacas de vime, estacas que facilmente podem ceder. Prova disto é que também lá estava o protesto dos conservatórios e do ensino artístico, lá estavam milhares e milhares professores sem fim que lutavam contra muito do que este ministério tem mandado para as escolas. Na rua estavam perto de 100 000 professores, dois terços da classe, será que toda esta gente é assim tão mesquinha, cooperativista (este jargão que agora todos adoram usar), será esta gente assim tão egoísta que só pensam em si? Será que todas estas pessoas são assim tão radicalmente defensoras da sua capelinha, incapazes de pensar na escola? É nisto que o país agora deve pensar e entender que os professores acima de tudo estavam a defender a escola pública. Encontrei lá muitos professores com a maior a abertura de espírito, professores de todos os tipos, muitos deles com valores e ideias diferentes. Quando cheguei ao Marquês de Pombal desde logo ouvi um grupo de professoras a comentar que aquela era a primeira vez que se manifestavam, tal tem que ser sinal que há neste protesto algo de diferente!
As declarações da Ministra só têm inflamado ainda mais os sentimentos destes milhares de professoras. Talvez o Ministério não saiba mas têm havido dezenas e dezenas de reuniões em cada escola, muitos professores têm passado horas a fio a analisar o decreto de lei. Como pode Maria de Lurdes Rodrigues dizer que os docentes não conhecem o decreto da avaliação? Os professores já o leram e já o analisaram vezes sem conta. Mais, a Ministra da Educação diz que não há opção para o país, mas o modelo de avaliação proposto é o único que existe no mundo? As soluções que têm sido encontradas pelo Ministério não têm alternativa? É o dogmatismo na sua veia mais pura, demagógica e falaciosa.
Quando hoje cheguei aos Restauradores, vindo da Avenida da Liberdade olhei para trás e perdia-se do olhar o fim da manifestação, olhava para frente e observava um mar de professores que invadia a baixa. Será que tudo isto é assim tão insignificante?

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