Foto de Gérald Bloncourt num bairro pobre de emigrantes portugueses nos arredores de Paris nos anos 60
Tive hoje oportunidade de visitar a exposição do CBB Por uma Vida Melhor, uma colectânea de fotografias de Gérald Bloncourt que retrata a fuga de milhares de emigrantes portuguesas para a Europa nos anos 50, 60 e 70. Não cheguei lá desconhecendo o que foi a emigração portuguesa, mas é sempre impressionante conhecer a realidade da debandada para a Europa que tira da nossa mente aquela ideia poética da tão apelidada "diáspora portuguesa".
Ao olhar aquelas barracas cheias de lama da mais miserável e rural das pobrezas, ou para as caras das crianças com o arrastado ar de sub nutridas entendemos bem porque saíram deste canto português centenas de milhares rumo a um destino incerto. Tão incerto que depois de passar à zurrapa pelas Fronteiras até França, aqueles emigrantes teriam à sua frente uma sorte tão semelhante aquela que tinham em Portugal, as mesmas casas de alumínio e tijolo em bairros à margem da dignidade.
Apesar de presentes na nossa memória a realidade daqueles portugueses já nos parece distante, longe daquilo que somos, diferente da forma como vivemos. Mas a verdade é que tal como nesse tempo continuamos distantes daqueles com os quais queremos partilhar a Europa, continuamos distantes dos modelos de desenvolvimento que ainda queremos alcançar, e quererá isso dizer que estamos na mesma? Não, definitivamente vivemos melhor do que vivíamos há 30 ou 40 anos, as barracas deixaram de ser um horizonte constante nas cidades, a educação (mal ou bem) massificou-se, a saúde tem, apesar de muito a criticarmos, resultados concretos: morrem menos crianças, vivemos mais do que nunca. Em geral podemos dizer que temos hoje acesso aos serviços públicos que não tínhamos há algumas décadas atrás, temos acesso às mínimas condições de vida que não faziam parte do quotididano de muitas famílias. Mas a verdade é que viver com o mínimo necessário não é viver bem nem viver com conforto, não é criar uma classe média forte, instruída que seja o núcleo do país onde vivemos. E é definitivamente aqui que continuamos longe dos modelos que ainda queremos alcançar, somos socialmente melhor, mas estagnámos nos mínimos. Muitas das franjas do país ganham ordenamos mínimos, educamos com resultados mínimos, crescemos economicamente por valores mínimos. E de certeza que não é dos mínimos que conseguiremos vencer nesta realidade verdadeira e tão apregoada do “mundo concorrencial e globalizado”.
Da mesma forma que conseguimos saltar do país que vivia mal para o país que vive remediado, talvez um dia também possamos saltar do país de hoje para o país europeu que há anos tentamos ser.
Apesar de presentes na nossa memória a realidade daqueles portugueses já nos parece distante, longe daquilo que somos, diferente da forma como vivemos. Mas a verdade é que tal como nesse tempo continuamos distantes daqueles com os quais queremos partilhar a Europa, continuamos distantes dos modelos de desenvolvimento que ainda queremos alcançar, e quererá isso dizer que estamos na mesma? Não, definitivamente vivemos melhor do que vivíamos há 30 ou 40 anos, as barracas deixaram de ser um horizonte constante nas cidades, a educação (mal ou bem) massificou-se, a saúde tem, apesar de muito a criticarmos, resultados concretos: morrem menos crianças, vivemos mais do que nunca. Em geral podemos dizer que temos hoje acesso aos serviços públicos que não tínhamos há algumas décadas atrás, temos acesso às mínimas condições de vida que não faziam parte do quotididano de muitas famílias. Mas a verdade é que viver com o mínimo necessário não é viver bem nem viver com conforto, não é criar uma classe média forte, instruída que seja o núcleo do país onde vivemos. E é definitivamente aqui que continuamos longe dos modelos que ainda queremos alcançar, somos socialmente melhor, mas estagnámos nos mínimos. Muitas das franjas do país ganham ordenamos mínimos, educamos com resultados mínimos, crescemos economicamente por valores mínimos. E de certeza que não é dos mínimos que conseguiremos vencer nesta realidade verdadeira e tão apregoada do “mundo concorrencial e globalizado”.
Da mesma forma que conseguimos saltar do país que vivia mal para o país que vive remediado, talvez um dia também possamos saltar do país de hoje para o país europeu que há anos tentamos ser.
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