quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Feliz Natal!


Have yourself a Merry Little Christmas na voz de Diana Krall

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O Sketch do ano!

Sem ele isto seria muito mais chato!


Santana tem qualquer coisa de resistente em si próprio, sobre ele sinceramente já não sei que diga, a verdade é que quem nunca fez outra coisa na vida a não ser político, o que resulta nisto, eternamente em torno de um cargo qualquer que sempre quis, nunca entendendo eu se é mesmo aquilo que ele quer ou se é mais uma qualquer rampa de lançamento para mais um acrobático voo político do nosso Menino Guerreiro.
Entender a escolha de Ferreira Leite para a Câmara de Lisboa é ainda mais difícil, ou se calhar não será dado a espécie de partido que é o PSD, em que entre os que adoraram este regresso de Santana e aqueles que fizeram o sue momento de birra, caso de Pacheco Pereira, Santana está aí de volta. Tudo isto continuaria a ser um capítulo risível da política portuguesa se Santana não tivesse realmente a possibilidade de lá chegar e reganhar a Câmara. A esquerda está ela própria feita em mil pedaços em Lisboa, entre Costa, Ruben de Carvalho e Roseta, que com ou sem Bloco, é praticamente garantido que avança. Apesar da intricada herança que deixou, Santana em campanhas autárquicas é suficientemente habilidoso para derrotar António Costa, que sinceramente não sei se consegue agrupar o voto útil em seu redor.
Interessante torna-se analisar o cenário de vitória de Santana, desde logo pensando no que acontecerá a António Costa. Até agora é sem dúvida o herdeiro natural de Sócrates, mas mão deixa de ser interessante pensar no seu futuro político se a perda de Lisboa se tornar uma pedra no sue sapato. Por sua vez se Costa ganhar que será feito de Santana? ao parlamento não voltará, visto que não poderá integrar as listas, como vereador não terá feitio para tal. Assim a derrota de Santana pode ser definitivamente o caminho aberto para Passos Coelho centrar a alternativa em si e mais afirmativamente trilhar o sue caminho e aparecer depois das legislativas de 2009.
A Câmara de Lisboa é o verdadeiro teste, para a esquerda que tem a prova de mostrar se consegue agregar ou não, para Costa que joga um importante desafio, e para o futuro do PSD que por Lisboa também passará. Cá estaremos para ver! E Já agora alguém lembre a Santana que a Câmara está falida, que não se esqueça disso se para lá voltar.


segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Piroso mais piroso era díficil



Em estilo musical e La Feria, abrilhantado com Barbara Guimarães no final, em tempos de crise em que buracos negros como Madoff aparecem, aqui está ele, o BCP, forte contra ventos e tormentas, disposto a enfrentar os tempos tortuosos que se avizinham.
Sem comentários seria o melhor comentário a este anúncio que pode entrar para a galeria dos priores de sempre, talvez em anexo a esta aberração seria interessante colocar um gráfico coma evolução das cotações do BCP no último ano e meio, ou talvez relembrar os famosos casos que supostamente envolvem administrações anteriores.
A crise tem mesmo este condão de coisas extraordinárias produzir!

E tudo na mesma continua

Um mês passou e Ministério da Educação e sindicatos na mesma ficaram, no meio de tudo, de tanta avaliação e estatuto tantas vezes discutido, e sobre os quais já disse tanto que não vale a pena repetir-me apenas vou parafrasear algo que a jornalista Helena Matos há pouco tempo disse e não podia ser mais verdade: “que assuntos verdadeiramente pedagógicos discutiu este Ministério durante estes anos?” Cada um que fique com a pergunta e depressa se lembrará de um Ministério agarrado a reformas administrativas intermináveis, sem um único avanço pedagógico concreto, esses sim que são capazes de melhorar o sucesso escolar. A avaliação da reforma curricular continua por fazer, ninguém avaliou a qualidade dos exames, assuntos verdadeiramente de EUCAÇÃO perdidos neste marasmo de discussões fratricidas em que o sector anda afundado.

A cambalhota

Desde já declaração de princípios, não parti para Marte, onde decerto que não há crise financeira, nem me evaporei da superfície terrestre, a ausência de mais de um mês do Terra de Ninguém chega finalmente ao fim. Lendo os posts que há aqui há um m mês deixei fico com aquela sensação que muitas surpresas nos estavam reservada para o final do ano deixou um mês de Novembro e de Dezembro cheio de acontecimentos por onde espremer.
Há um mês Obama era eleito, entretanto a euforia passou, a equipa está formada e esperando estamos, enquanto assistimos ao epitáfio de Bush em forma de sapatadas em versão de belos arremessos.
A crise que se adivinhava há um mês tornou-se o nevoeiro não só do próximo ano, mas de um horizonte indefinido, numa bruma económica muito de difícil de entender quando acabar. Em um mês os planos de salvamento económico reproduziram-se a uma velocidade estonteante, as companhias de alarme do Estado Salvador tocaram. Indústria automóvel estagnada, empresas sem empréstimos, bancos que empréstimos pedem, mas empréstimos não dão, tornando o investimento económico estagnado. O horizonte para 2009 promete consumo inexistente, ajudado pelo aumento do desemprego, investimento não pode haver, as empresas não têm liquidez para o fazer e os bancos tentam somente tapar as perdas colossais dos últimos tempos. Sem consumo, sem capacidade de aumentar exportações sem investimento privado a actividade económica não tem por onde crescer, restando o investimento público, deixando a dúvida se a longo prazo alguns efeitos dele podem surgir, ou se apenas conseguem aguentar o barco nos tempos mais próximos.
Em um mês a recessão instalou-se, Sócrates tornou-se repentinamente de esquerda, Augusto Santos Silva, o nosso Ministro do “Jornalismo de sargenta “ até já cita Marx na televisão (deve ter andado a tirar o pó dos livros). Num mês o mundo deu uma cambalhota, os que antes não tinham ideologia passaram a ter, o Estado tornou-se o melhor amigo de muitos Simplesmente a cambalhota!

sábado, 8 de novembro de 2008

O dia em que uma ministra perdeu o rumo


Claramente Maria de Lurdes Rodrigues não esperava a afluência à manifestção de hoje, confesso que nem eu próprio esperava tão grande participação, mas a forma como a Ministra da Educação hoje reagiu em contrataste com a outra mega-manifestação de 8 de Março prova como o governo deixou cair o pé em falso atirando uma ministra para as televisões desorientada com o que se passou.
Há 7 meses Maria de Lurdes Rodrigues tinha-se visivelmente preparado para o embate de 100 mil professores na rua, ficando fechada na 5 de Outubro onde com um discurso cândido foi ao longo do dia recebendo jornalistas para comentar a concentração de docentes. Hoje Maria de Lurdes Rodrigues perdeu o norte e expôs-se em entrevistas em que irritadamente teve toda a postura que alguém que, no mínimo, se queira salvaguardar politicamente não tem. Primeiro uma conferência de imprensa, em que não entendendo que não podia mostrar o ar austero de sempre e terminando com a frase populista: “o pior dia enquanto ministra foi na greve aos exames quando tive que defender o interesse dos alunos”, Maria de Lurdes Rodrigues foi a carrasca dela própria, aumentando revolta dos professores que estavam na rua.
Segue-se uma entrevista na RTP em que no dia em que há 85% de uma classe profissional na rua a ministra firma que este foi um protesto político-partidário, daqui leia-se que Maria de Lurdes Rodrigues acha realista afirmar que há 120 mil pessoas, todos professores, que foram fazer politiquice partidária para a rua, apenas porque o ano de eleições está à porta. Num discurso de vitimização, ao tom, que contra ventos e marés partidárias de professores ela resistirá Maria de Lurdes Rodrigues mostra em todo o seu esplendor como foi absolutamente apanhada de surpresa. Irritadiça, imponderada, irreflectida naquilo que disse ao longo do dia, a habilidade política saiu-lhe totalmente ao lado, chegando mesmo a não assumir como suas as palavras de um seu secretário de estado.
Acabamos o dia com uma entrevista à SIC, em que nos é servido a cereja em cima do disparate político: “se os protestos continuarem, continuarão”.
A manifestção de hoje junta a todos os motivos que haviam para lá estar na antiga manifestação, esse oásis de papel e de inutilidade que é o novo modelo de avaliação. Digo e repito que é necessário um modelo de avaliação, mas não tenho a visão da nossa adorada Ministra que afirma que “não há solução”, solução há e passa por criar uma avaliação centrada na qualidade pedagógica dos conhecimentos que cada professor transmite e não centrada em números, em artifícios ou em cambalhotas estatísticas. A Avaliação dos professores é um processo que há meses está encalhado, com um projecto de base que jamais se adequa uma escola. É verdade que após a manifestação de 8 de Março este documento foi negociado com os Sindicatos, na altura em que os representantes dos professores foram obrigados a algo acordar com a ministra e a ministra com os sindicatos, mas hoje vemos que tal foi apenas e sobretudo o resultado da pressão do momento, os males de base mantém-se e o diploma levado à prática é um caos de ignorância pedagógica sem nome.
Maria de Lurdes Rodrigues e a sua parelha de inconveniente Secretários de Estado ainda não se precederam bem do mar de problemas que à sua volta conseguiram criar, e agora perguntemo-nos no meio dos computadores, de processos de avaliação e de reestruturação de carreiras o que é que este ministério fez o sistema evoluir em matéria estritamente pedagógica (que é que verdadeiramente interessa)? Nada rigorosamente nada.
Os professores, os que conhecem o sistema cansaram-se mais que nunca desta pedagogia de pacotilha, e que há três anos arrasta com as suas políticas a escola pública num calvário de tudo aquilo que não é prioritário. Até hoje não há uma avaliação decente da reforma curricular iniciado há alguns anos, o nível de exigência é o que se conhece, temos todas a s dúvidas sobre a forma como apareceram todos estes cursos profissionais, milhares de professores, os mais experientes, fartam-se de acumular paciência para digerir as normas emanadas pelas inteligências que gravitam em torno da 5 de Outubro. Tempo é perdido, os melhore s vão-se embora, o nada de verdadeiramente material para o sucesso dos alunos é resolvido. Está tudo por fazer!

Pela verdadeira Educação


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Montra de Notáveis do BPN

A Enumeração de dirigentes do BPN ao longo dos últimos anos forma por si uma galeria de notáveis que tanto podiam ter os seus retratos à entrada da sede do BPN como na Sede do PSD na São Caetano. Vejamos então: em primeiro lugar essa figura ímpar: Dias Loureiro, o homem que está sempre em todo o lado, e que vai sempre ligado aos mais mediáticos casos. Depois temos figuras como Oliveira e Costa, ex-secretário de Estado de Cavaco que liderou o Banco 10 anos, Rui Machete que é presidente da mesa da assembleia geral, ou ainda Daniel Sanches, ex-ministro da administração interna de Santana e que já na altura gerou polémica devido à compra do sistema de comunicações SIRESP comprado precisamente, e vejam bem as coincidências, à Sociedade Lusa de Negócios, detentora do BPN.
Tudo bons rapazes, o que vale é que depois lá aparece o Estado, esperando no mínimo (e desejo que não seja ingenuidade minha) que estes senhores sejam responsabilizados pelo buraco em que BPN se tornou.

The end


A história é inatamente selectiva, às vezes cruelmente selectiva, por isso é tão espantoso e entusiasmante quando a sentimos a passar por nós, escrita à nossa frente, acompanhada como também nós estivéssemos a contribuir para a sua redacção. A noite de ontem ou os últimos meses foram um desses momentos. Chegou ao fim, o ponto final nas eleições que se desenharam diferentes de qualquer outra, que viraram a página e que pelo menos nos deixaram a sensação de novo capítulo, ainda em branco, da história americana.
Esta foi a campanha das surpresas. A começar pelos candidatos, Obama e McCain eram os inimagináveis candidatos há um ano, ambos com as máquinas dos partidos que contra eles corria, mas venceram, impuseram-se aos partidos que se adaptaram a eles sem poderem contestar a certeza que desde cedo se tornou McCain ou a onda imparável que é Obama. Para o tão apregoado esbatimento de ideologias, de debates eleitorais sérios, completos, aguerridos, estas eleições provaram o contrário, num combate de verdadeiras ideias, em que Democratas e Republicanos não se diluíram num só muito pelo contrário foram em McCain e Obama marcas claras da diferença de pensamento acerca do Iraque, da posição diplomática dos Estados Unidos no mundo, ou mais recentemente na questão económica, McCain na linha Reganista de sempre, Obama com uma nova política de impostos, diferente da linha seguida nos últimos 30 anos.
Sabemos que este é o tempo das apelidadas novas potências cheias de vaticínios em torno da queda dos Estados Unidos, e de facto o poder hegemónico de há 10 ou 20 parece difícil de recuperar, mas as eleições que passaram foram a prova plena que o MR Big conta, que por ele passa ainda uma grande parte do nosso mundo, que por ele temos um interesse e uma curiosidade tantas vezes incompreensíveis, não por acaso estas foram talvez as eleições Americanos que mais entusiasmo alguma vez geraram na Europa. E a Europa que gosta de Obama conta também com os Europeus apoiantes de Mccain que contra o senador democrata usavam o argumento que com Obama lá se vai o guarda-chuva de sgurança Americano. Para além de caírem na eterna falsa verdade que é preciso ser Republicano para dominar a segurança internacional, sempre com aquele bizarro pensamento que é preciso parecer um suposto duro em matéria de defesa para ser competente, exactamente o dogma que levou Bush ao poder, com os resultados vistos, os Europeus que afirmam que com Obama estamos menos seguros não querem uma verdadeira Europa, ou senão passam a vida a contradizer-se. Se por um lado sublinhamos vezes sem conta que queremos mais Europa que se saiba afirmar no palco internacional por outro não podemos passar a vida a recear tudo e todos, sempre encostados à espera que alguém nos defenda, isso é tudo menos defender uma verdadeira Europa.
E como Europeus provámos que por muito que nos separe, por muito que continuemos a entender as diferenças que marcam o lado de cá e de lá do Atlântico, admirámos um país que foi às urnas como nunca, que elegeu um Presidente que é ele próprio um marco. Não só por ser negro, o que não deixa de ser memorável, sobretudo quando lembramos as histórias de Luther King ou Rosas Parks. Obama consegui ser o candidato negro sem fazer uma campanha racial, hoje que a campanha passou é mais enfatizado Obama como o Afro-americano, do que durante toda a campanha, a prova que esse facto é um símbolo, extraordinário, mas felizmente não foi a pedra de toque, nem foi usado na propaganda suja de uma tão longa campanha. Obama é sobretudo um marco pelas ideias, que ao contrário do que muitos dizem ele tem, sobre como expandir os cuidados de Saúde, alterar o sistema de reformas, ou como tomará o pulso à crise financeira.
A campanha acabou, uma parte da história foi escrita, falta agora a outra e talvez a mais importante, aquela em que confirmaremos ou não as esperanças em Obama, falta tornar o “Yes we can” em “Yes we will”. A campanha de 2008 ficará, esperamos pelo que virá!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Em 40 anos muito muda


O nosso vendedor do Mês e a senhora gaffes do mês

Sócrates quando aterra na América Latina é possuído por um algum bicho estranho que o faz adoptar uma interessante nova postura, para além de criticar o FMI, em terras latinas, ou seja em palco que lhe é favorável, antes de o fazer no seu próprio país, ficámos entusiasmadíssimos sabendo que em São Bento se trabalha e se sua tanto em actividade politica que um Magalhães chega, aliás o Magalhães é mesmo a reposta para tudo.
Enquanto Sócrates se especializava em tristes figuras Ferreira leite tornou-se a gaffista de serviço, se o que diz não são gaffes então ainda é mais grave sobretudo quando a líder do PSD diz que as obra públicas combatem o desemprego de “Cabo Verde e da Ucrânia” uma frase de gosto mais que duvidoso. Com política deste nível por cá, é mesmo mais interessante ver e analisar o que se passa do outro lado do atlântico.

Yes he could




Estamos a horas de saber o resultado das eleições que mais nos fizeram fervilhar, a todos Americanos e não americanos desde há muito. Daqui a pouco saberemos se obama conseguiu ou não chegar lá, à Casa Branca. Quer ganhe, quer não ganhe Obama conseguiu criar um dos mais extraordinários movimentos nos Estados Unidos, criando uma campanha de verdadeiro debate e discussão, marcando um período histórico nos Estados Unidos. Acerca de Obama temos todos esperanças, não podendo esquecer que haverá um Barack Obama presidente com expectativas como poucos tiveram às suas costas. Fora as algumas ilusões que acerca dele provavelmente sairão goradas, e as outras que se cumprirão para já interessa saber o resultado e esse, o resultado, está prestes a chegar.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Brilhantes 30 minutos


Um autêntico diamante do saber passar a mensagem política. Um apelo ao voto com roupagem de documentário, que em menos de meia hora desfia as principais propostas de Obama, transmitindo todo o espírito positivo da campanha, não fazendo jogo sujo com McCain e deixando claras ideias de futuro. Custou muitos milhões, mas este vídeo é o momento alto da última semana de campanha, o resumo perfeito de ano e meio de candidatura de Obama. Famílias de classe média, jovens, educação, saúde são as traves mestras do discurso democrata, neste anúncio muito mais virado para os problemas de dentro da América do que fora da América, o que deixa a pergunta se de facto depois de um período de tanto intervencionismo político no palco externo teremos uns Estados Unidos a sarar as suas feridas domésticas em primeiro lugar. É provável, em tempo de crise as prioridades dos Americanos mudaram, e para marcar terreno a predominância do discurso de Obama teria que ser este. Faltam 5 dias para as eleições!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Sempre a coscuvilhice

Paulo Macedo, o homem que se pode considerar a ele próprio director geral de impostos mais idolatrado de todos os tempos começou no seu tempo uma intensa actividade de leitura de mails. É absolutamente incrível que com base em suspeitas, tenha-se o desaforo de ir ler e-mails de 370 funcionários do departamento. Mesmo com autorização judicial é tão reprovável ler e-mails como violar correspondência, e é pena que tanto os órgãos judicias que permitiram isto e que acabaram por o fazer, como os repensáveis da DGCI, não saibam delinear uma fronteira entre o que é ou não o limite do justificável em torno de suspeitas supostamente criadas.
A DGCI preocupa-se muito com as fugas de informação para a comunicação social e parece que todas a práticas se tornam assim justificáveis. Às vezes um pouco mais de decoro também faz falta!

Cavaco avisou. Sócrates não ligou

Apesar da falta de sentido de oportunidade de Cavaco no discurso que tão enigmaticamente fez anunciar no final de Julho, o aviso estava lá, o Estatuto dos Açores não era para o Presidente uma questão de apêndice ou de mera circunstância. O recado estava dado, restava a Sócrates e ao PS ouvi-lo, não o fizeram e o veto chegou hoje. Tudo não deixou de ser exagerado, tornando uma questão constitucional, em que admito que Cavaco possa ter razão, num drama do qual tudo e todos se especializaram em produzir textos psicanalíticos em torno da relação Belém - São Bento. É um clássico da política portuguesa sempre à procura daquele gesto ou daquela frase que mostre tensão entre primeiro-ministro e presidente.
Tudo era evitável, de forma menos aparatosa, e se o PS não fizesse o seu bate pé em vésperas de eleições regionais nos Açores. Agora as eleições passaram, a lei ficará na gaveta, e parece-me que os Açores não sofrerão muito com esta perda!

À beira do fim

No quase um ano de blog, as eleições Americanas, foram provavelmente, o tema mais comentado e batido por mim, e não faltam boas razões para que assim seja. Estamos assim no fim de uma longuíssima campanha, de lembrar que Obama apresentou a sua candidatura em Springfield em Fevereiro de 2007, e se as perspectivas baterem certo tomará posse em Janeiro de 2009, quase 2 anos depois da campanha começar, uma verdadeira maratona eleitoral, que mais do que em qualquer outra campanha, permite que saibamos melhor o que cada candidato trás para o terreno.
As últimas semanas de campanha têm criado mais ansiedade que surpresas, ansiedade por um resultado que só uma reviravolta inédita poderá modificar nesta altura do campeonato.
Os ventos finais de campanha sopram por Obama, e não custa entender porquê: a campanha arrasta-se há tantos meses que poucos cartuchos de última hora existem para disparar, o que faz com que pouco possa mudar num tão curto período de tempo em que mais nenhum debate haverá; Obama mantém-se sólido nas últimas semanas à frente de McCain, sobretudo depois do início da crise financeira que fez o candidato Republicano e a sua oca candidata à vice-presidência parecerem incapazes de fazer face ao período que se adivinha. Ouvir os discursos Republicanos entra agora no domínio do enfado total, sendo do início ao fim repletos de baixas frases de ataque em que o nome Obama é repetido vezes sem conta, recorrendo aquela técnica de associar o nome de OBama ao socialismo, o tal socialismo tão temido e receado pelo lado Republicano, no fundo estratégia em tempo de desespero quando nada mais há para dizer.
O Resultado da próxima semana, e se tudo se manter como até aqui, está dependente do rigor das sondagens. A vantagem entre 5 e 7 pontos de Obama permite antecipar a sua vitória com alguma segurança, mas existe sempre um factor que se torna altamente volátil em caso de candidatos negros. Ou seja, com medo de ser conectados com alguma tendência racista, teme-se sempre que muitos dos contactados nas sondagens acabem por não exprimir o sue real sentido de voto, acabando por enviesar sondagens que se tornam assim desfasadas em relação ao resultado final.
O resultado Americano define um momento verdadeiramente histórico que esperemos ajude a descongelar o estaticismo e falta de rumo ditados por uma crise instalada.

Semanas em que pouco mudou

10 dias de ausência tornaram o blog, infelizmente, e a meu próprio contragosto fiel ao seu nome, uma verdadeira Terra de Ninguém que volto agora a ocupar. Os 10 dias de ausência pouco, ou mesmo nada trouxeram de novo, depois da surpresa inicial, do espanto, do choque ou da sensação de queda no abismo dos primeiros dias, a crise instalou-se com toda a naturalidade, quedas nas bolsas parecem que se tornaram banais, regastes estatais ou garantias suportadas pelo estado são agora corriqueiras, também para a banca portuguesa. Flutua no ar a sensação que nada mais nos resta do que esperar, esperar que a crise passe, que a solução seja encontrada. Portugal crescerá pouco, no optimismo de Sócrates, ou mesmo nada como muitos outros antevêem. Estamos perante a inevitabilidade, a inevitabilidade da crise que se poderá curar, mas que demorará a passar. Que a resignação, ou melhor que o conformismo pela crise que sabemos que já não poderemos evitar, não deixe para trás os discursos daqueles primeiros dias de crise em que falávamos todos dos erros cometidos, do modelo que não havia funcionado, do mercado que tinha sido deixado à sua maré incontrolável. Que algumas lições fiquem, e espero que as saibamos tirar enquanto que em suspenso esperamos que a crise passe.

sábado, 18 de outubro de 2008

Nada surpreendido



A surpresa veio com a divulgação das imagens em que o Magalhães vira canção de meninos de escola primária, ensinada, ou melhor imposta, por umas supostas formadoras que para usarem este apelidado método só podem estar muito longe do que é dar aulas.
O filme apesar de tristemente divertido não surpreende, câmaras deveriam haver em muitas e muitas acções de formação de professores, ridicularias, puras ridicularias, patetadas, sem qualquer conteúdo, com a sempre lógica do brincar para aprender, alimentadas durante anos pelo Ministério. Se tal acontecesse muitos veriam como acções da mesma craveira de inutilidade da do Magalhães abundam por aí.

A semana da espera

Lides académicas deixaram-me, infelizmente, mais afastado do que desejava do Terra de Ninguém. Isto na semana em que ficámos pendurados à espera de uma economia que por cada sopro que dava nos deixava impacientes, indecisos, desdobrando líderes políticos em reuniões sem fim.
Depois da aprovação do plano Paulson, da redução da taxa de juro na Europa e da aprovação de múltiplos planos de resgate ou injecção financeira, tudo em suspenso à espera de qual a reacção dos mercados a tanto de esforço para impedir a economia mundial de entrar em recessão e mantê-la à tona de água.
Viemos uma semana de mercados que ora um dia sobem ora um dia descem, deixando a indefinição a pairar, os medos de recessão nos Estados Unidos, aumentando o clima de desconfiança.
A crise que afunda bancos e torna os Estados heróis de salvação das donzelas financeiras do mercado tornou-se inesperadamente na melhor das amigas de Sócrates, que arranjou a razão perfeita para nela descarregar todos os seus erros.
Se a estagnação vier a culpa será de quem? Da crise internacional. Os erros de governação? Da crise internacional. A abertura da despesa que Sócrates poderia querer em ano eleitoral garantiu a desculpa para o fazer. Os funcionários públicos serão aumentados acima da inflação (prevista, diga-se, sendo que o Estado, que supostamente deveria ser fidedigno nas suas projecções mantém a eterna falta de pudor e de honestidade intelectual de não calcular a verdadeira inflação). O estranho é que para um défice igual, num orçamento em ano que enfrenta crise o governo aumenta mais os salários da função pública, curioso, ou melhor oportunismo de onda de maratona eleitoral.
Sócrates passou a ser aos seus próprios olhos a garantia de levar o país entre os mercados em mutação, o discurso de dramatização pode mesmo dar uma relevante vitória eleitoral ao PS. E Ferreira Leite já o entendeu, pois surpreendentemente, até tem ideias sobre o orçamento, confesso o meu espasmo

domingo, 12 de outubro de 2008

Tradições que pesam e dogmas que ficam

A discussão dos casamentos gay depois de muito barulho e umas tantas hipocrisias parece ter ficado na gaveta até à próxima legislatura, mas para além da atitude avestruz do PS interessa entender o porquê de acharmos, ou não, legítimos os casamentos entre homossexuais.
Aqueles que durante a última semana saltaram como opositores à mudança da lei avançaram sempre com o argumento que a família é a base e célula da sociedade. Resta saber o que isto ajuda a explicar o que quer que seja, admitindo que a família é de facto um elemento basilar, tal por si não mostra qualquer impedimento ao casamento gay. Este argumento resume-se a considerar que a tradição histórica do casamento explica tudo, colocando-o como uma entidade que gelou no tempo, estatizou e não se alterou nem se alterará, como um ente imutável perante a evolução de pensamentos e valores. Na verdade o casamento nunca foi insensível aos progressos históricos, mesmo que o queiram pintar como tal. O significado de um casamento na Idade Média de certo não é o mesmo que no Século XXI, e a simples regulamentação do divórcio é a prova que o casamento não é visto com os mesmos olhos consoante a alteração de momento histórico e a nova formulação valorativa de uma sociedade. As tradições ou o hábito histórico não fazem mais sentido quando a realidade se alterou ou novas realidade são reconhecidas, por isso, não faz mais sentido que o Estado não reconheça a união de duas pessoas sejam elas ou não de sexos diferentes. Nem ninguém sinceramente prevê que tal possa gerar qualquer tipo de hecatombe na sociedade, basta olhar para o exemplo espanhol.
Como também não adianta usar o argumento que o casamento tem como fim a procriação, quem usa este argumento, muitas vezes a mesma direita que se queixa do sufoco do Estado, usa, isso sim, uma imposição intolerável de um qualquer Estado sobre um casal. Segundo uns, o casamento é um contrato em que se entende que o Estado dele espera a “natural” procriação e criação de descendentes. Ainda penso que a cada a cada casal deve ser dada a liberdade e discernimento suficiente para tal decidir: se deseja ou não ter filhos. Obviamente que acarreta consequências para uma Europa envelhecida mas é o preço justo para uma Europa que julgo ainda quererá garantir esta liberdade.
O que se revelou esta semana, definitivamente, passa sobretudo pela concepção de casamento de cada um, e provou-se que concepções díspares ainda abundam. A daqueles que o olham mais como um contrato acima de tudo resto, na sua visão conservadora e inalterável, em oposto à visão que acredita no casamento como o reconhecimento do Estado de uma união entre duas pessoas, sejam elas quem sejam.
Esperemos que a nossa habitual falta de tacto para lidar com estas questões não nos faça, como na questão do aborto, arrastar o assunto por mais umas quantas décadas.

Simplificando a crise

A felicidade é muito relativa

Indíce de Felicidade no ano 2006


Em Tempos a Islândia foi o país mais feliz do mundo, em tempos foi uma das mais ricas e prósperas nações, cheia de milionários que rumavam à Europa para fazer os seus investimentos e que exportava a música de Björk.
A relatividade está em uma semana perder isto tudo e ficar às portas da falância e da bancarrota geral, ficando pendente de empréstimos de terceiros.
A Islândia, o exemplo desta crise!

Alguém sabe onde eles andam?

Em semana em que os adjectivos andaram sempre pelos tons negros, e em que as bolsas para além de liquidez pareciam precisar de uma autêntica dose de literatura de auto-ajuda para combater o tão proclamado “stress”, “nervosismo” ou “pânico” que flutuava entre os mercados internacionais.
No meio de tudo começam as saudades de ver e ouvir algumas figuras que nos últimos tempos parecem ter desaparecido.
O comendador Berardo, que até há bem pouco tempo tinha descoberto o fascínio pela televisão, parece que o perdeu, o nosso investidor de estimação que adorava especular na bolsa,não mais apareceu para falar sobre a crise que de certeza já o fez perder muitos milhões,
Depois adorávamos também saber o que Belmiro de Azevedo tem a dizer sobre o facto da SONAE SGPS ter perdido 75% do seu valor em bolsa desde o início do ano. Ou ainda que terá o “Compromisso Portugal” a afirmar acerca das últimas semanas, para alguém que via sempre o Estado como esse eterno apêndice.

Em tempos os rankings foram famosos

Por meados de Setembro as folhas de Excel tornavam-se instrumentos importantes para televisões e jornais, que se punham furiosamente a fazer os rankings das escolas portuguesas, escalonando-as e esmiuçando as melhores e as piores escolas. Apesar de estarem a léguas de dizer o que é de facto uma escola, os rankings tinham alguma importância, e deixava ocupados jornais que faziam logo reportagens sobre as melhores e as piores escolas. Cadê dos rankings este ano? Não há, não existem parece que sumiram. Das duas uma ou o ministério ainda não libertou os dados que permitem a formulação destes rankings, ou se já o fez, inexplicavelmente ninguém tocou neles. No ano em que os resultados dispararam a Matemática (por acaso de milagre ministerial) é no mínimo de questionar que é feito das notas das escolas portuguesas do ano lectivo anterior. E era bom saber onde eles andam e se alguém os pretende ainda tratar os dados de um ano tão ímpar em resultados como este foi.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

À procura da culpa

Casa deixada pelo não pagamento da hipoteca, Cleveland


Hoje foi ouvido no Capitólio americano o antigo CEO da Lehman Brothers, alguém que levou para casa, durante os anos em que dirigiu o agora falido banco mais de 250 milhões de euros entre prémios e bónus para um banco que caiu como um baralho de cartas, engolido por um mercado que o engoliu perante as suas dificuldades financeiras.
Hoje na reunião do ECOFIN, a União Europeia propôs a responsabilização dos gestores pela actual situação do mercado financeiro mundial, mas culpas e responsabilidades há-as bastante para distribuir. Culpa das administrações destas empresas, sem qualquer dúvida, fazendo-se arrastar numa espiral em quem que agora por muitos milhares de milhões que se injectem no sistema e se prometam nada parece suficiente para fazer os mercados recuperar ou reganharem a confiança e evitar dias negros como o de hoje. Culpa dos reguladores e daqueles que deveriam rever as contas destas instituições e que passivamente foram aceitando indefinidamente uma suposta normalidade que não existia e que se tornou incontrolável.
E depois aqueles que vivem nesta enorme bolha de crédito sem fim, as pessoas que se endividaram sem fim, com taxas de poupança irrisórias. Serão estas pessoas culpadas? Será impossível, ou quanto muito difícil culpar milhares de famílias que agora se vêem obrigadas a deixar casas para trás, provavelmente serão as menos culpadas, viviam naquilo que as instituições financeiras as fizeram acreditar, num mundo sem fim de financiamento que fez cair o mercado na irrealidade. Agora sobram milhares de hipotecas impagáveis, muitas delas superiores ao real valor das habitações num mercado que demora a recuperar depois de tantos erros.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O senhor que se segue?

É o que muitas vezes já foi rotulado como o Blair dos Trabalhistas, David Cameron pegou nos Tories britânicos que durante mais de uma década viveram mal reerguidos da partida da sua velha dama de Ferro. Os velhos dinossauros thatcherista foram substituídos por um novo núcleo de conservadores Britânicos com Convenções em que pelas filas se sentam os novos e jovens militantes que o partido quis arrastar para si. Dez anos de poder, a partida de Blair e a inabilidade política de Gordon Brown fazem o New Labour definhar aos poucos, mas em substituição vem o conservadorismo que apesar do novo look promete muitos dos mesmos valores, os valores que não sabem como reagir a esta crise financeira. Os discípulos de Thatcher, ferrenhos do capitalismo, liberais e com aversão ao papel do estado incomodam-se com o momento que passa. O New Labour, a prometida terceira via dos anos 90, não mudou a herança de Thatcher e veremos como os liberais conservadores, que provavelmente chegarão ao poder no Reino Unido, interrogararão acerca do seu modelo que aqui nos fez chegar.

domingo, 5 de outubro de 2008

E a discípula de Cavaco espanta-nos com o faz e diz

Na última semana não se falou rigorosamente de outra coisa que não fosse da crise financeira e das perspectivas, mais tristes que risonhas, que se podem abrir para Portugal. Ora no meio de tudo isto Manuela Ferreira Leite sempre muito e supostamente criteriosa sobre as suas pausas no silêncio profundo resolveu ir a Belém falar do… Kosovo. Cá está, podíamos pensar que a líder do PSD estava preocupadíssima com as consequências da crise económica e queria ir a correr para a presidência discutir o assunto, mas afinal não, dando-nos cada vez mais a certeza que Ferreira Leite tem uma espécie de birra com a agenda noticiosa, porque ou não a comenta ou quanto muito, e se tivermos sorte, fá-lo-á daqui a um mês ou dois. E o mais extraordinário é que Cavaco apara-lhe estas exibições sem sentido.

É sempre bom saber que Cavaco se espanta nos seus roteiros




Depois do momento em alusão ao “dia da raça” mais um momento trágico-cómico da presidência de Cavaco, Via
Arrastao ou Instante Fatal

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Mudanças e arranjos no modelo


Muito para além dos números arrepiantes ou dos discursos catastróficos dos últimos, renasce (se alguma vez esteve morta) a discussão que nunca se apagará, que modelo queremos? Pergunta dita a e redita, discutida e escrita vezes sem conta e a cada cataclismo que passa faz nos repensar e questionar infinitamente “o modelo”, o molde social económico em que nos encostámos.
Olhando para a crise que e para quem se abrem oportunidades? Os neo-cons, com o seu embrião americano, desesperam e correm à procura de novas razões que lhes possam salvar a face para tempos que correm tudo menos a seu favor. Para os liberais, o capitalismo não morreu e nunca morrerá e no fundo estamos perante esse momento natural de refresh do sistema. Mas então apetece perguntar se o mercado é assim tão intocável, sagrado e responsável para quê gritar pela salvação de bancos por parte do Estado? Supostamente para nada, mas a verdade é que muitos sabem que o Estado é a bóia de salvação para muitos, enquanto outros optam pela versão que o Estado devia continuar imóvel perante o momento deixando a “selecção natural” capitalista fazer o seu trabalho, passivamente. Mas o que parece tão natural teoricamente tem custos sociais e económicos que quem apresenta esta teoria talvez se esqueça de contabilizar. Mesmo partindo do pressuposto que os fundos particulares destas instituições bancárias ficariam salvaguardados, resta saber que seria feito destes empregos, ou que consequências em escada teria no resto da economia interdependente.
Podemos por isso olhar para esta crise com uma janela para uma esquerda, ou para partidos de esquerda que se queiram afirmar como isso mesmo “de esquerda”? Os liberais têm defendido com unhas e dentes o seu capitalismo afirmando que foi o modelo que mais prosperidade económica gerou desde sempre. E admitamos que de facto modelos de estatização gelada ao jeito soviético é tudo o que menos desejamos, mas também sejamos capazes de admitir que “a prosperidade” capitalista não eliminou as franjas de pobreza no ocidente, e se formos menos “egocêntricos” olhemos para uma outra parte do mundo: pobre, desprotegida e que em muitos casos pouco progresso alcançou. Para a esquerda não faz sentido defender modelos de economia de direcção central, os resultados históricos de tal são tudo menos recomendáveis. Por isso qual é o modelo? Chávez? Não, nem pode, seria perder qualquer momento de afirmação de uma concepção económica diferente do capitalismo, defendendo um modelo que mostra brechas democráticas por todos os cantos. Sabemos que queremos um mercado mais regulado por um lado, sabemos por outro que a Estatização pura não faz sentido defender, e pelo meio os ditos partidos “sociais democratas” europeus não dão sinais de vida, com um Labour com muito pouca esquerda na última década, ou com um SPD Alemão mais que colado à CDU de Merkel.
A crise de hoje é muito mais que um desafio para o próprio capitalismo, é uma oportunidade e o desafio para quem acredita, como eu, num modelo diferente, considerar quais as alternativas de futuro.

Já nem nos lembramos que houve um tempo que ele não existiu


O Google começou há dez anos com o trabalho de dois lunáticos informáticos, cujo a loucura os fez alcançar uma fortuna de milhões e deter uma das mais vigorosas empresas americanas, considerada como a emporesa“ideal” para trabalhar. O Google tornou-se em dez anos a homepage de milhões de utilizadores da net, e foi a rampa de lançamento para a que era a difícil e chata missão de procurar o que quer que fosse na ainda jurássica rede.
Em dez anos o Google passou do nada ao tudo, de uma formiga na internet para a empresa que deixou a Microsoft para trás incapaz de competir com o novo motor de busca e com tudo o que a marca Google hoje em dia arrasta, desde o youtube, ao Google Earth ao Gmail, Google é muito mais do que há dez anos alguém poderia imaginar. Mas para nos lembrar-mos que houve tempos em que “googlar” não era assim tão banal fica aqui o link para o que era o Google em 2001, o saudosismo da empresa americana na década do sucesso.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Pedir muito e gerir mal

Segundo dados hoje revelados de 2006 para 2007 os impostos municipais aumentaram 26%, ou seja entre IMT, IMI e afins cada português contribuiu, em média, para as autarquias 235.12€.
Os Impostos Municipais têm sempre aquele dom de irem aumentando sem se dar verdadeiramente por isso, para não falar, de casos como os que aparecem mês após mês nas contas da água, recheadas de múltiplas taxas que aumentam e variam ao gosto das autarquias e empresas municipais.
O chocante em muitas autarquias é o desperdício, desde logo Lisboa que tem um interessante património de casas e casinhas para os mais variados amigos e conhecidos distribuídas sem critério nem razão alguma, revoltante para uma câmara que cobra impostos altíssimos e que tem a cidade no estado miserável que se vê . Todos sabemos que tal não acontecerá, mas seria bom que verdadeiramente se apurassem responsabilidades sobre quem e em que moldes atribuiu estas casas, gastando descaradamente o dinheiro de uma autarquia que está na bancarrota.
As autarquias têm um papel social importante, mas continuam por baixo da mesa a fazer as suas negociatas muito obscuras, como esta que agora foi revelada em Lisboa, e alimentam sem fim as suas obras de fachada tornando-se sorvedouros de dinheiro que mal se conseguem estancar.

Entre o desespero e o desnorte


A Câmara dos Representantes vetou o plano de Bush para salvar os mercados financeiros. A crise chegou no momento em que táctica política e descontrolo de mercados vão se digladiando num braço de ferro que nos deixa sem saber o que é que terça feira de amanhã nos pode fazer esperar para os mercados internacionais.
A proposta de Bush custaria, e muito, aos contribuintes, mas a verdade é que para aguentar o mercado seria difícil encontrar uma proposta muito diferente daquela que foi apresentada. Mas salvar mercados apresenta uma factura de 700 mil milhões de dólares, um valor que os Americanos sabem que lhes sairá no bolso e que muitos não estão dispostos a ceder em nome de empresas e instituições irresponsáveis que se afundaram e navegam agora nos seus próprios erros. As sondagens têm mostrado uma opinião pública americanada muito pouco aberta a abrir os cordões à bolsa para socorrer wall street, e em ano de eleições cada membro do Capitólio joga a sua própria agenda política e tenta assegurar a eleição em Novembro.
Mas estes calendários são muito pouco coniventes para um mercado que borbulha por uma resolução, a não aprovação hoje deste pacote faz-nos pensar quanto custará uma não resposta aos mercados, e que custo tal acarretará a longo prazo. Os americanos estão pouco dispostos a sustentar a desregulação bolsista, e em termos teóricos com razão, mas torna ainda mais imprevisível tudo o que acontecerá se o Estado acabar por não intervir no mercado.
Depois temos a Europa, que começa a ser confrontada com instituições financeiras que mostram as suas brechas, com o início de privatizações parciais como no Fortis, contudo a Europa ainda não se consciencializou que o momento que está a chegar pode ser verdadeiramente difícil, em especial para mercados como o espanhol que se alimentaram da construção e da concessão de crédito nos últimos anos.
Entre o desespero e o desnorte do dia de hoje ainda esperamos pela solução que ninguém sabe bem qual será.

sábado, 27 de setembro de 2008

A Cega fé na máquina


Sócrates e a sua Ministra segundo o próprio ”modelo” andaram atarefadíssimos nesta última semana a distribuir computadores, internet de banda larga e toda a parafernália tecnológica acabando hoje em grande forma hi-tech com uma cerimónia cheia de hologramas por todo o lado. Nada tenho contra todas estas melhorias tecnológicas, muito pelo contrário, abrem imensas potencialidades às escolas, apesar de achar o Magalhães uma patetice, um computador brinquedo cujo o investimento faz pensar se não seria deveras melhor investir numa primária mais que desfalcada e que gera os fracos alicerces do sistema.
Mas o mais delicioso em Sócrates e no seu discurso é a ingenuidade. Criaram a ideia que colocar computadores à frente das crianças e alunos os vai fazer miraculosamente aprender, ter melhor rendimento, obter melhores resultados. Assim um género de um de arte mágica, restando perguntar que enquadramento pedagógico o ministério espera dos computadores, mas no fundo nada disso interessa, porque e deixando cair a mascara há uns dias, e deixando-me a mim sem palavras li uma extraordinária declaração de Maria de Lurdes Rodrigues afirmando que quer alcançar nos próximos anos 100% de aprovação, que é como quem diz 0% de chumbos, no 9º ano, e infelizmente já sabemos como tal vai ser obtido.
É a escola maquilhagem, uns computadores, o sucesso que sai da cartola inesperadamente, e a convicção provinciana que a máquina, por instinto, ensinará tudo e a todos.
Esta visão está ao nível da visão desta fabulosa gravura francesa do final do séc XIX que sonhava que no ano 2000 alguma máquina à manivela emperrasse livros aos alunos. A manivela foi substituída pelo Computador (desde logo o nosso muito português Magalhães), o sonhador que há mais de 100 anos sonhou com um novo milénio assim é agora substituído por Sócrates, que se convenceu que computadores e quadros interactivos vão ser o remédio e o paliativo para todas as doenças do sistema de ensino.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O Paradigma de Nacionalizar


As últimas três semanas vieram desenhar mudanças, todos os que têm acompanhado esta crise, desde aqueles que olham aqui o descalabro o capitalismo, até aqueles que olham para esta crise como o momento de reinvenção deste mesmo capitalismo admitem que o sistema financeiro mundial deverá dar uma grande volta depois do histerismo que levou ao descalabro de falências e estados nervosos em que as bolsas andam há dias.
Nacionalizar ou injectar capital nos mercados tornaram-se expressões habituais, estranhamente habituais para quem há 16 anos ouviu Clinton colocar na sua sede de campanha o cartaz em que figurava: “é a economia, estúpido”, no tom que face ao mercado que se impõe apenas o podemos aceitar com passividade. Grande cambalhota que demos, e agora apressados estamos a salvar empresas financeiras. Mas porquê que as salvamos? Porque simplesmente o custo de não salvar empresas como a AIG é ainda maior do que nada fazer, do que não lhes tocar, desde perdas de fundos, de postos e trabalho, de efeito geral no resto da economia. É aqui que está todo o paradigma, o mesmo mercado que supostamente se auto-regulava e que bramia contra as nacionalizações do lucro, roga agora pela nacionalização do prejuízo e do descalabro financeiro.
Já ouvi e li tantas vezes essa versão de que esta é a oportunidade para um novo capitalismo (foi esta aliás a proposta de Sarkozy nas Nações Unidas), mas que rejuvenescimento pode agora o capitalismo sem o Estado? Nenhum, verdadeiramente nenhum, mas que farão a este mesmo Estado depois de a tempestade passar (mesmo que a tempestade demore a passar)? É aqui que estará a pergunta e para a qual não vale a pena fingir que temos numa qualquer bola de cristal se o modelo mudará ou apenas criará maquilhagem atirando de novo para o canto da regulação (ou da falta dela) o Estado que agora aguenta e espera-se que aguente todo o sistema. Podemos dizer, e de facto esta, é uma das mais graves crises financeiras de sempre, mas não sabemos que modelo se seguirá a este que aqui chegou.

Foi por isto que Sarah chegou a candidata


A crise rebentou em força na cara de uma América embalada pelas eleições de Novembro e apanhando em falso McCain, que ainda há duas ou três semanas afirmava que os fundamentos da economia Americana estavam fortes. Hoje a JP Morgan comprou mais um banco que tinha activos cujos activos rondavam em tempos os 300 biliões de dólares, isto no meio de um projecto de recuperação económica de Bush que não avança por bloqueios do próprio partido Republicano, McCain tentou fugir da campanha e rumar a Washington, mas hoje vai mesmo debater com Obama, no dia em que foi descoberto este vídeo revelador dos exorcismos a que Pallin andou há uns anos atrás, um belo retrato da governadora que McCain foi buscar.

Ai estas amizades!

Chávez anda em mais um daqueles périplos contra, e cito o próprio, “yankees de mierda” no estilo de viagens muito pouco discretas que o nosso revolucionário da camisa vermelha gosta de andar a fazer.
Ora imbuído deste espírito, Chávez deu um salto à Rússia, que não usando o estilo latino-americano vai criando e aumentando aos poucos o seu braço de ferro com os velho Ocidente. Mas Chávez é muito mais que uma figura risível e este encontro dá-nos a estranha noção de uma teia que aos poucos se vai construindo em que da América do Sul à nova Rússia de Puttin o discurso anti-americano ganha força e vai colhendo adeptos. Muito provavelmente não ao mesmo estilo da guerra fria sempre com os movimentos dos dois lados medidos ao limite. Hoje a disputa faz-se entre o petróleo que navega por debaixo dos pés russos ou venezuelanos. Recebemos o novo discurso da Rússia ou da agora parceira Venezuela, mas não entendemos qual o caminho para o qual caminham estas novas forças que se opõem a uma América embrulhada na sua própria crise financeira, que caminha para um novo ciclo que com o tamanho dos problemas internos por resolver, fica por saber o espaço que terá para se afirmar internacionalmente. Hoje a Rússia concedeu um empréstimo gigantesco para a cooperação militar com a Venezuela, em acordos que vão tecendo as relações de novas relações internacionais a nascer.

Chávez aterrou, de novo em Lisboa. Ao que parece o governo português tem uma predilecção especial por tomar chá com Chávez, as viagens entre Caracas e Lisboa estão em grande forma, até a RTPN faz rídulos directos de dez minutos para ver o santo Chávez a descer das escadas do avião.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

O que valem de facto as jotas?

A salada russa de declarações que se tornou o debate em torno dos casamentos entre homossexuais tem deixado cair as máscaras aos mais tacticistas que abundam nos partidos. Desde logo temos aquele argumento que o país está pejado de problemas sociais e económicos e portanto estes são assuntos “menores”, uma argumentação na craveira do pensamento que o país está no pauperismo económico e deve ficar mergulhado e resumido às desgraças das suas penúrias e nada mais discutir.
Mas tanta discussão tem destapado os interessantes pensamentos das jotas do centrão. Apesar de idade apropriada para andar nestas lides sempre fui portador de um qualquer vírus que me deixou afastado das jotas, especialmente das jotas do poder. Se calhar injustamente sempre criei na minha mente aquela ideia de menino de jota que vai fazendo os seus contactos, vai criando raízes no partido e lá vai fazendo o seu percurso paulatino, tornando-se aos poucos esse político profissional alinhado nas fileiras. Mas mais que uma questão de forma as jotas do centrão, e concordando em pleno com Alegre, são de uma pobreza de debate assustadora, até o podem fazer, mas entre eles pois o reflexo para a “mocidade” (usando esse palavrão à estado novo) é nulo, e não é só a falta de discussão que inspira das juventudes partidárias do poder, é sobretudo o défice ideológico profundo que ali há, aliás na linha dos próprios partidos. Pergunto-me quantos dos militantes de jotas têm de facto uma clara noção do que é a social-democracia, do que é teoricamente e preto no branco esse jargão martelado por Sócrates da “esquerda moderna”? Ao contrário do que as jotas possam pensar, ideologia não é dar aquela pinta de inovadores e defender os casamentos gay, é ter de facto algo a dizer sobre o que é o Estado, o que querem do modelo económico o que esperam da organização social do país. Tal como ter ideias sobre educação não é gritar vezes sem conta que a Educação sexual é necessária na escola, obviamente é um tópico importante, mas raramente, para não usar o advérbio nunca, ouvi uma jota de um dos grandes partidos explicar o seu modelo de escola e educação pública.
Talvez uma mudança acabasse com as barracadas estilo JS que se embrulhou com o partido pai e agora perdeu-se em tanto calendário e tacticismo em torno dos casamentos homossexuais.

domingo, 21 de setembro de 2008

O nosso menino guerreiro nunca desaparecerá


Santana tem uma capacidade de ressuscitar ímpar, para não dizer esquizofrénica. Hoje ficámos a saber que entre ser recandidato a Lisboa, câmara por onde andou e cujo o balanço final foi o visível, soube-se ainda que está envolvido num caso como arguido. É assim Santana, perde, ganha, reergue-se, um mito, uma lenda que está para a política portuguesa como o 007 está para o cinema.

O Eleitoralismo é tramado

Todos nos lembramos do discurso de Sócrates na altura do referendo do Aborto, em que o PS era apresentado como o partido dos valores progressistas e usando a própria expressão do nosso primeiro-ministro “dos avanços civilizacionais”. Pois é mas a reserva civilizacional do PS parece estar apenas e só guardada para a primeira metade de mandatos de governo e não para últimos anos de eleições. É a civilização adaptada às datas que mais convém, é a hipocrisia na sua versão melhor. O conservadorismo do PSD tem também a sua versão nos timings políticos do PS.

A chamada das tropas

O primeiro comício de campanha eleitoral de Sócrates foi verdadeiramente hoje, rodeado por uma massa de militantes que ouviram gás soar as trombetas de reunião para um ano em que à direita e à esquerda há uma maioria absoluta que se quer manter e que apresenta o seu sacro “reformismo” como porta-estandarte
O discurso hoje de Sócrates não foi diferente daqueles que já fez ou do que repete vezes sem conta nas entrevistas televisivas.
Por isso entre todos os clichés Socratianos que nos vão encher os ouvidos, e talvez uma parte da paciência, no ano que vem não podemos deixar de reter desde logo o protagonismo a Maria de Lurdes Rodrigues, sentada em grande destaque na 1º fila, ao lado de Almeida Santos. Sócrates está a dar-nos uma autêntica lição de como se recicla uma ministra, um PS que passou adorar a sua Dama da educação e que a aplaude de pé e entusiasticamente, o que os números mágicos do sucesso fazem! Para além de taparem verdades têm agora o dom de trazer de novo à vida, e pelos vistos à ribalta ministros que tiveram o percurso, no mínimo, atribulado de Maria de Lurdes Rodrigues (basta lembrar os pareceres do tribunal Constitucional a alguns dos diplomas deste Ministério). Não deixa de ser lógico, Maria de Lurdes Rodrigues é a chapa perfeita do que é este governo, e não é difícil entender porquê: 1. resistiu às ruas, não interessa as razoes da rua, mas na nova retórica governativa a resistência à rua é inatamente um feito grandioso, 2. Apresentou uma pacote de reformas, também não interessa como está a funcionar a escola, o que interessa é a política do utilitarismo puro e duro, se os números forem melhores então a ministra é excelente e tudo foi conseguido. Portanto provavelmente, e ao contrário do que poderíamos pensar, Maria de Lurdes Rodrigues estava no sítio certo no momento certo.
Tirando o conteúdo estilo disco riscado Sócrates mostrou o seu lado “animal feroz” para criticar a sua esquerda puxando de adjectivos como “estalinista” para curar a comichão que os 20% de Bloco e PCP juntos lhe estão a fazer. Sócrates sabe que precisa desse eleitorado como ar para respirar se quiser manter a maioria absoluta. Mas Sócrates enganou-se na postura, não é mostrando as garras que consegue recuperar eleitorado que se afastou muito do PS e que não alinha tão facilmente nos adjectivos generosos que Sócrates hoje proferiu à sua esquerda.
No ano que vem teremos direito a tudo desde a veia comicieira de Sócrates, até à nova socialista da frente que é a Maria de Lurdes Rodrigues a Ferreira Leite que continuará no seu oceano de abstraccionismo esperando nós que alguma ideia floresça no jardim laranja.
Já que Sócrates já estava hoje com aquele tom de balanço, e já que esta foi a legislatura dos estudos comparativos (sendo o mais famoso o tal entre a Ota e Alcochete); há um estudo comparativo ainda mais interessante para fazer o do Sócrates antes e depois de ganhar eleições e chegar ao poder, é um estudo cheio de contradições deliciosas para descortinar.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Os mercados enlouqueceram?

A Lehman Brothers faliu, a AIG caminha para o precipício e de novo um banco no Reino Unido prepara-se para ser salvo por outra instituição financeira e assim não se afundar por completo, a isto ainda podemos juntar as duas instituições de investimento imobiliário que a reserva federal americana foi agarrar a semana passada para não caírem na bancarrota. Teixeira dos Santos julgava que a crise financeira tinha passado (esperemos que não fosse nessa base que fez o orçamento de Estado para 2009), mas a verdade é que para os mais crentes que o furacão financeiro já tinha passado parece terem-se enganado e Greenspan avisou há dias, numa entrevista, que a turbulência nos mercados está para ficar.
Mas que significa exactamente o que estamos a viver? Talvez esta é a pergunta mais interessante a fazer, mas ao mesmo talvez aquela para a qual a resposta será mais impossível.
Assistimos desde aqueles que acreditam que estamos numa normal reorganização dos mercados, num ciclo económico que muda, mas a estes apetecerá desafiar como é que um mercado (supostamente responsável) cai na circunstancia de há um ano estar enrolado num caos tal que expõe casos como as hipotecas irrecuperáveis que se espalharam por toda a América.
Por outro lado temos a versão de que esta é a ponta do fim do capitalismo. O último ano mais que provou que o Estado é tudo menos dispensável e que todos se lembram da sua existência como no caso do Northen Rock, apanhado por uma nacionalização que o salvou, mas podemos pensar que tudo isto de facto mostra a enorme fragilidade dos mercados financeiros que criámos, mas não podemos manter a visão que o capitalismo é um exclusivo do ocidente. China, Índia ou Rússia parecem estar a viver tudo menos o afundar do capitalismo, pelo contrário.
No meio de tudo seria bem interessante saber quanto é que a reserva federal ou os bancos centrais já injectaram de emergência nos últimos meses nos mercados internacionais, mais que tudo o resto, esse valor talvez seja o reflexo do momento que vivemos.

Saramago na blogosfera


Apesar de estar muito longe de ser uma opinião consensual confesso que gosto, e muito, da escrita de Saramago, aliás o próprio escritor está fora de ser uma figura que gere opiniões unânimes à sua volta. Gostos à parte fica aqui a dica para o blog onde Saramago não promete escrever todos os dias, mas onde vai deixando as suas reflexões, e não podia começar da melhor forma, com um belíssimo texto sobre Lisboa.

O mundo para lá do nosso mundo


"E lá está ele, um ponto em torno de uma bola gigante. São as primeiras imagens de um suposto planeta fora do sistema solar, um exoplaneta, que orbita uma estrela muito parecida ao Sol. A descoberta foi feita por uma equipa de astrónomos canadianos e representa um desafio para os modelos teóricos das estrelas e da formação dos planetas.Foi uma surpresa para os cientistas da Universidade de Toronto (UT) que o descobriram, mas a confirmação de que este exoplaneta anda realmente em torno de uma estrela poderá levar mais uns anos. David Lafrenicre, responsável pela investigação, citado pelo "El Mundo", explicou que “esta foi a primeira vez que vimos directamente um objecto com a massa de um planeta a descrever uma órbita em torno de uma estrela como o Sol”, e acrescentou “se confirmarmos que este objecto gravita ‘atado’ a uma estrela, será um grande passo em frente.”"

Richard Wright (1943-2008)



Relembrar quem nos fez conhecer O Outro Lado da Lua

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Os 7 anos que passaram


Torres Gémeas ao fundo, Nova Iorque 1992, foto de Luiz Carvalho


Passaram 7 anos desde o 11 de Setembro, e recordar esta data pode significar cair nos eternos balanços sobre aquilo que ocorreu depois do momento em que mais petrificados ficámos à frente de uma qualquer televisão. O Afeganistão que julgámos controlado parece essa Guerra esquecida que se vai arrastando e o Iraque ocorreu e sem compreendermos que política era e é a que Bush tinha para o Médio Oriente. Mas 7 anos depois ficamos agora com a sensação que estamos a entrar num momento novo do pós 11 de Setembro, Bush sairá, esperando eu e muitos que Obama entre em cena, mas mais do que uma troca de cadeiras em Washington, que terá sempre consequências, o mundo que Obama ou McCain terão pela frente na Sala Oval em 2009 não será o mesmo que Bush teve em 2001. Em sete anos nem a América nem ninguém conseguiu resolver o conflito israelo-palestiano, a semente de muito do que ali circunda continua lá, enraizada como sempre; a um equilíbrio Irão e Iraque que ia criando uma balança de forças na região temos hoje um Irão com o seu fanatismo hegemónico; a Al-Qada e Bin Laden parecem ter perdido aquele ar mítico de há 7 anos, mas não deixamos de pensar que habitamos um limbo incapazes de entender que malha terrorista está para nascer. Mas conseguirá a Amércia impor-se como no pós 11 de Setembro? Em oito anos chegaram Medvedev e Putin a uma Rússia que se afirma oficialmente por ambições “não-imperialistas”, mas tem ainda cravada no seu ADN o peso de um poder que quer ver repetido e que não nos mergulhando, por enquanto, numa Nova Guerra Fria obrigará cada um dos lados a medir muito melhor os passos que dão. O Irão não se tornou mais um pormenor no mundo, o Paquistão não se limpou de terroristas nem vive na maior das calmas. Economicamente a Sul Chavez e Morales impuseram-se e chamam “non gratos” a embaixadores Americanos, estando em busca de modelos sociais novos que apareceram mas faltam-se definir completamente, mas que sobrevivem sobre o manto de petróleo em que habitam.
“The World still needs Mr Big” era este o mote de um dos artigos da Newsweek no início deste ano defendendo que a América mesmo depois do Iraque tem um papel no mundo, e claro que esse papel continua vital e central nos dias de hoje, mas cada vez mais ficamos com o horizonte de um mundo em que a geometria mundial se redesenha num futuro em que temos sempre aquela sensação que o novo século começou verdadeiramente a 11 de Setembro de 2001.

Madeleine Peyroux - Don´t wait too long

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Os milagres afinal existem, mesmo que inventados

Sócrates apresentou os resultados da anunciada melhoria dos resultados no ano escolar que passou, às portas de novo ano lectivo. A retórica ministerial passa por não atribuir o suposto sucesso às políticas governativas, mas sim aos tais professores, alunos e escolas com os quais o mesmo ministério andou às turras nos últimos anos, acabando por fazer um auto-elogio sobre as suas tais políticas do sucesso. Não é a primeira vez que o escrevo aqui, e pelo ritmo de criação de sucesso maquilhado a que estamos não será certamente a última, mas estes números são tão ou mais vazios como muitos outros que o Ministério tem vindo a apresentar. E não digo isto porque sou um daqueles espécimes a que Sócrates gosta de chamar de bota- abaxistas, sendo Sócrates um político daquela geração que tem essa ideia abominável de dividir políticos em pessimistas ou optimistas, como um político fosse um constate estado de alma e não se lembrando que acima deveria estar o político realista. E o político realista faria uma pequena viagem pelas escolas e olhando para as vitrinas com a afixação de pautas reparará que no básico existe esse fenómeno platónico de um aluno poder passar com 7 ou 8 negativas, isto porque a psicologia ministerial criou artigos como o famosíssimo artigo 319 que basicamente permite tudo até que o aluno não saiba rigorosamente nada e passe. Se Sócrates fosse também um político realista teria o cuidado de analisar os programas dos profissionais que o seu governo criou. Se Sócrates fosse um realista primeiro que um optimista aceitaria que as escolas portuguesas são incapazes de dar apoio aos seus alunos e que nos últimos tempos a prioridade no sistema de ensino tem sido o papel em detrimento do ensinar. Se Sócrates deixasse os seus abstraccionismos positivistas teria pegado no exame de Matemática de 12º ano do passado ano lectivo e rapidamente chegaria à dedução da fraude de seriedade e exigência que o exame é.
Mas Sócrates ainda terá uma “Nova oportunidade” para se converter ao realismo (político entenda-se), mas nesse caso também o aconselho a olhar com olhos de análise para os objectivos que são exigidos no tal programa de formação que é permanentemente elogiado. Tenho o maior respeito pelos muitos milhares que às "Novas Opurtunidades" aderiram na disposição e muitas vezes com o esforço pessoal para melhorar as suas qualificações, mas estas próprias pessoas são levadas na onda governativa que acha possível em meia dúzia de meses passar um aluno com habilitações de 6º ano para um de 12º, como vinha relatado numa reportagem do PÚBLICO neste Verão. Mas quando se afirma isto Sócrates puxa do seu lado ofendido e mostra-se chocado com o facto de questionarmos o esforço daqueles que fazem parte do programa, não entendendo que o que se questiona são os moldes do próprio programa em si, não as pessoas que o frequentam.
Podemos estar com os níveis de chumbos mais baixos dos últimos 10 anos, mas a escola de hoje é pedagogicamente infinitamente mais podre do que há dez anos era.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Ir, Estar e viver o Avante!


Festa do Avante 2008, foto retirada do flickr


Nunca tinha pisado a Quinta da Atalaia, esse paraíso do PC no Seixal, o local onde concentram a festa da qual só ouvia as histórias e relatos daqueles que já lá tinham lá ido. Entrar no Avante é como entrar num microcosmos muito próprio, talvez no microcosmos mas interessante da política portuguesa, naquela que é sem dúvida a iniciativa melhor organizada e promovida por um partido português, e que como vi deixa espantadas muitas delegações internacionais. A capacidade de mobilização do PC é absolutamente impressionante, tal já se tinha verificado em muitas manifestações que o partido organiza, ma só o Avante é a prova que os militantes comunistas são isso mesmo: militantes com uma devoção ao partido. Desde a construção da festa que começa meses antes até ao trabalho que todos desenvolvem durante os três dias de Avante a dedicação ideológica, política e de comunidade que a festa expira é surpreendente.
Podemos achar que o marxismo leninismo na sua veia pura e crua que ali se defende com unhas e dentes à força do simbolismo do martelo e da foice está longe de ser o modelo de Esquerda para um mundo que já mudou muito desde o aparecimento do Manifesto Comunista, podemos também acreditar, como acredito, que pouco de bom havia em muito do que foi a União Soviética, podemos estar longe do estilo que o PCP continua a usar, mas não podemos dizer que ideologicamente e como partido o PC não tem futuro ou que está condenado, porque o Avante apesar dos muitos “infiltrados não-comunistas que por lá andam” mostra também muitos dos outros que fiéis ao partido continuam. Ali fica também provado que o partido conseguiu montar uma inteligente rede de recrutamento de jovens que têm no Avante o seu momento alto de uma curta militância exacerbada com outros não-comunistas quando a mítica e bela Carvalhesa é tocada.
Ir ao Avante não mudou a minha opinião sobre o PCP como um partido ideologicamente questionável ou com atitudes de apoio a regimes que são tudo menos democráticos e que apenas merecem condenação, mas o Avante foi uma evidência que o PCP é uma força forte e como mostram as sondagens a crescer com uma implementação até às raízes na sociedade portuguesa e com uma capacidade organizacional de fazer inveja às Universidades de Verão de Ferreira Leite e às Novas Fronteiras de Sócrates.

O nada que para aqui vai

E pronto cá estamos nós na reentre política ansiosos que estávamos que o Leite fervesse depois de tanto silêncio e que os pensamentos Socráticos se revelassem. Bem para os mais ansiosos ou que já espumavam pelo regresso da política à portuguesa a desilusão deve ser o sentimento dominante. Depois de umas férias longas a Dama de Ferro não disse rigorosamente nada de novo, Ferreira Leite até tem uma boa capacidade de diagnóstico dentro da sua concepção política e ideológica, apresenta uma imagem que pode agradar ao centrão mas dali não brotou uma ideia, uma que fosse, um marco a anunciar ao país, uma iniciativa, zero, nada, ou seja continuamos à espera.
Entretanto Portas parece que não estava virado para a solidão e amarrou-se a Nobre Guedes mesmo quando este queria ir arejar para fora do CDS, Nobre Guedes foi-se mesmo embora e Paulo Portas levou um valente abanão que deixa o seu ar imaculado dentro do partido altamente fragilizado.
Depois veio Sócrates abrir o Respublica, uma ideia interessante que pedia um discurso igualmente interessante, mas parece que as ideias no arco do poder estão hipotecadas ou adiadas sine-dia. Sócrates quando não tem nada para dizer atira com o discurso contra o pessimismo, já não é a primeira vez que o faz, quando não tem nada melhor ou mais interessante para chutar diz que os outros não querem é que o país avance, aquele típico discurso vazio de quem está muito motivado e os outros são apenas a herança pessimista do fado, começa a ser um tópico demasiado habitual nos discursos do nosso primeiro-ministro.
Portanto foi uma reentre em tons suaves e pálidos, pode ser que pela altura do orçamento sejamos brindados com algo mais empolgante, aguardemos pelo que há de vir!

O herói de Guerra esgotado e a conservadora aterradora


Poucas são as vezes que acontece mas não podia concordar mais com as duas crónicas de fim-de-semana que Vasco Pulido escreveu no Público e nas quais se concentra na pobreza ideológica que foi a última Convenção Republicana. A melhor forma de levar ao histerismo um bando e delegados Republicanos passa por contar muitas heróicas e sanguíneas histórias de guerra, acompanhar com uma dose de irracional patriotismo e acrescentar a defesa do conservadorismo provinciano até às vísceras, tudo isto significa cair no goto de uma Convenção do partido de Bush.
Huckabee, Giuliani e Romney, os adversários de McCain nas primárias fizeram discursos abaixo de nível, com ataques míseros, não a ideias, mas a pessoas, os Republicanos não gostam de Obama porque estudou, formou-se nas melhores faculdades é querido pelas “elites” que os republicanos, que elegeram um vaqueiro para presidente, tanto odeiam. Por isso foram buscar para vice-presidente uma mulher medíocre, que não sabe dizer duas linhas sobre política internacional, que não domina coisa alguma sobre política energética que não apresenta uma ideia a não ser defender o aborto até ao ridículo e simbolizar a família conservadora americana. É assim Sarah Palin que pôs McCain a subir nas sondagens, mas ouvir aquela Convenção Republicana foi um autêntico martírio, de onde esperávamos que viessem ideias, veio apenas a repetição sem fim da história do soldado McCain no Vietname, e essa será a arma que Mccain mais vai usará.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Estranhas Eleições

Angola está a horas de votar, é o voltar às urnas no país que da última vez que contou os votos caiu de novo na Guerra Civil. Savimbi foi morto e entretanto a Guerra acabou, mas Angola habita agora o limbo, não querendo voltar à Guerra, não sabe o que quererá e acomodou-se a 16 anos sem eleições, aos 30 anos de MPLA e a um regime corrupto de alto a baixo. Talvez tal justifique os discursos conformistas que se ouviram nos últimos dias, aceitando com uma naturalidade passiva a riqueza que José Eduardo dos Santos amigos e família souberam pôr a gravitar à sua volta, num país com desigualdades sociais que marcam e não são difíceis de adivinhar. Angola sabe que a corrupção existe, mas para quem assistiu à distância a esta campanha parece desculpá-la com a corrupção de outros países, em troca vai acalentando a esperança que o crescimento económico vá aos poucos sendo o motor para um melhor desenvolvimento humano, que ainda não chegou. Os Angolanos estão portanto à espera, sabem que não vão regressar à Guerra que os afogou durante décadas, mas receiam que uma qualquer mudança deite por água abaixo o crescimento dos últimos tempos, só isso justifica algum do tom dominante dos últimos dias.
Mas há coisas que continuam iguais, ser voz dissonante ainda tem um preço a pagar. Geldof disse o óbvio numa conferência do Expresso, fica a Impresa à porta de entrarr Angola, juntamente com o Público e a Renascença. Com atitudes de pequenos ditadores como esta, como quer Angola que alguém acredite que algo de democrático está a mudar? E nada disto é dito com algum ressentimento colonial, porque nunca os tive.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Simplesmente Wall E

Música oficial de Wall E "Down to the Earth", de Peter Gabriel

A Pixar com Toy Story deu o primeiro salto na animação digital, entretanto chegou a DreamWorks trazendo consigo sucessos como Sherek ou Madagáscar e agora a Pixar e a Disney trazem o que é um dos mais belos filme de animação dos últimos tempos. O pequeno robô, dizendo apenas duas ou três palavras repetidamente ao longo de todo o filme, constrói à sua volta uma historia simples, mas ao mesmo tempo cheia de ironia e com uma mensagem ambiental forte e extraordinariamente passada. Wall E, o pequeno robô de condensação de lixo, é o último que sobra numa Terra de onde os humanos partiram há mais de 700 anos, vivendo hoje isolados numa nave que navega pelo Universo. Aparatosamente Wall E reencontra estes humanos tornados uns inúteis, presos à máquina e ao progresso que eles próprios criaram, longe da Terra que já não conhecem, tudo cozinhado num argumento meticulosamente escrito e cheio de mensagens escondidas, acompanhado por gráficos que tocam muitas vezes a perfeição. Wall E é muito mais que um filme de animação, é uma obra magnífica para todos aqueles que gostam de cinema!

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

A vida pessoal de uma candidata


Os Estados Unidos sempre viveram campanhas eleitorais em que mais do que eleger um Presidente e uma Vice Presidente elege-se a família que a eles vem atrelado. Vai-se ao fundo conhecer os candidatos, como educam os filhos, que música ouvem ou que põe nas torradas ao pequeno-almoço. É a política Americana e tanto Obama como McCain não podiam nem têm escondido o seu passado, a sua história, ou a sua família.
Numa campanha presidencial Americana, e talvez infelizmente, vida privada e vida política, não têm fronteiras entre si, são um só diluindo-se no jogo eleitoral.
E se tal pode trazer vantagens pode também arrastar casos como da candidata Republicana a Vice-Presidência Sarah Palin, cuja filha de 17 anos está grávida, e segundo a campanha Republicana vai casar com o pai seu filho. Cada um julga a sua própria vida, e não caberá a ninguém, e muito menos a mim, fazer um julgamento moral ou de carácter nem a Sarah Palin nem à sua filha, mas esta revelação é (e por muito que digamos que não) uma questão política.
Sarah Palin era, e em grande parte ainda é, uma ilustre desconhecida da política Americana, governadora do Alasca, foi claramente apresentada como a resposta de McCain para conquistar os votos de Hillary, agarrando o eleitorado conservador. Ou seja Palin quando se apresentou, com a sua família, há uns dias como candidata oferecia um verdadeiro pacote eleitoral, ela mãe de quatro filhos, conservadora e evangélica dos sete costados, defensora do ensino do criacionismo, fortemente anti-aborto e defensora da abstinência sexual mostrava-se como alguém que segurava o eleitorado mais conservador que não gosta de McCain e piscava o olho ao eleitorado feminino que apoiou Hillary. Foi assim que a candidata se apresentou, ela e a família, todos com os mesmos ideais que iriam levar para Casa branca. Agora faz sentido aquela apresentação? Não o faz, olhando para a forma como a candidata Republicana se apresentou juntamente com a família agora tudo aquilo soa a hipocrisia. É o preço de juntar a família a uma campanha, fazer de uma eleição não unipessoal, mas de um grupo que defende uma família modelo de uma América a que se quer apelar.

Erros reconhecidos

A condenação do Estado que hoje se conheceu como resultado da acção apresentada por Paulo Pedroso é um bom exemplo que nenhum Estado pode deixar de ser chamado aos seus erros. Pedroso foi absolvido, mas a mesma justiça que o absolveu não deduziu de imediato que um caso da natureza daquele que o então delfim do PS foi acusado lhe deixaria uma marca na carreira profissional e na vida pessoal difícil de apagar. Como a nossa justiça é boa a acusar mas muito menos lesta em reconehcer os seus erros, Pedroso, e muito bem, apresentou uma queixa contra um Estado que o acusou, prendeu preventivamente e depois nada conseguiu provar, este é o Estado que face a uma situação como a que Pedroso viveu deveria ser o primeiro a reconhecer as suas culpas, e indemnizar e ressarcir aqueles que sem provas prendeu e envolveu num caso judicial, ainda para mais um caso com os contornos do da Casa Pia. Na ausência das mínima das honestidades e respeito da Justiça pelos seus cidadãos, Pedroso fez o que qualquer cidadão que sinta o seu bom nome manchado deveria fazer, um cidadão que verdadeiramente o é, não deve nem pode enterrar a cabeça na areia face a um Estado que acusa, prende preventivamente, engana-se e não admite o mal que fez, numa autoridade e altivez surda e cega; deve sim enfrentar o Estado como mais um elemento da sociedade, um elemento crucial, mas que em primeiro lugar deve respeitar as pessoas que o formam, e isso o Estado Português raramente o faz.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

O fim da silly season


Regressados às rotinas a época estival está na recta final, e Agosto passou, o mês em que à espuma do mar se costuma juntar a espuma do não haver rigorosamente nada para dizer, mas pelo meio do calor o país enervou-se julgando que estava cercado de gangster, e no meio da euforia do crime, os mais banais assaltos passaram ao topo da agenda e lá pelo meio Cavaco deu ares da sua graça. Em regresso de férias atiremos-nos num último mergulho, desta vez ao balanço do mês do calor:

1. E comecemos por Cavaco que pode marcar o mês de Agosto de 2008 como um dos mais tristes da sua presidência. Antes de muitos partirem de férias pôs o país em alvoroço com uma declaração ao país, que se vá lá entender porquê rodeou de secretismo, para depois acabar a fazer um discurso jurídico redondo sobre o Estatuto dos Açores ao qual meio Portugal não ligou nenhuma e a outra metade já se esqueceu que aconteceu. Para adocicar as tristezas políticas do seu Verão Cavaco brindou-nos com o veto à lei do divórcio, na mente do nosso Presidente o divórcio não é uma união de duas pessoas, que com duas pessoas se constrói, continua a pensá-lo mais como um união sagrada e inalterável. A Costela conservadora do cavaquismo no seu pior, como Clara Ferreira Alves dizia numa das suas crónicas no expresso: “conseguimos tirar Cavaco de Boliqueime mas não conseguimos tirar Boliqueime de Cavaco”

2. O país descontrolou-se após os acontecimentos no BES. É mais do que assustador ver uma cena daquelas pela televisão e o crime violento cresceu, é uma dado estatístico, crime altamente profissional como o assalto na A2 ou o crime dos bairros sociais mal feitos e mal tratados. Mas enfrentar esta realidade não é entrarmos todos numa gritaria nacional em que telejornais se iniciam com a notícia do assalto ao café da esquina da D. Joaquina. O crime violento cresceu, e no meio de tanta agitação fiquei sem conseguir entender quais as suas causas e ninguém apresentou o mínimo das ideias para o combater, tanto escândalo para as soluções serem zero, com um ministro aos papéis sem saber muito bem o que dizer na televisão

3,. No meio de tudo isto o PSD parece que se fechou sobre um tumulo cujo o fundo parece demasiado distante, tão distante que Manuela Ferreira Leite não aparece, submergiu e nada diz. Não se lhe pedia que fosse assistir às decadentes bebedeiras do Chão da Lagoa ou às foleiradas Algarvias da Festa do Pontal, mas convém lembrar que a líder da oposição ainda é viva

No meio dos que falaram demais e mal, dos que roubaram, dos que se calaram, pelo menos Agosto não foi repleto de imagens de um país a arder, felizmente há coisas que não duram para sempre